Um problema de interface! Print
Written by Administrator   
Sunday, 26 July 2015 23:10

Olá leitores!

 

Sabem aquela corrida que tinha tudo para ser chata, modorrenta, um remédio contra a insônia, e que se torna memorável? Pois é, foi o GP da Hungria. Os carros da Mercedes, hoje em dia, possuem o mesmo favoritismo técnico que os McLaren tinham nos anos 80 ou que os Williams tiveram nos anos 90. A função do piloto é: não atrapalhar o carro em seu destino rumo aos dois degraus mais altos do pódio. Pois é. Nesse domingo os carros da Mercedes tiveram problema de interface. Aquela interface entre o banco e o volante não cooperou em absoluto, e tivemos uma das mais movimentadas corridas do ano, quiçá a melhor até agora. Como Hungaroring é uma pista que mais parece um kartódromo que propriamente um autódromo, a superioridade de potência do motor Mercedes não fica tão evidente, os pilotos precisam demonstrar um pouco mais o seu trabalho. Nessa de demonstrar o trabalho, ficou mais evidente que um deles está mais preocupado em não estragar o penteado ao final da corrida e que o outro é muito bom enquanto não está pressionado. Apertou, espana. O resultado deve ter feito os mais ousados muito felizes nas casas de apostas britânicas, serviu para mostrar algumas realidades, e hoje eu posso dizer: vivi para ver a FIA copiando a NASCAR e a Indy, colocando um safety-car na pista por causa de sujeira na pista e fazendo os pilotos cruzarem o pit lane sem parar nos boxes. Bonita foi a homenagem dos pilotos ao recém falecido Jules Bianchi, um rapaz que além de ser um talento promissor era muito querido pelos companheiros de profissão, tanto que todos se referem a ele não apenas como o talentoso jovem piloto Bianchi, mas ao amigo Jules. E a quebra da asa dianteira da Force India do Hülkemberg foi de assustar, imagine se isso acontece numa pista veloz como Spa ou Monza? Felizmente foi apenas o dano material...

 

Vitória (41ª, igualando a marca de Ayrton Senna) incontestável de Sebastian Vettel, monumental da largada à chegada. Enquanto os pilotos da primeira fila ficavam patinando na largada, atrapalhados com a grande potência do motor Mercedes, ele saltou com maestria, passou a centímetros do carro do pole position e assumiu a liderança já na freada da primeira curva para lá ficar até a bandeirada final. A perdeu apenas por ocasião de troca de pneus. Nem a presença do safety-car na pista fez com que perdesse o domínio da corrida. E na volta de retorno aos boxes, agradeceu à equipe em italiano e dedicou a vitória em francês ao Jules Bianchi. Realmente, seguidor dos passos de Michael Schumacher. Em compensação, seu companheiro Räikkönen (18º) vinha fazendo sua melhor corrida do ano, até que deu problema no módulo de recuperação de energia. A equipe tentou o que estava ao alcance, até uma parada nos boxes para “resetar” o sistema (sabem quando o computador começa a dar pau, aí vocês desligam e ligam de novo para ver se volta ao normal? Então, fizeram isso), sem sucesso, e teve de abandonar a 14 voltas do final. Uma pena para ele.

 

Em 2º lugar, conquistando o primeiro pódio de sua carreira na F-1, o russo Daniil Kvyat. Fez uma corrida consistente largando do 7º lugar, estava em 4º quando na disputa pelo 2º lugar Ricciardo e Rosberg se tocaram, e ele estava no lugar certo e na hora certa para aproveitar a oportunidade. Merecido. Seu companheiro Ricciardo chegou em 3º, mesmo após dois toques com Hamilton e um com Rosberg, e mostrou a resistência desse carro da Red Bull. Também deixou evidente que o problema da equipe é motor, não chassis, pois nessa pista um chassis equilibrado conta bastante, e a equipe teve um desempenho muito bom, colocando mais lenha ainda na fogueira da Renault. Ambos dedicaram seu pódio ao Jules, acompanhando Vettel.

 

Em 4º veio Max Verstappen, com sua Toro Rosso, outro que teve uma chance de mostrar o potencial do carro sem o vincular ao fraco desempenho do motor Renault. O garotão (ainda tem 17 anos...) esteve lá atrás no começo da corrida, e entre acidentes, toques e punições (aliás, ele também foi punido) conseguiu o melhor resultado do ano para a Toro Rosso. Como já escrevi algumas vezes aqui, o considero melhor que o pai Jos. Seu companheiro Sainz Jr (17º) estava fazendo uma corrida ótima, chegou a ocupar a 5ª posição, mas perdeu potência no motor e teve3 de abandonar a 9 voltas do fim.

 

Em 5º chegou o outro grande mago do dia: Fernando Alonso. Sim, ele conseguiu levar essa cadeira elétrica da McLaren-Honda não só até a zona de pontuação, mas a uma posição bem razoável dentro dessa zona de pontuação. OK, os fiscais de prova saíram distribuindo punições por atacado (algumas merecidas, outras não), mas não deixa de ser memorável o resultado para quem no começo do ano estava junto às Manor Marussia. Seu companheiro Button também conseguiu um bom resultado, cruzando a linha de chegada em 9º lugar. Não, de cabeça não lembro quando foi a última vez que a equipe não tinha um resultado decente. Hoje foi o dia deles.

 

Em 6º chegou Lewis Hamilton. Ah, Hamilton, seu trabalho é simples, não atrapalhar o carro, o que que você fez nesse domingo??? Ainda bem que assumiu no final da corrida que teve um dia péssimo... ainda conseguiu ser melhor que o companheiro de equipe, Rosberg, que chegou em 8º após fazer escolhas questionáveis de pneus (médios – os mais duros disponíveis – no último trecho, quando ele já tinha feito o trecho intermediário com esses pneus???), pneu furado por toque, e muito mimimi e chororô – por parte de ambos os pilotos da equipe, por sinal – nas entrevistas de final da corrida. Ainda bem que agora começa o período de férias de verão europeu da categoria, será bom para ambos esfriarem as suas cabecinhas...

 

Em 7º chegou Grosjean, que superou uma saída de pista ao ser espremido pelo Sainz para se recuperar na corrida e ainda disputar posição com os pilotos da Mercedes... muito boa a corrida dele, dentro das limitações do carro e dele (eu diria principalmente dele, mas deixem para lá...). Seu companheiro Maldonado (13º) bateu mais um recorde: primeira vez que me lembro de um piloto tomar 3 punições em uma única corrida. Parabéns pelo recorde, se é que é algo para se comemorar, mas enfim... mesmo levando em conta que nessa etapa os comissários estavam especialmente “cricas”, um feito.

 

Em 10º, fechando a zona de pontuação, um heroico Ericsson conquistou um ponto solitário para a Sauber. Por que heroico? Porque após fazerem a lambança de assinar com mais pilotos do que vagas existentes para correr e ficar com os dois que trouxeram maior volume de patrocínio, a equipe teve de pagar uma indenização milionária para o Van Der Garde e ficaram com dinheiro para terminar a temporada, mas não para desenvolver o carro... o carro que largou na Hungria é praticamente o mesmo que largou na Austrália, na abertura da temporada, e os concorrentes evoluíram. Enfim, numa corrida tão atribulada, foi a oportunidade que tiveram. Seu companheiro Nasr também fez o que era possível com umm carro instável e chegou em 11º.

 

Próxima corrida só dia 23/08, na linda Spa-Francorchamps. Vamos ver como vão voltar das férias...

 

Até a próxima,

 

Alexandre Bianchini


Last Updated ( Sunday, 26 July 2015 23:18 )