Um problema entre o banco e o volante Print
Written by Administrator   
Sunday, 02 September 2018 15:29

 

Olá leitores!

 

Acredito que, após o GP da Itália, já podemos considerar Lewis Hamilton como o mais novo pentacampeão mundial da Fórmula 1. Após o GP da Bélgica deu a impressão que, tendo um melhor carro e melhor motor que a Mercedes, a Ferrari poderia ir buscar a diferença de pontos entre Hamilton e Vettel e levar a disputa, pelo menos, até a última prova. Entretanto, ao contrário do seu grande ídolo e mentor Michael Schumacher, o Tião Alemão não sabe lidar com a pressão, não consegue enxergar a corrida como um todo, e se existe uma verdade no mundo das corridas é que você não ganha uma prova na primeira volta, mas pode perfeitamente perder uma prova na primeira volta. De nada adianta o melhor carro e o melhor motor se, sob pressão, aquela peça entre o banco e o volante emite flatos. Michael Schumacher, se recebesse uma ultrapassagem forçada como o Hamilton forçou na Variante del Serraglio, não disputaria aquela posição por saber que teria pelo menos 50 voltas para recuperar a posição perdida... já Tião Alemão quis disputar como se fosse a última volta da prova e se deu mal. Ainda que teve a sorte do Safety-Car acionado por conta do Brandon Hartley, que não conseguiu nem chegar na primeira chicane por conta de quebra de suspensão após ser feito de sanduíche na largada, pois o prejuízo poderia ser ainda pior. Sem querer tirar o mérito do Hamilton, que pilotou como poucas vezes na carreira o fez, mas... que o Vettel jogou no lixo a corrida, isso afirmo e sustento. Nas próximas férias da Fórmula 1 pode entrar para a nova temporada daquele reality show "O Grande Perdedor", que será merecido. Se bem que, na atual fase, até isso ele pode perder...

 

Vitória com méritos do Lewis Hamilton, que agora pode até ficar em casa uma corrida que não perde a liderança do campeonato (são confortáveis 30 pontos de vantagem). Foi agressivo quando precisou, soube poupar os pneus quando precisou, e com a inestimável ajuda de seu lacaio Bottas conseguiu reduzir uma desvantagem de cerca de 4 segundos após a troca de pneus para fazer uma bela ultrapassagem sobre um Kimi que já sofria com a degradação dos pneus. Grande serviço, corrida de campeão. Seu serviçal Valtteri Bottas (3º) foi beneficiado pela falta de raciocínio do "Mad Max", que abusou dos cortes de chicane e foi (justamente) punido em 5 segundos ao final da prova pra conseguir seu lugar ao pódio. Com a prova deste domingo, pode se candidatar ao posto de um dos melhores segundos pilotos da categoria, afinal fez o serviço de segundão à perfeição.

 

Em 2º chegou um inacabável (e, em minha opinião, injustiçado) Kimi Räikkönen, que no sábado fez a pole com o incrível tempo de 1m19s119 e arrancou o sorriso do rosto do Vettel, que tinha como certo que seria ele a largar na frente. O finlandês largou muito bem, não foi tão bem assim na relargada após o Safety-Car (foi ultrapassado por Lewis), mas recuperou a posição logo em seguida e voltou a abrir diferença para o inglês da Mercedes, mas... a equipe Ferrari caiu na "pegadinha do Toto" e mandou ele para troca de pneus muito cedo na corrida. Resultado: ele terminou a corrida com os pneus em frangalhos, sem qualquer condição de ser competitivo. Definitivamente o grande nome da corrida. Seu badalado companheiro Sebastian Vettel (4º) mostrou que os 4 títulos na Red Bull foram muito mais efeito de um carro muito eficiente do que de ser um piloto efetivamente de ponta. Corrida horrorosa, com muito boa vontade nota 1,5 numa escala de 0 a 10. Não dá para aceitar um tetracampeão que não sabe agir sob pressão. Nada mais a acrescentar.

 

Em 5º chegou Max Verstappen, outro piloto que precisa aprender urgentemente como se controlar. Seu talento natural é muito grande, mas... ele não está correndo na Indy ou na NASCAR, onde são mais permissivos com coisas como extrapolar os limites da pista ou fechar a porta em disputas de posição. Ele tem que aprender a dançar conforme a música, e a música da F-1 é quase um canto gregoriano. Não adianta ele querer dançar numa rodinha de punk rock, e espero que a punição desse domingo o ajude a entrar nos eixos. Seu companheiro Daniel Ricciardo está comendo o pão que o Helmut Marko amassou, e abandonou a prova novamente por quebra mecânica.

 

Em 6º na pista chegou Romain Grosjean, mas... o assoalho do carro estava irregular e ele foi desclassificado, o que foi uma pena pois fez uma bela prova. Assim sendo, em 6º e 7º lugares chegaram os carros da Racing Point/Force India, respectivamente Esteban Ocon e Sérgio Pérez, em mais um belo resultado para a equipe, apesar das dificuldades enfrentadas por ambos no começo da prova. Essa dupla, com o carro da Ferrari, provavelmente não estaria "entregando a rapadura" como um certo alemão...

 

Em 8º chegou Carlos Sainz Jr., arrancando um bom resultado para a Renault em uma pista onde cavalaria do motor é fundamental. Bela pilotagem. Seu companheiro Nico Hülkemberg (13º) foi mal na classificação, largou lá atrás e tentou uma estratégia que não deu certo... final de semana para esquecer.

 

Fechando a zona de pontuação, os pilotos da Williams em 9º e 10º. Sim, caro leitor, você não leu errado: os DOIS carros da Williams conseguiram pontuar, com Lance Stroll em 9º e Serguei Sirotkin em 10º, finalmente marcando seu primeiro ponto na categoria. Olhem só o que a punição ao Grosjean fez...

 

Próxima etapa, Singapura, onde ano passado Vettel fez uma das piores e mais desastradas largadas de sua existência, e onde estou curioso qual será a adubada que o alemão fará dessa vez...

 

E este domingo também tivemos prova da Indy em Portland, uma pista que com os carros e regulamento dos anos 90 era uma delícia de assistir as provas, mas que com o atual regulamento perdeu muito em competitividade. Ainda que logo no começo da corrida o James Hinchcliffe resolveu "dar emoção" para o pessoal e provocou um SENHOR de um acidente que teve como ponto alto o Marco Andretti tocando na traseira dele e decolando por cima dos carros... felizmente ninguém se feriu. Ao final, a vitória ficou com Takuma Sato, sua 3ª na categoria, que soube se aproveitar muito bem das diversas bandeiras amarelas e fez jus à vitória com muito merecimento. Foi seguido de perto por Ryan Hunter-Reay, que pilotou muito esse domingo e teve chances reais de terminar a prova na frente, mas hoje não era o dia dele e teve que se contentar com o 2º lugar. Em 3º chegou Sébastien Bourdais, mais uma vez arrancando um desempenho do carro da equipe Carpenter que, definitivamente, ele não possui. Impressionante o que esse francês faz. O grande beneficiado da prova, entretanto, foi Scott Dixon, que sobreviveu (sabe-se lá como, pois a nuvem de poeira não deixa ver nada na imagem da câmera do carro) ao acidente da largada incólume, foi lá pra trás e fez funcionar a estratégia de 1 parada a menos que a equipe Ganassi montou pra terminar em um ótimo 5º lugar, 3 posições à frente do seu principal rival na disputa pelo título, Alexander Rossi. Ele vai para a última prova com uma confortável vantagem de 29 pontos para Rossi, que terá que vencer a última prova em Sonoma e torcer para que Dixon não se dê bem para aproveitar a pontuação em dobro da última etapa e alcançar seu sonho de ser campeão. Não é fácil, mas... digamos que as chances do Alexander não são das maiores.

 

E a NASCAR teve uma das suas etapas mais interessantes, aquela prova em Darlington (a mais antiga pista dentre as que a categoria correu ainda em atividade, já que NASCAR em Indianapolis é recente) em que os carros correm com pinturas retrô. Casa cheia mesmo no domingo à noite, já que nesta segunda feira é feriado nos EEUU (lá comemoram o Dia do Trabalho na primeira segunda feira de setembro), e tivemos uma ótima corrida. Pena que o resultado esteve longe, muito longe de ser justo: o melhor piloto da noite, definitivamente, foi Kyle Larson, que venceu os dois primeiros segmentos e liderou 284 das 367 voltas da corrida... mas a vitória ficou nas mãos de Brad Keselowski, que com uma inteligente estratégia e com ótimas relargadas no período final da prova ficou com a posição de honra da corrida, seguido por seu companheiro de equipe Penske Joey Logano em 2º lugar. Aliás, primeira vitória da Penske em Darlington desde... 1975! O ótimo Kyle Larson teve que se contentar com o 3º lugar, seguido por Kevin Harvick em 4º e Chase Elliott em 5º lugar (e mais uma bela corrida desse garoto). O melhor Toyota foi o de Kyle Busch, em 7º lugar. E o inferno astral de Jimmie Johnson continua... abandonou com quebra da bomba de óleo. Que fase, que fase...

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini

 

Last Updated ( Monday, 03 September 2018 13:23 )