Bom... mas podia ser melhor! Print
Written by Administrator   
Sunday, 01 December 2013 21:20

Olá leitores!

 

O ano vai acabando, as competições vão rareando, mas é o momento de definição de alguns campeonatos que ainda não terminaram. Esse fim de semana tivemos no autódromo de Pinhais (PR) a definição do campeonato da Copa Petrobrás de Marcas, competição muito interessante, mas que tem uma característica que me incomoda – mas esse incômodo fica para o final do texto.

 

Na primeira corrida do dia (segue o padrão do WTCC, com duas corridas curtas valendo pontuação em separado, não o velho esquema dos anos 60 e 70 de corridas com duas baterias e resultado final sendo a soma de ambas. Pessoalmente prefiro a pontuação em separado para as duas corridas, o esquema de baterias sempre me pareceu muito confuso) tivemos um pódio variado, com vitória de um Toyota (Denis Navarro), seguido de um Ford (Vítor Meira) e um Honda (Alceu Feldmann). Todos pilotos com chance de título. Os outros dois postulantes (Ricardo Maurício e Ricardo Zonta, ambos de Honda) terminaram em 4º e 6º, respectivamente.

 

A segunda corrida, por sua vez, teve um pódio monomarca: os 3 primeiros colocados pilotaram o modelo Honda Civic, domínio que só não foi maior devido ao abandono do Alceu Feldmann logo na primeira volta, decorrente de danos sofridos em toques na primeira volta. Ricardo Mauricio, que largou em 5º, veio com um ritmo forte, assumiu a liderança e contou com a escolta do companheiro de equipe Vicente Orige para vencer e conquistar o título. Ricardo Zonta (Toyota), que largou muito bem e superou o pole position rapidamente, perdeu rendimento no carro com o passar das voltas e terminou apenas em 6º lugar. Bela corrida fez Vitor Meira, que não largou bem mas veio recuperando posições para terminar em 4º com o seu Focus.

 

A categoria é muito legal, pena que não tem a divulgação que merece. Corridas em que você pode ver o seu carro de rua disputando posição contra o carro do seu vizinho costumam atrair público em qualquer país. As próprias fábricas, durante muito tempo, apoiaram direta ou indiretamente esse tipo de competição baseado na velha regra do “win on Sunday, sell on Monday” (vença no domingo, venda na segunda feira). O melhor de tudo é que é uma categoria multimarcas: você tem na pista Chevrolet Cruze, Ford Focus, Honda Civic, Mitsubishi Lancer e Toyota Corolla. Categorias monomarca são boas apenas e tão somente para as fábricas, pois o público quer é ver a sua marca de carro ganhando da marca de carro do vizinho chato ou do cunhado. Com um modelo apenas disputando, fica aquele gosto de “falta alguma coisa, quero mais”. De quebra, as pinturas dos carros são muito bem feitas, de bom gosto mesmo, o que ajuda a tornar o espetáculo mais bonito.

 

A qualidade dos pilotos envolvidos também ajuda, já que temos nomes reconhecidos no cenário automobilístico brasileiro como o bicampeão da categoria Ricardo Mauricio, Vitor Meira, Alceu Feldmann, Ricardo Zonta, Wellington Justino, André Bragantini, entre outros. Com bons pilotos na pista, o espetáculo sempre é valorizado.

 

Como disse lá no começo, tem coisa que me incomoda nessa categoria. A Vicar, promotora e organizadora do evento, quis copiar a fórmula da argentina TC 2000, que lá na Argentina atrai multidões para os autódromos. Só que para isso foi adotado nos carros a solução de se ter o mesmo motor para todos. Compreendo que o melhor preparador de motores da América Latina foi e continua sendo Oreste Berta, mas me parece incongruente você ter Toyotas, Hondas, Mitsubishis e Chevrolets correndo com um motor que, em sua essência, é Ford. Nada contra os motores Ford, longe disso. Mas é como se a FIA resolvesse que no WTCC todas as marcas iriam correr com o motor da Seat, por exemplo. Dá mais trabalho fazer a equalização entre os carros, concordo, mas o ideal seria que cada marca corresse com seu próprio motor.

 

Lembro-me de uma vez que fui a Interlagos ver uma corrida do Sulamericano de Super Turismo, se não me engano o Cacá Bueno iria correr com um Peugeot 406, se minha memória não falha – e ela puxa meu tapete frequentemente. E era uma beleza aquele grid, tinha o 406, tinha Renault Laguna, tinha Alfa 156, tinha BMW 320, e tinha Ford Mondeo. Aqui chegamos ao ponto crucial: depois de algumas voltas, você identificava pelo ronco qual carro estava passando, notadamente o Mondeo, com um ronco mais agudo que todos os outros. Parecia até uma abelha gigante. Nessa configuração do Brasileiro de Marcas, isso é impossível. Enfim, como já dizia a dupla Jagger e Richards, “you can’t always get what you want”. Fica para uma outra oportunidade a criação de um regulamento que contemple motores diferentes.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini 

 

 

 

Last Updated ( Monday, 02 December 2013 21:06 )