Hungria: de volta ao normal! Print
Written by Administrator   
Monday, 25 July 2016 04:05

Olá leitores!

 

Eu poderia fazer uma coluna estilo hai-kai a definir sinteticamente: “Largou muito bem / Agora é o líder / Corrida muito chata”. Mas não vou fazer isso, embora ela merecesse. Nos últimos anos o GP da Hungria foi surpreendentemente movimentado, mas esse ano voltou ao normal. Sinceramente, arrependi-me de não ter ficado na cama por mais uma hora e meia, sei que vou lamentar essa oportunidade desperdiçada. Enfim, errado fui eu em criar expectativas a respeito da procissão magiar. O “grande momento” da corrida foi o Hamilton informando ao Gutiérrez que ele é o nº 1 utilizando a mão – mas não com o dedo indicador – , e por aí podemos ter uma ideia da chatice que imperou.

 

Vitória tranquila do Lewis Hamilton, que alcançou a liderança do campeonato e, arrisco-me a dizer, pode se considerar com uma mão e 4 dedos na taça (o outro dedo ele ainda está mostrando para o Esteban “chicane móvel” Gutiérrez), já que seu único adversário é muito rápido mas não tem a garra necessária para ir buscar essa liderança perdida. Seu companheiro Rosberg (2º) fez o melhor tempo na classificação, mas na largada ficou tão preocupado com o Hamilton que esqueceu de fazer uma largada boa, brindando o público com uma bela disputa com o Ricciardo nas primeiras curvas, mas depois sua corrida se resumiu em tentar alcançar o inglês e não conseguir. Sem brilho.

 

Em 3º chegou Daniel Ricciardo, que mostrou aquilo que já se desconfiava: a diferença da Red Bull para a Mercedes hoje em dia é o motor, não o chassi. Em termos de chassi, o da Red Bull deve ser tão bom ou melhor que o da Mercedes, mas aí na hora de despejar a cavalaria para empurrar a barata (como diria Edgard Mello Filho) ele fica para trás. Resistiu aos ataques do Vettel, com pneus mais novos e velozes, com maestria. Grande desempenho dele, após algumas corridas em que enfrentou um grande azar. Seu companheiro Max Verstappen (5º) foi outro que merece elogio pela sua demonstração de “zagueiro”, se defendendo dos ataques do Kimi. Também teve bom desempenho, nessa prova talvez um pouco menos brilhante que nas anteriores desse ano, mas nada que preocupe.

 

Em 4º chegou Vettel, que deve estar ficando cansado de arrumar desculpas para o desempenho da Ferrari. Dessa vez ele apontou a falta de melhor ritmo na classificação para a ausência no pódio – o que pode ser meia verdade, já que o único piloto que vi fazer muitas ultrapassagens nessa pista chamava-se Nigel Mansell, e não dá para usar o “leão” como parâmetro para muita coisa, mas definitivamente o carro desse ano não “nasceu” bem – e a Ferrari só não foi ultrapassada pela Red Bull no Campeonato de Construtores pois o Kimi também fez uma boa apresentação esse domino, senão... a imprensa italiana já poderia trocar o couro do bumbo e fazer a afinação do instrumento para tocar na porta de Maranello. Sim, no finalzinho da corrida as Ferraris estavam andando mais que a turma dos energéticos, mas não o suficiente para ultrapassar. E essa superioridade foi apenas no final. Eu já transferi as esperanças para o carro do ano que vem... Kimi Räikkönen chegou em 6º lugar, após reclamar horrores do comportamento do jovem Max. Sinceramente? Max defendeu a posição de maneira dura, mas não desleal. Ele reclamou de um duplo movimento na defesa de posição que resultou no toque da asa dianteira com a traseira do Max, mas se nem os malas dos comissários da FIA conseguiram achar algo de errado ali, é porquê não houve mesmo.

 

Em 7º, graças à pista que não exige grande cavalaria e ao seu próprio talento, chegou Fernando Alonso. Evidentemente estava feliz por voltar a pontuar, principalmente com um carro que tantas dores de cabeça deu durante esse ano (e ano passado...), embora tenha reconhecido que a corrida não foi emocionante. Seu companheiro Button foi o único piloto a abandonar, após enfrentar problemas de freio no começo e meio da corrida e um vazamento de óleo no final.

 

Em 8º chegou Carlos Sainz Jr., feliz da vida por ter conseguido um resultado bom após a sequência de problemas  nos dias de treino. Ao menos ele teve o que comemorar, pois seu companheiro Kvyat foi apenas o 16º, após uma largada horrível e brigar com o acerto do carro no resto da corrida.

 

Em 9º, em um resultado surpreendente para um carro que efetivamente anda melhor em pistar velozes, chegou Bottas, fazendo o possível para arrancar desempenho de onde o carro não tem para oferecer. Seu companheiro Massa (18º)... fica até difícil escrever algo a respeito. Bateu na classificação, teve problemas no volante pouco antes da largada, e sofreu para levar o carro até o final. Eu teria parado (o volante estava muito pesado quando virava para um lado e leve ao virar para o outro), mas como a equipe não mandou ele parar, ele continuou. Enfim... terminou 2 voltas atrás do Hamilton, enquanto o outro brasileiro, Felipe Nasr, terminou “apenas” uma volta atrás com seu horrível Sauber. Que fase...

 

Em 10º, fechando a zona de pontuação, chegou Nico Hülkemberg, outro que arrancou vinho tinto de pedra para conseguir um desempenho razoável com um Force India que é competitivo em pistas rápidas mas claramente deficiente em pistas lentas. Nessas horas é que se vê o trabalho do piloto... ele reclamou bastante da dificuldade de ultrapassar. Seu companheiro Sérgio Pérez (11º) reclamou da dificuldade de tentar ultrapassar, e foi vítima de um erro de principiante nos boxes: o estrategista na mureta dos boxes o chamou para troca de pneus, mas quando ele parou a equipe não estava pronta. Dureza... pior que acho que nem dá para demitir o responsável, se fizer isso a equipe – que já está com problemas financeiros – ainda vai ter que pagar indenização trabalhista, melhor deixar quieto.

 

Próxima corrida será domingo que vem em Hockenheim, ou ao menos o que restou da pista depois que Tilke, o Maldito, colocou suas mãos no traçado... espero sinceramente que seja um pouco mais emocionante.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini