Double-Double brasileiro Print
Written by Administrator   
Monday, 10 July 2017 00:45

Olá leitores!

 

Mais um final de semana com muita coisa boa para ver no mundo do esporte a motor, é disso que gostamos, certo?

 

Havia uma grande expectativa por conta do GP da Áustria devido ao entrevero entre Hamilton e Vettel em Baku, mas o inglês já começou com uma desvantagem: por conta da troca de câmbio efetuada pela equipe, ele perderia 5 posições no grid. Isso já significava que teria que ir para a pista com um acerto aerodinâmico mais voltado para o “tráfego”, para o ar turbulento deixado pelo carro à frente, do que o acerto feito para andar na frente, com ar “limpo”. Como resultado, conseguiu apenas o 3º melhor tempo para largar, ao passo que seu companheiro Bottas fez a pole e seu rival Vettel fez o 2º melhor tempo. Com as posições de punição, largou em 8º... o que acabou dando um colorido especial à corrida, mas que mesmo assim não foi tão legal quanto a do Azerbaijão.

 

Vitória de ponta a ponta do Valtteri Bottas, que fez uma largada tão, mas tão espetacular, que todos pensavam que ele tivesse queimado a largada. O que tenho a dizer é o seguinte: ou o tempo de reação do finlandês é um negócio de outro mundo, ou ele fez uma aposta muito, mas muito alta e venceu. Pois a tolerância de movimentação da FIA para a movimentação de largada é de 0,2 segundo e os sensores e a TV mostraram que ele reagiu em 0,201 segundo... se fosse 2 milésimos de segundo mais rápido ele seria punido, de acordo com o regulamento. Enfim, deu certo e ele dominou completamente a corrida. Foi pressionado no final, mas soube se segurar na posição. Seu companheiro Hamilton (4º) até que tentou chegar ao pódio, a equipe deu um nó tático na Ferrari em relação ao Kimi, mas no final da prova encontrou um Ricciardo determinado a defender sua posição. No final, para quem largou em 8º, o 4º lugar não foi ruim.

 

Em 2º chegou Sebastian Vettel, que se fez uma primeira metade da corrida apagada brilhou nas voltas finais, dando a nítida impressão de que, se a corrida tivesse mais uma ou duas voltas, ultrapassaria o Bottas. Entretanto é como diz o velho ditado, se minha avó fosse homem não seria minha avó, mas meu avô. Foi um segundo lugar importante, pois fez ele ampliar sua vantagem na pontuação para o Hamilton (de 15 para 20 pontos), então mesmo estando sob observação da FIA por conta do destempero de Baku ele tem motivos para comemorar o final de semana. Seu companheiro Kimi Räikkönen (5º) reclamou dos 2 jogos de pneus que utilizou, e por conta disso no final da corrida ainda recebeu uma cornetada de cima para baixo na equipe, com o presidente da Ferrari, Sergio Marcchione, reclamando da falta de comprometimento dele. O famoso “cala a boca e acelera”...

 

Em 3º terminou Daniel Ricciardo, em uma apresentação de alto nível, retirando tudo o que o carro possibilitava, e segurar o Hamilton nas voltas finais, com o carro da Mercedes sendo tão superior ao Red Bull em velocidade final (Hamilton teve máxima de 328,8 km/h, ao passo que Ricciardo chegou a no máximo 310,5 km/h) foi realmente um feito. Seu companheiro Max Verstappen (20º) não passou da primeira curva, sendo alvejado por um Daniil Kvyat que deve ter esquecido que tinha uma curva à frente e atacou como se fosse um cossaco. Lamentavelmente nesse episódio o russo continuou na prova.

 

Em 6º terminou Romain Grosjean, em um resultado surpreendente para uma equipe que tão seguidamente enfrenta problemas de freios como a Haas. De quebra, ainda conseguiu não tomar volta dos líderes, o que nessa corrida numa pista tão curta (a volta mais rápida da prova ficou em 1m07s411) foi uma proeza. Seu companheiro Kevin Magnussen (18º) vinha também em um bom ritmo até ter problema no câmbio que fez com que ele abandonasse a corrida.

 

Em 7º e 8º chegaram os pilotos da Force India (que correm boatos que deve mudar de nome para atrair mais patrocinadores, podendo mudar para Force 1...), respectivamente Sérgio Pérez e Esteban Ocon. Justiça seja feita, Ocon fez talvez sua melhor apresentação desde a estreia na F-1, tendo feito uma boa largada e uma boa segunda parte da prova, após a troca de pneus. Pérez logo após a largada mostrou o cartão de visitas para o Hamilton o ultrapassando antes da segunda curva do circuito, e dentro das limitações do carro fez uma grande corrida também.

 

Em 9º lugar, após uma grande corrida de recuperação, terminou Felipe Massa, que largou em 17º após uma classificação, no mínimo, desastrosa. Na corrida o carro da Williams mostrou um bom ritmo, e diante da horrível posição de largada a 9º posição deve ser comemorada vivamente. Seu companheiro Lance Stroll encerrou a zona de pontuação em 10º lugar, primeira vez esse ano que ambos terminam na zona de pontos, se minha memória não falha.

 

O bom é que semana que vem tem corrida de F-1 de novo, dessa vez em Silverstone, pista onde Hamilton vai ter todo o apoio da torcida mas onde historicamente a Ferrari também costuma andar bem. A conferir o que o próximo final de semana nos reserva...

 

Mas não foi só a categoria rainha que deu as cartas esse final de semana. No sábado mais uma rodada dupla da categoria de caminhões sobrevivente, a recém inaugurada Copa Truck (já que a anterior, Fórmula Truck, sucumbiu às dificuldades econômicas do país), no autódromo de Caruaru (PE). A primeira corrida não teve grandes surpresas: Felipe Giaffone (VW) aproveitou sua pole position, largou bem e venceu de ponta a ponta, além de ter feito a volta mais rápida. Foi seguido pelo experiente Wellington Cirino (Mercedes) em 2º e pelo grande Djalma Fogaça (Ford) em 3º lugar. Adalberto Jardim (VW, 4º) e André Marques (Mercedes) fecharam o Top-5. A segunda corrida parecia seguir o mesmo script da primeira, mas o pole position Roberval Andrade (Iveco) queimou a largada, foi punido com um drive-through e com isso André Marques agradeceu imensamente o caminho aberto e se manteve na liderança até a bandeirada, seguido pelo companheiro de equipe Mercedes Wellington Cirino. O Top-5 foi encerrado com o trio da VW Felipe Giaffone, Renato Martins e Adalberto Jardim, respectivamente 3º, 4º e 5º lugares. A torcida pelo maior nome do estado no automobilismo atual, Beto Monteiro, foi grande, mas ele enfrentou problemas na classificação, largou lá atrás, e foi 13º na primeira corrida e 10º na segunda. Fica para o ano que vem...

 

Sábado à noite tivemos corrida da NASCAR em Kentucky, e o que o público viu foi uma equipe com muito, mas muito menos orçamento que a Hendrick, Penske, Ganassi ou Joe Gibbs dar uma AULA na pista: o carro #78 de Martin Truex Jr. venceu o 1º e o 2º segmentos e ainda recebeu a bandeirada final em 1º lugar. Das 274 voltas da corrida, ele liderou nada menos que 152. Avassalador parece ser o termo correto. Não que Larson, Buschinho, Logano, Hamlin e Elliot tenham facilitado a vida dele, mas o carro estava tão perfeito que na última relargada (causada pelo estouro do motor do Kurt Busch, que levou umas boas voltas em bandeira amarela para limpar todo o óleo derramado) ele não foi trocar os pneus como os rivais pela liderança fizeram, e mesmo com pneus desgastados ele relargou melhor e foi mais rápido que os outros pilotos. Além disso, a equipe Furniture Row, que até pouco tempo corria com apenas um carro, colocou o seu outro carro (#77, nas mãos de Erik Jones) em 6º lugar. Atrás de Truex Jr. chegaram Kyle Larson em 2º, Chase Elliot em 3º (eu diria que mais um pouco e ele estará fazendo efetivamente jus ao legado do carro #24 deixado por Jeff Gordon), Denny Hamlin em 4º e Kyle Busch em 5º.

 

Pelo campeonato IMSA tivemos corrida no Canadá, na histórica Mosport Park, corrida que começou morna mas foi ficando interessante conforme avançava, e a última hora foi de tirar o fôlego. O tempo mudou rapidamente, vieram rápidas pancadas de chuva que embaralharam os pilotos na pista, e a vitória ficou nas mãos da dupla Cameron/Curran (Cadillac DPi), seguidos por Simpson/Goikhberg (Oreca LMP2) em 2º e Dalziel/Sharp (Nissan DPi) em 3º. A dupla Christian Fittipaldi/Barbosa poderia ter subido ao pódio, quiçá vencido a prova, mas Barbosa forçou a barra em uma ultrapassagem e perdeu o controle do carro, além de algumas posições, que definitivamente podem fazer falta no final do campeonato. Afinal, não é todo dia que se tem chance de tirar pontos dos Taylor, que até agora vem liderando com certa facilidade o campeonato. Não que o 6º lugar seja uma posição ruim por si só, mas quando se sabe que poderia ser melhor sempre fica aquele gosto amargo... Pipo Derani teve dificuldades e ficou lá para trás. Outro que não teve muito o que agradecer foi Oswaldo Negri, que após uma corrida difícil terminou em 10 na sua classe, um resultado abaixo das expectativas e possibilidades, mas que foi o possível esse domingo.

 

No final do domingo tivemos corrida da Indy em Iowa, naquele acanhado oval (3/4 de milha) da igualmente acanhada (16 mil almas habitantes) cidade de Newton, e a prova decorreu sem grandes dificuldades, apesar da bandeira vermelha por uma leve chuva cerca da volta 200. Para alegria da torcida brasileira, acabou o jejum de vitórias do Hélio Castroneves que durava desde junho de 2014: ele não apenas venceu, como venceu com autoridade, pilotando muito velozmente nas voltas finais e cruzando a linha de chegada quase 4 segundos à frente do 2º colocado, J. R. Hildebrand. Em 3º lugar chegou Ryan Hunter-Reay, que de longe foi o melhor piloto não só da equipe Andretti como o melhor com motores Honda nesse domingo.

 

E para provar que o domingo em Iowa foi realmente especial, antes da prova da Indy teve corrida da Indy Lights, com vitória de... brasileiro! Sim, Matheus Leist foi o vencedor da corrida da Lights (ele venceu 3 das últimas 4 corridas) e agora está a 13 pontos do líder do campeonato. Um domingo a ser comemorado na terra do milho...

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini