Campeões com méritos Print
Written by Administrator   
Monday, 20 November 2017 00:29

Olá leitores!

 

Que final de semana maravilhoso! Títulos decididos, batidas milionárias e muita, mas muita emoção mesmo, foram as marcas do final de semana.

 

Como é até difícil de saber por onde começar, comecemos pelo final de semana de velocidade em Macau. O monumental e desafiador Circuito da Guia, com suas duas partes absolutamente distintas, a parte na “cidade nova” larga e de altíssima velocidade, e a “cidade antiga” muito estreita e sinuosa, teve as habituais corridas de F-3, WTCC (retornando após 2 anos de ausência) e motocicletas (onde, infelizmente, tivemos uma morte, a do inglês Daniel Hegarty, em uma daquelas perdas de aderência que logo em seguida o pneu encontra tração novamente e catapulta o piloto para cima. A organização jura que ele morreu a caminho do hospital, assistindo à cena do acidente eu tenho minhas dúvidas) e resolveram também fazer uma prova de GTs. Ora, se com carros “de passeio” como os do WTCC (Chevrolet Cruze, Citroën C-Elysée, Honda Civic, Volvo S60) o pessoal já passa apertado, imaginem com os GTs... pois é, na corrida que serviu de classificação no sábado para a prova de domingo teve um engavetamento só com carros “baratinhos”, Porsche 911 GT3RS, Audi R8, Mercedes AMG GT (quem iniciou o enrosco, por sinal, foi o Mercedes do Juncadella, que saiu de frente em uma das curvas mais estreitas da pista e parou na barreira de pneus, atrapalhando a passagem do primeiro piloto que vinha atrás, levando batida do segundo e a partir daí bloqueando a pista), Ferrari 488 GT3, Lamborghini... saiu bem caro a “brincadeira”. Nessa prova de classificação o Augusto Farfus terminou em 2º.

 

A prova válida pelo FIA GT World Cup teve a vitória de Edoardo Mortara (Mercedes), seguido por Robin Frijns (Audi) em 2º e Maro Engel (Mercedes) em 3º. Após deixar alguma tinta nas paredes, Farfus ainda terminou em um belo 4º lugar, o melhor dos BMWs da prova.

 

A prova de F-3 teve um final... inusitado. Literalmente os pilotos que disputavam a liderança, o brasileiro Sette Câmara e o austríaco Ferdinand Habsburg (que sobrenome  - literalmente – nobre... na verdade seu nome é Ferdinand Zvonimir Maria Balthus Keith Michael Otto Antal Bahnam Leonhard von Habsburg, se a monarquia austríaca voltar ele está na linha de sucessão) disputavam a liderança, Habsburg tinha acabado de ultrapassar Câmara na última volta (os pneus já tinham acabado, mas ele estava se segurando), e na última curva os dois derraparam e acertaram o muro. Sem que um atingisse o outro: o brasileiro deve ter perdido pressão aerodinâmica com o austríaco na frente, saiu reto, e o austríaco simplesmente entrou muito rápido na curva. Câmara ficou parado lá mesmo, o arquiduque (ele é filho de um Arquiduque e de uma Baronesa, presumo que herde o título do pai) atingiu o muro em um ângulo mais favorável e ainda conseguiu cruzar a linha de chegada em 4º. A vitória caiu no colo do inglês Daniel Ticktum, seguido por Lando Norris (piloto de teste da McLaren) em 2º e Ralf Aron em 3º. O outro brasileiro, Pedro Piquet, terminou num bom 6º lugar.

 

Já no campeonato do WTCC, a corrida de abertura foi vencida pelo especialista de circuitos de rua Mehdi Bennani (faz sentido, ele é do Marrocos, nenhuma pista de rua é desafio grande demais para ele) com o Citroën da equipe do Loeb, seguido pelo sempre simpático (mas um leão na pista) Tom Coronel (Chevrolet) em 2º e com o pódio sendo encerrado pelo japonês Ryo Michigami (Honda), primeiro pódio de um nipônico na categoria. A prova principal teve a vitória do veterano Robert Huff (Citroën) debaixo de chuva, muita chuva... sua 9ª vitória nessa pista, a propósito; em 2º chegou Norbert Michelisz (Honda), seguido por Tom Chilton (Citroën).

 

E no Oriente Médio aconteceram as 6 Horas do Bahrein, onde a Porsche se despediu da LMP1 como campeã antecipada, Dessa maneira, a Toyota venceu com o trio Buemi/Davidson e Nakajima no carro 8, seguida pelos dois Porsches que dominaram a temporada, o nº 2 de Bamber/Bernhardt e Hartley e o nº 1 de Jani/Lotterer e Tandy. Na LMP2 o título ainda estava em aberto, e veio com a vitória na categoria para o brasileiro Bruno Senna, que em dupla com Julien Canal chegou ao título da LMP2 com o carro nº 31 da Rebellion. Título suado (literalmente, o carro apresentou problemas na direção hidráulica e ficou difícil de pilotar), mas merecido por aquilo que a equipe apresentou durante o ano. Em 2º veio o carro do trio Jarvis/Laurent e Tung, e em 3º o outro carro da Rebellion, pilotado por Nelsinho Piquet, Beche e Heinemeier-Hansson, com o brasileiro André Negrão ainda terminando em 4º lugar. Título da GTE Pro ficou com Alessandro Pier Guidi e James Calado, ao passo que na GTE Am o caneco ficou com Matthias Lauda e Paul Dalla Lana.

 

E não foi só o título de Bruno Senna que o Brasil (?) conquistou no meio do deserto. Pietro Fittipaldi, neto de Emerson Fittipaldi que mora na Carolina do Norte e tem como maior patrocinador em seu projeto para chegar à F1 o mexicano Carlos Slim, sagrou-se campeão da Fórmula V8 3.5, categoria esvaziada este ano e que anunciou o seu encerramento neste final de semana. O piloto da equipe Lotus conquistou dois segundos lugares nas corridas realizadas na sexta-feira e no sábado. Antes da rodada dupla, Pietro tinha 10 pontos de vantagem sobre o russo Matevos Isaakyan, que teve problemas para largar nas duas corridas e facilitou a vida do nosso representante. Pietro tinha carro para vencer as duas corridas, largou bem em ambas, assumiu o segundo lugar e buscou a ponta. Na primeira corrida, contra o estreante português Henrique Chaves. A segunda contra seu companheiro de equipe, Renê Binder. Há um conflito de informação sobre o direito ou não de Pietro à super-licença. Segundo a tabela de pontuação da FIA, a categoria dá ao campeão 20 pontos e são necessários 40 pontos acumulados em 3 anos para o piloto poder disputar a Fórmula 1. Alguns jornalistas tem afirmado que Pietro conseguiu a super-licença. Acho que não! Independente disso, Pietro precisa de um grande desafio e este seria fazer uma excelente temporada na F2, a principal categoria de acesso à F1.

 

Por falar em título, o brasileiro Eric Granado assegurou o título de Campeão Europeu de Moto2 no circuito de Valencia com sua 6ª vitória no ano, título esse que espero que sirva para alavancar a carreira dele no Mundial de Moto2, onde se por um lado as máquinas são iguais as corridas são mais longas e os adversários muito mais “casca grossa”. Um ano sem acidentes que resultem em contusões e/ou fraturas já será de ótimo tamanho.

 

Em Goiânia tivemos duas grandes corridas da Stock Car, a primeira delas tendo vários destaques, dentre eles a importantíssima vitória do Daniel Serra, que facilitou bastante sua luta pelo título, e o desempenho do português António (sim, lá o acento do nome é diferente do usado por cá) Félix da Costa, que terminou num ótimo 3º lugar mesmo sem ter treinado muito com o carro. Em 2º cruzou a linha de chegada Ricardo Zonta. Na 2ª corrida, um duelo de gigantes pela vitória, com Átila Abreu se impondo sobre o excelente Max Wilson (2º colocado) e o também excelente Cacá Bueno em 3º, separados por menos de 1 segundo. Uma das melhores provas do ano, definitivamente, e espero sinceramente que a prova de encerramento da temporada, dia 10/12 em Interlagos (aliás, continua a campanha, vá a Interlagos antes que vire condomínio de luxo) seja tão boa quanto.

 

Encerrando com chave de ouro, a disputa pelo título da NASCAR. E tivemos 3 campeões inéditos: na Truck Series título do Christopher Bell (da equipe do Buschinho), na Xfinity Series o garoto (19 anos) William Byron, e na categoria principal (Monster Series) a 8ª vitória do ano (e o 1º título da carreira) para Martin Truex Jr., o piloto que melhor se adaptou ao novo formato de disputa do campeonato (com pontuação por segmentos), e que esteve em um ano onde a equipe (a relativamente pequena Furniture Row, única não sediada em Charlotte e arredores) fez tudo certo e o próprio piloto estava em um momento iluminado de sua carreira. Título merecido, mais do que merecido, para piloto e equipe, que venceram todas as dificuldades (inclusive muitas delas fora das pistas) para conquistar esse troféu. Sim, esse vosso colunista estava torcendo por mais um título do Kyle Busch, que chegou em 2º lugar e ficou com o vice campeonato, mas não consigo imaginar melhores mãos que as do Truex Jr. para ficar com o título de 2017. Seja pelo número de vitórias, seja pelo desempenho geral durante o ano, seja pela história de superação, o título foi para as mãos certas. E a corrida em Homestead foi proibida para cardíacos, com os 3 maiores vencedores disputando a liderança no final – afinal, o 3º colocado na prova, Kyle Larson, não esteve disputando o título por azares que teve na fase final. E andou muito, muito rápido o garoto Larson, vencendo os dois primeiros segmentos e sendo o piloto que mais voltas liderou na prova. Fechando o Top-5 tivemos Kevin Harvick em 4º lugar e o garoto sensação Chase Elliot em 5º - Elliot, por sinal, tem tudo para se tornar o novo “queridinho” da torcida com a aposentadoria do Dale Earnhardt Junior, que nessa sua última prova recebeu as homenagens de praxe e foi ovacionado por torcedores e companheiros de profissão. Alias, outro piloto que está deixando a categoria é Matt Kenseth, que terminou a prova em 20º lugar e estava bastante emocionado ao final da prova. Não tanto quanto o campeão, claro, que teve dificuldades em parar de chorar para dar entrevista ao final da prova. O mecânico chefe de Truex parecia não acreditar no título, quase catatônico. Já Danica Patrick encerrou sua participação como competidora full time na categoria com uma visita ao muro e o carro em chamas...

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini