As corridas por trás da corrida! Print
Written by Administrator   
Sunday, 27 September 2015 22:27

Olá leitores!

 

Eu devo admitir, gosto muito da pista de Suzuka. Esse layout em formato de 8, subidas, descidas, curvas de alta, é uma pista que me agrada muito e que, em outras eras, com outros regulamentos, produziu corridas excelentes, cheias de emoção. Aí saímos do passado e chegamos de volta a 2015. Não apenas a corrida foi chata, como por questões politiqueiras a transmissão da corrida foi das piores que já vi em décadas que acompanho o esporte.

 

A corrida foi chata, pois logo na saída da curva 2 o menino Rosberg entregou a rapadura (o pai deve ter entornado mais uma garrafa de vodka depois dessa, já que ele era finlandês e não desistia nunca), o Hamilton desapareceu na frente, e as disputas que aconteceram na pista em sua maioria foram no pelotão intermediário. Aliás, o momento de acelerar os batimentos cardíacos foi protagonizado pela equipe que mais ao fundo fica no grid, a Manor, quase um carro de GP2: na saída da 130R, talvez a curva mais veloz da categoria, o Will Stevens fez o favor de rodar no meio da pista, ficou a 90 graus em relação ao eixo da pista, e no que foi se recuperar da rodada quase acertou seu companheiro de equipe, o Alexander Rossi (que entrou corrida passada no lugar do Merhi), mostrando grande competência para se desviar do companheiro trapalhão.

 

Quanto à transmissão de TV, quem gera as imagens é a FOM, empresa comandada pelo Titio Bernie, que está ouvindo muitas reclamações por parte da Red Bull, ameaçando retirar seus 4 carros da categoria se não conseguir um motor competitivo para ano que vem (reclamaram tanto da Renault que a própria Renault já disse que não quer mais fornecer motores para eles). Tanto a Mercedes como a Ferrari estão relutantes em fornecer seus motores para a equipe. A princípio, a Mercedes já disse que não fornecerá, e a Ferrari não quer fornecer a mesma versão usada pelo carro da equipe, ou ao menos não fornecer a atualização na mesma corrida. E os austríacos estão esperneando.

 

Não me surpreenderia se houvesse um “conselho” para o pessoal mostrar o menos possível os carros dessas equipes para as pressionar a atender o pedido da Red Bull, Bernie é Bernie. Como isso pressiona? Mostrando menos os carros, o tempo de exposição dos patrocinadores é menor, o que com certeza vai gerar movimentação no departamento financeiro. Foi assim que vimos diversas vezes os carros da McLaren, ouvimos Alonso reclamar como só Alonso sabe reclamar pelo rádio, vimos as Manor em situações que não eram apenas sendo ultrapassadas levando volta dos líderes, vimos as disputas entre as Lotus, Sauber e Force India, e por aí vai, mas ao menos era onde aparecia alguma ação na corrida. Enfim, foi difícil ficar acordado de madrugada.

 

Vitória previsível de Hamilton (sua 41ª, igualando a marca do seu ídolo Senna, como a transmissão repetiu à exaustão), com 2º lugar previsível de Rosberg. Logo na largada vimos quem está motivado e comprometido, e quem não está. A vantagem da saída de pista do Rosberg foi termos a rara oportunidade de vermos menino Nico fazendo uma ultrapassagem em disputa de posição (sobre o Bottas) ao invés de apenas passar por retardatários. Quanto ao Hamilton, deve ter sido uma das vitórias mais fáceis da vida dele. Não foi ameaçado em momento algum depois de passar pelo companheiro. Fizeram o que é esperado deles, não atrapalharam o carro da Mercedes em sua busca pelos dois degraus mais altos do pódio.

 

Em 3º, também previsivelmente, chegou Vettel, o melhor daqueles que não correm com carro da Mercedes. Passou Bottas na largada, e à frente dele se manteve até o final. Passou parte da corrida em 2º, mas Rosberg parou para trocar pneus uma volta antes e perdeu nos boxes a 2ª posição. O que não estava no script era o 4º lugar do Räikkönen, que enfim teve uma corrida sem problemas e conseguiu chegar logo atrás do companheiro de equipe.

 

Em 5º chegou Bottas, que fez uma boa corrida, mais uma vez prejudicada pelos estrategistas da Williams, sem contar o trabalho de boxe não exatamente eficiente que já é tradicional da equipe. Massa (17º), coitado, se envolveu em um acidente com o Ricciardo logo na primeira curva, furou o pneu dianteiro direito, envolveu Pérez e Sainz no enrosco, se arrastou até os boxes, perdeu uma volta logo de cara, e se não fosse a habitual falta de vontade própria dos pilotos da atualidade, deveria ter abandonado logo quando tomou a 2ª volta dos líderes, para poupar quilometragem do motor. Não o fez pois, via de regra, piloto de hoje não faz nada sem o aval dos boxes. Dia para esquecer.

 

Em 6º chegou Hülkemberg, ótima corrida após largar em 13º e já na segunda curva estar em 8º. Ganhou a posição dos Lotus na parada de boxe, e fez por merecer os pontos. É o tipo de piloto que cresce em pistas mais tradicionais. Seu companheiro Pérez (12º) se envolveu também na confusão entre o Massa e Ricciardo, e fez uma corrida de recuperação. Complicada em uma corrida em que apenas um carro abandonou.

 

Em 7º e 8º vieram os carros da Lotus, respectivamente Grosjean e Maldonado. Resultado bom para a equipe, e os dois pilotos protagonizaram belas disputas entre si, foram um dos destaques da corrida (por mais surreal que a frase possa parecer...).

 

Em 9º e 10º, fechando a zona de pontuação, chegaram os carros da Toro Rosso. Na frente, o favorito da FOM, Max Verstappen, que apareceu na geração de imagens como nunca, e fez uma bela corrida levando sua Toro Rosso até os pontos. Definitivamente o garoto está em uma fase iluminada, e fez uma bela corrida. Seu companheiro Sainz Jr. fez uma corrida muito consistente, mesmo tendo saído da pista na primeira curva e depois acertado um pequeno poste que limita a entrada dos boxes, obrigando a equipe a fazer uma troca de bico de improviso. Com o desempenho apresentado e sem os problemas, poderia ter chegado em 7º ou 8º tranquilamente.

 

Próxima corrida daqui a 2 semanas, no balneário turístico de Sochi, na Rússia. Uma pista que me agradou em sua primeira impressão ano passado, e que acho que pode surpreender novamente esse ano.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini