Tirando a Truck e o Cacá, um fim de semana de lascar Print
Written by Administrator   
Monday, 25 March 2019 01:50

Olá leitores!

 

Tenho por princípio achar que um mau final de semana com esporte a motor é melhor que um bom final de semana sem esporte a motor… mas confesso que esse final de semana não tenho muita certeza se a frase se encaixaria. Descontando a corrida de abertura da temporada 2019 da Copa Truck, competição de encher os olhos, o restante que acompanhei esteve abaixo das expectativas.

 

Comecemos com vitória brasileira no exterior, afinal Cacá Bueno soube aproveitar bem a pole position e obteve sua primeira vitória da equipe Jaguar Brasil no Jaguar iPace eTrophy, competição que serve de preliminar para as corridas da Fórmula E. Largou bem, abriu vantagem (perdida por ocasião da bandeira vermelha para retirar carro da estreitíssima pista), relargou bem e obteve sua merecida vitória. Foi acompanhado no pódio por Simon Evans em 2º lugar e Bryan Sellers em 3º. Aliás, mesmas posições em que largaram. Sérgio Jimenez, companheiro de Cacá na equipe Jaguar Brasil, largou em 6º e mesmo com a absoluta falta de espaço na pista conseguiu fazer 2 ultrapassagens e terminou em 4º. Espero que a próxima corrida, em Roma, seja melhor, pois a pista é menos ruim (não vou dizer que é boa, mas…) que essa chinesa.

 

Já na Fórmula E, uma corrida soporífera. Melhor definição que posso dar para aquilo. OK, entendo perfeitamente que por uma questão de recuperação de energia os traçados têm que ser travados, mas… a pista precisa ser TÃO estreita? Em Hong Kong ainda existe a desculpa de ser uma cidade estado com crônicos problemas de falta de espaço, mas não parece ser esse o caso do belo balneário de Sanya. Acredito que escolheram o pior local possível para colocar a faixa de acionamento do Modo Ataque, ridículo situar na área de fora de uma curva fechada. Uma pista que para ser ruim tem que melhorar uns 50%. Nem deveria entrar nesse campo, mas o amadorismo das equipes de resgate da categoria é latente. Não conseguem retirar com rapidez mínima um carro que está parado em um ponto não perigoso da pista. Se algum dia acontecer um incêndio, temo a repetição do acidente do Roger Williamson em Zandvoort, o grau de preparação das equipes de resgate parece ser muito parecido.

 

Definitivamente eu teria investido melhor meu tempo em ficar dormindo na hora da corrida. Enfim, tivemos mais uma corrida com um vencedor diferente: dessa vez o degrau mais alto do pódio foi ocupado merecidamente por Jean-Éric Vergne, e merecidamente, pois ele conseguiu fazer uma bela ultrapassagem em uma pista horrorosa. Foi acompanhado no pódio por Oliver Rowland em 2º e por António Félix da Costa em 3º. Foi um mau dia para os brasileiros, salvos pelo solitário ponto recebido por Felipe Massa, que cruzou a bandeirada em 11º mas foi alçado ao 10º lugar por conta da punição sofrida por Edoardo Mortara, 10º colocado, que recebeu penalização por não usar o Modo Ataque 2 vezes como o regulamento prevê… eu juro que entenderia punição por usar maior número de vezes que o previsto, mas por utilizar um artifício que aumenta a potência do motor menos do que o previsto… parece não muito inteligente, para ser caridoso. Enfim, o que esperar de uma categoria em que os resultados oficiais levam até 6 horas para sair? Di Grassi vinha em uma corrida honesta, até ser alvo do boliche do Sébastien Buemi, que na tentativa de ultrapassar Robert Frijns bateu na traseira do holandês e fez ele perder o controle indo pra cima do carro do brasileiro, que teve que abandonar a prova… e recebeu uma multa por ter saído do carro sem permissão do diretor de prova. É, quando eu digo que a coisa está ridícula, é porquê está ridícula mesmo. Felipe Nasr nem conseguiu largar, carro já apresentou problema na largada, uma enorme decepção após a brilhante vitória em Sebring semana passada, e Nelsinho Piquet acabou encontrando um dos muros e abandonando.

 

Passando para algo mais pesado, a Copa Truck iniciou sua temporada 2019 com uma excelente rodada dupla em Goiânia. Na primeira corrida, após boas disputas, vitória de Beto Monteiro, agora correndo com caminhão VW (estranho de ver…), que soube segurar com maestria nas voltas finais o Mercedes de Leandro Totti para vencer na estreia com sua nova equipe. Foram acompanhados no pódio pelo André Marques (agora em equipe própria, com Mercedes), que na volta 11 ultrapassou o pole position Felipe Giaffone, que saiu da VW e encarou o desafio de desenvolver o caminhão da Iveco. A segunda corrida foi tão interessante quanto a primeira, e mais uma vez Beto Monteiro mostrou estar em um dia inspirado, pois tendo vencido a primeira corrida largou em 8º… e também ganhou a 2ª corrida! Dessa vez foi mais trabalhoso, afinal Felipe Giaffone fazia uma excelente corrida com seu Iveco e vendeu muito, mas muito caro a liderança da corrida, tendo que se contentar ao final com o 2º lugar. Em 3º chegou Luiz Carlos Zapellini, companheiro de equipe RM do Beto Monteiro, e em 4º e 5º lugares chegaram André Marques e Debora Rodrigues, fazendo seu primeiro pódio com caminhão Mercedes e na nova equipe (saiu da equipe do maridão Renato Martins e foi para a equipe do André Marques), apresentando um belo desempenho (largou em 9º lugar, e fez uma bela ultrapassagem no final da prova, já com o equipamento desgastado e apresentando nítidos problemas de aderência).

 

A Indy foi para o COTA (Circuit Of The Americas) fazer sua primeira prova no palco estadunidense da F-1, e o pessoal foi tão chato reclamando da aderência (ou melhor, da falta de) da pista que a transmissão da corrida refletiu essa chatice. Os pontos positivos foram a maior criatividade da categoria em utilizar aquelas enormes áreas de escape asfaltadas (a penúltima curva do traçado foi percorrida normalmente com uma “liberdade criativa” de traçado de fazer comissário da F-1 ter infarto) e a revelação de um novo vencedor: Colton Herta, filho de Bryan Herta, conseguiu sua primeira vitória na categoria e quebrar o recorde de Graham Rahal como mais jovem vencedor da categoria (ainda faltam alguns dias para Colton fazer 19 anos). Pena que a geração de imagens esteve mais perdida que cego em tiroteio e quase tudo de interessante era apresentado após ter acontecido. Fiquei com pena do Will Power: ele fez tudo certo, marcou a pole, largou bem, foi de longe o mais veloz dos pilotos da Penske, dominou os primeiros 2/3 da corrida… aí na parada de troca de pneus e reabastecimento durante a bandeira amarela provocada pelo toque entre Rosenqvist e Hinchcliffe o motor desligou e não ligou mais, apesar das diversas tentativas dos mecânicos. Após o garoto Colton chegaram Josef Newgarden em 2º lugar, salvando a honra da Penske, e Ryan Hunter-Reay completando o pódio em 3º. Os brasileiros tiveram momentos díspares: após largar em 24º e último lugar, Tony Kanaan se recuperou e terminou a prova em um honesto 12º lugar, já seu companheiro Matheus Leist largou em 12º mas a bandeira amarela apareceu no pior momento possível para a estratégia adotada pela equipe Foyt, e teve que se contentar com um magro 17º lugar que não fez jus ao desempenho que ele apresentou no final de semana. No geral, a prova não foi ruim, embora a transmissão de imagens tenha sido.

 

E a NASCAR foi para a pista que menos gosto no calendário todo, Martinsville. A abertura da transmissão até tentou tornar o local algo palatável, mas… não deu. Para os fãs da Penske, excelente corrida, já que Brad Keselowski dominou amplamente a corrida (liderou 446 das 500 voltas), vencendo os 3 segmentos da prova. Verdade que no final recebeu pressão do Chase Elliott, mas ainda assim podemos dizer que foi uma vitória fácil. Chase Elliott correu bem mas teve de se contentar com o 2º lugar, sendo seguido por Kyle Busch em 3º, Ryan Blaney em 4º e Denny Hamlin  em 5º. Próxima corrida será em uma das pistas favoritas da categoria, o Texas Motor Speedway.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini