Vettel, Dixon, Heliocas e o caso mal resolvido de Rubinho. Print
Written by Administrator   
Sunday, 06 October 2013 23:18

A semana foi recheada de boatos fúteis que só serviram de alarme falso para os fãs e para alimentar a seção de esportes dos jornais europeus. É como eu venho dizendo: A Fórmula 1 anda sofrendo do mal da falta de assuntos, falta do que comentar. Reflexo do domínio absoluto imposto pelo alemão Sebastian Vettel à temporada de 2013. O alemão está impossível. Das últimas seis corridas (Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Cingapura e Coréia) ele venceu cinco, exceção feita à Hungria, em que Lewis Hamilton levou a vitória.

 

Aliás, muito se falou a respeito da suposta trapaça no RB9 de Sebastian. A suspeita, originalmente levantada por Giancarlo Minardi, agregou muitos. Foi dito que a Red Bull estaria simulando os efeitos do difusor soprado, utilizado pela equipe austríaca em 2011 e abolido no ano seguinte, e que estaria com um controle de tração ligado. Na última coluna que fiz para, porém, eu não tinha dito nada. Agora que tanto Vettel quanto Christian Horner, chefe da equipe, já tiraram um sarro da coisa, cá venho eu para tirar uma casquinha disso.

 

Horner disse: "Você seria bastante estúpido ao introduzir um controle de tração num carro que é governado por ECU simples, que é escrupulosamente fiscalizado pela FIA. Então, não consigo imaginar alguma equipe no pitlane fazendo isso." Horner ainda disse: "Acho que o problema é que a performance de Sebastian foi muito dominante em Cingapura. Isso inexoravelmente levanta questões de como isso é possível."

 

Vettel, por sua vez, foi sarcástico. "Whilst there's a lot of people hanging their balls in the pool on Fridays, we're still working very hard and pushing very hard so that we have a strong race.", disse o alemão sobre as suspeitas. Nico Rosberg ficou puto da cara e disse: "Vettel deveria parar de se preocupar com as minhas e se preocupar com as dele. Esse tipo de comentários só vai trazer consequências ruins para ele mesmo". Rosberg: fica na tua. Depois, após as práticas de sexta, tendo ficado atrás de Lewis Hamilton, ele foi questionado se havia espaço para melhorar na classificação. "É claro que há espaço. É só ligar o controle de tração". Pronto. Eis a preocupação de Vettel com as suspeitas.

 

Fernando Alonso também saiu em defesa da Red Bull. "Eles tem, sim, algo diferente de nós, mas dentro das regras."

 

E vamos combinar: Uma hora, esse tipo de suspeitas iria encher o saco.

 

Mas voltemos a falar da falta de assunto na F1: Isso trouxe à tona boatos que Rubens Barrichello estaria conversando com a Sauber para correr em 2014, como tutor em potencial para o russo Sergey Sirotkin. Os boatos chegaram até Monisha Kaltenborn, que, depois, desfez a esperança de Rubens e dos milhares de fãs. "Nunca conversamos sobre uma vaga de piloto". Nunca que Rubens esteve nos planos da Sauber ou de quaisquer equipes para 2014 na categoria. Rubinho quer a todo custo estar lá em 2014, mas ninguém o quer mais. 

 

Fosse eu, depois de tantas portas batidas na cara com essa idade nessa categoria, hoje mais esnobe que nunca, já teria jogado a toalha e ir fazer carreira ali pela Europa, talvez num DTM ou num WEC, com muita competitividade e gente que realmente poderia me querer e pagar um salário por mim. Rubens não pensa assim. Ele ainda acha, do alto de seus 41 anos, que a Fórmula 1 pode querê-lo. Não. Não quer. Acho que falta um comunicado oficial de Bernie Ecclestone para Barrichello neste sentido. Como diz a propaganda comercial da OLX: Desapega.

 

Quanto à corrida da Coréia, acho que não falarei muito. Senão, vejamos: Sebastian Vettel alçou sua oitava vitória no ano em Yeongam, a quarta seguida e a 34ª na carreira. Foi aquela vitória ao melhor estilo Vettel: Largou na pole e sumiu. Foi barbada. Venceu, fez a volta mais veloz da corrida e ainda liderou todas as voltas. Foi o quarto “grand chelem” do alemão e o segundo consecutivo (Vettel também havia conseguido um em Cingapura). Para que se tenha uma ideia, só dois pilotos antes dele tinham conseguido dois consecutivos: Jim Clark e Alberto Ascari. Ele já pode ser campeão em Suzuka, mas é difícil: Precisa vencer e Alonso chegar apenas em nono. É difícil, pois o espanhol vem se matando a bordo de uma limitadíssima Ferrari para conseguir, constantemente, alguns podiums e posições entre os primeiros. Mas pode acontecer. 

 

Por outro lado, seu companheiro, Mark Webber, em fim de carreira (vai para o WEC, coisa que Galvão Bueno irritantemente não cita - claro, não vai vender outro peixe que não o dele), passa por um momento caótico: Foi seu segundo abandono consecutivo por problemas na Red Bull. O australiano teve um entrevero com Adrian Sutil no retão e passou reto. Mas por ali ficou. A Red Bull pegou fogo. Vale destacar a ineficiência dos bombeiros para apagar o fogo na Red Bull. 

 

#MomentoMontoya: Amanhã, no almoço, teremos churrasquinho de touro na brasa, by Marcos Veber. Servidos?

 

Kimi Raikkonen, que tem comido muito tatu, fez uma classificação fraca e fez apenas a décima colocação. Porém, na corrida, fez mais uma recuperação extraordinária para chegar numa excelente segunda posição. Seu companheiro, o francês Romain Grosjean, foi o terceiro, em uma atuação muito boa. O francês, a bem da verdade, evoluiu bastante. Além de agressivo, agora o francês está mais consciente de seu potencial de fazer besteiras e anda mais regrado. Não lembra mais o "maluco das primeiras voltas".

 

Parágrafo especial para a belíssima atuação de Nico Hulkenberg, da Sauber. E da própria equipe helvética: Foi a terceira vez consecutiva do alemão nos pontos, e ele repetiu seu melhor resultado na carreira, um quarto lugar. E sabe quem ele teve de segurar nas voltas finais para garantir esse quarto posto? Pouquinha coisa. Só Lewis Hamilton e Fernando Alonso. Esse rapaz é rápido. Muito, muito, muito rápido. Um cara como ele não tem que ficar na Fórmula 1 mendigando por alguém que o queira. Seu talento é mal-aproveitado. Merecia um lugar ali numa boa equipe, que não dependa o tempo todo de pagantes para estender uma sobrevida. Poderia fazer que nem o Kamui Kobayashi e o Bruno Senna: Ir para o WEC e ganhar para correr por vitórias. F1 é pra quem quer ser esnobado. Incrível Hulk, a Fórmula Um não te merece.

 

E Felipe Massa fez uma corrida fraca. Depois de um erro e uma rodada na primeira volta, em que quase acabou com a corrida de seu companheiro de equipe, com a faca entre os dentes e em grande fase, ele fez uma corrida de recuperação para chegar em... Nono. Olha, vou ser sincero: Para quem está atrás de um cockpit pra sentar no ano que vem, Massa não pode se dar o luxo de cometer erros toscos como este. Ainda mais porque ele precisa justificar porque é a melhor opção. Aos olhos da Lotus, por exemplo, Hulkenberg brilhou hoje. E as comparações que o sr. narrador da Rede Globo de Televisão insiste em fazer entre o brasileiro e Fernando Alonso? Ninguém merece, coleguinhas.

 

Agora vamos falar da corrida mais maluca do fim de semana? Vamos? Vamos. Adianto que me refiro ao GP de Houston de Fórmula Indy (pelo menos entre os monopostos). Mas antes, só uma coisa, uma notícia maravilhosa de se ouvir aos ouvidos do torcedor brasileiro: Se alguém ainda não sabia, Tony Kanaan, atual campeão das 500 Milhas de Indianápolis, já está de contrato assinado para sentar no cockpit da Ganassi no ano que vem. Nada mais justo para o brasileiro do que uma chance numa equipe grande, onde ele terá condições de brigar por vitórias. Além do mais, a Ganassi usará os propulsores da Chevrolet no ano que vem. Toda a sorte do mundo para você no ano que vem, Antoine!

 

Vamos às corridas. Não pude ver a race one por razões de "não tenho parabólica de TV fechada por assinatura", e a Band não transmite as corridas de sábado da Indy. Mas sei do que houve: Scott Dixon ganhou e Helio Castroneves, com problemas e muitas voltas atrás, chegou em 18º. "Não merece mais o título", pensei. A race two só veio para confirmar minhas expectativas. Verdade seja dita: Os problemas tidos por Castroneves nesta corrida não se deveram ao piloto, mas às ondulações da pista, terrivelmente irregular, que criaram uma nova unidade no SI: V/v (Vítimas por volta). O que se viu de pedaço de carro pela pista hoje, não foi brincadeira, não. Castroneves teve o azar de quebrar o câmbio e a necessidade de passar mais de 20 voltas nos boxes para consertar isso. O pior fim de semana da carreira do brasileiro. Entrou com 47 pontos à frente de Dixon, confere? Não lembro. O que sei é que saiu 26 atrás.

 

Fato inconteste é que Scott Dixon, de fato, merece mais. Venceu quando tinha que vencer, e quando a sorte tinha que lhe sorrir, sorriu. Já Heliocas já vinha apático há várias corridas, bastante contido, com a pressão maior sobre seus ombros, de estar lutando contra um cara que já foi campeão e que tem muito menos a perder, mas que está com a bola cheia para vencer, que é o neozelandês. Scott, aliás, tem cinco vitórias no ano, contra uma de Hélio. Vai para a Califórnia com as melhores chances de emplacar um tricampeonato (ele já tinha sido campeão em 2003 e 2008), justamente 10 anos depois de sua primeira conquista de campeonato da Indy. Para piorar o final de semana brazuca, Tony Kanaan encontrou o muro e abandonou.

 

Will Power fez sua parte. Uma corrida inteligente, seguindo Dixon de perto e, quando teve a chance, em uma das relargadas, pressionou e passou o neozelandês. Trabalhou para Hélio e para a Penske, sem o peso da luta pelo título sobre si, e venceu sem alarde. Dixon ainda tentou botar pressão no final, mas não deu. Pensou mais no campeonato (do qual sairia líder com margens) e em conservar seu carro, pois uma disputa com o australiano poderia acarretar problemas para seu carro em termos de temperatura. Em terceiro, doidinho para que rolasse algum entrevero entre os dois, ficou James Hinchcliffe, que trouxe com ele Justin Wilson e Sebastian Bourdais para completar o TOP-5. 

 

A corrida foi marcada ainda por um fortíssimo acidente na última volta. Takuma Sato, da Foyt, pegou uma das ondulações e acabou escorregando para a linha em que vinha Dario Franchitti. Resultado: Batida fortíssima que também envolveu EJ Viso, da Andretti. A preocupação foi sobre o estado de saúde de Dario e dos torcedores, pois o carro da Ganassi quase invadiu o alambrado. Dario está bem, seu estado não é grave, mas o escocês fraturou duas vértebras e o tornozelo direito. Sofreu uma concussão. Porém, está bem e não precisará de cirurgia. Passará a noite sob observação. A tensão, porém, tomou conta da categoria e de seu público durante alguns minutos, sintoma do acidente de Dan Wheldon, há dois anos. Não esquecemos.

 

É isso. Abraços, galera!

 

Antônio de Pádua