Um domingo de arrepiar Print
Written by Administrator   
Monday, 02 July 2018 01:08

Olá leitores!

 

Não sei se a corrida na Áustria efetivamente foi muito boa ou se, ao final da primeira volta, ao ver o Hamilton com folga na liderança, eu já me preparei psicologicamente para uma corrida chata e acabei agradavelmente surpreendido. O fato é que não apenas a prova foi muito interessante para o público como para o campeonato também. E fez com que esse vosso escriba se lembrasse das corridas do passado, com a quantidade de carros que abandonou a prova, quantidade essa que com os sistemas de gerenciamento computadorizados dos motores tinha diminuído drasticamente. Enfim, achei que dificilmente a corrida de F-1 pudesse chegar vagamente perto do que foi a de MotoGP (que comentarei adiante), mas fiquei agradavelmente surpreso.

 

Vitória mais do que merecida para Max Verstappen, que mostrou uma condução absolutamente madura, rápido mas sem exigir do carro mais do que ele podia oferecer e conseguindo contornar o problema de bolhas no pneu traseiro, que afetou não só os carros da Red Bull como os da Mercedes e da Renault (nesse caso, Carlos Sainz Jr., já que Hülkemberg quebrou antes de qualquer pneu começar a apresentar problema), talvez uma das melhores apresentações do jovem holandês em sua carreira na F-1. Até diria que das 4 vitórias dele, foi a melhor, propiciando uma belíssima tarde para sua torcida que tingiu de laranja as arquibancadas do Red Bull Ring. Seu companheiro Daniel Ricciardo (18º) definitivamente esperava um resultado melhor para o dia do seu aniversário de 29 anos, mas ao menos na pista o presente não foi dos melhores... enquanto o motor não abriu o bico, teve um belo desempenho.

 

Atrás do Max chegou uma dobradinha da Ferrari, com Kimi Räikkönen em 2º lugar e Sebastian Vettel em 3º. Kimi largou muito bem, mas errou como um iniciante na curva Remus (vulgo curva 3, para aqueles locutores que têm preguiça de pesquisar o nome das curvas...) e perdeu duas posições logo na reta seguinte. Não se abalou, como aliás seria de se esperar do “homem de gelo”, e passou a manter um ritmo suficiente para não ficar muito perto mas também não muito distante de Max (mesmo tendo sido ultrapassado por Ricciardo), e ao final da prova lamentou não ter iniciado o ataque final ao Verstappinho antes, pois segundo ele faltaram voltas na corrida para encostar definitivamente no jovem holandês. De qualquer forma, uma grande corrida por parte do finlandês. Seu companheiro Vettel largou em 6º (recebeu uma punição de perde de 3 posições na largada por ter atrapalhado a classificação do Sainz no Q2), perdeu algumas posições, mas conseguiu fazer um bom “controle de danos” e aproveitou o fato da Ferrari não ter apresentado os problemas de bolhas nos pneus que assolaram os outros pilotos do pelotão da frente para chegar a um pódio que, com o abandono do Hamilton por (provavelmente) problemas hidráulicos, o trouxe de volta para a liderança do campeonato, com o mesmo 1 ponto que tinha sobre Lewis antes do GP da França. Acham que semana que vem Silverstone vai ter algum espacinho livre nas arquibancadas? Tenho certeza que não!

 

Mais uma dobradinha em 4º e 5º, dessa vez da equipe Haas. Sim, leitores, vossas senhorias não leram errado, Haas em 4º e 5º com Romain Grosjean e Kevin Magnussen, melhor resultado da história da equipe norte americana em seu 50º GP. OK, terminaram 1 volta atrás do Max, mas terminaram, e em corridas isso é importante, nos pontos mais ainda. Sinto-me estranho escrevendo que essa dupla pilotou de maneira madura, mas foi o que aconteceu, por mais que possa surpreender esse vosso escriba.

 

Outra dobradinha em 6º e 7º com os Force India de Esteban Ocon e Sérgio Pérez, respectivamente. Permitam-me um parêntese: impressionante o trabalho que a equipe fez para “domar” a dupla de pilotos, que andou se estranhando na pista no passado mas... essa corrida a equipe pediu para Ocon ceder a posição para Pérez tentar atacar o Magnussen, ele obedeceu, depois como o ataque foi infrutífero pediram para Pérez devolver a posição... e ele devolveu. Quero o telefone desse adestrador, o cara é fera. Voltando ao desempenho na pista, mesmo com as dificuldades financeiras da equipe (que deve ter a falência oficial decretada no máximo até setembro, pelo andar da carruagem da Justiça contra o seu proprietário Vijay Malia) eles conseguiram um desempenho bastante consistente nessa pista.

 

Em 8º terminou Fernando Alonso, que arrancou de seu McLaren um desempenho que o carro, definitivamente, não tem para conseguir pontuar após estar literalmente na rabeira do pelotão no começo da corrida por ter largado dos boxes. Tudo bem, o ridículo Safety Car Virtual atrapalhou a estratégia do pessoal da frente, mas ainda assim o desempenho do Alonso foi monumental para conseguir pontuar. Seu companheiro Stoffel Vandoorne (15º) teve que parar para trocar o bico após um “enrosco” na primeira volta e perdeu um tempo considerável. Ao final da prova abandonou.

 

Mais uma dobradinha na área de pontos, dessa vez da Sauber, com Charles Leclerc em 9º e Marcus Ericsson fechando a zona de pontuação em 10º. Sim, não leram errado, duas Sauber pontuando. E os pilotos correram bem, sem grandes erros, o que em uma pista com asfalto com pouca aderência não deixa de ser um grande elogio.

 

Próxima corrida semana que vem em Silverstone, onde espero que a chuva dê as caras, pois as últimas provas no seco foram meio chatas.

 

Chatice foi algo que passou longe, muito longe de Assen, tradicionalíssima pista holandesa que recebeu o circo da Motovelocidade esse final de semana. Definindo a corrida da MotoGP em uma palavra: ESPETACULAR. Sim, em caixa alta mesmo, pois os números finais enganam: quem observar apenas a diferença entre o vencedor Marc Márquez para o segundo colocado, da ordem de 2,269 segundos, vai achar (erroneamente) que a corrida do pequeno espanhol na busca pelo seu 5º título foi tranquila... nada mais errado do que isso. O que se viu na maioria das voltas foi uma luta de foices pela liderança, com menos de 2 segundos separando os 6 primeiros colocados, e uma quantidade de trocas de posição que me fez ficar com pena do cidadão responsável pela estatística de ultrapassagens na corrida... sintetizando, QUE CORRIDA (sim, novamente em caixa alta) essa de Assen. Não saberia dizer de quem foi o desempenho mais impressionante, já que mesmo os que acabaram ficando mais para trás (como Rossi em 5º, Lorenzo em 7º e Zarco em 8º) fizeram corridas excelentes, extraindo tudo e mais um pouco dos equipamentos que dispunham. Completando o pódio tivemos Alex Rins chegando ao pódio pela primeira vez na categoria principal em um 2º lugar muito comemorado pela equipe Suzuki e com Maverick Viñales conseguindo um belo 3º lugar para a Yamaha, moto que apresentou um desempenho pouco melhor que a média do ano na Holanda.

 

E a NASCAR foi para o circuito de Chicagoland para uma etapa com um final eletrizante e com um vencedor de segmento inédito: a vitória no primeiro segmento ficou com Aric Almirola, primeira vez na carreira que ele vence um segmento, e a vitória do segundo segmento caiu (pela 9ª vez...) nas mãos de Kevin Harvick. Interessante que os comissários pegaram no pé com mais rigidez ainda na questão das porcas mal apertadas das rodas... as equipes precisam tomar um pouco mais de atenção com o assunto. Mas vamos ao que interessa: a 3 voltas do final, o líder Kyle Busch acabou sendo “encaixotado” por retardatários, e o garoto Kyle Larson estava determinado a vencer a corrida a qualquer custo... então ao ser dada a bandeira branca indicando última volta, Larson embute na traseira de Buschinho e acaba dando um toque na traseira do Camry #18 na saída da Curva 2, fazendo com que ele fosse para o muro... só que Buschinho não desistiu, e como “troco” apoiou seu carro na traseira do Camaro #42 no meio da Curva 3, fazendo que Larson derrapasse e ele mesmo fosse para o muro (novamente...), mas continuou acelerando e conseguiu trazer o carro para a linha de corrida para conquistar sua 5ª vitória na temporada (para ódio de uma parcela da torcida que ama odiar esse que considero o mais talentoso piloto da categoria na atualidade), com Kyle Larson em 2º lugar. O mais legal foi, após a bandeirada, os dois pilotos emparelhados e fazendo sinal de positivo um para o outro. Ou seja, se divertiram na pista com a disputa e respeitam um ao outro. Como dizia o chefe de equipe do personagem de Tom Cruise no filme “Dias de Trovão”, “rubbin’ is racing”. Em 3º chegou Kevin Harvick, em mais um grande resultado para o campeonato, em 4º o atual campeão Martin Truex Jr. e fechando o Top-5 tivemos Clint Bowyer, em mais uma boa atuação.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini