A retrospectiva internacional e as previsões de Pai Alex Print
Written by Administrator   
Monday, 30 December 2019 09:36

Olá leitores!

 

Chegamos ao final de mais um ano, continuamos com a retrospectiva 2019 e fomos em busca do babalorixá de costume, o Pai Alex, para que nos diga o que o Futuro reserva para 2020...

 

A Fórmula 1 teve um dos anos mais fáceis possíveis para a Mercedes, graças ao início de temporada hesitante da Red Bull e à Ferrari, que conseguiu entender mais ou menos como o carro funcionava no final da temporada... assim ficou fácil para Hamilton alcançar o sexto título mundial. O grande exemplo de superação foi dado por Robert Kubica, que em que pese ter ficado atrás do estreante companheiro de equipe Russel o ano inteiro mostrou que sim, é possível pilotar um carro de F-1 com apenas uma das mãos (as imagens onboard mostraram claramente que a mão direita dele no máximo ficava apoiada no volante, e os botões de comando praticamente todos ficavam ao alcance da mão esquerda). O meio do pelotão viu interessantes disputas entre McLaren (que melhorou MUITO após a saída do Semeador da Cizânia, a.k.a. Fernando Alonso), Renault e Force Daddy, digo, Racing Point.

 

A Fórmula Indy teve uma temporada em crescimento: a segunda metade da temporada nitidamente foi melhor que a primeira, e espero que a tendência de crescimento se mantenha. Ainda não me acostumei com o calendário encerrando em setembro para evitar a disputa de atenção com a temporada de futebol lá deles, mas parece ter funcionado em termos de público... título mais do que merecido do Josef Newgarden, superando seu companheiro de Penske Simon Pagenaud, e a briga entre Ganassi e Andretti para ser a segunda melhor equipe acabou sendo um dos atrativos da temporada. Temporada que foi tenebrosa para os pilotos brasileiros Tony Kanaan e Matheus Leist. A equipe de A. J. Foyt esteve em um de seus piores anos desde a fundação, e acabou perdendo seu patrocinador principal. Com isso, Leist está fora da próxima temporada e Tony a princípio deve correr apenas nos ovais pela Foyt. Lamentável, profundamente lamentável.

 

Na MotoGP, talvez o título mais fácil da vida de Marc Márquez, que venceu o que quis, como quis, e na prática não foi seriamente ameaçado em nenhum momento após a terceira corrida. Ducati ameaçou um ou outro brilho, mas foi bastante efêmero, já que para Dovizioso estar “com a faca nos dentes” parece precisar do alinhamento planetário correto, que aconteceu poucas vezes esse ano, e a Yamaha, coitada, perdeu completamente a mão de como fazer uma moto de corrida. Parecia que Rossi e Viñalez estava correndo com pianos ou oboés, não com motos.

 

No IMSA, vice campeonato para a ótima dupla Felipe Nasr/Pipo Derani, com Helinho beliscando um 3º lugar na DPi, cujo título ficou com a dupla Cameron/Montoya. Diversas participações esporádicas de brasileiros nas classes de GTs, e aparentemente devemos esperar por mais ano que vem.

 

No WEC, a temporada 2018/2019 teve como campeão o trio Alonso/Nakajima/Buemi, até de maneira previsível, mas eu destacaria a 7ª posição de Bruno Senna com uma equipe privada. Daniel Serra conseguiu um bom 8º lugar entre os pilotos da GTE-Pro, e pudemos comemorar o título de André Negrão na LMP2 correndo junto a Nicolas Lapierre e Pierre Thiriet.

 

A NASCAR teve uma temporada muito disputada entre duas equipes: basicamente o ano foi dividido entre Joe Gibbs e Penske, com a Stewart-Haas tentando dar suas beliscadas aqui e ali e as equipes da Chevrolet penando com o equipamento: Hendrick e Ganassi até conseguiram andar na frente, mas foi mais pro lado da exceção que da regra. Título merecido de Kyle Busch, que disputou na última corrida com Martin Truex Jr. (2º), Kevin Harvick (3º) e Denny Hamlin (4º). 3 pilotos da Joe Gibbs e um da Stewart-Haas, mostrando o domínio da Toyota no campeonato (venceu 19 corridas, contra 10 da Ford e 7 da Chevrolet). E impressionante como os pilotos da Gibbs disputaram entre si sem se atrapalharem, o que já não foi 100% verdade na Penske... espero que 2020 seja tão disputada quanto.

 

Foi difícil conseguir um horário com Pai Alex, mas missão dada é missão cumprida, e ele me atendeu no primeiro horário disponível do dia. Entrei em sua tenda, e além dos ventiladores ligados por causa do calor notei a existência de um freezer vertical, para manter os líquidos gelados... todo o aparato para as previsões já estava sobre a mesa: búzios, cartas, runas, e claro os copos para hidratação. Como às 10 horas da manhã já fazia um considerável calor, fui recebido com um gim tônica com muito gelo, e para não perder tempo já fui perguntando da Fórmula Um. Ele espalhou as cartas, embaralhou, espalhou de novo, jogou 3 vezes os búzios, e assegurou que a tendência é ser uma repetição de 2019, com alguma mudança para trás do líder. Segundo ele, “a estrela vai continuar brilhando sozinha, o touro vai pular mais alto e o cavalo vai continuar escorregando até ser alcançado pela laranja (acho que a Ferrari vai ter problemas e a McLaren pode chegar perto). Do meio pra trás vejo grande briga de dinheiro contra dinheiro (talvez com a verba trazida pelo Latifi a Williams consiga brigar com a Racing Point), e os que estrearam neste ano vão crescer ainda mais”. Bons fluidos devem atingir Lando Norris e companhia, pelo jeito. Perguntei se algum piloto brasileiro estava encaminhado... e ele gargalhou, gargalhou, e não respondeu. OK, entendi que a piada foi boa.

 

Perguntei da Indy, ele trouxe mais bebidas geladas para a mesa, jogou seguidas vezes os búzios e disse ver uma curva de crescimento, “corridas melhores, mais gente disputando liderança e mais gente vendo as corridas”. Ante à resposta meio genérica, perguntei dos brasileiros na categoria, ele voltou a gargalhar seguidamente, dessa vez quase engasgando. “Mizinfio, ninguém vai conseguir ver corrida aqui, como vai querer algo de brasileiro?” OK, entendi, Tony vai precisar de MUITA sorte nas poucas provas em que participar...

 

E nas corridas de longa duração, Pai Alex? Tem um bocado de brasileiros indo para o Endurance... mais bebida, consulta às cartas, runas, e o veredito: “O Sol está brilhando para esse lado, podemos ter vitórias e até título, tanto os experientes como os novos devem fazer bom trabalho”. Enfim alguma boa notícia. Ainda perguntei se seria no WEC ou no IMSA, mas ele não respondeu, ocupado que estava em enxugar o suor com uma toalha.

 

Questionei sobre o automobilismo nacional, ele franziu a testa, e consultou tudo que podia. Afirmou que pode ter alguma melhoria, mas a crise ainda permanece atrapalhando o investimento das empresas, e talvez do meio pro fim do ano tenhamos novidades. Mas dava pra ver o ceticismo no rosto dele... perguntei do autódromo no Rio de Janeiro, e veio outra gargalhada de quase um minuto, seguida dos palavrões por, na gargalhada, ter derrubado garrafa no chão.

 

Perguntei das duas rodas, pra desviar um pouco de assunto, e ele consultou atentamente as cartas antes de afirmar que os irmãos vão começar o ano bem, mas terminar com muita inveja (provavelmente os irmãos Márquez, não os Espargaró), que o experiente vai continuar sem vencer mas a popularidade permanece alta (Rossi, creio eu) e que pro lado dos italianos vai ser mais um molho à putanesca (Ducati? Aprilia? Os pilotos? Essa eu boiei completamente, lembrando que o “jênio” do Iannone foi pego no antidoping).

 

Virei a página do bloco de anotações onde tinha anotado as perguntas, mas ele afirmou que tinha outras consultas mais tarde e teria apenas mais uma pergunta. Assim sendo, questionei quais seriam as previsões para a Fórmula E, a categoria que tem recebido mais atenção das fábricas europeias ultimamente. Jogou as runas, os búzios, e afirmou que o crescimento está longe de diminuir, mas que isso não quer dizer que as corridas serão boas. Disputa acirrada pelo título, com “muita briga de cachorro grande” para a temporada 2019/2020 e também a 2020/2021. A conferir...

 

Que todos meus queridos leitores aproveitem muito bem a passagem de ano, e que 2020 seja melhor que 2019. Deve acontecer, não precisa muito para ser melhor que este ano que (enfim...) se encerra.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini