Carreras son carreras, na F1 e no WRC Print
Written by Administrator   
Monday, 01 April 2019 00:17

Olá leitores! Este foi um final de semana com muita ação, emoção e frustração. Seja na Fórmula 1, na MotoGP, no WRC ou na NASCAR, foi muito forte a sensação de “foi bom, mas...” em todas as corridas.

 

Comecemos pela categoria rainha, que foi enfrentar o forte vento e a quantidade razoável de areia na pista no Bahrein para a corrida nº 999 da categoria. Uma corrida que deve ter acendido o sinal de alerta lá pras bandas de Maranello, que corre o seríssimo risco de, desde 1950, pela primeira vez atravessar uma década inteira sem conquistar título algum, seja de pilotos, seja de construtores. Na segunda metade da temporada passada nitidamente faltava velocidade aos carros italianos para acompanhar os Mercedes e até os Red Bull em algumas provas… os testes de inverno no hemisfério norte deram alguma esperança para os fãs, porém na hora do “vamos ver”, na hora em que realmente a coisa valia alguma coisa, os carros foram impotentes na Austrália e mostraram velocidade mas falta de confiabilidade no Bahrein. Dizem as más línguas que na Austrália andaram com limitação na potência disponível nos motores, e que haja vista o desempenho pífio resolveram liberar para os pilotos no meio do deserto… pois bem, novamente o desempenho ficou devendo. Consta que teria dado problema em um dos cilindros do motor e que ele conseguiu minimizar o problema com o sistema de recuperação de energia, mas esse sistema também deu problema, e levando em conta que são apenas 3 motores para o ano todo, a segunda metade de 2019 tem tudo para se tornar em uma fase extremamente difícil para os carros de Maranello… afinal, é onde estão pistas que exigem do motor como Spa, Monza, Hermanos Rodriguez, COTA e mesmo Interlagos. Sim, ou a Ferrari encontra LOGO o caminho ou vai se ferrar… sem trocadilho.

 

A vitória caiu no colo de Lewis Hamilton, que não teve o carro mais veloz do final de semana, mas com certeza teve o que não deu problema mecânico – e lembremos que para vencer uma corrida primeiro você precisa chegar ao final dela… teve uma atitude muito bonita para com aquele que foi o “vencedor moral” da corrida, Charles Leclerc, que em sua segunda corrida pela Ferrari já mostrou a que veio e chegou a ter quase 10 segundos de vantagem para Lewis antes do carro apresentar problema, elogiando e dirigindo palavras de apoio para o jovem monegasco. Em 2º lugar chegou seu escudeiro, Valtteri Bottas, que começou muito bem a corrida mas “voltou ao normal” após a excelente corrida da Austrália, sendo constantemente mais lento que Hamilton após as 10 primeiras voltas. Tem que agradecer à Ferrari seu lugar no pódio.

 

Em 3º, profundamente desapontado, chegou o grande nome da corrida, Charles Leclerc, que fez a pole no sábado (coisa que o festejado e badalado Max Verstappen não conseguiu ainda), perdeu 2 posições na primeira volta, as recuperou com arrojo, fez a volta mais rápida da prova e só não venceu por conta da falta de confiabilidade da máquina italiana. Como disse Hamilton, ele ainda tem muitas vitórias pela frente, desde que a Ferrari (ou a equipe para onde ele for quando se cansar das confusões por lá) dê carro que lhe permita chegar ao final da corrida na frente… seu companheiro Alemansell, ops, Sebastian Mansell, ops², Sebastian Vettel (5º lugar) até que não chegou em uma má posição para quem rodou sozinho, quebrou a asa dianteira (segundo ele, culpa das vibrações dos pneus após rodar sozinho) e mesmo com pneus macios no final não conseguiu alcançar o Verstappen. Pelo teor das desculpas, culpando até mesmo o vento pela rodada, deve ter feito curso intensivo com algum ex piloto brasileiro da categoria…

 

Em 4º terminou Max Verstappen, que arrancou tudo o que o carro ofereceu para ele e também reclamou do vento (mas não rodou sozinho…) e da aderência. Creio que a areia tenha tido algo a ver com os problemas de aderência. Seu companheiro Pierre Gasly (8º lugar), ainda em fase de adaptação com o carro, não fez um serviço bom mas também não foi mal, participou muito mais de disputas do que na Austrália e já demonstrou evolução. Vamos ver quanto tempo vai levar para o Ciclope começar a pegar no pé dele.

 

Em 6º chegou outra grata surpresa do domingo, Lando Norris, marcando seus primeiros pontos com a McLaren. Largou em 9º, caiu logo no início pra 14º lugar e veio galgando posições, até chegar ao 7º lugar e ser beneficiado com a quebra no carro de Hülkemberg, herdando a sexta posição. Mostrou que pode trazer para a F-1 seu bom desempenho mostrado na F-2 até ano passado. Seu companheiro Carlos Sainz Jr. (19º) começou bem a prova, até se tocar com Verstappen (minha opinião: muita ingenuidade querer passar Mad Max por fora…) e ter de ir trocar o bico do carro. Depois abandonou com problemas de câmbio.

 

Em 7º chegou o veterano Kimi Räikkönen, mais uma vez levando o carro da Alfa Romeo aos pontos e participando de algumas interessantes disputas de posição. Seu companheiro Antonio Giovinazzi (11º) foi melhor no final da prova que no começo, e saiu da corrida com a sensação que poderia ter feito mais. Concordo com ele.

 

Em 9º lugar outro estreante mostrando a que veio, Alexander Albon, marcando seus primeiros 2 pontos com a Toro Rosso, em uma corrida sólida e combativa. Gasly que não se cuide que até o final do ano o Albon vai para o lugar dele… seu companheiro Daniil Kvyat (12º) fez o esperado: patinou na largada, rodou em disputa de posição, batalhou muito para recuperar as posições perdidas com os próprios erros… nada de diferente do previsível.

 

Fechando a zona de pontos chegou Sérgio Pérez, beneficiado com o problema mecânico da Renault, mas ao mesmo tempo merecendo o ponto por conta das dificuldades que teve com os freios do carro. Não foi um grande desempenho geral, mas foi o que o carro permitiu. Seu patrão Lance Stroll (14º) já começou a prova se enroscando com Grosjean, ou seja, começou com um azar daqueles… aí foi tentar minimizar o prejuízo, o que não foi fácil.

 

Gostaria de ressaltar o bom final de semana do brasileiro Sergio Sette Câmara na F-2, terminando a corrida longa no sábado em 3º lugar e conseguindo um grande 2º lugar na corrida curta, preliminar da F-1 no domingo. Parabéns, garoto!!!!!

 

Próxima corrida dia 14/04, na China. Vamos ver qual será a maneira que a Ferrari encontrará para me decepcionar…

 

Na Córsega tivemos uma das mais tradicionais etapas do WRC, rali antigamente alcunhado de “ralí das 10.000 curvas”, tamanha a falta de trechos em linha reta nas especiais, e com cenários alucinantes compostos frequentemente por paredão de pedra de um dos lados e um penhasco em direção às árvores ou ao mar de outro. As pistas muito estreitas também aumentam a dificuldade, em que pese a edição desse ano ter utilizado percursos inéditos em mais de ¾ do percurso. Etapa esperada com muita ansiedade pelos Sébastien, seja o Ogier, seja o Loeb (em mais uma participação especial). Kris Meeke, que chegou como líder do campeonato, sofreu com furos nos pneus, assim como Ött Tanak e Elfyn Evans, esse último de maneira mais cruel: terminou o sábado como líder, e teria apenas uma especial no domingo para sacramentar a vitória… mas um pneu furado no seu Fiesta fez ele perder um minuto e meio, e terminou a prova em um honroso 3º lugar. Quase digo que Elfyn foi o Leclerc do WRC esse final de semana… a vitória acabou caindo no colo de Thierry Neuville (Hyundai), que com isso assume a liderança do campeonato. O pódio foi completado por Sébastien Ogier em 2º, um prêmio para quem teve tantas dificuldades com seu Citroën.

 

O mundial de Motovelocidade foi para a Argentina correr na bela pista de Terras de Rio Hondo, prova da visão dos hermanos ao criar um autódromo em uma cidade que já tem uma ótima infraestrutura turística, gerando mais uma fonte de receita fora da alta temporada. Nem preciso dizer que tem outro país que não aproveita isso, mas… enfim, vimos na MotoGP duas corridas diferentes. Uma apenas com Marc Márquez na frente, isolado, soberano e intocável. Talvez a vitória mais fácil do MM93 nos últimos tempos. Outra corrida, bem mais competitiva, do 2º lugar para trás, e que teve como vencedor Valentino Rossi, que na última volta fez uma bela ultrapassagem sobre Andrea Dovizioso, cuja Ducati não apresentou o mesmo bom desempenho da primeira prova. E efetivamente Dovi não era o participante mais feliz do pódio… enfim, a continuar a temporada como começou, a disputa pelo título acaba com 2/3 do campeonato, no máximo. Rossi terminou quase 10 segundos atrás de Márquez, mas a vantagem para o segundo colocado chegou a ser maior que isso. A ressaltar a boa prova de Alex Rins com a Suzuki (5º lugar) e uma Aprilia e uma KTM entre os 10 primeiros, respectivamente 9º e 10º lugares, com os irmãos Espargaró, Aleix à frente de Pol.

 

A NASCAR foi até uma das pistas favoritas da categoria, o Texas Motor Speedway, para a sétima etapa do ano. Etapa essa que não foi vista pelos fãs brasileiros da categoria, pois a retransmissora da categoria para o Brasil achou que um importante jogo do campeonato ARGENTINO de futebol seria mais interessante para o espectador BRASILEIRO… é, tem um bocado de gente comandando emissora de esportes que não faz a menor ideia do significado da expressão “rivalidade esportiva”… pior de tudo, foi anunciado que a corrida passaria pelo “aplicativo de celular” da emissora, e claro que não houve a tal transmissão. Depois os fãs abandonam os canais por assinatura em busca de “links piratas” para acompanhar a prova e os mesmos engravatados de m… reclamam da queda de assinantes. Enfim, o grande nome da corrida foi Denny Hamlin, que mesmo tendo sofrido punições teve um carro veloz o suficiente para ao final das 500 milhas de prova estar na liderança da corrida, além de ter vencido o segundo segmento (o primeiro ficou com Joey Logano). Foi seguido por Clint Bowyer em 2º lugar, após uma apresentação boa como ele mesmo não fazia há algum bom tempo, e com a surpresa do jovem mexicano Daniel Suárez em 3º lugar, a melhor colocação dele até hoje. Em 4º chegou outro jovem piloto, Erik Jones, à frente de uma das lendas da categoria, Jimmie Johnson, com o melhor dos carros da Chevrolet na corrida. Aliás, o heptacampeão fez a pole position, feito que não conseguia há um tempo razoável, e foi o segundo piloto a liderar maior número de voltas (60, atrás apenas de Kyle Busch, 10º colocado, que liderou 66). A se confirmar essa melhora de desempenho do carro da Hendrick, arrisco a dizer que o octacampeonato pode se tornar realidade.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini