Parabéns Paulo Soláriz Print
Written by Administrator   
Monday, 24 March 2014 00:11

Olá leitores!

 

Conforme informado semana passada, compareci ao Velocult dia 17/03 para a homenagem àquele que, em minha modesta opinião, foi o maior piloto brasileiro. Sim, Nelson Piquet e Ayrton Senna conquistaram mais títulos que Emerson Fittipaldi, mas foi Emerson que abriu as portas da Europa para que Piquet e Senna pudessem mostrar seu talento nas pistas europeias e chegar, enfim, à Fórmula 1. Se ele tivesse se contentado em ficar no Brasil, talvez esses campeões citados não tivessem saído do território nacional, já que na época o automobilismo brasileiro era forte e pujante. Emerson, na verdade, abriu as portas duas vezes, afinal foi ele que mostrou aos brasileiros o caminho dos ovais norte americanos para que outros pilotos seguissem – novamente – os seus passos. Considero a dívida do automobilismo brasileiro com Emerson Fittipaldi simplesmente impagável, qualquer homenagem a ele nunca será bastante.

 

Para essa homenagem uma autêntica constelação das pistas esteve presente ao Conjunto Nacional em São Paulo, na esquina da Av. Paulista com a Rua Augusta. De Bird Clemente e Francisco Lameirão a Paulão e Chico Serra, passando por craques da imprensa como Claudio Carsughi, Livio Oricchio e o fotógrafo Claudio Larangeira, muitos eram os presentes para homenagear o primeiro campeão brasileiro na Fórmula 1. Eu poderia utilizar o espaço inteiro da coluna apenas citando os nomes das pessoas com importância no meio que foram prestar homenagem ao bicampeão. O evento, organizado pelo Paulo Soláriz (que, como se poderia prever, foi chamado por esse que vos escreve por outro nome, afinal se eu não troco o nome da pessoa eu costumo esquecer o nome de quem estou conversando... memória de nomes comigo é coisa de computador XT com vírus), exibiu no hall do prédio, dentre outros, o Fittipaldi FD-01, primeiro carro da equipe brasileira na F-1, uma réplica do Opala Stock Car com que Paulão ganhou o título de 1979, uma carreteira de Chico Landi, o DKW nº 10 de Marinho César de Camargo, dois Interlagos da Equipe Willys e um Fusca Divisão 3.

 

No início do evento, Alex Dias Ribeiro fez uma breve apresentação do que se trata o Velocult e falou também da reimpressão do seu livro “Mais que um vencedor”, passando em seguida a palavra ao apresentador da cerimônia, o Celso Miranda (do programa Super Motor do canal por assinatura Bandsports). Emerson teve suas mãos eternizadas em cimento para o Hall da Fama do automobilismo nacional, junto com Wilsinho Fittipaldi, Paulo Gomes, Mário Cesar de Camargo Filho, Bird Clemente, Ingo Hoffman e Chico Serra. Wilsinho foi homenageado também por seu papel como construtor de carros de corrida, dos  Fitti-Vee e Fitti-VW até culminar na equipe de F-1. Outra pessoa homenageada foi a Bia Figueiredo por seus 20 anos de carreira. Mas em minha opinião a mais bela homenagem recebeu Marinho Camargo, que subiu ao palco para receber um voto de congratulação da Câmara Municipal de Piracicaba por ter vencido todas as edições das corridas feitas nas ruas de Piracicaba das quais participou. Foi emocionante ver o grande piloto segurando as lágrimas no palco.

 

Isso foi muito importante, pois o brasileiro é um povo que tem mania de só dar valor à pessoa depois que ela morre. Ver esses heróis do passado sendo homenageados em vida é extremamente gratificante. Não dá para descrever a alegria dos pilotos em ter seu talento e seus feitos reconhecidos, subindo ao palco. Obviamente, alguns demonstraram mais a emoção, outros não demonstraram, mas isso é da personalidade de cada um. A satisfação de todos, essa era visível.

 

Mudando de assunto, nesse domingo tivemos a abertura do campeonato brasileiro da Stock Car, com uma proposta muito interessante: os pilotos correriam em dupla com um convidado. E na parte dos convidados tivemos de tudo: de pilotos que já passaram pela Stock até estrangeiros, passando pelos brasileiros que correm no exterior. O maior contingente estrangeiro era de argentinos, mas tivemos também pilotos da Espanha, Holanda, Portugal, Itália e Austrália. Para evitar que os pilotos que correrão a temporada inteira fossem prejudicados por um convidado que eventualmente não se adaptasse bem ao carro, a etapa teve a pontuação reduzida. A princípio, pareceu-me justo.

 

A vitória ficou com o jovem (18 anos) Felipe Fraga, que convidou o experiente Rodrigo Sperafico como parceiro e se deu bem, já que ambos foram bastante velozes durante a corrida toda. O pódio ficou completo com Valdeno Brito/Jeroen Bleekemolen em 2º lugar e Marcos Gomes/Mauro Giallombardo em 3º. Como a corrida começou com chuva, aconteceram os tradicionais acidentes nas primeiras voltas e até pouco antes da metade do tempo de corrida o safety car trabalhou bastante. Depois a chuva parou, a pista foi secando e os pilotos conseguiram pilotar sem espalhar pedaços de carenagem pela pista toda. A não ser quando o capô se solta, como aconteceu no final da corrida. Eu esperava bastante da dupla Barrichello/Farfus, mais pelo Farfus que pelo Barrichello, diga-se de passagem, mas o Rubinho aprontou tanto na sua parte da corrida que mesmo tendo o Farfus feito voltas muito rápidas não conseguiu fazer milagres, terminando apenas em 9º lugar. Prefiro não comentar sobre uma dupla ex F-1, a não ser que o nome da equipe pela qual correram caiu perfeitamente com a apresentação da dupla... mais de 1 minuto atrás do líder...

 

Vou encerrar com uma cornetadinha: a VICAR quis se espelhar tanto na NASCAR, mas tanto, que os Giaffone fizeram um carro que é inviável de se pilotar na chuva. No seco fica perfeito aquele negócio de recuar o piloto (seguindo as linhas da bolha da carroceria, o piloto senta onde ficaria o banco traseiro do carro) para melhorar a distribuição de peso, motor também recuado, na teoria tudo ótimo. Na prática, a visibilidade já é precária no seco e na chuva ninguém vê ninguém. Não existe uma única corrida da Stock com chuva onde não tenham acidentes. Como ao contrário da NASCAR, a carroceria é em fibra (na NASCAR usam alumínio mesmo), qualquer toquezinho já voam pedaços de fibra de vidro para todo lado, obrigando a entrada do safety car para limpar a pista. Em minha opinião, seria inteligente rever alguma coisa no projeto, nem que fosse apenas o mais fácil – a bolha da carroceria ser feita em alumínio para ser um tiquinho mais resistente aos choques.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini