Aceleremos com o Dakar (ou De Cá) Print
Written by Administrator   
Sunday, 04 January 2015 21:45

Olá leitores!

 

Ano começando, e o automobilismo ainda está se espreguiçando do seu descanso de virada de ano. Tudo bem, a coluna irá devagarinho também para não dar mau jeito no pescoço...

 

Nesse domingo tivemos a primeira etapa daquele que, mesmo longe dos desertos africanos por questões político-religiosas, ainda é um dos maiores desafios a que o ser humano pode se propor: o Rali Dakar, que passará majoritariamente por Argentina e Chile (por si só já responsáveis por alguns dos desertos mais desafiadores que existem) com uma visitinha à Bolívia para passar pelo Salar de Uyuni, um aprazível lago de sal a cerca de 3.500m de altitude, facinho de respirar... mas essa não será a maior altitude enfrentada pelos pilotos e seus equipamentos: no estágio 4 (Chilecito – Copiapó) os competidores atingirão meros 4.800m de altitude... e tem gente que diz que o esporte a motor não é esporte!! No trecho de ligação do estágio 10 (Calama – Salta) eles passarão pelo Pasdo de l’Acay, a 4.970m acima do nível do mar. Haja pulmão!

 

O que podemos esperar? Basicamente o mesmo que nas edições anteriores: dunas muito grandes (algumas maiores que as encontradas no próprio Saara), trechos semidesérticos com vegetação suficiente para atrapalhar a navegação e obrigar os pilotos a fazerem constantes desvios de rota, e eu acredito que vai ter gente abandonando simplesmente por falta de ar em algumas etapas, notadamente entre os pilotos de motos e quadriciclos, que não terão como levar cilindros de oxigênio consigo. Não vai ser nem um pouco fácil.

 

O Brasil está representado nas categorias motos (Jean Azevedo, pela Honda South America), carros (dupla Guilherme Spinelli/Youssef Haddad, da Mitsubishi Petrobrás) e quadriciclos (André Suguita, equipe Mazzuco com quad KTM). Pelo menor número de competidores em relação aos anos passados, pode-se ver o estrago causado pela atenção exclusiva dada à Copa do Mundo de futebol entre os patrocinadores. Vamos torcer para que eles ao menos possam terminar o rali. E claro, torcer para que na edição 2016 tenhamos mais competidores brasileiros.

 

Logo no primeiro dia do rali o vencedor da edição passada entre os carros, Nani Roma, teve problemas no seu carro e perdeu muito tempo... a dúvida agora é se ele será capaz de se recuperar e mostrar que mereceu a vitória do ano passado. Relembrando: houve jogo de equipe na equipe Mini, favorecendo Roma em detrimento de Peterhansel, o que com certeza incentivou o multicampeão francês a mudar de equipe para essa edição, atendendo ao convite da Peugeot. Pouca pressão nas costas do Roma... Pessoalmente, acredito que o vencedor da primeira etapa, Al-Attiyah (Mini), deverá ter dificuldades para manter a liderança sobre os carros da equipe Peugeot. Qualquer equipe que tenha em seus quadros pilotos como Peterhansel e Carlos Sainz merece ser considerada como candidata ao título. Torço também para que o folclórico Robby Gordon consiga terminar o rali com o seu protótipo Hummer, ele é garantia de espetáculo em todas as etapas. Entre os caminhões acho que, apesar do crescimento dos caminhões Iveco e MAN, a escola russa de pilotagem de caminhões deve prevalecer e a vitória deve ficar novamente com os Kamaz. E entre as motos deve ser “todos contra Marc Coma”.

 

Saindo dos desertos, a notícia ruim fica por conta de Franck Montagny, que esteve na F-1 pela Super Aguri e foi pego no exame antidoping da FIA feito após a etapa da Malásia da Fórmula E. Como é de praxe, até que saia o resultado da contraprova do exame ele está suspenso em caráter preventivo e na próxima etapa do campeonato (dia 10/01, em Buenos Aires) será substituído na equipe Andretti pelo Marco Andretti (sim, eles são nepotistas), o que deve render algumas disputas interessantes e um abandono no final, já que ele não é conhecido por ser um piloto que pilota com o cérebro... deve ficar sem carga nas baterias antes do final da prova.

 

E no sábado, 03/01, completou 46 anos o heptacampeão Michael Schumacher, há um ano disputando a corrida mais difícil que já enfrentou, a corrida pela vida. Em uma longa convalescência de um acidente de esqui sofrido nos últimos dias de 2013, já em sua casa, após passar meses na UTI de um hospital na França, o grande campeão segue lutando para se recuperar dos extensos danos neurológicos recebidos no choque contra a pedra. Acho pouquíssimo provável que ele se recupere totalmente, mas segue a torcida para que se recupere o melhor que for possível. E, com vossa licença. vou reproduzir a hashtag criada para externar o apoio dos fãs: #KeepFightingMichael.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini