Um final de semana de tradição e velocidade Print
Written by Administrator   
Sunday, 28 May 2017 23:39

Olá leitores!

 

Que final de semana para o apaixonado por velocidade!! Teve prova de 24 Horas no Nürburgring Nordschleife, F-1 em Mônaco, 500 milhas de Indianapolis... e até o horário de fechamento da coluna ainda não tinha terminado a prova de 600 milhas de Charlotte, pela NASCAR.

 

Em Mônaco tivemos a quebra de um grande jejum: desde 2001 que a equipe Ferrari não vencia no Principado, ainda pelas mãos de Michael Schumacher, e dessa vez tudo deu certo para a equipe de Maranello, afinal o pódio teve dobradinha da “Rossa” e a Mercedes teve um resultado bem abaixo daquele normalmente apresentado.

 

Vitória de Sebastian Vettel, que abriu 25 pontos para seu principal rival Hamilton, e embora o piloto e a equipe jurem de pés juntos que não houve “armação” para que o alemão terminasse na frente do pole position, seu companheiro finlandês Kimi Räikkönen (2º colocado), a verdade é que a estratégia de parada foi tão, mas tão diferente, que fica meio difícil de acreditar – até pelo histórico da Ferrari. Kimi foi estupendo na classificação, largou muito bem, e vinha se mantendo consistentemente à frente do Sebastian, até que trocou os pneus ultramacios pelos supermacios... e consequentemente perdeu um pouco de velocidade. Tanto que o Räikkönen não ficou nem um pouquinho satisfeito com o segundo lugar. Enfim, coisa para o Arrivabene administrar depois, até porquê apesar dos seus detratores, o Kimi está mostrando mais “serviço” esse ano do que ano passado...

 

Em 3º chegou Daniel Ricciardo, com um desempenho realmente muito bom a corrida toda, conseguindo ultrapassar Max e Bottas na base da estratégia (e de voltas muito rápidas depois que a dupla supracitada parou para troca de pneus) e realmente mereceu a posição no pódio. Se o motor Renault fosse um pouco melhor, acho que poderia ter incomodado as Ferrari. Teve sorte do toque no guard-rail após a relargada do acidente do Wehrlein não ter danificado a suspensão. Seu companheiro Max Verstappen (5º) não ficou exatamente feliz de terminar nessa posição, mas não teve nenhuma chance real de ultrapassar Bottas – até porquê com os carros do ano passado a pista já era estreita, com os carros 20 cm mais largos esse ano a tarefa ficou mais inglória ainda...

 

Em 4º chegou Valtteri Bottas, arrancando o que podia de desempenho de um Mercedes que nunca esteve exatamente à vontade na extremamente travada pista de rua monegasca. Correram notícias que essa desvantagem toda perante a Ferrari se deve ao entreeixos 5 cm mais longo do carro alemão, que isso atrapalharia o desempenho em curvas de raio curto, mas sinceramente a diferença é muito pequena para dar essa diferença toda. Simplesmente o acerto ideal não foi encontrado, mais fácil e mais honesto dizer isso... seu companheiro Lewis Hamilton (7º) já começou a ter seu final de semana prejudicado quando na classificação não conseguiu passar para o Q3 e largou em 13º, mas durante a corrida soube utilizar a estratégia escolhida pela equipe para galgar posições, e antes da troca obrigatória de pneus chegou a estar em 6º lugar. Não foi bom, mas poderia ter sido bem pior...

 

Em 6º chegou Carlos Sainz Jr., em uma grande apresentação para a equipe Toro Rosso, o filho da lenda do rali foi bem na classificação e melhor ainda durante a corrida, fazendo uma apresentação sem erro. Estupendo. Seu companheiro Daniil Kvyat (15º) estava fazendo uma corrida discreta mas na zona de pontuação até ser alvejado por Pérez, que tentou encontrar um espaço onde não existia (por dentro na Rascasse...) e tirou o russo do caminho – literalmente.

 

Em 8º terminou Romain Grosjean, que aos poucos vai se entendendo com o carro da Haas e dessa vez conseguiu se manter longe das encrencas da corrida, extraindo um resultado bom para o patamar de desenvolvimento que o carro se encontra perante à concorrência. Seu companheiro Kevin Magnussen chegou em 10º, primeira vez que conseguem levar os dois carros da equipe à zona de pontuação – o que evidentemente deve ter provocado comemorações entre mecânicos e engenheiros do time norte-americano.

 

Em 9º terminou Felipe Massa, que conseguiu salvar 2 pontinhos para a equipe apesar de reclamar de problemas nos freios desde o início da prova – e convenhamos, se existe um lugar no mínimo desagradável para ter problemas com freios, esse lugar é Mônaco. Em Monza também é muito ruim, mas lá ao menos tem área de escape, coisa que quase não existe em Mônaco. Seu companheiro Lance Stroll (14º) quase conseguiu terminar a prova (o que no caso dele seria um grande feito) mas o carro começou a apresentar problemas e a menos de 10 voltas para o final a equipe achou por bem pedir que ele parasse antes que piorasse a situação. Eu me surpreendi, achei que ele bateria em algum muro até no máximo a 20ª volta.

 

O grupo americano que controla a categoria teve uma idéia genial: colocou Fernando Alonso para conversar rapidamente com seu substituto nessa corrida, Jenson Button, via rádio. Alonso pediu para Button cuidar bem do carro dele, ao que o inglês respondeu rindo que iria urinar dentro do carro... não sei se ele fez o “número 1” dentro do carro, mas na pista definitivamente ele fez um “número 2” ao forçar a passagem sobre Pascal Wehrlein na curva que dá acesso à entrada do túnel, tocar a roda dianteira esquerda na traseira direita do alemão e o fazer virar de forma a ficar apoiado com o santantônio na barreira de pneus... a imagem foi assustadora, e ainda bem que não teve qualquer consequência física para Pascal.

 

E Alonso tinha chances reais de conseguir o feito histórico de vencer as 500 Milhas de Indianapolis, mas claro que o motor Honda tinha que quebrar a poucas voltas do final. Aliás, os Honda se mostraram muito velozes no superspeedway mas não necessariamente confiáveis, já que Alonso não foi o único a abandonar por esse problema. Quem teve um senhor de um susto foi Scott Dixon, que não conseguiu desviar do retardatário Jay Howard, que tinha batido no muro e cruzava a pista no momento, acertou o carro do Jay e decolou em direção ao alambrado da parte interna da pista. Como a sorte estava ao lado dele, ele aterrissou sobre a mureta de proteção de lado, não de ponta cabeça (se fosse assim os danos seriam terríveis) e o carro terminou de se despedaçar. Para grande alívio geral, ele saiu andando do carro, o que apenas ressalta a enorme evolução dos carros em termos de segurança nos últimos anos. 30 anos atrás uma capotagem daquelas era morte certa. E se o brasileiro Hélio Castroneves esteve perto de conseguir seu 4º anel de vencedor em Indianapolis, quem terá seu rosto eternizado no Troféu Borg-Warner será Takuma Sato, um dos poucos motores Honda que não quebrou e andou bem até o final. Hélio bem que tentou, mas a velocidade de Sato era realmente impressionante, e depois que foi ultrapassado a 3 voltas do final não teve chances de encostar para tentar nova ultrapassagem. Vitória merecida para Takuma, que pilotou muito bem e não deu chance para os adversários.

 

Entre sábado e domingo tivemos uma competição das mais interessantes na Alemanha, as 24 Horas de Nürburgring, apenas para carros de turismo, e não necessariamente carros novos – um dos participantes era um Opel Manta do comecinho dos anos 80. Aliás, com mais de 150 carros largando, tinha de tudo: dos básicos e previsíveis Porsche, Audi e BMW categoria GT3 até carros como Toyota Corolla (dois, de uma equipe tailandesa), o já citado Opel Manta, BMW diesel, VW Golf GTI de 3ª geração (aquela que começou a vir para o Brasil importada do México, antes da produção ser nacionalizada com a 4ª geração), entre outros. Uma grande festa do esporte a motor. A vitória na classificação geral ficou com um Audi R8 LMS, seguido por um BMW M6 GT3 em 2º e outro Audi em 3º. O brasileiro Augusto Farfus estava inscrito pela equipe Schnitzer em 2 carros, um deles (#43) sofreu um acidente e teve de abandonar, mas o outro (#42) terminou a prova em 4º lugar, o que é definitivamente um resultado a ser comemorado.

 

E aqui no Brasil tivemos em Goiânia a rodada dupla de abertura da Copa Truck, categoria (por enquanto) de âmbito regional que foi formada como uma dissidência da Fórmula Truck. A bem da verdade, a categoria iniciante começa com muito mais caminhões que as primeiras etapas da Fórmula Truck apresentaram, além dos maiores pilotos de “brutos”. A primeira prova foi vencida por Roberval Andrade (Iveco), seguido por Danilo Dirani (Iveco) em 2º, Débora Rodrigues (VW) em 3º, Régis Boessio (Volvo) em 4º e Roberto Martins (VW) fechando o pódio em 5º lugar. Na segunda prova, vitória assertiva de Beto Monteiro (Iveco), seguido por Régis Boessio em 2º, David Muffato (VW) em 3º, Débora Rodrigues em 4º e Roberval Andrade fechando o pódio. Próxima etapa, 11/06 em Campo Grande.

 

Como disse, até o horário de fechamento não tinha terminado a Coke 600 em Charlotte (até devido ao fato da prova ter sido interrompida por conta da chuva), mas a categoria merece ser lembrada pela genialidade. Essa segunda-feira (última segunda-feira de maio) é um dos mais importantes feriados norte-americanos, o Memorial Day, onde eles reverenciam os seus mortos nas guerras das quais o país participou. E os pilotos correram com o nome de algum militar morto na “testeira” do para-brisas, onde fica o nome do próprio piloto. Pode-se criticar os norte-americanos por uma série de motivos, mas não por não saberem cultuar a memória.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini