Pistas pequenas, mas grandes emoções Print
Written by Administrator   
Monday, 08 April 2019 01:24

Olá leitores!

 

Tivemos um final de semana com muita ação, e o destaque foi a coincidência de praticamente tudo ter acontecido em pistas curtas: a mais longa delas foi o Barber Motorsport Park (3,83km), onde a Indy foi fazer a terceira etapa do seu calendário esse domingo. Tivemos o WTCR e a Stock Car correndo em pistas de menos de 3 km de extensão (a pista do Marrocos com a corrida inaugural da temporada 2019 do WTCR tem 2,97km e o Velopark, onde começou a temporada da Stock, tem 2,15km) e a etapa da NASCAR no “coliseu” de Bristol e sua meia milha de extensão e emoção.

 

Comecemos com o WTCR, que como de costume apresentou um belo espetáculo, em que pese a pista (que já é estreita para os F-E) não cooperar, pela absoluta falta de ponto claro de ultrapassagem – as mesmas, quando ocorreram após o momento da largada, foram por erro do piloto à frente ou abandono. Nada contra circuito de rua, mas… se der pra ter uma largura minimamente razoável e pelo menos uma reta idem, agradeço do âmago do meu ser. Finalmente o espectador brasileiro teve a oportunidade de ver a categoria, que não era transmitida para cá desde os tempos do WTCC em que o Augusto Farfus ainda corria de Alfa Romeo (não lembro das provas que ele fez pela BMW na categoria terem sido transmitidas, se foram, antecipadas desculpas), e foi um espetáculo bem interessante de acompanhar. A primeira prova, no sábado, foi de festa hermana: vitória do argentino Esteban Guerrieri (Honda Civic), seguido pelo sueco Thed Björk (Lynk & Co 03) em 2º lugar e por Nestor Girolami (Honda Civic) em 3º. Augusto Farfus, tentando se readaptar à categoria após quase 10 anos de ausência, conseguiu não bater, não ser alvejado por outro piloto, e terminou em 13º lugar (os primeiros 15 pontuam). No domingo, mais duas corridas, com a segunda corrida sendo vencida pelo interminável Gabriele Tarquini (Hyundai i30), 57 anos de idade mas com a alegria de um garoto nas pistas, seguido pelos garotos Jean-Karl Vernay (Audi RS3) em 2º lugar e pelo Yann Erlacher (Lynk & Co 03), sobrinho do Yvan Muller, em 3º. Dessa vez Farfus terminou em 11º. Essas duas primeiras corridas foram “bem comportadas”, e sabemos muito bem que as provas de turismo europeias não costumam seguir esse padrão… na terceira corrida, como ninguém tinha que poupar equipamento para o dia seguinte ou para 1 hora após a bandeirada da prova, o pessoal colocou as cartas na mesa: logo na primeira volta ficaram 2 carros, os de Erlacher e de Tiago Monteiro… afinal, como disse antes, a pista é estreita e um “3 wide” na freada de uma curva de 90 graus tem probabilidade zero de dar certo. Se não tivesse batido, provavelmente o português seria punido, pois na disputa de posição com Guerrieri ele cortou a chicane antes dessa reta. Farfus vinha no Top-10 quando quebrou o câmbio do seu carro… uma pena. A prova foi vencida por Thed Björk (que assumiu a liderança do campeonato), com o belga Fréderic Vervisch (Audi RS3) em 2º e o espanhol Mikel Azcona (Seat Cupra) em 3º.

 

Outro campeonato que estreou esse final de semana foi a Stock Car, fazendo sua corrida número 500 no acanhado Velopark. Nada contra a pista ser acanhada, mas… tenho algo contra barreira de pneus que não foi devidamente amarrada: no sábado o Átila Abreu passou reto e bateu na barreira de pneus, que se desmontou e amorteceu menos do que devia o impacto com o muro de concreto atrás dela. Resultado, uma vértebra lombar fissurada e uma recuperação prevista de 6 semanas… desejo ao Átila a melhor recuperação possível, esse negócio dói… a corrida teve como grande atração a incerteza causada pelo tempo, que deixou os pilotos na dúvida sobre qual pneu usar na largada e levou outros a escolherem o pneu errado no pit stop, prejudicando sua colocação final da prova. A primeira parte foi dominada pelo pole Thiago Camilo, que após a (desnecessária) largada em bandeira amarela atrás do safety-car começou a abrir vantagem até o momento em que a chuva veio, fez Guga Lima derrapar e acertar a barreira de pneus e o safety-car voltar. Nesse momento em que a condição meteorológica piorou e a janela de pit-stop abriu foi onde Daniel Serra e seu chefe Meinha deram o golpe de mestre: ao invés de parar e colocar pneus de chuva, apostaram na curta duração da mesma e na secagem da pista. Deu certo, e a corrida 500 da história da Stock Car foi vencida pelo filho de um tricampeão da mesma, filho esse que conquistou os últimos dois títulos em sequência. E devo dizer que não acho muito difícil que o Daniel Serra alcance a mesma marca do seu pai, 3 títulos em seguida. Além de estar em uma fase iluminada nas pistas, tem uma excelente equipe dando suporte para ele. Em 2º chegou Rubens Barrichello, que cresceu muito na fase “molhada” da corrida e manteve seu carro andando bem na pista mesmo após se envolver em um toque com o retardatário Cacá Bueno (que fase, meu caro, que fase…) e danificar a “bolha” do carro. Foram acompanhados no pódio pelo Ricardo Maurício, que fez uma excelente corrida, ganhando mais de 10 posições entre a largada e a chegada.

 

A NASCAR foi para uma de sua mais simbólicas etapas, e mesmo com as arquibancadas menos cheias que o de costume (menos cheias foi impreciso: devia ter cerca de metade dos lugares vazios, uma imagem triste para quem já viu os mais de 160 mil lugares ocupados) o espetáculo foi de primeira grandeza. Logo na segunda volta Kyle Busch se viu envolvido em um acidente que danificou a traseira do seu carro, mas com muito trabalho e paciência, 498 voltas depois ele recebeu a bandeirada da vitória após cair para o fundo do pelotão. Vitória com V maiúsculo para Buschinho, sua 8ª nessa pista. Vitória que chegou quando ele preferiu ficar na pista na última bandeira amarela ao invés de buscar pneus novos no pit lane, uma aposta que deu certo. Foi seguido em 2º lugar pelo seu irmão mais velho, Kurt Busch, que também fez um ótimo final de prova. Em 3º e 4º lugares chegaram os “Penske Boys” Joey Logano (vencedor do 2º segmento) e Ryan Blaney, que optaram por parar para pneus novos e deixaram a disputa pela liderança na última amarela após em conjunto terem liderado mais da metade da prova, e fechando o Top-5 veio Denny Hamlin. Entre os 10 primeiros, apenas 2 Chevrolets, o do Buschão e o do Jimmie Johnson, que conseguiu um suado 10º lugar após muita batalha… boa novidade foi o primeiro segmento, vencido pelo Ty Dillon por menos de meio carro de vantagem.

 

E a Indy foi para o Alabama correr no Barber Motorsport Park, pista muito bonita e que produz ótimas corridas… de moto. No geral as provas de Indy lá costumam ser sonolentas, mas essa edição foi melhorzinha e coroou uma das melhores provas da carreira de Takuma Sato, que não só fez a pole position como venceu a corrida, arrancando um enorme sorriso do “Papai Noel” David Lettermann, sócio da equipe que contrata o nipônico. Mais uma vez Scott Dixon usou da sua enorme capacidade de ser um piloto regular para arrancar um 2º lugar ao final da prova, e em 3º ficou um dos mais talentosos pilotos da categoria, Sébastien Bourdais.  Entre os 10 primeiros, apenas 2 carros com motor Chevrolet, Newgarden em 4º e Pagenaud em 9º, ambos da Penske. E os brasileiros fizeram o que o limitado equipamento deles permitiu, ou seja, quase nada. Tony Kanaan terminou em 18º e Matheus Leist em 20º, ambos uma volta atrás dos líderes.

 

O Mundial de Superbike foi até Aragão, na Espanha, para sua terceira etapa… e a escrita das 2 primeiras etapas se repetiu: as duas corridas foram vencidas por Alvaro Bautista (Ducati), seguido em 2º lugar por Jonathan Rea (Kawasaki), variando apenas o 3º colocado, que foi Chaz Davies (Ducati) no sábado e Alex Lowes (Yamaha) no domingo. Torço para que a próxima etapa, em Assen, traga alguma coisa de diferente…

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini