Velocidade, títulos e decepções Print
Written by Administrator   
Monday, 16 July 2018 00:16

Olá leitores!

 

Após 3 finais de semana consecutivos com F-1, tivemos um sem a categoria rainha mas com muita, muita ação mesmo em todos os lugares.

 

Vamos começar com título: o campeão com uma rodada de antecipação da temporada 2017/2018 da Fórmula E foi Jean-Éric Vergne, que não precisou da rodada de domingo para assegurar seu título na “Big Apple”... aliás, que pista horrorosa, duvido que em uma cidade cheia de atrativos como New York não tivessem nenhum lugar menos pior para fazer a pista. Depois dessa, não reclamarei mais da finada pista de Indy em São Paulo, com aquele “perfume” todo do Rio Tietê ao lado... enfim, no sábado a equipe Audi Abt fez barba e cabelo, com a vitória de Lucas di Grassi e o 2º lugar de Daniel Abt, mas o título veio para as mãos de Vergne, que largou lá atrás em 18º lugar, veio escalando o pelotão e terminou em um ótimo 5º lugar, fazendo a equipe Techeetah comemorar muito a conquista. O pódio foi completo pelo Sébastien Buemi, da Renault. Nelsinho Piquet novamente não terminou por problemas no seu Jaguar. Domingo, já sem a pressão de disputa do campeonato, a vitória ficou com Jean-Éric Vergne, que suportou muito bem a forte pressão exercida por di Grassi, que queria muito vencer ambas as corridas estadunidenses, mas teve que se contentar com o 2º lugar. E como novamente o brasileiro foi seguido pelo seu companheiro de equipe (e filho do dono...) Daniel Abt, esses dois pódios com os dois pilotos da equipe fizeram a Audi Abt vencer o campeonato de equipes. Desta vez o carro não quebrou, e Nelsinho Piquet terminou em 7º, logo atrás do seu companheiro de equipe Mitch Evans, que chegou em 6º.

 

Também em rodada dupla tivemos o DTM visitando o que sobrou da pista de Zandvoort, ainda um traçado interessante mas nem sombra do que algum dia já foi. No sábado um pódio completamente Mercedes, com Gary Paffett em 1º, Paul di Resta em 2º e Lucas Auer em 3º. Augusto Farfus voltou a pontuar, chegando em 8º lugar. No domingo, auxiliado por uma ousada estratégia de pneus, o vencedor foi René Rast (Audi), seguido por Gary Paffett em 2º e Paul di Resta em 3º. Farfus fez uma boa corrida e terminou em 5º lugar, pouco atrás do melhor dos BMW, Phillip Eng (4º).

 

E o Mundial de Carros de Combate, ops, Mundial de Carros de Turismo (WTCR) foi para a Eslováquia para mais uma rodada tripla, que no sábado viu a vitória do jovem espanhol Pepe Oriola (Seat Cupra), seguido por Jean-Karl Vernay (Audi) em 2º e pelo interminável Gabrielle Tarquini (Hyundai) em 3º; a 2ª corrida (primeira do domingo) foi vencida por Tarquini, seguido por Norbert Nagy (Seat) em 2º e por Yvan Muller (Hyundai) em 3º. A etapa final foi vencida por Norbert Michelisz (Honda), seguido por Aurélien Comte (Peugeot) em 2º e Frédéric Vervisch (Audi) em 3º. Agora a categoria vai para o outro lado do mundo, para duas etapas na China, uma no Japão e a corrida final do campeonato em Macau.

 

A noite de sábado foi ocupada com a prova da NASCAR em Kentucky, onde mais uma vez o atual campeão Martin Truex Jr. mostrou que é o homem a ser batido nos ovais de uma milha e meia: simplesmente “varreu” a concorrência, fazendo a pole, vencendo o primeiro segmento, o segundo segmento e passando em primeiro na bandeirada final. Além disso, liderou 174 das 267 voltas da corrida. Um monstro, simplesmente pilotou demais. O primeiro dos coadjuvantes, digo, o segundo colocado, foi Ryan Blaney, novamente o melhor piloto da equipe Penske, à frente do seu badalado companheiro de equipe Brad Keselowski (3º) colocado. Em 4º lugar terminou Kyle Busch, que batalhou como um leão a corrida inteira mas não conseguiu liderar uma única volta, e fechando o Top-5 chegou Kevin Harvick, fiel ao seu objetivo de marcar o máximo possível de pontos quando não for possível vencer. Mais uma corrida ruim para a Chevrolet, que teve apenas um carro entre os 10 primeiros, com o ótimo Kyle Larson em 9º lugar.

 

E mais uma vez Marc Márquez mostrou que, não importa o que aconteça, se ele terminar a prova em Sachsenring o degrau mais alto do pódio será dele. 9 vitórias nas últimas 9 etapas ocorridas nessa pista, desde a época das antigas 125 (atual Moto3). A última etapa antes das duas semanas de férias de verão europeu da categoria (que agora volta às atividades apenas em agosto) começou com o anúncio, logo na quinta-feira, da aposentadoria de Dani Pedrosa após 13 temporadas na categoria principal da motovelocidade. Piloto muito talentoso em CNTP, talvez tenha faltado a demonstração dessa habilidade toda quando as condições da pista não eram as ideais para que fosse campeão. Foram 3 vice campeonatos, e provavelmente a decisão foi acelerada pela não renovação do contrato para 2019 com a equipe oficial da Honda e as dores que vem sofrendo por conta das diversas fraturas que sofreu. Aos 32 anos, sabe que a recuperação de fraturas acaba sendo mais lenta que aos 18, 19 anos. No tocante à corrida em si, Lorenzo largou muitíssimo bem, e segurou a liderança até aproximadamente a metade da corrida, quando seus pneus mais macios começaram a perder rendimento e ele saiu da zona do pódio. Atrás de Márquez chegou a dupla da equipe oficial da Yamaha, Valentino Rossi em 2º e Maverick Viñalez em 3º, em um desempenho impressionante para uma equipe que começou o ano em sérias dificuldades. Por falar em dificuldades, as duas motos oficiais da Ducati, de Lorenzo (6º) e Dovizioso (7º), chegaram atrás das Ducati privadas de Petrucci (moto de 2018, em 4º lugar) e Bautista (moto de 2017, em 5º lugar)... tem dias que é melhor não levantar da cama.

 

Os carros da Indy foram para mais um circuito de rua, a tradicional prova de Toronto, uma pista que era interessante antes e ficou mais interessante ainda quando inverteram a posição da pista com os boxes, e que neste domingo assistiu a uma exibição de gala de Scott Dixon, que só não fez chover nas ruas canadenses, o resto ele fez. Uma exibição de tirar o chapéu, e que acabou sendo espetacular para as pretensões dele conseguir mais um título, já que seus rivais todos na pontuação se enroscaram – principalmente Josef Newgarden (9º), que quando estava no primeiro lugar deu muito acelerador no lado sujo da pista na relargada da volta 35 e bateu sozinho no muro. Não quebrou nada, mas foi parar lá atrás. Ainda que escapou do enrosco causado por Graham Rahal (que, definitivamente, NÃO possui o talento do Bobby e terminou em 21º lugar...) e Max Chilton e que envolveu Alexander Rossi (8º), Ryan Hunter-Reay (16º), Sébastien Bourdais (19º) e Will Power (18º), que para não bater nos outros acertou a barreira de pneus. Grande resultado para o neozelandês, que lidera o campeonato com 62 pontos de vantagem. Mais de 5 segundos atrás dele chegou o competente Simon Pagenaud (Penske) em 2º e uma  improvável dobradinha da pequena Schmidt-Peterson em 3º e 4º, respectivamente Robert Wickens e James Hinchcliffe. No tocante aos brasileiros, Tony Kanaan terminou em um bom 6º lugar e Matheus Leist terminou em 15º.

 

Por fim, não sou o colunista especialista em jovens talentos, mas não posso deixar de comentar o lamentável fato ocorrido com o promissor brasileiro Victor Franzoni na Indy Lights: ele corre com um orçamento muito reduzido, que faz com que ele consiga dinheiro para as corridas, e pague suas viagens trabalhando em outras coisas relacionadas a automobilismo. E neste cenário, o pior aconteceu: ele bateu o carro no sábado, e por não ter dinheiro para consertar o carro no domingo foi para a pista, deu uma volta apenas para garantir a pontuação e abandonou. E enquanto isso, acompanhamos aqui na Banânia empresas ligadas ao mundo do automóvel patrocinando equipes de futebol, shows musicais, entre outros, e enquanto isso um piloto brasileiro sofrendo com falta de patrocínio lá fora... lamentável, profundamente lamentável. Eu diria que o departamento de marketing dessas empresas deveria se envergonhar, mas vergonha na cara é produto em extinção em Terra brasilis...

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini