Uma overdose de velocidade Print
Written by Administrator   
Monday, 10 April 2017 00:07

Olá leitores!

 

Após muito pensar, a melhor definição que posso dar para o GP da China de 2017 é que foi uma corrida à moda antiga. Completamente “old school”. Não me preocupei em fazer a estatística, mas alegrou-me muito ver ultrapassagens sendo feitas sem o uso da tal da asa móvel. Aliás, as mais belas ultrapassagens da corrida foram feitas sem o DRS (nome oficial da traquitana), como a do Vettel sobre o Verstappen. Lembrou muito aqueles tempos em que as ultrapassagens eram mais raras, porém davam mais satisfação por terem sido conquistadas, trabalhadas, planejadas.

 

Vitória de Lewis Hamilton, auxiliada pelas duas entradas do safety-car (primeiro o virtual, depois o real) logo no começo da corrida, provocados pelos intelectuais do volante Lance Stroll (que deve usar os pequenos espelhos para ver se apareceu alguma nova espinha no rosto) e Antonio Giovinazzi (que foi elogiado pela primeira corrida lá na Austrália e deve ter se achado o novo Ascari, tendo como clara consequência batida no sábado e no domingo. Quem sabe agora os neurônios voltam ao lugar e os pés ao chão), respectivamente. Aproveitou bem essas intervenções para trocar os pneus intermediários com que largou (afinal, não chovia mas a pista ainda estava bem úmida) pelos slicks, abriu uma confortável vantagem para Ricciardo e as Ferraris, e depois foi só administrar a vantagem. Corrida consistente, vitória merecida. Seu companheiro Bottas (6º) teve um final de semana complicado... como explicar para o papai lá na Finlândia que ele rodou com pista úmida durante o período em que estavam todos andando atrás do safety-car? Como justificar isso para os outros coleguinhas pilotos finlandeses, povo acostumado a 6 meses de gelo por ano (e gelo é das coisas mais escorregadias que existe)? É, Bottas, você vai ser o centro das piadinhas dos pilotos finlandeses por algum tempo... pena que não vamos entender nada, afinal se existe um idioma “fora da caixinha” esse idioma é o finlandês. Pelo que fez, o 6º lugar ficou de bom tamanho.

 

Em 2º terminou Sebastian Vettel, que tentou dar o pulo do gato no primeiro safety-car parando para colocar os pneus de seco antes do Hamilton mas foi prejudicado quando o Giovinazzi estampou seu Ligier, ops, Sauber no muro (aliás, essa pintura estilo Ligier não está trazendo bons fluidos... deviam mudar o tom de azul), acabou ficando atrás dos Red Bull e do Kimi, mas com muita garra e uma pilotagem que lembrou os tempos em que disputava títulos pela equipe dos energéticos conseguiu voltar ao segundo lugar de onde largara. Pelo jeito ele gostou da corrida, não reclamou no rádio... quem reclamou por atacado dessa vez foi seu companheiro Kimi Räikkönen (5º), que ora reclamava dos pneus, ora reclamava do motor e periféricos, e terminou a prova provavelmente 100% insatisfeito. Deve ter tomado vodca falsificada no hotel...

 

Em 3º chegou Max Verstappen, após uma pilotagem espetacular. Teve problemas na classificação, largou em 16º, soube ser rápido na pista úmida, na pista seca, e se tivesse alguns cavalos a mais no motor teria feito Hamilton e Vettel suarem muito mais durante a prova. No site da FIA foi eleito o piloto da corrida muito merecidamente. Seu companheiro Daniel Ricciardo (4º) começou a prova muito bem, mas depois que secou utilizou apenas os pneus super macios e no final da prova teve problemas com o desgaste deles... enfim, fez uma aposta e não deu certo. Se desse, seria um dos gênios da corrida, e um 2º lugar seria uma aposta muito palpável. Fica para a próxima...

 

Em 7º lugar chegou aquele que, fora Verstappen, que estava em um dia inspirado, foi em minha opinião o grande destaque da corrida: Carlos Sainz Jr., que foi ousado na largada ao alinhar já com os pneus supermacios enquanto todos os outros estavam de intermediários. Como a parte mais molhada da pista era a reta dos boxes e as primeiras curvas, se os “jênios” Stroll e Giovinazzi não tivessem feito bobagem ele teria saído muito bem na fita, mas infelizmente para ele a aposta não deu certo como planejado. Largou mal (claro, destracionou muito com os slicks), se atrapalhou com o trecho mais molhado, mas no miolo do circuito já estava se recuperando quando a primeira intervenção aconteceu. No mais, pilotou bem, manteve um bom ritmo de corrida, e certamente foi embora do circuito satisfeito consigo mesmo. Seu companheiro Kvyat (17º) estava brigando com os pneus macios quando teve uma pane hidráulica (praticamente uma virose dos F-1) e precisou abandonar.

 

Em 8º chegou Kevin Magnussen, outro que pilotou muito bem e garantiu pontos importantes para a Haas nesse começo de temporada. Seria interessante se no resto da temporada os carros da equipe americana mantivessem um desempenho parecido com o apresentado na China, o espetáculo no pelotão do meio ficaria melhor. Seu companheiro Romain Grosjean (11º) reclamou muito dos outros pilotos, mas não acreditei na choradeira dele não. A verdade é que ele esteve em um dia apagado, e pilotou abaixo do que sabe. No entanto é como dizem, o choro é livre... acho que fez curso com o Massa.

 

Encerrando a zona de pontuação apareceu a dupla da Force India, respectivamente Sérgio Perez em 9º e Esteban Ocon em 10º. Pérez conseguiu se recuperar do toque com o filhinho de papai bilionário Stroll, foi parar lá atrás, e veio se recuperando. Uma bela corrida, admito. Ocon se atrapalhou um pouco durante a prova, seja com outros pilotos, seja com as instruções da equipe via rádio, mas ainda assim teve um desempenho digno e aquele pontinho foi suado e conquistado.

 

E o Massa? Terminou num paupérrimo 14º lugar, após reclamar de rigorosamente tudo. É, o pior lado do Massa voltou a aflorar. Espero que tenha sido algo passageiro...

 

Mas o final de semana não teve apenas F-1. No Marrocos tivemos o início da temporada do WTCC, onde na primeira corrida o pódio foi composto pelo argentino Esteban Guerrieri (Chevrolet) em 1º, Thed Björk (Volvo) em 2º e Norbert Michelisz (Honda) em 3º. Na 2ª corrida, aproveitando-se bem de largar na pole position, a vitória ficou com Tiago Monteiro (Honda), com Michelisz em 2º (bela dobradinha da Honda) e o Volvo de Néstor Girolami em 3º. Categoria muito interessante, pena que começou o ano com apenas 15 carros...

 

Tivemos também a 4ª etapa do WRC, dessa vez o tradicional Rali da Córsega, que nos trouxe o 4º vencedor diferente esse ano: dessa vez o troféu ficou com o belga Thierry Neuville, que levou seu Hyundai i20 à vitória em um dos mais desafiadores ralis da temporada, com estradinhas de asfalto muito estreitas, sinuosas e velozes. OK, contou com a quebra do motor do C3 de Kris Meeke e com as falhas no câmbio do Fiesta de Sébastien Ogier, mas de sorte também vive um vencedor, correto? O que importa é que com isso o campeonato está ficando cada vez mais embolado, prometendo uma disputa eletrizante até a etapa final – e é isso que todo fã de automobilismo deseja, correto? Ogier continua o líder, com 88 pontos, à frente de Latvala (75), e com essa vitória Neuville pula para 3º na pontuação geral. Atrás de Neuville chegaram Ogier em 2º (sim, ele conseguiu superar os problemas de engates de marchas e pilotou o fino para defender sua liderança no campeonato) e Dani Sordo em 3º com um outro Hyundai. Próxima etapa será aqui na América do Sul, o Rali da Argentina, de 27/04 a 30/04. Confesso que adoraria poder dar uma esticadinha até lá para conferir de perto, mas infelizmente meus compromissos diários e minha limitação orçamentária não permitem isso...

 

E por falar em Argentina, tivemos a 2ª etapa do Mundial de Motovelocidade por lá, na belíssima e moderna pista de Termas do Rio Hondo (ai, que inveja...), com uma grande vitória de Maverick Viñales, provando que a Yamaha acertou na mosca em bancar a multa contratual para retirar a jovem revelação da Suzuki para substituir Jorge Llorenzo – que por sinal fez uma das mais curtas corridas de sua vida, quiçá a mais curta, indo para o chão logo na primeira curva, derrubado por Andrea Ianonne... acho que foi vingança, sei não... voltando ao que interessa, o garotão largou em 6º e veio ultrapassando os adversários até chegar no 2º lugar, e quando Marc Márquez caiu ele não foi mais incomodado na liderança. Em 2º chegou “il Dottore” Valentino Rossi, que também fez uma belíssima prova, embora não tivesse velocidade para acompanhar o companheiro de equipe. Completando o pódio o batalhador Cal Crutchlow, outro que arrancou tudo que podia da moto e salvou o dia da Honda, já que os pilotos da equipe oficial não conseguiram nada nesse domingo, terminando ambos no chão. Definitivamente, uma etapa das mais interessantes para o fã de motociclismo.

 

Também tivemos caminhões na pista, dessa vez a Fórmula Truck foi para a cidade uruguaia de Rivera para a 2ª etapa do campeonato. Vitória de Wellington Cirino, na sua corrida de nº 200 na categoria, marcando 20 anos de participação no certame e comemorando da maneira mais apropriada possível essa bela carreira – com uma vitória. Em 2º chegou Paulo Salustiano, com o outro Mercedes, em 3º chegou Joel Mendes Jr., em 4º Witold Ramasauskas e fechando o pódio o representante local, Fabricio Larratea. Próxima etapa será em Londrina.

 

E a Fórmula Indy foi dessa vez para o tradicional circuito de rua de Praia Grande, quer dizer, Long Beach, onde se valendo de uma estratégia acertada, uma pilotagem inspirada e um erro de estratégia da equipe de Scott Dixon o bom James Hinchcliffe assegurou a vitória, após passar o ano de 2016 inteiro em branco. Em 2º lugar chegou Sébastien Bourdais, mais uma vez o francês arrancou vinho de pedra e conseguiu um excelente resultado para quem corre por uma equipe que enfrenta tantas dificuldades como a Dale Coyne, e em 3º o novo contratado da Penske, Josef Newgarden, mostrando ao patrão Roger Penske que a contratação foi acertada. Os brasileiros não foram bem: Hélio Castroneves largou na frente mas enfrentou os mais variados problemas durante a prova, mas ainda conseguiu salvar um 9º lugar. Tony Kanaan teve menos sorte ainda, se enroscou com Mikhail Aleshin (de novo...) e terminou apenas em 15º lugar. Acho que ele precisa retornar à sua Bahia natal e passar em um terreiro de confiança para afastar os maus fluidos...

 

Para completar, a NASCAR foi até o Texas para mais uma corrida, e o que vimos foi o garoto Ryan Blaney vencer o primeiro e o segundo segmentos da corrida, tudo indicava que ele seria um dos favoritos para disputar a vitória, e no entanto o carro não correspondeu à altura na parte final da corrida... uma pena, é um garoto que está fazendo por merecer uma vitória. Terminou apenas em 13º lugar, mesmo sendo o piloto que liderou o maior nº de voltas. E o troféu de vencedor ficou com um velho conhecido daquele pódio: Jimmy Johnson. O heptacampeão conseguiu sua sétima vitória na pista em 28 corridas disputadas nela, uma vitória a cada 4 participações. Está bom para vocês? Em 2º lugar chegou Kyle Larson, que esteve muito bem mesmo na parte final da corrida – e fez uma ultrapassagem linda sobre o 3º colocado, Joey Logano, que dificultou o que pôde mas não conseguiu segurar o ímpeto de Larson. Em 4º chegou Kevin Harvick e completando o Top-5 tivemos Dale Earnhardt Jr., que andou próximo dos líderes boa parte da segunda metade da prova, mas no final acabou perdendo um pouco de contato.

 

Ufa, quanta corrida!

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini