Aventuras e desventuras no mundo real e no virtual Print
Written by Administrator   
Monday, 06 April 2020 01:17

Olá leitores!

 

Vocês têm assunto? Tem? Que ótimo! Eu, sem corridas e sem previsão de volta das mesmas a curto prazo, estou caçando com espingarda de cano duplo algo para colocar para vocês lerem... enfim, vamos adiante.

 

Nesses tempos de pandemia e instalações hospitalares lotadas nos países mais afetados, o mundo da Fórmula 1 não poderia estar passivo assistindo essa situação que parece vinda do enredo de livros de terror. Algumas equipes estão desenvolvendo equipamentos de respiração em parceria com empresas especializadas do setor (Ferrari) ou universidades (Mercedes), a Dallara postou em sua página da internet que está desenvolvendo em parceria com a Universidade de Parma um respirador de baixo custo, e mesmo Ron Dennis, que sempre passou a imagem de pessoa voltada apenas para seus próprios problemas, resolveu ajudar nesse momento difícil: de acordo com o jornal britânico “The Independent” ele doará 1 milhão de cestas básicas aos trabalhadores do sistema público de saúde da Inglaterra que estão lutando para tratar as vítimas do Coronavírus. A propósito, Ron Dennis sozinho já fez mais que muito empresário brasileiro por aí, notadamente os que acreditam que o importante não é a saúde da população, mas sim a saúde financeira das empresas deles em particular e da Economia como um todo... sim, caros leitores de fora do Brasil, não é só o presidente da Banânia que defende posições contrárias a tudo aquilo que está sendo feito mundo afora, tem um bocado de gente por aqui que ainda não se deu conta da gravidade da pandemia. Eu tenho minha opinião pessoal a respeito disso, mas não a externo por nada neste universo...

 

Infelizmente este final de semana a comunidade automobilística de São Paulo perdeu um de seus mais importantes membros, Marcus Ramaciotti, comissário esportivo da CBA e presidente do Conselho Técnico Desportivo da FASP, faleceu neste domingo vítima de complicações de uma cirurgia de diverticulite que acabou evoluindo para uma infecção hospitalar. Esta coluna apresenta os mais sinceros pêsames aos familiares e amigos do Marcus, com a certeza que sim, ele está agora em um lugar melhor do que nós que aqui ficamos.

 

E a quarentena global está oferecendo chances para pilotos descobrirem novas maneiras de perder contratos: esse domingo aconteceu mais uma etapa da série virtual da NASCAR, a Pro Invitational Series, desta vez na pista virtual de Bristol... ao menos dessa vez a vitória ficou com um piloto da categoria principal, no caso William Byron. Mas vamos ao que interessa: é uma iniciativa que além de ajudar os pilotos nesse período de quarentena/isolamento social também ajuda os fãs da categoria a não ficarem tão “órfãos” das disputas. Além de servir como uma plataforma para continuar exibindo as marcas dos patrocinadores. Uma situação em que há grandes possibilidades de todos saírem ganhando. Pois bem, na 11ª volta das 150 que a corrida teve o Clint Bowyer (que estava correndo e também servindo de “repórter dentro da corrida” para a Fox Sports estadunidense) acabou se envolvendo no incidente que levou o competidor Bubba Wallace a se desconectar do jogo online. Explicando: Bubba deu um toque na traseira do Bowyer na saída de uma curva, este deu um toque no muro, conseguiu recuperar o controle vindo para a parte de baixo da pista, seguiu em frente, contornou a curva seguinte por baixo enquanto Wallace o fazia na parte de cima junto ao muro, e na saída de curva seguinte deu o troco no Bubba, colocando seu próprio carro fora de controle rodando mais uma vez, sendo atingido por outro carro e chegando a tocar no muro. Bowyer reclamou, mas continuou na corrida e acabou chegando em 11º lugar. Bubba desconectou seu simulador e ainda ficou reclamando no Twitter. Resultado: os fãs começaram a criticar Bubba por ter deixado a competição virtual apenas por estar nervoso, e ele ao invés de ficar quieto ou inventar uma desculpa preferiu debochar da disputa vitual. Eis que o patrocinador associado (não principal) da Richard Petty Motorsports, Blue-Emu, que apoia a equipe desde 2005, também via Twitter anunciou que continuará patrocinando o outro carro da equipe (o de Landon Cassill), mas não mais patrocinará o de Bubba Wallace, argumentando “Pode imaginar se ele fizesse isso na pista, no mundo real?”. Inusitado, verdade, mas por um lado não deixa de fazer sentido... afinal, mesmo sendo uma competição virtual e que não vale pontos pro campeonato, a marca da empresa está aparecendo para centenas de milhares de pessoas durante a transmissão. Enfim, quando a cabeça não dá o corpo e o bolso padecem.

 

Enquanto isso, vamos continuando a buscar automobilismo na internet. Esse domingo achei um documentário sobre a temporada do Mundial de Rali de 1986, o último ano do Grupo B. Eu confesso que não sei muito bem o que era mais insano, a cavalaria desenvolvida pelos motores para andar na neve, no cascalho, na terra, etc. ou o público que ficava no meio da pista e saía do caminho só quando o carro se aproximava... não lembro se foi um mecânico da Peugeot ou da Lancia que, ao ir limpar a entrada de ar de um dos radiadores, encontrou dois dedos decepados ali... loucura total. E a cara do médico da equipe Lancia quando chegou lá a notícia do acidente fatal do Henri Toivonen, aquela expressão de “ele não estava completamente recuperado da gripe, eu não devia ter liberado ele para correr” foi bem elucidativa.

 

A respeito da temporada de Fórmula 1 e seu recomeço, por incrível que pareça a opinião mais sensata da semana veio do falastrão Jacques Villeneuve, que afirmou que a categoria deveria desistir de fazer uma temporada neste ano tão conturbado em termos de saúde (lembrando que a categoria viaja por diversos países, facilitando a contaminação de integrantes das equipes) e voltar com força total em 2021. Quando a opinião mais sensata no meio é dada pelo Jacques Villeneuve, é sinal que o resto do pessoal está viajando muito na maionese.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini