O anticlímax do GP da Rússia... mas tivemos compensações Print
Written by Administrator   
Monday, 28 September 2020 08:43

Olá leitores!

 

Final de semana com muita ação nas pistas por esse mundo afora, muita coisa boa acontecendo, mas com um bocado de anticlímax também. No balanço geral entre positivos e negativos, a situação ficou equilibrada.

 

Sem dúvida o maior anticlímax do final de semana foi o GP da Rússia... após aquela pista maravilhosa, estupenda em Mugello, ir para aquele negócio lotado de áreas de escape asfaltadas e dezenas de advertências e/ou punições por “ultrapassar os limites da pista” foi no mínimo decepcionante... acho que pior que Sochi na atualidade só Montmelò sem chuva e Paul Ricard com chicane no meio da Mistral e aquelas áreas de escape com decoração inspirada em delírios embalados a ácido lisérgico. Um final de semana de Fórmula 1 onde o grande atrativo foi o treino classificatório, e ainda assim por conta do Vergonhão Vermelho, que fez uma carroça na qual o Vettel tem que tentar tirar Prosecco da pedra o tempo todo, e numa dessas tentativas promoveu uma bandeira vermelha quando o Hamilton estava em sua volta para marcar tempo no Q2 com pneus médios (afinal, ele tinha saído dos “limites de pista” e a volta anterior foi cancelada). Aí isso mexeu completamente com a estratégia da Mercedes, que foi o que deu um mínimo de emoção para o domingo... afinal, sem esse acidente do Vettel, o Lewis iria largar com a mesma opção de pneus do Bottas, e não teria treinado largada por duas vezes em locais não permitidos, não teria recebido 2 punições de 5 segundos, não teria um chilique digno de criança de 5 anos dentro do carro, não teria feito malcriação para o engenheiro dele (aliás, aí está um homem que merece cada centavo do salário, ter paciência para aguentar a Prima Donna tendo chiliques sem mandar um “cale a boca e acelere!” não é pra todos não...) e não teria feito o já tradicional e costumeiro chororô ao final da corrida reclamando que “estão tentando me parar”, enfim, a corrida seria AINDA mais chata. E sim, eu não tenho a menor paciência com piloto de 35 anos de idade nas costas cujo comportamento se alterna entre uma criança birrenta de 5 anos (quando o mundo não se comporta exatamente do jeito que ele sonha) e um universitário de Humanas de 18 anos (quando ele consegue todas as atenções dos holofotes para ele). Para não dizer que a corrida foi 100% modorrenta, o pelotão do meio teve alguma ação, não o suficiente para tornar a corrida atrativa.

 

Vitória tranquila de Valtteri Bottas, em uma pista na qual ele se identifica e com um carro tão superior aos demais quanto o McLaren MP4/4 foi na temporada de 1988. Aproveitou-se que Verstappen largou mal, tentou passar Hamilton (que fez a pole com uma volta voadora) sem grande convicção, depois da relargada também não se esforçou muito por saber da punição aplicada ao Hamilton, e terminou a corrida na frente se vangloriando de uma vitória que só aconteceu por causa do erro alheio... enfim, cada um, cada um. Seu companheiro Lewis Hamilton (3º), depois da relargada do safety-car chamado pelos acidentes da primeira volta, envolvendo primeiro Sainz e mais adiante Stroll, fez uma boa corrida. Tentou abrir a vantagem que desse antes da parada para minimizar os 10 segundos, na volta foi em busca do tempo perdido, mas teve de se controlar para não desgastar muito os pneus, descontando o comportamento infantil ele fez um bom trabalho esse domingo. Ainda teve sorte que os comissários retiraram os 2 pontos que ele recebeu na carteira (um por cada simulação de largada) e os transformaram em multa contra a equipe Mercedes (25 mil euros, praticamente dinheiro de cerveja para os alemães) por ele ter feito os treinamentos de largada por ordem da equipe.

 

Em 2º lugar chegou Max Verstappen, feliz por conseguir o melhor resultado possível para a equipe nesse final de semana sem que os dois carros da Mercedes estivessem “fora de combate” e a cerca de 8 segundos do Bottas em uma pista na qual a equipe normalmente tem dificuldades. Quem teve vida dura foi Alexander Albon (10º), que largou em 15º por conta de punição de troca de caixa de câmbio e ficou encaixotado no tráfego da corrida por um bom tempo. Dentro das circunstâncias, uma bela contenção de danos.

 

Em 4º chegou Sérgio Pérez, aproveitando o máximo as características de seu Mercedes rosa, digo, Racing Point, para esse tipo de pista. Afinal, praticamente o mesmo carro venceu ano passado nessa pista e esse ano mostrou ainda ser plenamente competitivo em Sochi. Acabou ficando em uma posição em que não conseguia ameaçar quem estava à sua frente e não era ameaçado por ninguém. Uma prova solitária, com certeza, mas que levou bons pontos para a equipe. Seu companheiro Lance Stroll (20º) teve a corrida interrompida na segunda curva da primeira volta por conta de um contato provocado por Leclerc.

 

Em 5º terminou Daniel Ricciardo, mais uma vez conseguindo um bom resultado com seu Renault mesmo após tomar uma punição de 5 segundos por desrespeito aos limites de pista: após avisado pelos boxes, ele acelerou para descontar na pista a punição. Seu companheiro Esteban Ocon (7º), sofreu um pouco mais com os pneus duros que o Ricciardo, e isso talvez tenha impedido a merecida dobradinha 5º e 6º lugares.

 

Em 6º chegou Charles Leclerc, arrancando todo o (pouco) desempenho possível e imaginável do Vermelhinho de Maranello e mais uma vez fazendo o carro chegar à frente daquilo que o real desempenho do carro permitiria. Seu companheiro Sebastian Vettel (13º), que nesse domingo completou 250 corridas na Fórmula 1, merecia ter chegado mais à frente na classificação, entretanto ele não foi capaz de fazer milagres com o herdeiro espiritual do 312 T5 que ele tem nas mãos. Aí está um piloto que deve estar torcendo para a temporada acabar o mais rápido possível...

 

Em 8º e 9º chegaram os carros da Alpha Tauri, Daniil Kvyat e Pierre Gasly pela ordem. Kvyat estava feliz com o resultado na sua corrida “em casa”, apenas lamentando que não teve como pressionar Ocon com mais efetividade nos resultados, mas o russo fez uma bela corrida. Gasly também mostrou um bom desempenho, apenas lamentando que o safety car virtual provocado pela necessidade de trocar as placas de isopor destruídas pelo Grosjean na área de escape da curva 2 do circuito tenha sido curto. Independentemente disso, o vencedor de Monza não deixou a desejar.

 

Fora da zona de pontuação, Kimi Räikkönen empatou com Rubens Barrichello na quantidade de provas oficiais disputadas, 322 (a contabilidade do Rubinho é diferente, mas deixa pra lá...), devendo igualar a quantidade oficiosa (a do próprio Rubinho) até o final dessa temporada.

 

Próxima corrida em Nürburgring, vamos torcer para daqui  2 semanas o tempo nas montanhas Eifel estar tão inconstante como estava esse final de semana que passou...

 

A MotoGP foi para mais uma prova em território espanhol (OK, sei que os catalães não gostam disso, mas oficialmente a Catalunha ainda é território espanhol...), na chata pista de Montmelò, em uma prova que ficou marcada pela primeira fila toda Yamaha na classificação (Morbidelli, Quartararo e Rossi, nessa ordem) e por um forte ritmo de corrida da Suzuki durante a prova. Além, claro, dos tombos... na saída do esse que é a primeira curva do circuito, logo após a largada, Zarco e Dovizioso fizeram o favor a ambos de se enroscarem e irem parar na caixa de brita. Zarco já é um caso perdido na classificação, mas Dovi era o líder do campeonato e agora caiu (sem trocadilho) para 4º. Não que 24 pontos de desvantagem seja algo difícil de descontar, mas vai requerer dele uma regularidade até o final da temporada que sabemos que ele só possui quando tudo está correndo a favor... o que não é bem o caso dessa temporada. Pol Espargaró e Valentino Rossi foram vítimas do mesmo problema, o pneu dianteiro perdeu aderência na freada e a queda foi inevitável. Miguel Oliveira foi outro piloto que conferiu de perto a aspereza do asfalto catalão. Ao final, vitória merecida de Fabio Quartararo, novo líder da temporada, seguido pela dupla da Suzuki, Joan Mir (que assumiu a vice liderança da temporada) em 2º e Alex Rins em 3º.

 

Momento cômico/dramático do domingo sobre 2 rodas para Augusto Fernández (Marc VDS), que no warm-up teve um incêndio no motor de sua moto e teve de pular da moto em movimento em uma das áreas de escape... too much warm...

 

Esse final de semana tivemos no traçado completo de Nürburgring (o de GP mais o Nordschleife, no total de 25.378 metros cada volta) a corrida de 24 Horas de Nürburgring, uma deliciosa loucura que esse ano teve um grid reduzido (“apenas” 97 carros largaram, dos quais 74 se classificaram ao final da maratona) e uma interrupção no meio da noite por conta da somatória de neblina e chuva. Ao final dessa “insanidade”, tivemos brasileiro no pódio, sim senhor!! Augusto Farfus correu no BMW M6 GT3 #42 do BMW Team Schnitzer e terminou a prova em 3º lugar fazendo parceria com Jens Klingmann e Martin Tomczyk, na prova vencida por outro BMW M6 GT3, o #99 pilotado por Alexander Sims/Nicky Catsburg/Nick Yelloly, e do Audi R8 LMS GT3 #3 de Mirko Bortolotti/Christopher Haase/ Markus Winkelhock. Ao todo são mais de 10 categorias para acomodar esses carros todos, e creio que só dá para organizar isso tudo pois eles são... alemães. Nenhum povo latino conseguiria fazer isso aí.

E quem também correu lá no traçado completo de Nürburgring, como evento de apoio, foi o WTCR. Na primeira corrida da rodada dupla vitória do Esteban Guerrieri (Honda), que largou em 2º e, no estreito Nordschleife (que lembrem-se, foi projetado e concebido para carros de corrida de mais de 70 anos atrás, que eram bem mais estreitos) fez uma arrojada manobra na superfície molhada para passar o pole position e líder da corrida, o experiente Yvan Muller, na região da Aremberg. Seu Honda liderou um trio de carros chineses da Lynk & Co (com o Yvan em 2º e o sobrinho dele, Yann Ehrlacher, fechando o pódio em 3º após largar em 6º e ultrapassar o outro carro da Lynk, pilotado por Thed Björk, no final da prova) Em 5º chegou o interminável Tom Coronel (Audi), que é quase o Räikkönen do WTCR. Na segunda corrida, vitória do jovem (24 anos) Yann Ehrlacher, seguido por Thed Björk em 2º fazendo a dobradinha da Lynk & Co, ambos concretizando ultrapassagens sobre o pole position Néstor Girolami na longa reta Döttinger Höhe. Em 3º chegou o Honda de Attila Tassi, companheiro de Girolami e beneficiado pela punição de 30 segundos recebida pelo argentino por desrespeito ao procedimento de largada. Não há relatos do argentino ter “surtado” como Lewis Hamilton...

 

Também tivemos brasileiros no pódio no IMSA, que foi até Mid-Ohio para uma prova movimentada e empolgante em que o Acura DPi #7 pilotado por Helinho Castroneves e Ricky Taylor cruzou a bandeirada final apenas 6 décimos de segundo à frente do Cadillac DPi #31 da dupla brasileira Pipo Derani/Felipe Nasr, com o Cadillac #10 de Ryan Briscoe e Renger Van Der Zande fechando o pódio em 3º lugar. Por sinal, 3ª vitória consecutiva da Penske nessa pista... a pole position da corrida também ficou com a Penske, com o carro #6, que acabou perdendo várias posições com os erros cometidos pelo Montoya, que definitivamente não estava em um dia dos mais inspirados e prejudicou consideravelmente o bom trabalho feito pelo Dane Cameron na classificação... enfim, Montoya sendo Montoya.

 

E a NASCAR foi até Las Vegas, onde felizmente a roleta da vitória caiu em algum outro número que não o #4 ou o #11... a vitória ficou nas mãos de Kurt Busch, que ficou emocionado ao final por finalmente conseguir vencer no autódromo da cidade natal dele. Não esteve no Top-10 nos dois primeiros estágios (vencidos por Denny Hamlin e Chase Elliott), mas na sequência de bandeiras amarelas próximas ao final da prova conseguiu se posicionar bem e na última relargada, já na prorrogação, foi soberano. Merecida e esperada vitória do Buschão. Em 2º chegou Matt DiBenedetto, em mais uma ótima corrida com o carro #21, seguido por Denny Hamlin em 3º, Martin Truex Jr. em 4º e Alex Bowman fechando o Top-5. O outro filho ilustre da terra, Buschinho, até chegou a liderar mas... terminou em 6º. Vai ter que fazer melhor se quiser ir para a próxima fase dos playoffs.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini