Volta das férias em alto estilo Print
Written by Administrator   
Sunday, 28 August 2016 23:30

Olá leitores!

 

Acabaram as férias de verão do Hemisfério Norte para a F-1, e o retorno foi em uma das melhores (em minha opinião a melhor) pista da temporada, Spa-Francorchamps. E o circuito incrustado na floresta das Ardenas assistiu à vitória do alemão Nico Rosberg. Se eu fosse um pouco mais maldoso eu diria que é normal alemão vencer nessa pista, a floresta das Ardenas é um lugar sobejamente conhecido dos alemães, passaram por lá na 1ª e 2ª Guerras Mundiais, é um caminho conhecido. Mais uma vez a La Source provou que é um desafio real, e provavelmente eu devo ter sido a única pessoa que achou que a culpa da batida foi do Vettel. Assistindo o replay algumas vezes, tive a nítida sensação que o alemão veio lá de fora fechando, toca primeiro no Räikkönen, que em seguida é tocado pelo Verstappen (que contou com a esfuziante torcida holandesa lotando o autódromo, que passou por alguns anos sem grande público), e aí a confusão se instala. Pois quando o Verstappinho toca o Kimi, o Vettel já começou a rodar. Essa foi a minha visão, tem um bocado de gente achando que o Vettel rodou pois foi tocado pelo Kimi, que foi empurrado pelo Max. Não que eu ache o Max inocente das outras confusões em que ele se meteu no meio da corrida (ele ainda precisa aprender onde fica a tênue linha entre o arrojo e o mau caratismo, hoje ele foi mau caráter em um bocado de disputas de posição), mas essa do começo eu enxerguei uma afobação do Vettel, que voltou das férias reclamando mais do que de costume – aliás, eu acho que uma parte da falta de identificação do torcedor alemão com o Vettel como ele se identificava com o Schumacher passa por isso, o Vettel se comporta como um filho de família rica mimado, o Michael já reclamava menos e trabalhava mais, e o povão acabava vendo ele como “um de nós”. Enfim, é o que eles têm para o momento, enquanto o Baby Schummi não sai da F-4 e chega na F-1.

 

A imagem impressionante da corrida foi a panca do Kevin Magnussen, que acabou indo para o hospital por conta de uma lesão no tornozelo, mas aparentemente nada de mais grave aconteceu com o piloto, que saiu sozinho do carro. Só fiquei realmente preocupado quando a imagem da câmera on board do carro mostrou que com a força da pancada a proteção de cabeça voasse para longe do carro. Sim, é uma peça que o piloto retira e põe para entrar e sair do carro, mas ela não deveria se soltar durante um acidente, por mais forte que ele seja. Ficam os votos para uma recuperação rápida.

 

A vitória do Nico Rosberg deve ter sido uma das mais fáceis da carreira dele, já que não teve que brigar com o único adversário que efetivamente possui, seu companheiro de equipe, que largou lá no fundo, fruto daquelas punições que a Dona FIA inventa para complicar a vida do público, e depois reclama que a audiência está caindo. Como diria Mestre Edgard Mello Filho, correu de pijama e pantufas, trazendo o carro no colo. Seu companheiro Lewis Hamilton (3º) fez uma corridaça, largando em penúltimo lugar por conta da troca de componentes do motor e de mexer na caixa de câmbio (só não largou em último pois nesse quesito punições a McLaren do Alonso continua imbatível), pilotou com grande maestria e contou com aquele ingrediente indispensável a todos os campeões: sorte. Sim, ele teve sorte com a interrupção da prova por conta da monumental panca do Kevin Magnussen na saída da Radillon, pois enquanto os fiscais de pista belgas reconstruíam a barreira de pneus danificada pelo choque – e justificavam as piadas que os franceses fazem sobre os belgas – foi possível trocar pneus na bandeira vermelha, discutir sobre o comportamento do carro com o engenheiro, etc. e tal. Não que isso tenha sido decisivo para o pódio, mas digamos que ele poderia ter terminado em 4º ou 5º lugares sem a ajudinha providencial da sorte. Continua sendo o favorito para o título.

 

Em 2º lugar chegou Daniel Ricciardo, cheio de motivos para sorrir (ainda mais), tendo feito uma excelente corrida com o seu Red Bull em uma pista onde a cavalaria do motor é bem importante, e mostrando que a equipe se firmou como segunda força do campeonato, à frente da Ferrari, que quase não conseguiu evoluir o carro de 2016. Terminar apenas 14 segundos atrás do Rosberg, nessa pista, é uma vitória. Grande desempenho. Seu companheiro Max Verstappen ficou em 11º lugar, após se envolver em quase todas as encrencas que apareceram na corrida. Ficou fora do acidente do Magnussen e de alguns toques de lavra do Kimi, mas fora isso... se tinha confusão, podia procurar o Verstappen que ele estava lá. Esteve MUITO arrojado na corrida, mas ele precisa aprender melhor a definição de jogar duro e jogar desleal. “Ah, mas o piloto da frente precisa lidar com asa móvel e ERS e não pode nem se defender?” Claro que pode se defender, mas já que a categoria possui regras para essas disputas, favor as obedecer. Os comissários foram realmente condescendentes com o garoto prodígio da categoria, que pelo menos em 2 oportunidades deixou bem para trás o arrojo e resolveu bancar o entregador de pizza com o carro. Lembro-me de pilotos muito arrojados como Gilles Villeneuve, Keke Rosberg, Nigel Mansell, todos eram osso duríssimo de roer nas pistas, mas sempre respeitando o adversário. Parece-me que o menino Max faltou na aula do “respeito aos outros pilotos”...

 

Em 4º e 5º chegaram os carros daquela que nesse domingo se consolidou como a 4ª força da temporada, a Force India. Em 4º chegou Nico Hülkemberg, que após o imbróglio da largada chegou a estar em 2º lugar mas perdeu as posições apenas para carros que ele não teria como segurar mesmo. Grande corrida, desempenho muito bom do campeão de Le Mans de 2015, que teria grandes chances de ficar no pódio se a bandeira vermelha não tivesse reagrupado os pilotos novamente. Eu continuo sem entender o motivo pelo qual ele ainda não foi para uma grande equipe, enfim... seu companheiro Sérgio Pérez (5º) teve uma corrida mais complicada, já que perdeu muito tempo disputando com carros mais lentos como Massa e Alonso, por exemplo, mas também fez uma grande corrida.

 

Em 6º lugar, reclamando de tudo e todos, chegou Sebastian Vettel. Teve o carro danificado na lambança da largada, mas ainda assim conseguiu encaixar sequências de voltas rápidas, pelo que o resultado é bom para a quantidade de problemas encontrados. Seu companheiro Kimi Räikkönen cruzou a linha de chegada em 9º lugar, após diversas disputas de posição (principalmente com o Verstappen) e uma “ajudinha” da bandeira vermelha, que fez com que ele recuperasse a volta perdida com os reparos do incidente da largada. Haja vista tudo o que aconteceu, uma posição justa.

 

Em 7º chegou Fernando Alonso, com sua McLaren-Honda que está evoluindo a olhos vistos. Claramente a Honda evoluiu consideravelmente o motor, pois ele ainda não está no nível dos outros da categoria mas já diminuiu consideravelmente o abismo existente para as outras fábricas. Com a evolução do carro e o talento enorme do espanhol, creio que é possível imaginar a McLaren de volta aos pontos em mais algumas corridas. Seu companheiro Jenson Button abandonou após receber uma batida por trás da Manor do Wehrlein e sofrer danos suficientes para inviabilizar a continuação do carro na pista.

 

Em 8º chegou o Valtteri Bottas, sofrendo com uma Williams cada vez menos competitiva. Ganhou boas posições na largada, mas principalmente após o safety car começou a perder posições consistentemente. Com o desempenho desse final de semana a equipe perdeu a 4ª posição no Campeonato de Construtores para a Force India, o que dá uma boa dimensão dos problemas técnicos que a equipe está enfrentando esse ano. Seu companheiro Felipe Massa largou em 10º e terminou em 10º lugar, e isso é o melhor que posso escrever a respeito dele. OK, foi melhor que o outro brasileiro, que chegou em 17º, último entre os que cruzaram a bandeira quadriculada, mesmo após a Sauber ter trazido para as pistas a primeira evolução do carro de corrida desde a prova da Austrália... enfim, melhor deixar para lá.

 

Próxima corrida será semana que vem em outro templo do automobilismo, GP da Itália em Monza. Vamos ver se perante sua torcida a Ferrari se recupera e se a superioridade da Force India sobre a Williams se confirma.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini