Final de semana de Campeões! Print
Written by Administrator   
Sunday, 22 November 2015 22:36

Olá leitores!

 

Final de semana de poucas corridas, mas bem interessantes. Comecemos com a grande festa de final de ano europeu, a Corrida dos Campeões, que teve a coroação do Sebastian Vettel como vencedor individual – na sua sétima tentativa – superando o ótimo Tom Kristensen na final, com a ajuda do rival, que bateu numa barreira e facilitou o trabalho do alemão, que tem 6 títulos por equipe em parceria com Schummy, mas não tinha vencido individualmente ainda. Por equipes, primeira vitória da equipe da Inglaterra, formada pelos ótimos pilotos de Turismo Andy Priaulx e Jason Plato, equipe que começou a competição vencendo a dupla brasileira Nelsinho e Miojinho, digo, Massa, e na final venceu a excelente dupla alemã (Vettel e Hülkemberg). Pessoalmente, acho que os troféus ficaram em boas mãos.

 

Saindo de Londres para o outro lado do mundo, tivemos a tradicional competição nas ruas de Macau. A mais importante prova é o GP de Fórmula 3, previsivelmente: se você consegue ser rápido numa pista daquelas, suas chances de se adaptar a qualquer outra pista facilmente é muito grande. Para quem nunca teve a curiosidade de fuçar na internet o traçado, a largada é na parte nova da cidade, em uma avenida larga e veloz, e o resto da pista é na parte antiga, estreita (muito), sinuosa (muito) e com importante nível de elevação em relação à largada/chegada. Fascinante. Única pista que conheço (fora do Brasil e suas jabuticabas...) que tem uma curva em permanente bandeira amarela: é tão apertada que se você colocar por dentro para ultrapassar, não consegue fazer a curva. A não ser que faça como Loeb ano passado, e dê aquele golpe de freio de mão para fazer a curva... Como F-3 não tem dessas coisas, fica lá a bandeira. E o vencedor desse ano foi o ótimo sueco Felix Rosenqvist (minha memória pode me trair, mas acho que é sobrenome com pedigree de rali...), após uma corrida muito disputada e – como de costume em Macau – acidentada. O grande problema é o seguinte: você passa pela largada e afunda o pé direito, tem duas curvas no caminho mas são feitas com o pé no porão, pista larga, moderna, e aí chega-se à curva do Hotel Lisboa (Macau é ex colônia portuguesa, não esqueçamos), 90° à direita... e com mais ou menos metade da largura da pista. Quase impossível não ter acidente ali, convenhamos. Completando o pódio tivemos Charles Leclerc em 2º e Alexandre Sims em 3º. O único brasileiro na corrida (sintoma da crise terrível que vive o automobilismo brasileiro), Sérgio Câmara, foi apenas o 22º colocado.

 

E no Barhein tivemos a prova de 6 Horas que marcou o final do campeonato do WEC, a categoria com mais tecnologia da atualidade, com vitória e título para a Porsche. Vitória do trio Romain Dumas, Marc Lieb e Neel Jani, primeira do ano, com o Audi pilotado por Lotterer, Fässler e Tréluyer em 2º lugar e o Toyota de Alexander Wurz, Stephane Sarrazin e Mike Conway em 3º. Mas mais felizes que esses foi o trio do Porsche que chegou em 5º, Mark Webber, Brendon Hartley e Timo Bernhardt, que levantaram o troféu de campeões da temporada.  Acredito que foi merecido, a Porsche fez um carro muito veloz, consistente, e, para o formato padrão da categoria, com provas de 6 horas de duração, resistente. Um título que veio em grande momento para um bom piloto que teve um azar enorme na F-1, afinal foi companheiro de equipe de ninguém menos que Sebastian Vettel, e aí a comparação com o companheiro de equipe não foi das mais auspiciosas. Como ele mesmo disse após uma das vitórias dele, “nada mal para um segundo piloto”...

 

E encerramos o domingo com a grande disputa do final de semana, a prova final da NASCAR, com um “roteiro” digno dos bons tempos de Hollywood (aquela época que existiam roteiristas que se esforçavam e não ficavam aguardando os efeitos especiais salvarem o filme): quatro candidatos ao título: um deles sofreu um acidente no começo do ano, quebrou ossos, perdeu 11 corridas, foi dos últimos a se classificar para o Chase, mas veio em uma ascendente no campeonato impressionante até chegar, finalmente, a sua primeira decisão de título (Kyle Busch); outro, tetracampeão que desde o início do ano avisou que esse seria o ano de sua aposentadoria, e chegou na prova final com chances de seu 5º título na prova de despedida das pistas (Jeff Gordon); o terceiro competidor, chegou lá mesmo em uma equipe pequena, de apenas um carro, mas que está numa fase da carreira que arranca desempenho de onde não existe e apresenta uma grande regularidade (Martin Truex Jr.); por último, outro rei da regularidade, de longe o melhor piloto da Stewart-Haas, chegou com fama de favorito na final (Kevin Harvick). Como eu disse, coisa dos grandes roteiristas do passado, e a prova não deixou por menos: começou truncada, com bandeiras amarelas a mais em relação ao padrão dos ovais de uma milha e meia, mas depois as coisas se estabilizaram e a prova virou uma partida de xadrez, com muita estratégia por parte dos envolvidos. Já na metade Truex Jr perdeu terreno e as chances do Gordon viraram matemáticas, mas o jogo de xadrez entre Harvick e Buschinho se estendeu até as voltas finais. Eis que a 11 voltas do final, aparece uma bandeira amarela por detritos para testar as condições cardíacas dos torcedores (aliás, detrito em uma parte da pista que ninguém usa, muito estranha a meu ver). Carros foram para uma parada para troca de pneus e um leve reabastecimento só para não ficar sem gasolina no final, e na relargada Kyle Busch (que passou de 3º para 2º no pit-stop) largou muito bem, assumiu a liderança, abriu de Harvick (que também fez uma largada ótima, passando de 4º para 2º) e venceu com méritos não apenas a corrida como também o campeonato. Título mais do que merecido para aquele que esse vosso colunista crê que é o mais habilidoso piloto da NASCAR na atualidade, parabéns para ele e para a Joe Gibbs Racing, que deu um título da mais americana das categorias para os japoneses da Toyota. Fiquei muito feliz com o resultado.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini