F-E, a Retrospectiva Nacional e eu na pista! Print
Written by Administrator   
Sunday, 20 December 2015 22:40

Olá leitores!

 

Pois é, quando você acha que já estão todos os pilotos ajudando suas famílias a fazerem as compras de Natal, escolhendo o peru para assar, e tudo o mais, eis que a Fórmula E faz uma corrida nas belas ruas de Punta del Este, no Uruguai. Se por um lado a localização da pista agrada aos olhos de todos, por outro lado ela sofre do mesmo mal de Zandvoort, na Holanda:  existe um problema sério de areia na pista, trazida pelo vento que sopra do mar. Como em Punta del Este se trata de uma pista de rua, isso significa que os pilotos têm que prestar muita atenção para não acabar no muro.

 

A prova começou com apenas 17 carros, já que a equipe capitaneada por Jarno Trulli desistiu do campeonato e Jacques Villeneuve destruiu seu carro na classificação de um jeito que os mecânicos não conseguiram consertar a tempo de o colocar na corrida. Enfim... D’Ambrosio manteve a ponta na largada, mas Sébastien Buemi além de ser um bom piloto possui o melhor carro da temporada, o da E-Dams: saiu lá de quinto e foi ultrapassando os adversários até assumir a ponta, de onde não mais saiu. Até que para uma pista que tinha tanta sujeira fora do traçado normal da pista, o pessoal andou fazendo um bocado de ultrapassagens. Só isso já bastaria para definir a categoria como mais interessante que a F-1 atual, afinal as duas tem um ruído de motor que deixa bem a desejar, mas uma tem mais ultrapassagens... OK, forcei um pouco. Mas a verdade é que, com o Buemi encastelado na ponta, a prova teria boas chances de se tornar chata, o que não aconteceu. Especialmente a dupla da Dragon, Duval e D’Ambrosio, que propiciou belas disputas a prova inteira e mais importante, não tiraram um ao outro na corrida (hoje em dia isso é de se comemorar...).

 

Dos brasileiros, o único que se deu bem foi Lucas di Grassi, que terminou no pódio. Bruno Senna teve problemas de dirigibilidade e acabou indo de encontro ao muro, enquanto o campeão da categoria, Nelsinho Piquet, vinha brigando pela 7ª posição quando na última volta estampou o muro após uma bela disputa com Daniel Abt.

 

No pódio, o vencedor Sébastien Buemi (E-Dams), o 2º colocado Lucas di Grassi (Audi Abt) e em 3º Jérome D’Ambrosio (Dragon). Com essa vitória e os 2 pontos dados ao piloto que marcou a volta mais rápida da corrida, Buemi assumiu a liderança do campeonato.

 

E já que a prova foi no vizinho Uruguai, terra do ótimo grupo de rock “Cuarteto de Nos”, vamos à retrospectiva nacional: comecemos com a Stock Car, que tem um novo campeão, e com uma curiosidade histórica: o primeiro piloto a ser campeão da categoria com nome Stock Car, lá em 1979, foi Paulo “Paulão” Gomes. O primeiro filho de piloto a ser campeão foi Marcos Gomes. Eu diria que uma feliz e merecida coincidência. A temporada de 2015 foi vencida pelo piloto que foi mais regular, mais consistente. Ele soube aproveitar bem esse formato de corridas com rodadas duplas, e chegou à última prova com uma confortável vantagem na pontuação, vantagem essa que lhe rendeu o título mesmo com todos os problemas enfrentados na prova. O pessoal que adora teorias da conspiração lembrará da punição feita pela CBA contra Cacá Bueno por criticas os comissários, inclusive com a utilização de palavrões. Sem querer ser chato, mas na NASCAR você é multado por conversar com o seu spotter utilizando palavrões, quanto mais xingar comissários de prova... enfim, a punição pode ser discutida, mas a partir do momento em que existe um regulamento que permite esse tipo de punição, questão fechada. Como em tudo na vida, existe espaço para melhorias, e a regra que diz que o carro não pode participar da segunda corrida se não chegar por si mesmo ao final da prova é uma delas. Essa regra foi direta responsável pelo forte acidente na segunda etapa disputada no autódromo de Curitiba (R.I.P.), e se analisarmos friamente não faz muito sentido. Fosse como nas competições brasileiras mais antigas, em que a classificação era a soma do resultado das duas baterias, OK, perfeito, mas não é esse o caso.

 

Na Fórmula Truck, tivemos o merecido título do Leandro Totti, em um ano onde os caminhões MAN-VW mostraram que estão um passo à frente dos adversários. Fosse na época do Aurélio, ele teria providenciado algum meio de equalizar as forças para melhoria do espetáculo, mas... a única fábrica que ameaçou seriamente a VW foi a Mercedes, principalmente com Paulo Salustiano, que estava em um ano inspirado e teve chances reais de disputar o título. Ficou o amargo sabor de não termos a etapa da categoria em São Paulo, fruto de confusões a respeito de datas feitas pela administração do autódromo na atual gestão, que definitivamente não entende nada sobre a arte de gerir uma praça esportiva especializada. Vejo com pessimismo o futuro de Interlagos.

 

Na Fórmula 3, um passeio de Pedro Piquet, campeão por antecipação, e dominante na categoria a ponto de não perder corrida nem mesmo com o escapamento quebrado a roubar preciosos cavalinhos do motor. Gostaria de ver como ele se comporta na F-3 Européia, lugar de briga de cachorros grandes, mas já deu para perceber que o menino tem talento.

 

E por falar em categoria de fórmula, fiquei feliz com a apresentação de mais uma categoria para ajudar o garoto a fazer a transição entre o Kart e a F-3: a Fórmula Inter, projeto desenvolvido aqui em SP, capitaneado pelo Marcos Galassi, chassis feito pelo experiente José Minelli, câmbio próprio com trambulador em H de 5 marchas, pneus slick e dezenas e dezenas de possibilidades de regulagem das asas dianteiras e traseira, justamente com o intuito de ensinar o jovem piloto a trabalhar os ajustes para obtenção do máximo desempenho, de acordo com suas características próprias de pilotagem. Desejo muito sucesso aos criadores da categoria, que ela possa formar novos talentos para nos representar nas pistas lá fora.

 

De nacional, o que tenho para comentar é isso. Próxima semana, a retrospectiva internacional e as previsões de Pai Alex para 2016 (tá difícil marcar hora para atendimento com ele, a crise aumentou a clientela dele consideravelmente...). De minha parte, desejo boas festas para todos os leitores, eu já peguei meu presente de Natal antecipadamente. Neste sábado fui participar do Torneio de Regularidade de Interlagos, após 3 ou 4 anos da minha participação anterior, e entre 31 inscritos na categoria terminei em 7º, sendo que das 13 voltas dadas predominantemente à noite e com chuva só consegui enxergar o cronômetro preso no volante nas 4 primeiras voltas, o resto foi “regularidade no rumo”, pelo que posso considerar um resultado razoavelmente bom. Divirtam-se, comemorem com suas pessoas queridas, e vale o velho conselho, mais do que batido: se beberem, não dirijam.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini