Semana agitada, dentro e fora da pista, com duas e quatro rodas Print
Written by Administrator   
Monday, 01 June 2020 08:45

Olá leitores!

 

Assim como boa parte do mundo civilizado (do qual excluo o país onde, por processo kármico, nasci, vivo e não consigo sair dele) está tentando retomar um mínimo de normalidade em seu funcionamento, assim está o esporte a motor. E essa semana foi proveitosa nos bastidores...

 

Começando com a Ducati, que anunciou a contratação para 2021 do piloto australiano Jack Miller para sua equipe oficial. O piloto de 25 anos teve seu desempenho na equipe satélite Pramac reconhecido e irá para a equipe principal na esperança de repetir a bem sucedida trajetória de outros australianos na equipe de Borgo Panigale, como Casey Stoner e Troy Bayliss. Miller fez mais ou menos o equivalente ao que o Kimi Räikkönen fez na F-1, pulando categoria de acesso para chegar na principal. A irregularidade do seu desempenho no começo da carreira pode ter a ver com esse salto direto da Moto3 para a MotoGP, mas mesmo com a grande quantidade de tombos ele mostrava que, enquanto não caía, era muito veloz. Lembremos aquela impressionante vitória na chuva em Assen no ano de 2016... pessoalmente acho que foi uma excelente escolha para assumir posição na equipe principal, e agora falta definir quem será seu companheiro de equipe. Muito provavelmente o experiente (34 anos) Andrea Dovizioso renovará seu contrato por pelo menos mais uma temporada, já que ainda apresenta resultados muito melhores que Danilo Petrucci (29 anos) – ou ao menos mais vontade de buscar um resultado que Petrucci. A equipe confia em Miller, haja vista que normalmente o segundo piloto da marca a testar as peças novas desenvolvidas, logo após o piloto de testes oficial Michele Pirro, é ele; sabem que ele traz um bom feedback relativo ao desenvolvimento das peças. O que resta saber é se ele conseguirá suportar a pressão psicológica de ser um piloto de equipe de fábrica... infelizmente alguns se dão muito bem em equipes menores e, quando chega a hora da grande responsabilidade vinda com o contrato com equipe de fábrica, não se desenvolvem tão bem assim. Mas estou na torcida pelo Miller.

 

Continuando no ramo das motos, ocorreu a corrida virtual da MotoGP na pista de Silverstone e a vitória ficou com um estreante no mundo virtual, um tal de... Jorge Lorenzo. Fez a pole position, largou bem, mas logo na segunda curva se envolveu em um choque com Nakagami, caindo e tendo que fazer uma corrida de recuperação até levar a vantagem na disputa pela liderança com Tito Rabat nas últimas voltas. Eu diria até que Lorenzo “pegou a mão” desse negócio de corrida virtual bem melhor que o Rossi... infelizmente hoje em dia, após tantos e tantos tombos e tantas e tantas fraturas, apenas vejo Lorenzo com condições de ser competitivo no simulador. O talento continua lá, apenas a condição de o expressar em uma moto de corrida, com toda a exigência física e o risco de novas fraturas, fica prejudicada. O pódio virtual ficou completo com a jovem promessa Fabio Quartararo.

 

E as complicações de logística para obedecer as restrições sanitárias necessárias ao funcionamento do mundo pós pandemia de COVID-19 levaram ao cancelamento de duas tradicionais corridas do campeonato do motociclismo nesta temporada: nem Silverstone nem Phillip Island receberão o Mundial de Motovelocidade em 2020. Os prazos de quarentena para viagens internacionais e a necessidade de comprimir os prazos entre corridas inviabilizaram a realização das duas provas, cujos organizadores prometem o retorno ao calendário em 2021... a conferir. Eu ando pessimista com a real possibilidade de já em 2021 voltarmos à “normalidade” de viagens pré pandemia. Enfim, só nos resta torcer pelo melhor.

 

E a Indy continua em seus esforços para fazer uma temporada 2020, ainda que reduzida e com datas rearranjadas da melhor maneira possível. Em tese a categoria estreia próximo dia 06 de junho, com a corrida no Texas Motor Speedway, seguida da corrida no traçado misto de Indianapolis dia 04 de julho, em pleno feriado da independência deles. A prova em Road America será uma rodada dupla nos dias 11 e 12 de julho, depois mais uma rodada dupla no pequeno oval de Iowa nos dias 17 e 18 do mesmo mês. Uma pausa para o pessoal respirar, aí virá a corrida de Mid-Ohio em 09 de agosto, as 500 Milhas de Indianapolis em 23 de agosto, a corrida em Gateway dia 30/08, Portland 13/09, rodada dupla em Laguna Seca dias 19 e 20 de setembro, a segunda corrida do ano no misto de Indianapolis em 03/10 e o encerramento da temporada previsto para as ruas de São Petersburgo em 25/10. Apenas lembrando que essa São Petersburgo pode não ter problemas de neve no final de outubro por não ser a original da Rússia e sim a homônima localizada na Flórida, mas é uma época do ano em que o estado da Flórida está sujeito a furacões... agora é torcer para que não passe furacão por ali na época da corrida.

 

Os bastidores da Fórmula 1 ficaram agitados com as notícias que o patrocinador principal da equipe Williams, a ROKiT, abandonou a equipe e da possibilidade da venda da parte de Fórmula 1 da Williams por conta da família controladora. Por um lado é triste ver a última equipe “garagista” nessa situação, por outro... pode ser a chance do pai do Nicolas Latifi espezinhar seu conterrâneo Lawrence Stroll e também comprar uma equipe para o filho correr. Outro burburinho foi provocado pela notícia (espero que falsa) da possibilidade da equipe Renault chamar para o lugar do Daniel Ricciardo... o Fernando Alonso. Eu vejo a contratação do Alonso apenas como jogada de marketing, ou algo para fazer o nome da Renault aparecer no noticiário. Não vejo motivo para o retorno dele ser mais bem sucedido que o retorno do Michael Schumacher na Mercedes, com a diferença que o Schummy era =um piloto que agregava a equipe ao passo que o Alonso é um semeador da cizânia.

 

E a F-1 continua em busca de inovações, mesmo que sem possibilidade de serem aprovadas pelas equipes. Ventilou-se na reunião efetuada última sexta-feira entre a FIA, a Liberty Media e as equipes que na abertura do campeonato, as duas corridas seguidas em finais de semana consecutivos na Áustria, a classificação para a primeira prova fosse uma corrida curta no sábado, com grid de largada invertido em relação às posições do campeonato, e a ordem de largada do domingo seria a ordem de chegada no sábado. A ideia é boa, mas... sinceramente, não vejo possibilidade dela ser aprovada.

 

E a NASCAR teve uma semana bem agitada... pouco após o fechamento dessa coluna, saiu a notícia que o carro do Jimmie Johnson não passou na inspeção após a prova de 600 milhas do domingo passado. Aí era para ter uma outra prova de 500 quilômetros (ou, para eles, 312 milhas) na quarta-feira... que foi adiada para a quinta por conta da chuva. E ainda assim, o primeiro segmento da corrida teve uma interrupção de pouco mais de 1 hora por conta de relâmpagos e de uma chuva associados à passagem de uma tempestade tropical nas imediações. Após a secagem da pista, Joey Logano acabou vencendo o primeiro estágio e Alex Bowman o segundo. No estágio final, a sorte finalmente sorriu para Chase Elliott, que venceu sua primeira corrida no ano após ser atingido pelo Buschinho no meio da semana anterior e ter feito uma aposta muito ousada no final da corrida de 600 milhas. Dessa vez nada deu errado, e ele foi para o Victory Circle. Em 2º lugar chegou Denny Hamlin, que teve que fazer a corrida sem seu chefe de equipe, sem o mecânico chefe e sem o engenheiro principal por conta da punição recebida pela queda do lastro de tungstênio do carro durante a Charlotte 600. Em 3º terminou Ryan Blaney, em 4º Ricky Stenhouse Jr. (em uma grande corrida pela pequena JTG Daugherty Racing) e fechando o Top-5 chegou Kurt Busch.

 

Nesse domingo, já sem tempestade tropical alguma por perto, foi realizada a tradicional corrida de 500 voltas no mais legal autódromo de meia milha da categoria, Bristol, onde Chase Elliott venceu os dois primeiros estágios e tinha chances de vencer o último estágio também, mas... a vitória literalmente caiu no colo de Brad Keselowski, que estava agradavelmente surpreso no final. Começou com o líder Denny Hamlin acertando o muro na curva 4 a 6 voltas do final. Depois, em uma disputa de posição mais... acalorada, Logano e Elliott se enroscaram, deixando a vitória para Keselowski. Clint Bowyer fez uma corrida pensando nos pontos, e foi premiado com o 2º lugar na final, com Jimmie Johnson em 3º, Kyle Busch em 4º e Erik Jones fechando o Top-5. Os “jênios” do volante Logano em Elliott terminaram, respectivamente, em 21º e 22º lugares, com direito a troca de ideias mais empolgada no final da prova.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini