As emoções na pista começaram na sexta-feira Print
Written by Administrator   
Monday, 05 October 2020 08:14

Olá leitores!

 

Tivemos dias movimentados, seja nas pistas seja fora delas, de forma que o fã do esporte a motor não ficou decepcionado com o que teve à disposição para se entreter. Talvez a grande notícia bombástica tenha sido o anúncio da Honda que abandonará a Fórmula Um ao término de 2021. Não entrarei nas especulações sobre quem deverá fornecer motores para a Red Bull em 2022, até por acreditar piamente que qualquer coisa nesse exato momento não tem condições de passar disso, especulação. O que posso afirmar com certeza é que lamento profundamente que o seriado da Netflix “Drive to Survive” não tenha um formato semelhante ao do Big Brother, pois adoraria ver a cara do Christian Horner por ocasião do recebimento da notícia...

 

Mas vamos ao que interessa, carros na pista. Na sexta feira (sim, vocês não estão lendo errado, sexta mesmo) tivemos a primeira prova da rodada dupla da Indy no circuito misto de Indianapolis, uma corrida bastante disputada, mas sem a ocorrência de bandeiras amarelas. Quem deu a tônica da corrida foram os jovens Colton Herta e Rinus VeeKay, que com suas disputas de posição prenderam a atenção de quem assistiu a corrida. Aliás, pela primeira vez na temporada VeeKay liderou a corrida (por 15 voltas). Pela disputa com o competente Colton Herta, melhor ficar de olho nele no futuro... a vitória ficou com Josef Newgarden, que se aproveitou não apenas de um carro muito veloz como de uma estratégia muito bem montada pela equipe para conquistar sua terceira vitória na temporada e a primeira em Indianapolis. No 2º lugar chegou Alexander Rossi, em um belo resultado após largar em 8º lugar, sendo que esse foi o melhor resultado da carreira de Rossi no circuito misto de Indianapolis. Em 3º terminou Rinus VeeKay, que além de ter feito a pole ainda fez a melhor volta da corrida. Pena que o desgaste dos pneus no final da prova não permitiu que ele lutasse pela vitória, mas terminou a prova a menos de 1 segundo de desvantagem para Rossi – o que pode ser considerado uma vitória face à maior experiência dos rivais. Completando o Top-5 tivemos Colton Herta em 4º lugar e Felix Rosenqvist em 5º. A segunda corrida da rodada, no sábado, foi menos movimentada, culpa direta de Will Power, que não contente em fazer a pole position liderou todas as voltas para vencer de ponta a ponta a corrida. Não que tenha sido exatamente fácil, teve que se defender dos ataques vindos principalmente de Colton Herta, que ao final teve que se contentar com o 2º lugar. Em 3º chegou Alexander Rossi, em 4º Josef Newgarden e fechando o Top-5 chegou Pato O’Ward. E o líder do campeonato, Scott Dixon? Pois é... foi 9º na sexta e 8º colocado no sábado. Aquela enorme vantagem de 117 pontos que ele conseguiu com sua última vitória no final de agosto já caiu para 32 pontos... para ser campeão sem depender de outros resultados ele precisa chegar pelo menos em 6º lugar em São Petersburgo... nada impossível, mas não vai poder cometer os erros que cometeu em Indianapolis.

 

Em Cascavel, debaixo de um forte calor, tivemos as etapas da Stock Car e da Copa Truck. Felizmente houve inteligência na confecção do calendário e pudemos ter na mesma pista as duas categorias de topo do automobilismo nacional. Começando com a Stock, no sábado vimos Denis Navarro fazer uma corrida muito boa, mas... esqueceu de fazer aquilo que todo piloto deveria fazer regularmente – e a maioria não faz: ler o regulamento. E para esse ano voltou a regra mais antiga, que não permite o acionamento do push-to-pass em relargadas. Recebeu um drive-through que eliminou as chances da primeira vitória dele na categoria. Quem agradeceu foi Thiago Camilo, que alcançou o degrau mais alto do pódio com o seu Corolla à frente de 3 Cruze, mostrando que a liberação do pacote aerodinâmico para os carros da Chevrolet equilibrou bem as forças na pista. Completaram o pódio no sábado o Daniel Serra em 2º lugar e o Allam Khodair em 3º. No domingo, ao contrário da etapa única do sábado, foram 2 corridas. A primeira, relativamente sonolenta (nitidamente boa parte dos pilotos estava se poupando para a 2ª corrida), foi vencida por Bruno Baptista (Corolla), que terminou 4 segundos à frente de Diego Nunes (Cruze) em 2º e de Julio Campos (Cruze) em 3º. A 2ª corrida teve um espetáculo melhor para os espectadores, e o vencedor Daniel Serra (Cruze) teve um bocado de trabalho para defender a sua posição das investidas de Ricardo Zonta (Corolla), que teve que se contentar com o 2º lugar a menos de meio segundo de desvantagem para o vencedor. Em 3º, cerca de 5 segundos atrás, chegou Gabriel Casagrande (Cruze), que saiu do carro passando mal de calor e necessitando até de um bloco de gelo na nuca para conseguir subir ao pódio e receber o troféu. Será que uma manta térmica na parede corta fogo seria tão “antidesportivo” assim? Afinal, estamos em um país tropical... alguma coisa tem que ser feita para minimizar o problema.

 

Já a Copa Truck propiciou dois espetáculos de alto nível. Nada de “poupar equipamento”, nada de aliviar: foram duas corridas nas quais foi difícil desgrudar os olhos da tela enquanto o pace Truck não estava na pista. E o grande nome do domingo foi Valdeno Brito (Mercedes), que venceu as duas corridas com muita garra. Na primeira, ele largou em 2º e disputou arduamente com o pole Rafael Lopes (VW) a posição de honra da corrida e o conseguiu com uma magra vantagem de pouco menos de meio segundo. Em 3º terminou Roberval Andrade (Mercedes), em 4º Wellington Cirino (Mercedes) e em 5º chegou Felipe Giaffone (Iveco), que por sinal cumpriu jornada dupla: repórter de pista nas etapas da Stock Car e piloto na Truck. Confesso ser um fã do piloto Felipe Giaffone. A segunda corrida, com grid invertido para os 8 primeiros colocados, foi mais movimentada ainda que a primeira, e ao final da prova Valdeno foi acompanhado na premiação (modo de dizer, pilotos subiram individualmente para pegar seus troféus) por Leandro Totti (Mercedes) em 2º, Felipe Giaffone em 3º, Paulo Salustiano (VW) em 4º e Wellington Cirino em 5º lugar. O forte calor castigou os caminhões, e os abandonos por quebras não foram poucos.

 

A NASCAR foi até Talladega para mais uma etapa dos playoffs, e a corrida foi uma das melhores disputadas na pista nos últimos tempos. A “Casa do Big One” não decepcionou aqueles que esperavam acidentes espetaculares, e foram poucos os carros que terminaram a prova sem no mínimo um pouco de tinta de outro carro ou do muro na sua lataria. Sem contar alguns que viraram verdadeiras esculturas de fita adesiva... O ponto negativo é que a categoria deve ter contratado alguns comissários da Fórmula 1 para fiscalizar o cumprimento das minúcias do regulamento, pois pegou mal a punição imposta a Matt DiBenedetto após a bandeirada... OK, ele fez um movimento brusco, mas outros pilotos fizeram semelhante e não receberam punição. Enfim, coisa que acontece com piloto de equipe pequena. Fosse algum da Gibbs ou da Hendricks provavelmente não sairia aquela punição... se bem que o Logano (Penske) foi punido 2 vezes por empurrar adversário para o outro lado da dupla faixa amarela contínua, então... bom, o vencedor (na 3ª prorrogação, já que o pessoal estava empolgado nas voltas finais) foi Denny Hamlin, seguido no resultado oficial da prova por Erik Jones em 2º, Ty Dillon em 3º, William Byron em 4º e Chase Elliott fechando o Top-5. Foi quase o adeus das chances do Kyle Busch passar para a próxima fase dos playoffs, já que ele se envolveu em mais de um acidente na corrida e está nesse momento fora da linha de corte para a próxima fase. Talvez uma vitória na próxima etapa, no Roval de Charlotte, garanta a vaga, mas acho pouco provável. A prova marcou o recorde de bandeiras amarelas em Talladega e também o recorde de voltas de corrida (foram 12 voltas a mais que o previsto por conta das prorrogações).

 

Neste domingo completaram 50 anos da primeira das 101 vitórias brasileiras na Fórmula 1, ocorrida apenas na 4ª corrida disputada por um jovem e magricela piloto que no ano anterior ainda disputava a Fórmula Ford e que veio diretamente da Fórmula 3 para a Fórmula 1. Essa primeira vitória desse jovem franzino, chamado Emerson Fittipaldi, assegurou o título póstumo ao seu companheiro de equipe Jochen Rindt, falecido duas corridas antes, em Monza. Um gênio que a geração atual deveria respeitar mais. Infelizmente respeito e estudo do passado é quase inexistente na Banânia, o que explica muita coisa errada que acontece por aqui...

 

E encerro essa coluna prestando minha solidariedade a um amigo e um dos meus ídolos no campo da fotografia automotiva, Cláudio Larangeira, que neste sábado perdeu sua esposa, parceira e companheira de décadas, Dona Cleide. Dona Cleide era a simpatia em forma de gente. Deixo meus profundos pêsames ao Cláudio, aos familiares e a todos os amigos (e eram muitos) que esse casal conquistou em décadas de parceria.

 

Até a próxima,

 

 

Alexandre Bianchini