E o ano começou nas pistas Print
Written by Administrator   
Sunday, 28 January 2018 22:26

Olá leitores!

 

Retornando de curtas porém bem aproveitadas férias (a parte da viagem para Curitiba só não foi perfeita pois não consegui tempo de ir conhecer o autódromo e na visita a um dos belos parques da cidade esse vosso escriba esqueceu de tomar banho de repelente e quase foi devorado pelos “borrachudos”, um dos mosquitos mais chatos que a Mãe Natureza já criou, mas valeu muito ter ido tomar cerveja com o Capitão – não, não sou fã da histórica bebida dos mares, o rum – e dos 7 dias em Itanhaém consegui 6 de sol e praia, então posso dizer que aproveitei bastante), e eis que já encontro duas tradicionalíssimas competições, além do começo dos treinos pré-temporada da MotoGP.

 

Vamos por partes, então: o histórico Rali de Monte Carlo começou com um vencedor já velho conhecido, afinal Sébastien Ogier conquistou com seu Ford Fiesta sua 5ª vitória nas estreitas e sinuosas estradas ao redor do Principado de Mônaco, quase 1 minuto à frente do primeiro Toyota Yaris, pilotado por Ott Tänak, e quase 2 minutos à frente do Toyota que fechou o pódio, nas mãos de Jari-Matti Latvala. Não me estenderei muito pois os especialistas da coluna “Pé no Porão” já comentaram melhor e com mais profundidade sobre o assunto, mas devo ressaltar que Ogier demonstrou que não é pentacampeão apenas por ter tido por 4 anos um equipamento quase imbatível da VW e ter feito uma ótima temporada ano passado, ele construiu sua vitória não apenas com o acelerador mas com a cabeça também, evitando se arriscar nos trechos em que tinha o famigerado “black ice” (explicando para os brasileiros, que nunca viram isso por aqui: é quando a camada de gelo na estrada é fina o suficiente para não ser vista pelo piloto, mas grossa o suficiente para fazer o carro deslizar como se estivesse sobre um sabonete molhado), ao passo que seus rivais perdiam tempo com saídas de pista e furos de pneus. Cometeu apenas um erro, na sexta-feira, mas que não foi suficiente para perder a liderança conquistada na quinta-feira.

 

Neste final de semana tivemos também uma empolgante edição das 24 Horas de Daytona, prova de abertura do campeonato da IMSA e outra competição com décadas de tradição, e com vitória de brasileiro: Christian Fittipaldi, que agora apenas participará das provas de longa duração do campeonato, participou com destaque da equipe (além dele, o carro foi pilotado por Filipe Albuquerque e João Barbosa) que levou o Cadillac DPi #5 à vitória com folga para o 2º colocado, o Cadillac DPi #31 de Mike Conway, Eric Curran, Stuart Middleton e Felipe Nasr. O carro de Nasr participou ativamente da luta pela vitória, mas problemas de superaquecimento na manhã do domingo obrigaram a equipe a recolher o carro para a garagem, consertar e colocar ele de volta à pista, e com isso perderam 3 voltas, que com muito esforço dos pilotos (e a postura conservadora da equipe vencedora para levar o carro sem problemas até a linha de chegada) foi significativamente reduzida, mas ainda assim cruzaram a bandeirada final pouco mais de 1 minuto atrás dos líderes. Completando o pódio da categoria Protótipos, o ORECA LMP2 #54 de Jonathan Bennett, Colin Braun, Romain Dumas e Loïc Duval, quarteto que levou o carro “no colo” a corrida toda e foi recompensado pela regularidade e capacidade de andar rápido sem forçar o equipamento. Bruno Senna também participou da prova, terminando em 4º lugar com o Ligier LMP2 #32 que dividiu com Hugo de Sadeler, Paul di Resta e Will Owen, 4 voltas atrás dos líderes. O Acura DPi #7 de Hélio Castroneves, Graham Rahal e Ricky Taylor enfrentou diversos problemas mecânicos e finalizou apenas em 9º na geral, mas ainda à frente do outro carro da equipe Penske, que terminou em 10º. Na GTLM, dobradinha dos Ford GT (1º e 2º), com um Corvette C7R em 3º, pódio completamente “american iron”. Na estreia do carro na categoria GTLM, o BMW M8 (belíssimo, por sinal) pilotado por Augusto Farfus, John Edwards, Jesse Krohn e Nicky Catsburg terminou em um bom 7º lugar na categoria, sem apresentar problemas mecânicos durante as 24 horas da prova. Já na categoria GTD, nada de produtos americanos no pódio: em 1º e 3º chegaram os Lamborghini Huracan GT3, separados por um Acura NSX GT3. O Lexus RC F GT3 de Bruno Junqueira teve diversos problemas e acabou apenas na 15ª posição na GTD, mesmo caso da Ferrari 488 GT3 onde estava Daniel Serra, 21º na GTD. Daniel Serra, enquanto o carro permitiu, andou muito rápido, o rapaz efetivamente está em grande forma, pena que o equipamento não cooperou. Quem também enfrentou muitos problemas, no caso de freios, foi o carro no qual estava a grande sensação da prova, Fernando Alonso, que acabou 90 voltas atrás do líder, em um modesto 38º lugar.

 

Este final de semana começaram os treinos coletivos pré-temporada da MotoGP, com “Il Dottore” Valentino Rossi apontando onde pode melhorar o equipamento mas contente com o desempenho da moto Yamaha – o mesmo acontecendo com Viñalez, com a Honda experimentando em uma das motos sua versão daquela carenagem estranha (porém consta que aerodinamicamente eficiente...) da Ducati, e com um sinal – para esse vosso escriba – que a Ducati tem que ficar muito atenta: a moto para 2018 foi muito elogiada num teste privado pelo “piloto de testes de luxo” Casey Stoner. Lembrando que Stoner foi um excelente piloto e que foi o ÚNICO, por muitos anos, a “entender” o estilo de pilotagem requerido pelas máquinas italianas, pode ser um sinal que a moto foi feita “ao estilo do Stoner”, ou seja, qualquer outro piloto pode ter muita, mas muita mesmo, dificuldade em conseguir alcançar desempenho semelhante (nem digo igual) da moto. Eu teria ligado as sirenes de alerte no “Reparto Corse” da fábrica, mas... vamos aguardar novos testes, torço para estar redondamente enganado. Ao menos no primeiro dia, Dovizioso comemorou que a moto melhorou nas entradas de curva, mantendo-se semelhante à do ano passado no restante. Lorenzo, por sua vez, gostou bastante.

 

E uma data triste: em 28 de janeiro completam 80 anos da morte de um dos grandes gênios do volante, Bernd Rosemeyer, em uma tentativa de recorde de velocidade na autoestrada entre Darmstadt e Frankfurt (onde, por sinal, até hoje existe um monumento no lugar em que o piloto foi encontrado) que deu errado quando problemas aerodinâmicos fizeram a leve carroceria do Auto Union V-16 Type C se desprender do chassis, levando à perda do controle do carro a mais de 400 km/h... atingir essa velocidade com os pneus estreitos disponíveis em 1938 era sinal de muita, mas muita coragem MESMO...

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini