A muralha de prata! Print
Written by Administrator   
Sunday, 20 April 2014 23:07

Olá leitores!

 

Como eu desconfiava, a corrida da China não seria tão emocionante como foi a do Bahrein. Mas confesso que eu esperava algo um pouquinho mais empolgante. A pista foi construída em uma região próxima a usinas de asfalto, daí a poluição quase permanente e a sujeira no asfalto. A Pirelli melhorou a resistência dos pneus do ano passado para esse, mas em Xangai não teve jeito: a “farofa” na pista lembrava os piores momentos da temporada passada. Isso porquê no sábado teve uma chuva com volume suficiente para “lavar” a pista, mas mesmo assim no final da corrida a sujeira era grande.

 

O vencedor, com folga, foi o Hamilton. Como diria o Edgard Mello Filho, deu para vestir o pijama e as pantufas e carregar o carro no colo até a linha de chegada. Fácil, fácil. Seu companheiro Rosberg (2º) não classificou muito bem, a largada também não foi das mais inspiradas, mas a superioridade dos carros da Mercedes nesse começo do ano não permitiria que o resultado fosse outro. Ele deve estar incomodado, já que venceu a corrida de abertura da temporada mas viu o companheiro vencer as 3 seguintes... Devo ressaltar que ele conseguiu esse resultado mesmo tendo que informar a equipe volta a volta alguns parâmetros do carro que eles estavam sem acesso, pois estavam sem a telemetria do carro para os boxes. Não tinham como saber o quanto o carro estava consumindo, por exemplo, e o piloto teve que informar a equipe, já que ele tinha acesso a essa informação no volante.

 

Em 3º chegou Alonso, mostrando que a Ferrari detectou o que estava de muito errado com o carro e começou a consertar. Acredito também que a saída do Domenicali para a chegada de um novo diretor esportivo tenha dado um novo alento à equipe, mais ou menos como quando o time troca o treinador que não estava apresentando resultados. E nessa corrida voltamos a ver o velho Alonso, aquele que quando é necessário arranca um coelho da cartola – muito apropriado em uma etapa disputada em plena Páscoa. Seu companheiro Räikkönen (8º) voltou a apresentar um desempenho apagado, mas ao menos dessa vez conseguiu pontuar. Ainda não conseguiu se adaptar ao carro.

 

Em 4º chegou o Ricciardo, que mais uma vez mostrou ser muito rápido, andando na frente do tetracampeão Vettel. O próprio Vettel admitiu que o jovem australiano está fazendo um trabalho melhor que ele. No final da corrida, ficou a clara impressão que ele poderia ter atacado e ultrapassado o Alonso, pois tinha carro para isso, mas não devia ter combustível – parte das “gracinhas” do novo regulamento é um volume de combustível bem menor, e graças aos sensores dá para saber quanto de combustível o carro tem em determinado momento da prova, inclusive essa informação é passada para os espectadores no meio da corrida, e o carro com menor volume de combustível no final da prova era o do Ricciardo. Mas foi uma bela apresentação, sem dúvida. Seu companheiro Vettel (5º) está passando por uma fase complicada: andar mais devagar que seu companheiro de equipe novato fez com que ele se tornasse o “rei do mimimi”, reclamando muito pelo rádio. Quase teve um chilique quando foi ultrapassado por uma Caterham que estava com pneus novos. Nada que voltar a andar na frente do companheiro não resolva...

 

Em 6º terminou Hülkemberg, aproveitando as longas retas do circuito chinês para mais uma vez obter um bom resultado com seu Force India. Mais uma vez, foi o melhor dos carros “cliente” dos motores Mercedes, o que indica um projeto bem sucedido. Seu companheiro Pérez (9º) fez uma bela corrida: largou em 16º e conseguiu pontuar, é o que se pode chamar de um bom trabalho.

 

Em 7º chegou Bottas, que começou a corrida se tocando com Rosberg, mas depois fez uma corrida consistente e conseguiu mais alguns pontinhos para a equipe. Já seu companheiro Massa (15º) teve um dia para esquecer: largou bem, se tocou com Alonso, perdeu algumas posições mas ainda estava na briga. Até que foi trocar os pneus... aí a Williams fez uma daquelas “lambanças” que apenas a Williams sabe fazer nos pit-stops, ele ficou quase um minuto parado, e a corrida acabou para ele. Acabou pois o Massa é o tipo de piloto que se está disputando alguma posição, tudo bem, mas se alguma coisa acontece de errado ele “desanima” e passa a correr de forma burocrática. E poucas vezes vi o Massa tão burocrático como hoje.

 

Encerrando a zona de pontos, chegou Kvyat, o russo que deve mandar o Vergne para casa ao fim da temporada, já que está sendo consistentemente mais rápido que o francês, e na Toro Rosso funciona assim: é rápido, continua, não é, vai para casa e deixa a vaga para alguém. Dessa vez o Vergne não ficou tão para trás, terminou em 12º.

 

Próxima corrida, dia 11/05 em Barcelona, início da temporada europeia, muitas equipes apresentando atualizações ou evoluções do carro. Com esse novo regulamento, existe uma chance da corrida ser menos aborrecida que o habitual, mas eu não apostaria dinheiro nisso.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini