Um domingo à australiana Print
Written by Administrator   
Monday, 28 May 2018 01:17

Olá leitores!

 

Este foi um grande domingo para o fã de esporte a motor australiano: vitória do australiano Daniel Ricciardo no GP de Mônaco e do australiano Will Power na Indy 500. Infelizmente as duas corridas evidenciaram o profundo descaso das emissoras de TV tapuias com o espectador. Não mostraram o pódio da F-1 para transmitir notícias que poderiam PERFEITAMENTE aguardar 10 minutos para serem transmitidas, afinal não existia nada de essencial acontecendo ao vivo naquele momento, e não mostraram a comemoração da vitória na Indy porquê a Bandeirantes é a Bandeirantes. Devem ter lamentado não poder mostrar a corrida ao vivo no Bandsports, afinal a prioridade da emissora era com uma série de jogos da primeira rodada de Roland Garros entre um monte de tenistas dos quais jamais ouvi falar na vida e que duvido que cheguem às oitavas de final. Enfim, cada um com suas prioridades, e definitivamente o respeito ao torcedor do esporte a motor não está nem vagamente próximo do topo das prioridades das emissoras tabajaras.

 

 

Sintetizando a corrida de F-1, uma prova em que se falou muito mais em pneus (com as ridículas denominações supermacio, ultramacio e hipermacio. Se voltarem a fazer pneus específicos para classificação como nos anos 80, será o mega-hiper-super-blaster-macio, ou coisa do gênero) e onde o vencedor chegou na frente mesmo com um carro que apresentava problemas sobre outro que estava com o carro em perfeitas condições. Não estou desmerecendo a vitória do Daniel, estou mostrando o quão peculiar é a pista de Mônaco.

 

 

Vitória merecida do Daniel Ricciardo, que dominou todos os treinos e desde o início da prova mostrou que ele era o piloto que os outros deveriam tentar bater... não conseguiram, claro. Nota 10 com louvor e mérito para o australiano, que mesmo com 2 marchas a menos e com problema em um daqueles sistemas de recuperação de energia do sistema híbrido conseguiu uma vitória de puro talento e determinação. Excelente. Seu companheiro Max Verstappen (9º) foi o responsável pela corrida não ser absolutamente sonolenta, graças ao fato de ter largado em último lugar por conta de uma batida no final do treino livre do sábado que danificou consideravelmente o carro, não dando tempo da equipe terminar de aprontar o carro para a classificação Em alguns momentos mostrou uma maturidade que eu desconhecia nesse garoto, espetacular.

 

 

Em 2º terminou Sebastian Vettel, que tentou, tentou mas não conseguiu se aproximar o suficiente do Ricciardo para tentar uma manobra de ultrapassagem. Menos mal que conseguiu se manter à frente do líder do campeonato, mas definitivamente não foi o resultado que ele sonhava. Seu companheiro Kimi Räikkönen (4º) fez uma corrida apagada, cujo único mérito foi ter resistido às investidas do Bottas, nada mais. Pouco para um piloto que historicamente se entende bem com a pista.

 

 

Em 3º, mesmo discutindo de monte com o engenheiro, chegou Lewis Hamilton, que neste domingo estava o verdadeiro “garoto enxaqueca”, reclamando muito de tudo e de todos. A perspectiva de largar em 3º e terminar em 3º realmente fizeram ele perder a paciência no meio da corrida e se queixar muito dos pneus. Seu companheiro Valtteri Bottas (5º) teve dificuldade com o primeiro jogo de pneus, melhorou com o segundo, pressionou bastante Kimi mas não conseguiu fazer mais do que isso.

 

 

Em 6º chegou Esteban Ocon (para felicidade da minha filha, que torceu bastante pelo carro cor de rosa...) arrancando do seu Force India um resultado que normalmente a equipe não consegue em circuitos travados, tendo feito algumas vezes a volta mais rápida da prova. Muito, muito bom mesmo. Seu companheiro Sérgio Pérez (12º) teve seu desempenho atrapalhado por um pit-stop dos mais lentos do dia, que o fez perder posições que não teve como recuperar posteriormente. Pelo desempenho do Ocon, poderia ter terminado nos pontos tranquilamente.

 

 

Em 7º veio o ótimo Pierre Gasly, que largou em 10º e fez uma grande corrida para um piloto que enfrentava pela primeira vez com um F-1 as ruas do Principado. Mostrou uma constância e um desempenho muito bons com seu Toro Rosso. Seu companheiro Brendon Hartley (18º) não teve uma vida fácil na corrida após danificar a asa dianteira logo na primeira volta, mas vinha em um honesto 11º lugar quando teve de abandonar após ser atingido pelo garoto local Charles Leclerc na freada da chicane, quando a jovem revelação da Sauber perdeu os freios no ponto mais veloz da pista..

 

 

Em 8º terminou Nico Hülkemberg, que fez uma bela corrida de recuperação com seu Renault após uma classificação que deixou muito a desejar, que se demonstrava no seu entusiasmo após a corrida. Sensação diversa da do seu companheiro Carlos Sainz Jr. (10º), que lamentou a estratégia e a escolha de pneus errada influenciando negativamente seu desempenho na prova.

 

 

Próxima etapa será em uma das minhas pistas favoritas, o Circuit Gilles Villeneuve em Montréal. Espero que seja uma corrida menos chata que Mônaco foi...

 

 

Esse domingo também foi a data de outra corrida muito tradicional, a 500 Milhas de Indianapolis, em sua 102ª edição, que viu uma edição das mais interessantes. O novo pacote aerodinâmico para superspeedways deixa o carro com muito pouco apoio aerodinâmico, pelo que um bocado das bandeiras amarelas da prova foi por conta de pilotos que se acidentaram sozinhos. Não foi um bom dia para os brasileiros experientes: Helio Castroneves (que retornou para a categoria para tentar sua 4ª vitória na corrida) vinha com ótimo desempenho quando foi para o muro após perder a aderência da traseira do carro na curva 4, acabando com o carro parado já dentro do pit lane, e Tony Kanaan chegou a liderar algumas vezes a prova mas teve um furo no pneu que o fez perder diversas posições, e já a 12 voltas do final, quando se recuperava com brilhantismo do azar do furo do pneu, perdeu o controle na saída da curva 2 e foi parar na mureta da parte interna da pista. O jovem Matheus Leist, no entanto, terminou em um bom 13º lugar para a primeira prova dele na categoria e para quem pilota por uma equipe de pequeno porte e recursos. Entretanto, o brilhantismo todo deve ir para Will Power, que fez uma excelente corrida, poupando o carro quando necessário e acelerando forte no final, auxiliado pela competente estratégia da equipe Penske. Vitória mais do que merecida para um piloto que sempre recebeu a fama de “ruim de oval”, e no começo de sua carreira nos EUA efetivamente deixou de vencer um monte de vezes, mas finalmente teve seu momento de redenção nesse tipo de pista. Ed Carpenter foi o pole position e liderou parte importante da corrida, mas não teve carro no final para acompanhar Power, que estava muito veloz, e teve que se contentar com a 2ª posição. Nota também para o desempenho de outro piloto do outro lado do mundo, o neozelandês Scott Dixon, que pode ter sido o carro com motor Honda melhor posicionado mas não foi o que teve a melhor corrida, que foi do Alexander Rossi, que largou lá atrás e terminou em um excelente 4º lugar. Uma das melhores edições da Indy 500 dos últimos 5 anos, definitivamente.

 

 

E em Interlagos – em uma data pessimamente escolhida, afinal eu mesmo queria ter ido assistir a prova no autódromo mas não iria perder a F-1 e a Indy 500 para ver a categoria – tivemos mais uma etapa da F-Truck, com uma tarde redentora para Roberval Andrade, que venceu as duas provas do dia, em um desempenho maiúsculo. Na primeira prova, saiu de 15º na largada para primeiro lugar em 3 voltas, e aí foi só administrar a liderança. Em 2º terminou André Marques e em 3º Luciano Burti, que substituía Felipe Giaffone, que não participou da corrida pois no mesmo horário tinha que comentar a Indy 500. Belo resultado para uma estreia na categoria. Na segunda prova a tarefa de Roberval para assumir a liderança foi mais fácil, já que largou mais à frente... foi seguido por Luciano Burti em 2º lugar, André Marques em 3º, Renato Martins em 4º e o pódio foi encerrado com Fabio Fogaça, que fez uma grande corrida.

 

 

Para terminar, a prova mais longa da NASCAR, as 600 milhas em Charlotte, onde Kyle Busch teve um desempenho DOMINANTE (em caixa alta mesmo): venceu todos os segmentos (nessa prova 4, ao invés dos 3 habituais) e terminou a prova mais de 3 segundos à frente do 2º colocado Martin Truex Jr. e 10 segundos à frente do 3º colocado Denny Hamlin. Sim, no final de semana em que os carros correm com os nomes de militares mortos em ação, deu Toyota 1-2-3. Em 4º lugar chegou Brad Keselowski e fechando o Top 5 o heptacampeão Jimmie Johnson. Preciso confessar algo: desde a largada acompanhei a corrida com o áudio original da transmissão norte americana. Quando o narrador Téo José chamou o pace car Camry de Camaro (em que pese o nome do carro estar escrito em grandes letras na carroceria, e ter aparecido claramente na transmissão) eu decidi que meu ouvido não era vaso sanitário e passei para o áudio original. Como diria aquela música regravada pelos Titãs há algum tempo, eu não aguento, eu não aguento... os bordões do Téo José podem ser interessantes para o futebol, para automobilismo eu dispenso.

 

 

Até a próxima!

 

 

Alexandre Bianchini