Ziriguidum que nada... aqui é velocidade Print
Written by Administrator   
Monday, 24 February 2020 02:10

Olá leitores!

 

Não é por causa do reinado momesco que ficaremos sem comentar sobre automobilismo, muito pelo contrário... afinal esse vosso colunista não entende nada de ziriguidum, inclusive costumo redigir as colunas ao som de rock pesado (ritmo que, por sinal, combina mais com esporte a motor).

 

E vamos começar com brasileiro ganhando título: esse final de semana tivemos o encerramento da Asian Le Mans Series, campeonato que substituiu o Japan Le Mans Series e que dá aos vencedores de cada uma das classes convite para as 24 Horas de Le Mans. No caso, o primeiro na LPM2 recebe convite pra LMP2, o primeiro da LMP2Am recebe convite para a LMP2 ou para a LMGTE Am (sujeito à aprovação do Comitê de Seleção neste segundo caso), o primeiro da LMP3 recebe convite para a LMP2 ou para a LMGTE Am (idem) e o primeiro da GT3 recebe convite pra LMGTE Am. Foi disputada a prova de 4 Horas de Buriram, onde no pódio da categoria GT tivemos 3 brasileiros no pódio: no degrau mais alto Marcos Gomes, acompanhado de Liam Talbot e de Tim Slade no Ferrari 488 GT3 (modelo que monopolizou o pódio, por sinal) da equipe HubAuto Corsa, que com essa vitória asseguraram também o título da temporada 2019/2020 e o convite pras 24 Horas de Le Mans, seguidos em 2º lugar na categoria pelo trio Takeshi Kimura/Mikkel Jensen/Côme Ledogar (equipe Car Guy) e em 3º lugar por Francesco Piovanetti/Oswaldo Negri Jr/Daniel Serra (equipe Spirit of Race). Parabéns ao Marcos Gomes por essa conquista, que sirva de trampolim para outras muitas mais!

 

A Rebellion Racing obteve uma vitória dominante na “Lone Star Le Mans”, a corrida de seis horas do Campeonato Mundial de Endurance da FIA no Circuito das Américas. O Gibson R-13 nº 1 foi incontestável por toda parte, terminando à frente dos dois Toyotas, estrangulados desta vez pelo sistema de handicap na classe superior de três carros esgotada.

 

Enquanto a equipe Rebellion, que irá parar de competir depois de Le Mans este ano, celebrará a noite toda após sua segunda vitória da temporada, a Toyota certamente irá se queixar. Esta foi uma das corridas mais tranquilas na classe LMP1, se não as mais sem intercorrências da história da categoria. Bruno Senna, Norman Nato e Gustavo Menezes tiveram uma clara vantagem de ritmo durante todo o fim de semana e foram inalcançáveis.

 

O único ponto de interrogação nesse caso foi se os Toyotas poderiam ou não salvar uma parada de combustível no final, colocando o TS850 HYBRID nº 8 de volta à liderança pouco antes do final... mas eles não o fizeram. A Rebellion – que precisou mudar o motor do carro antes da qualificação – conseguiu a corrida perfeitamente e, apesar de ter que pressionar, a vitória nunca pareceu estar em dúvida. Especialmente nesta corrida, que não teve nenhuma entrada do carro de segurança ou mesmo algum “FCY”, safety car virtual com bandeira amarela em todo circuito.

 

Para Gustavo Menezes, que é “meio brasileiro, meio americano”, essa corrida foi mais que perfeita e que com o resultado nas corridas da FIA WEC no COTA. Ele tem três poles, três voltas mais rápidas e três vitórias em três corridas no Texas. 100% de aproveitamento.

 

Um dos grandes assuntos relativos aos testes de pré temporada da Fórmula 1 foi o novo sistema empregado pela equipe Mercedes na suspensão dianteira, que através de movimento efetuado pelo próprio piloto na direção (empurrando ou puxando o volante) permite alterar a convergência de maneira manual. Em tese, o sistema não infringe o atual regulamento, que proíbe sistemas elétricos/eletrônicos atuando na suspensão... a mesma FIA que afirmou não existir ilegalidade nesse sistema já adiantou que pelo regulamento de 2021 ele não será permitido. Resta saber se os testes indicarão que a vantagem no âmbito de desgaste de pneus, rapidez no aquecimento e o ganho de tempo em uma volta lançada compensarão o investimento (não apenas de dinheiro, mas de tempo de desenvolvimento por técnicos e engenheiros da equipe) a ser feito. Parece-me mais algo feito para distrair a atenção da concorrência para alguma outra coisa que a Mercedes esteja desenvolvendo, a famosa “cortina de fumaça”. De resto, nada que mereça grande atenção... talvez a surpresa de ver a Ferrari não seguir sua tradição de fazer grandes resultados na pré temporada, quem sabe tentando entender o funcionamento do carro para evitar o clamoroso fiasco de 2019, onde foram entender mais ou menos o funcionamento do carro no meio da temporada... enfim, minha confiança no modelo F1000 (em homenagem à milésima prova a ser disputada pela Ferrari desde o início da categoria) tende ao campo negativo da numeração.

 

A semana passada começou com um grande susto: aquela corrida de abertura do campeonato da NASCAR que foi adiada para a segunda feira por conta da chuva em Daytona no domingo terminou com um acidente pavoroso no qual Ryan Newman deve a sua vida à enorme resistência da gaiola de proteção dos carros da categoria. Muito provavelmente 10 anos atrás estaríamos lamentando a morte do piloto, mas mesmo tendo recebido o impacto de outro carro diretamente no lado do piloto próximo da cabeça, ele saiu do hospital na quarta feira andando de mãos dadas com suas duas filhas. O impacto recebido na cabeça o impediu de correr já nesse final de semana em Las Vegas, mas ele deve retornar às pistas já no mês que vem. A propósito, mesmo com o carro de ponta cabeça arrastando o teto no asfalto Newman terminou a corrida em 9º lugar. O top-5 de Daytona foi composto por Denny Hamlin em 1º (como de costume no caso dele, vitória por uma margem ridicularmente pequena), Ryan Blaney em 2º, Chris Buescher em 3º, David Ragan em 4º e Kevin Harvick em 5º. Como podemos ver pela lista dos primeiros colocados, um bocado dos favoritos da prova acabou ficando pelo caminho por conta de “Big Ones”, sempre esperados com expectativas pelos fãs da categoria.

 

Já nesse domingo tivemos a prova Pennzoil 400 milhas em Las Vegas, acirradamente disputada como são de praxe as provas em ovais de uma milha e meia. Vitória ficou nas mãos de Joey Logano, após mais uma relargada que levou a uma última volta conturbada, que não levou a mais uma prorrogação apenas pelo fato dos pilotos terem se enroscado pouquíssimo tempo após Logano receber a bandeira branca indicando a última volta. Em 2º lugar terminou Matt Dibenedetto (sim, vocês não leram errado, o piloto do Ford #21), em 3º Ricky Stenhouse Jr. (beneficiado por uma excelente estratégia de paradas), em 4º Austin Dillon e fechando o Top-5 chegou Jimmie Johnson, em seu primeiro Top-5 desde julho do ano passado. Os resultados de 2º a 4º me lembraram o título de um dos clássicos do cinema italiano, “A classe operária vai ao Paraíso”... torço para que eles voltem a ter boas posições, mas não apostaria dinheiro nisso.

 

Deixei para o final uma excelente notícia envolvendo o automobilismo brasileiro: até que enfim foi anunciado o calendário 2020 da Copa Truck (aos leitores do exterior, é isso mesmo: em pleno mês de fevereiro é que foi confirmado o calendário das provas a partir de março... e não, não é temporada 2020/2021, começando no meio desse ano e terminando no meio do ano que vem, a temporada termina em dezembro desse ano aqui mesmo...) com a novidade de duas etapas a serem disputadas no mesmo dia que outra grande categoria nacional, a Stock Car, uma etapa no meio do ano (etapa “de inverno”) e outra no final (etapa “de verão”). Como minha filha não viu pessoalmente ainda nenhuma das duas categorias, estou pensando seriamente em a levar na etapa “de inverno”, afinal cozinhar de calor nas arquibancadas descobertas de Interlagos não é exatamente a coisa mais agradável do planeta, e o frio se agasalhando fica mais fácil de enfrentar... convenhamos, é o tipo de evento para LOTAR o autódromo. Se houver espaços vazios nas arquibancadas, será apenas um subsídio para a minha teoria que atualmente o automobilismo é um esporte intelectual demais para o habitante padrão da capital paulista, e uma grande ajuda aos especuladores do mercado imobiliário que querem destruir o autódromo para transformar o terreno em condomínios de prédios.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini