A Retrospectiva Internacional Print
Written by Administrator   
Sunday, 27 December 2015 23:10

Olá leitores!

 

Continuando com a retrospectiva 2015, dessa vez a internacional. E já comecemos com aquela que ainda é a categoria rainha do automobilismo internacional, a Fórmula 1. Categoria que teve a temporada mais chata, mais enfastiante, que eu me lembro desde que comecei a acompanhar a categoria ainda criança junto com meu finado pai, ainda nos anos 70. A coisa foi tão errada, mas tão errada, que pistas que fazem corridas chatas fizeram provas interessantes e pistas que fazem corridas interessantes fizeram corridas chatas. E pelo menos metade das provas interessantes tiveram cooperação de São Pedro, o que já inviabiliza uma comparação mais profunda com os anos anteriores – ou ao menos com o ano passado, com o mesmo regulamento. Parece que em 2017, se nada mudar nos lados da Place de la Concorde e na cabeça do Titio Bernie, teremos mais mudanças significativas no regulamento... aí será a vez de outra equipe dominar dramaticamente o campeonato como a Mercedes vem fazendo nos dois últimos anos, pois a limitação draconiana de testes faz com que a equipe que acertou o carro para aquela mudança de regulamento fique quase sem concorrência alguma, afinal os adversários não podem testar para desenvolver o carro para a alcançar.

 

Ridículo, mas foi a solução que encontraram para “reduzir os custos”... alguém já pensou na grana animalesca gasta para desenvolver esses sistemas de recuperação de energia? E alguém realmente acha que esses sistemas que estão sendo usados na F-1 são vagamente parecidos com aqueles usados nos Prius e outros carros que vêm de fábrica com a etiqueta “hybrid” na traseira? Vamos ser sinceros, qual a probabilidade de se colocar em um carro de rua um sistema que recupera energia do turbocompressor? Ou usar esse freio traseiro eletrônico que a categoria adotou? Uma coisa é um freio de estacionamento eletrônico, outra completamente diferente é um freio “normal” com esse tipo de acionamento. Enfim, precisavam achar um meio de agradar àqueles que odeiam automóveis e automobilismo, e que por isso mesmo não deveriam ser levados em consideração na hora de definir o regulamento. O resultado tivemos esse ano.

 

Dentro da pista, vitória fácil do Lewis Hamilton, já que seu único adversário (o próprio companheiro de equipe) estava com a cabeça na gravidez da esposa, depois no filhote, e começou a andar só depois que o campeonato já estava decidido... muito estranho, parece coisa com o dedinho do almofadinha engravatadinho chamado Toto Wolff, aquele que no final da temporada ficou estressadinho com o clima estranho entre os dois pilotos da equipe. Gostaria muito de ver essa figura sendo chefe de equipe de pilotos como Lauda, Piquet pai, Mansell... levaria um dedo médio na cara rapidinho. A Ferrari melhorou com a chegada do Vettel, e a Williams que ano passado prometia ameaçar a Mercedes andou para trás e não repetiu o bom carro do ano passado.

 

E o enorme fiasco do ano (também culpa do ridículo regulamento de motores) ficou por conta dos Honda que equiparam a McLaren, que deu muita sorte de ter ficado à frente da equipe de GP2, ops, da Marussia-Manor. Outro clamoroso fracasso foi a Sauber, que até fez um carro bom, mas que na tentativa de “leiloar” suas vagas chegou a ter 6 pilotos com contrato para 2 vagas... e bastou um dos preteridos ir à justiça europeia para requerer seus direitos que aquele dinheiro do leilão que seria usado para desenvolver o carro fosse para pagar indenização para o Van Der Garde. OK, já ouvi gente dizer que se a Monisha não fizesse isso não teria dinheiro para começar a temporada, mas... não era mais fácil anunciar logo o leilão? Enfim, o carro começou bem, mas não foi desenvolvido até quase o final da temporada, o que praticamente anulou as chances dos pilotos pontuarem na segunda metade da temporada. Agora é torcer para 2016 ser melhor, e que as mudanças previstas para 2017 funcionem – o que não aposto um único Real nisso, mas enfim, fica a torcida.

 

Mantendo-me nos monopostos mas cruzando o Atlântico, a Indy seguiu bem a escrita dos esportes norte-americanos: muitas etapas encavaladas umas nas outras, e temporada terminando cedo. Admito que para mim o resultado foi surpreendente, afinal Montoyucho liderou a temporada inteira, e perdeu o título na última prova... grande decepção para o colombiano (aliás, que fase, hein Colômbia? Perdeu no finalzinho na Indy, no concurso de miss... muitos maus fluidos aí pelos lados dos Andes), mas devemos todos reconhecer o talento do Scott Dixon e da equipe Ganassi, que veio comendo o mingau pelas beiradas e na última prova fez o que tinha de fazer. Nota triste a morte do talentoso Justin Wilson, mas é aquela coisa, não dá para prever o imponderável: a probabilidade estatística de uma peça de outro carro se soltar e acertar a sua cabeça com seu carro em movimento é ridícula, ainda mais uma peça pesada, mas aconteceu. Ficamos todos tristes com uma morte desse jeito, mas é o tipo de coisa que não tem muito como evitar. A ideia tão falada de uma cobertura no cockpit esbarra na saída do piloto do carro em caso de capotamento – esse sim muito mais fácil de acontecer que uma peça voadora acertar a cabeça do cidadão. Enfim, felizmente os carros estão seguros em caso de capotamento, testes empíricos feitos em Indianapolis, onde os kits aerodinâmicos para superspeedways deram uns sustos nos pilotos (Helinho que o diga...), mas todos saíram andando do carro.

 

Ainda nos EUA, que campeonato o da NASCAR!! Tem o pessoal que acha que aquilo lá não tem graça, que fazer curva só para a esquerda é fácil, um monte de bobagens, mas a temporada foi emocionante como poucas vezes se tem. Começou como um “canto do cisne”, afinal desde o começo do ano Jeff Gordon, quatro vezes campeão e um dos pilotos com maior fã clube, anunciou que seria sua temporada de despedida. Também começou com uma ausência, já que o Kyle Busch (aquele que se deixar corre nas 3 categorias no mesmo final de semana) se acidentou na prova de abertura da Xfinity Series em Daytona e perdeu 11 corridas na categoria principal por conta da quebra de osso da perna, cirurgia, recuperação, e pouquíssima gente acharia que ele poderia chegar ao Chase.

 

E tivemos aquela que eu considero uma das mais injustas punições aplicadas a um piloto: Matt Kenseth, após ser prejudicado claramente pelo Joey Logano (talvez o piloto hoje em dia que dentro da pista mais se aproxime da definição que o Émerson dava sobre o Regazzoni) e sair do Chase, resolveu dar o troco na lenta Martinsville e jogou o carro sobre Logano, recebendo um “gancho” de 2 corridas por fazer às claras o que Logano faz de maneira dissimulada com os outros pilotos. Enfim, é o politicamente correto chegando até na NASCAR. E no final da temporada, a principal disputa nas voltas finais da última corrida era entre o tetracampeão que queria se despedir com mais um título e o piloto que perdeu 11 corridas e ainda assim tinha chances de conquistar seu primeiro título. Campeonato mais do que merecido para Kyle Busch e a Toyota, superaram todas as dificuldades e chegaram lá.

 

Voltando para o outro lado do Atlântico, o WRC teve mais um ano de domínio absoluto da VW, mais um título do Sébastien Ogier, em uma categoria que já foi muito mais interessante quando existia o envolvimento oficial de pelo menos 4 fábricas com equipes oficiais... hoje existe a VW (dominante), a Citroën (perdida no desenvolvimento) e a Hyundai tentando aprender como andar ao menos junto dos carros semi-oficiais da Ford. E sim, a categoria está chata, mais uma vez por conta de cartolas mexendo nos regulamentos para agradar interesses que não os do público e das fábricas que fazem o espetáculo. Tanto que a Citroën avisou que vai se afastar para desenvolver melhor o carro para o novo regulamento que entra em 2017.

 

Mesma sina sofre o WTCC, só que lá a Citroën faz o papel de dominação absoluta (e chata) da VW, com o bicampeonato do José Maria “Pechito” López, talentoso argentino que vem se sobressaindo aos seus competentíssimos companheiros de equipe. Mas é isso, frequentemente os 3 lugares do pódio são da Citroën, o que com certeza afasta o público, os patrocinadores e o interesse pela categoria. Mudando o regulamento do WRC, provavelmente venham grandes mudanças para o WTCC também em 2017, portanto esperemos algo melhor apenas para esse ano.

 

Na recém criada categoria de elétricos, a Fórmula E, o primeiro campeão foi o brasileiro Nelsinho Piquet, com todos os méritos, afinal pilotou muito e conseguiu entender melhor que os outros o formato das competições. Parabéns!

 

No WEC, campeonato para a Porsche, com o carro #17 pilotado pelo trio Bernhardt, Hartley e Webber (sim, aquele que saiu da F-1...) sobre os Toyota (que não repetiram o bom desempenho de 2014) e os Audi (que vão bem em Le Mans, mas não encaram os concorrentes nas outras provas). Porsche campeã de Endurance, parece uma volta aos anos 70 e 80... que bom! O WEC, por sinal, tem propostas de veículos híbridos muito mais utilizáveis no “mundo real” que a F-1. Talvez por isso o Tio Bernie esteja louquinho para sabotar esse sucesso todo do WEC, atrapalhando a categoria sobrepondo datas no calendário.

 

Para encerrar, vamos de DTM: a Mercedes voltou a fazer o campeão da temporada, e o nome dele é Pascal Wehrlein, o mais jovem da história da categoria, na véspera de completar 21 anos, um grande talento descoberto pela estrela de 3 pontas.

 

Vocês vão se perguntar “E as previsões do Pai Alex para 2016”? Bom, demorei para ligar para ele, e não tinha horário de atendimento para essa semana, fica para a semana que vem, eu prometo.

 

Desejo a todos uma ótima passagem de ano, aproveitem bem junto às pessoas queridas, e não façam nada do que eu não faria (ou seja, não misturem fermentados e destilados, ressaca das bravas na certa).

 

Até 2016!

 

Alexandre Bianchini 

 

Last Updated ( Sunday, 27 December 2015 23:37 )