Vettel: um campeão para a história Print
Written by Administrator   
Sunday, 27 October 2013 21:40

Olá, leitores!

 

Aconteceu o que estava previsto: Vettel ganhou a corrida e o tetracampeonato. Mais importante que isso: foram 4 títulos em sequência, o que já o coloca à frente de Prost, que foi 4 vezes campeão mas não um tetracampeão. Afinal, a definição dicionarizada do termo prevê que os títulos sejam consecutivos (Michaelis: te.tra.cam.pe.ão adj (tetra+campeão) Diz-se do indivíduo ou grêmio esportivo campeão quatro vezes consecutivas). A Seleção Brasileira, por exemplo, tem 5 títulos mundiais de futebol, mas chamar de “pentacampeã” é uma liberalidade com o idioma. Enfim, não estamos aqui para discutir o idioma, mas para celebrar a genialidade de um piloto. E antes que digam que “ganhou pois tem o melhor carro”, essa é uma característica que acontece desde o fim do século XIX ou início do XX, quando o dono do primeiro carro da cidade encontrou com o dono do segundo carro da cidade e resolveram ver qual andava mais. Em todo caso, convém lembrar que Webber, com o mesmo carro, não está em condições de lutar pelo vice-campeonato.

 

Sinto-me feliz por mais uma vez estar presenciando a História sendo escrita. Quando comecei a acompanhar a Fórmula 1, nos anos 70, o recorde de vitórias era de “apenas” 27, conquistadas por Stewart, um escocês baixinho, enormes costeletas, e com um talento enorme para pilotar rápido sem forçar os frágeis carros da época. Os 5 títulos mundiais (4 consecutivos) do gênio Juan Manuel Fangio, estabelecido nos anos 50, era completamente inalcançável. Depois, nos anos 80, apareceu Prost, um francês também baixinho, narigudo, mas um mestre na arte de “acertar” o carro, embora ruim de corrida no piso molhado. Esse elevou o recorde de vitórias para 51 e foi 4 vezes campeão mundial. Na mesma época, apareceu Senna, que era rapidíssimo em uma volta lançada e levou o recorde de pole positions a um patamar nunca sonhado. De repente, nos anos 90, surge Michael Schumacher, um alemão queixudo, rapidíssimo, que tinha a capacidade de agregar a equipe toda em torno dele e de seus objetivos. Esse ganhou 2 títulos por uma equipe, mudou-se para uma equipe tradicional mas em franca decadência (a Ferrari), e após colocar a equipe para funcionar a seu modo saiu destruindo todos os recordes que apareciam em sua frente, ganhando mais 5 títulos e obtendo 91 vitórias. Inalcançável, certo? Pois bem... agora temos um tetracampeão com apenas 26 anos de idade. Até onde chegará?

 

Vitória maiúscula de Vettel no último GP disputado em Buddh (a prova não consta do calendário de 2014). Largou na pole, já na 2ª volta foi trocar os pneus macios pelos médios, voltou em 17º e veio “jantando” os outros competidores. O entrosamento entre o carro da Red Bull e o piloto é tão grande que permite esse tipo de estratégia, digamos, pouco convencional. Ainda comemorou o título fazendo zerinhos em frente à arquibancada principal e se ajoelhando em frente ao carro. Seu companheiro Webber (20º) chegou a liderar a corrida após receber um toque do Alonso na largada, mas problemas no alternador fizeram a equipe pedir para ele abandonar faltando 21 voltas para o final.

 

Em 2º chegou Rosberg, mostrando que hoje a Mercedes é a melhor das equipes “normais” (afinal, esse ano a Red Bull é um caso à parte), inclusive tendo se classificado perto do Vettel. No início da prova chegou a perder a posição para o Massa, mas o ritmo de corrida da Mercedes era melhor que o da Ferrari. Seu companheiro Hamilton (6º) até estava com um bom ritmo de corrida, mas desgastou demais os pneus nas tentativas de ultrapassagem e fez uma parada nos boxes a mais, perdendo o que poderia ter sido um 3º lugar certo.

 

Em 3º chegou Grosjean, com uma estratégia de apenas uma parada nos boxes que é possível apenas com um carro que consome muito pouco pneu como a Lotus ou a Force India. Mostra amadurecimento como piloto, não fez nenhuma de suas patacoadas habituais e até diria que pode assumir como primeiro piloto da Lotus ano que vem, com a ida do Kimi para a Ferrari. Räikkönen (7º), por sua vez, tentou a mesma estratégia, mas no final da prova os pneus estavam tão desgastados que teve que os trocar a 2 voltas do final.

 

Em 4º chegou o Massa. ‘Miojinho’, depois que recebeu o aviso prévio do departamento de RH da Ferrari, resolveu voltar a acelerar. Sua primeira volta foi de encher os olhos, e quando Vettel foi para seu 1º pit stop até voltou a liderar uma corrida. O problema dele, no entanto, continua o mesmo: sozinho anda que é uma beleza, mas se tiver alguém na frente perde muito tempo nas ultrapassagens, até devido à falta de velocidade máxima nas retas do carro da Ferrari. O resultado foi melhor que o seu 6º lugar habitual, mas aí lembramos que o Webber abandonou e o Alonso terminou lá atrás, e chegamos ao 6º lugar padrão... Alonso (11º) apareceu com um capacete comemorativo de gosto duvidoso (comemorar recorde de pontos marcados quando o regulamento atual prevê 25 pontos para o vencedor ao invés dos 10, 9 ou até 8 que o vencedor já levou é muito estranho para mim), envolveu-se num toque com o Webber na primeira curva, foi trocar o bico do carro e batalhou muito no pelotão do fundo com um carro desestabilizado pelo toque. Cheguei a ficar com pena de o ver sendo ultrapassado, a certa altura da corrida, pelo Gutiérrez.

 

Em 5º terminou o Pérez, outro que ninguém está dando como garantido para o ano que vem. Essa foi sua melhor posição de chegada no ano, e o fez com uma bela ultrapassagem sobre Räikkönen e Hamilton ao mesmo tempo. De vez em quando o alinhamento planetário coopera... seu companheiro Button (14º), por sua vez, teve um daqueles dias em que tudo dá errado, tendo sido alvejado pelo Alonso na 4ª curva e danificados o carro e a roda. Um dia para esquecer.

 

Em 8º e 9º chegaram os carros da Force India, respectivamente Di Resta e Sutil. Aproveitaram bem a força do motor Mercedes e estavam difíceis de serem ultrapassados, mesmo quando o oponente se utilizava da asa móvel (Di Resta teve a 3ª mais alta velocidade máxima registrada na reta).

 

Fechando a zona de pontuação, em 10º, chegou o substituto do Webber em 2014, Ricciardo. Por conta da estratégia de pneus, chegou em certo momento a estar em 3º na corrida, depois foi caindo de rendimento. Seu companheiro Vergne (13º) praticamente não apareceu na transmissão.

 

Próxima corrida, domingo que vem, em Abu Dhabi. Pode dormir até mais tarde que a corrida só começa às 11h da manhã.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini