Velocidade, emoção, alegrias, dramas e chiliques Print
Written by Administrator   
Monday, 14 September 2020 08:39

Olá leitores!

 

Mais um final de semana com velocidade, emoção, alegrias, dramas, chiliques, dribles no azar, boas e más surpresas, e tudo aquilo que faz do esporte a motor o melhor dos entretenimentos.

 

A primeira (e eu gostaria demais que não fosse a última) corrida disputada em Mugello apenas escancarou aquilo que eu já duvidava: a atual safra de pilotos, em sua maioria, não está preparada para um autódromo de verdade, onde sair dos limites da pista significa perder tempo (ou abandonar a corrida...) em caixas de brita, essa geração – tão acostumada aos simuladores – têm problemas quando enfrenta uma pista como aquelas que competiam os grandes nomes do passado. Por isso acho descabido esse frenesi de boa parte da imprensa especializada (vamos deixar assim mesmo...) com os números da categoria na atualidade... começando que, via de regra, se a pessoa entende muito bem de números não vai fazer jornalismo, e se fizer vai para o jornalismo econômico ou científico; depois, aquela máxima que “os números não mentem” é no máximo meia verdade... se você torturar bem os números eles mostram aquilo que você quer que eles mostrem, mesmo que não seja a mais fidedigna das verdades. Enfim, gostaria de enaltecer a decisão da Rede Globo de nesta corrida colocar aquele que é, DISPARADO, o melhor narrador que existe nos quadros do grupo de emissoras para narrar a prova. Se alguém quiser fazer um abaixo assinado para que até o final dessa temporada o Everaldo Marques seja oficializado como narrador da categoria eu contribuo com minha assinatura. Como a categoria não será transmitida pela Globo ano que vem, seria um “going out with style”, como na excelente música gravada pelo Dropkick Murphys no álbum de mesmo título em 2011... dizer que a estreia dele foi excelente não seria exagero.

 

Por mais que ele tente dizer para os microfones e câmeras que “foi uma vitória difícil”, convenhamos que o grande adversário de Lewis Hamilton em Mugello foi a força G nas curvas mais rápidas, notadamente nas curvas Casanova, Savelli e nas duas Arrabiatta. Fazer 3 largadas paradas também deve ter sido um grande desafio. Fora isso, a resistência oferecida pelo Sancho Pança, ops, Valtteri Bottas foi pequena e rapidamente resolvida. Se não tivesse sido acionado o primeiro safety-car certamente na volta seguinte na reta dos boxes Hamilton passaria Bottas e sumiria na frente como sumiu nas duas largadas seguintes. Como 2020 está uma repetição piorada da temporada de 1988, já deu para uma outra equipe vencer uma única vez no ano (curiosamente na mesma pista de Monza) e agora voltamos à “programação normal”, já que a probabilidade da Mercedes sofrer outra derrota até o final da temporada tende ao zero. Enfim, dobradinha Mercedes com o Presidente do Diretório Acadêmico em primeiro e o Sancho Pança em segundo. Mais previsível que congestionamento em São Paulo.

 

Em 3º chegou Alexander Albon, mostrando o quão bom estava o carro da Red Bull para as características de Mugello. Merecido pódio para um piloto que já comeu o pão que o Helmut Marko amassou, sempre tendo sua capacidade questionada em relação aos feitos do seu companheiro, o excepcionalmente rápido Max Verstappen, mas que nessa corrida teve a oportunidade de se mostrar sob condições adversas. Por falar em Verstappen (19º), tudo deu errado para ele esse domingo: detectou um problema em uma das partes da unidade de potência pouco antes da largada, a questão foi resolvida pela equipe antes da volta de apresentação, mas logo após a largada, saindo da primeira curva, o problema se manifestou novamente, ele foi sendo engolido pelo meio do pelotão até ser abalroado por trás pelo Kimi (que também foi acertado por trás) num enrosco que envolveu o vencedor de Monza, Pierre Gasly. 2 corridas na Itália, 2 abandonos para Verstappen vinculados a problemas nas unidades de potência da Honda...

 

Em 4º chegou Daniel Ricciardo, em mais um bom resultado com o carro da Renault. Ele até deixou o espectador sonhar com um pódio, fazendo ele ganhar a aposta da tatuagem com o Abiteboul... infelizmente ainda não foi dessa vez. Seu companheiro Esteban Ocon (14º) abandonou por superaquecimento dos freios traseiros, um problema realmente desagradável em uma pista com uma reta longa como Mugello.

 

Em 5º chegou Sérgio Perez, conseguindo bons pontos para a Racing Daddy, digo, Racing Point mesmo sem ritmo de corrida para disputar com Red Bull ou Renault... seu companheiro e filho do dono Lance Stroll vinha com melhor desempenho que Perez até sofrer uma assustadora saída de pista na entrada da Arrabiatta 2, provavelmente por quebra de suspensão (do jeito que saiu não acredito muito na hipótese de furo do pneu). Felizmente saiu do acidente apenas com um baita susto.

 

Em 6º terminou Lando Norris, lutando muito com o carro, que estava longe de apresentar o equilíbrio de etapas passadas. Ao menos ele conseguiu evitar o acidente que causou a primeira bandeira vermelha, sorte essa que seu companheiro Carlos Sainz Jr. (18º) não teve. Aliás, a propósito desse acidente: o safety-car apagou as luzes muito em cima da hora, o Bottas não foi dos mais habilidosos em controlar a velocidade para a relargada e a turma do fundão resolveu olhar pra luz repetidora no painel ao invés de olhar pra frente... receita perfeita para a caca. Tudo certo pra dar errado...

 

Em 7º chegou Daniil Kvyat, extraindo todo o desempenho que era possível extrair do carro da Alpha Tauri e conseguindo mais alguns pontos para a equipe, que teve um “choque de realidade” esse final de semana após a surpreendente vitória em Monza, voltando ao pelotão intermediário. Seu companheiro Pierre Gasly (20º) teve sua corrida encerrada ainda na primeira volta, envolvendo-se no “enrosco” provocado pela falha de motor do Verstappen.

 

Em 8º chegou Charles Leclerc, beneficiado tanto pelos acidentes (que levaram embora carros que normalmente ficariam à frente da Ferrari) como pela punição de 5 segundos aplicada ao Kimi... sem a punição, seria mais uma etapa chegando atrás da Alfa Romeo. Tanto Charles como Sebastian Vettel (10º) tiveram grande sorte de terminar a corrida na zona de pontuação graças aos acidentes, pois o desempenho do Vermelhinho de Maranello continua decepcionante em decorrência da impotência do motor e do chassis não exatamente bem projetado.

 

Em 9º terminou Kimi Räikkönen, que não teve muito além dos 2 pontos para comemorar no final de semana que marcou os 20 anos do primeiro teste dele com um F-1 pela equipe Sauber nessa mesma pista de Mugello. Foi uma corrida no mínimo atribulada para o experiente finlandês. Ao menos ele não terminou acidentado como seu companheiro Antonio Giovinazzi, que foi traído pela freada dos pilotos à frente dele na relargada em movimento e estampou a traseira do Magnussen. Ainda bem que tem um final de semana de intervalo até o GP da Rússia, pessoal na fábrica vai ter um certo trabalho...

 

Saindo do mundo da Fórmula 1, esse final de semana começou a temporada 2020 do WTCR, com algumas diferenças em relação à temporada passada, entre elas o fato que ano passado a rodadas triplas no final de semana eram a regra e esse ano as rodadas triplas só acontecerão nos 2/3 finais da temporada, o 1/3 inicial (composto pela etapa inaugural em Zolder e pela próxima etapa em Nürburgring no final desse mês) é composto por 2 corridas por final de semana. A pandemia teve como consequências uma temporada reduzida (apenas 6 etapas) e um grid com apenas 20 inscritos, dentre os quais perdemos a participação do Augusto Farfus, que nessa temporada (mais adaptado à categoria) poderia ter um resultado melhor... enfim, é a vida. A primeira corrida teve vitória de Néstor Girolami (Honda), que soube capitalizar sua largada na pole position e venceu de maneira consistente as 13 voltas da corrida, resistindo à pressão de Thed Björk (Lynk & Co), que se esforçou bastante mas não conseguiu efetuar a ultrapassagem que o levaria à vitória. O pódio ficou completo com o húngaro Attila Tassi (Honda). A segunda corrida foi vencida por Yann Ehrlacher (Lynk & Co), que teve sua tarefa facilitada pelo fato do pole position Nathanaël Berthon (Audi) queimar a largada e precisar fazer um drive-through como punição. Foi a terceira vitória da carreira de Ehrlacher e a primeira com o carro chinês da Lynk, que por sinal monopolizou o pódio. Podemos dizer que a comemoração foi em família, já que o tio do Yann chegou em 2º lugar (Yann é sobrinho do grande campeão de turismo Yvan Muller), e o pódio ficou completo com a presença do novato na categoria Santiago Urrutia. Eram grandes as esperanças de um pódio para o jovem belga Gilles Magnus, em sua primeira temporada no WTCR, mas ele acabou não resistindo à pressão do experiente Muller, errou em uma curva e esse erro permitiu a passagem dos dois carros Lynk que vinham atrás dele. Com problemas na bomba de combustível, foi um bônus terminar a corrida em 4º lugar.

 

A Indy foi para mais uma rodada dupla, dessa vez em Mid-Ohio (amaria ver os jornalistas especializados que criticaram Mugello apreciando uma corrida dos carros da Indy em Mid-Ohio, que se bobear é mais acanhado ainda em termos de dimensões da pista...), e no sábado finalmente Will Power conseguiu tirar o peso de não ter vencido ainda esta temporada das costas, conseguindo a posição de honra e o maior troféu do dia de maneira categórica, liderando 66 das 75 voltas da corrida. Em 2º lugar chegou seu companheiro de equipe Penske Josef Newgarden, com quase 8 segundos de desvantagem, em seguida chegou Alexander Rossi em 3º lugar, Graham Rahal terminou em 4º e fechando o Top-5 veio Ryan Hunter-Reay. Para completar, Power marcou sua 60ª pole na Indy, fazendo com que ele se aproxime do recorde de Mario Andretti, que fez 67 poles em sua carreira na Indy. Já no domingo tivemos trifeta da equipe Andretti nos 3 primeiros lugares: vitória de Colton Herta (sua 3ª na carreira), seguido por Alexander Rossi em 2º e Ryan Hunter-Reay em 3º. Novamente Graham Rahal chegou em 4º e o Top-5 foi encerrado com Marcus Ericsson. Herta, a exemplo de Power na véspera, fez a pole e liderou o maior número de voltas (57 de 75). Com dois 10º lugares, a liderança do campeonato continua com Scott Dixon, que lidera com 456 pontos contra 384 do vice líder Josef Newgarden... com 3 corridas para encerrar a temporada, sendo 2 no circuito misto de Indianapolis e uma nas ruas de Saint Petersburg, e que esse ano Dixon já venceu nesse mesmo misto de Indianapolis... não está impossível pro Newgarden, mas fácil também não está.

 

A Stock Car foi correr em Londrina, e felizmente tivemos novidades nos pódios das corridas. A primeira corrida foi vencida pelo Rafael Suzuki (Corolla), que se valeu de uma bem pensada e bem executada estratégia de parada nos boxes para superar Gabriel Casagrande (Cruze), que teve que se contentar com o 2º lugar na bandeirada final. Em 3º, fechando o pódio, chegou Thiago Camilo (Corolla), que não conseguiu fazer valer sua condição de largar na pole position e terminou a mais de 12 segundos do líder. Era visível a enorme alegria de Rafael em conquistar a vitória após 6 anos de batalha na categoria. Já a segunda corrida teve como marco a primeira vitória do Cruze nessa temporada, mostrando que o novo pacote de atualizações liberado para os carros da Chevrolet equilibraram (ao menos na pista de Londrina) as forças com os carros da Toyota. O privilégio da primeira vitória do ano para a marca ficou com Ricardo Maurício, que poupou botões de ultrapassagem e trocou 2 pneus na corrida 1 para ter melhores condições na corrida 2. Estratégia funcionou, mesmo com o susto de uma parada nos boxes não exatamente das mais rápidas, na qual perdeu posição para Rubinho Barrichello (Toyota) mas recuperou pouco depois. Rubinho teve de se contentar com o 2º lugar, que somado com o 7º lugar na corrida 1 lhe deu a liderança do campeonato, ultrapassando Ricardo Zonta, que terminou para trás de 10º lugar nas duas corridas. Fechando o pódio da corrida 2 terminou Nelsinho Piquet (Corolla), beneficiado por uma punição a Bruno Baptista (Corolla), que terminou efetivamente em 3º mas levou 5 segundos de punição no tempo final por... ultrapassar Nelsinho da mesma maneira que em Interlagos o Rubinho passou o Bruno e não recebeu punição. Ah, esses “senhores da razão” chamados comissários...

 

A MotoGP foi até a bela pista de Misano para o GP de San Marino, e os fãs da categoria tiveram o prazer de ver mais um piloto obter sua primeira vitória: dessa vez foi Franco Morbidelli (Yamaha), que tem uma torcida razoável aqui no Brasil pelo fato da mãe dele ser brasileira e por – até pouco tempo atrás – levar uma bandeira do Brasil no capacete. Para essa etapa o capacete dele não apresentou a tal bandeira... e ele venceu. Muito provavelmente a retirada deve ter melhorado a sorte do piloto, afinal desde que a atual bandeira do Brasil foi adotada após o Golpe de 1889, que decretou o fim da Monarquia para o advento da República, o Brasil não para de ir ladeira abaixo... se isso não for um símbolo aziago, não sei o que possa vir a ser. Enfim, o ítalo-brasileiro assumiu a liderança logo na largada e nas primeiras voltas mostrou habilidade e competência ao resistir à pressão do seu mentor Valentino Rossi, que pressionava bem de perto. Sem se abalar, manteve a liderança até que a partir da metade da prova começou a se distanciar dos demais pilotos, conseguindo cruzar a bandeirada com uma vantagem pouco maior a 2 segundos em relação a Francesco Bagnaia (Ducati), outra “cria” da academia de pilotos do Valentino Rossi, que terminou em 2º lugar. O espanhol Joan Mir (Suzuki) terminou em 3º após ultrapassar “il Dottore” na última volta.

 

Sábado à noite a NASCAR realizou a 2ª prova dos playoffs, que teve uma apresentação dominante de Brad Keselowski, que venceu não só a prova como o 2º segmento (o 1º ficou com Denny Hamlin) e liderou o maior número de voltas (192 das 400 da corrida). Uma vitória maiúscula, convenhamos. Outro que fez uma grande corrida foi Kyle Busch (6º), que mesmo sem vitórias esse ano conseguiu um belo feito ao terminar entre os 10 primeiros após largar em último por conta do carro ter falhado em passar na inspeção pré corrida. Quem sabe se o pessoal da Joe Gibbs montasse direito o carro e ele tivesse passado não teria conseguido talvez um 2º lugar... mas o 2º lugar ficou com outro piloto da JGR, Martin Truex Jr., com Joey Logano em 3º, Austin Dillon em 4º (outro que fez uma corrida excelente, liderando 55 voltas e se recuperando de punição para chegar no Top-5) e Chase Elliott em 5º. Nesse momento Harvick, Keselowski e Hamlin já estão garantidos na próxima fase dos playoffs, e a próxima etapa (que definirá os outros 9 pilotos que continuarão na disputa do título) será na noite de sábado em Bristol... se preparem, pois tudo indica que será uma corrida proibida para cardíacos.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini