A fórmula da emoção / Final de semana à automobilistica Print
Written by Administrator   
Wednesday, 08 May 2013 15:56

Olá pessoal que acompanha o site dos Nobres do Grid,

 

Neste último domingo de, como disse o Fernando em sua coluna segunda-feira, “overdose” de velocidade, precisei escolher o que assistir. Afinal, com casa, marido e três filhos, não dá pra ficar na fente da televisão o tempo todo.

 

Escolhi assistir a Fórmula Indy, hora do almoço, o maridão vai “pilotar” a churrasqueira e assim sobra um tempinho para eu curtir a velocidade.

 

A Fórmula Indy, aqui no Brasil, com a transmissão da bandeirantes, tem o bordão de ser a “fórmula da emoção”... e como teve emoção! Atire a primeira pedra aquele que não levantou do sofá, junto com a torcida na arquibancada, quando Tony Kanaan ultrapassou o Ryan Huntar-Reay encheu os olhos d’água quando o carro de Tony Kanaan entrou lento pela reta do sambódromo?

 

Não é todos os domingos que vemos uma corrida ser decidida na última volta, na última curva, com as voltas finais numa feroz batalha pela vitória envolvendo quatro carros como vimos em São Paulo. Aposto que, depois dos brasileiros ficarem fora da luta pela vitória, todo mundo ‘adotou’ o Takuma Sato como piloto para quem torcer... e o japones só cedeu no último instante. Foi incrível!

 

Sei que tem muita gente que acha chata essa coisa de um monte de bandeiras amarelas que ocorrem na Fórmula Indy. Sinceramente, em alguns casos, também acho um exagero. Se os americanos gostam tanto de corridas em circuitos urbanos, deveriam usar Mônaco como exemplo e usar aquela gruas, estrategicamente posicionadas, para retirar os carros rapidamente e usar mais vezes bandeiras amarelas só no local. Nesta corrida em São Paulo tivemos sete bandeiras amarelas. Pelo menos três poderiam ser locais e isso não tiraria a emoção da corrida.

 

Entre as minhas resoluções de fim de ano, já tomando-a antes do meio do ano está a ida para a Fórmula Indy no próximo ano, no Anhembi, com ou sem marido e filhos. E se for possível, fazendo parte da equipe de cobertura do evento (Flávio, eu quero trabalhar! Nem que seja para segurar a mala do seu equipamento fotográfico, ficar na sala de imprensa ouvido e traduzindo as entrevistas em inglês. Poder participar de uma coletiva seria a glória).

 

Caso não seja possível ir como “operária da mídia”, vou de torcedora mesmo. Afinal, o preço pago pelo espetáculo é um preço justo, não a exorbitância paga para assistir a Fórmula 1. Para se ter um ideia da diferença e preços, este ano, para ficar na reta, em frente a linha de chegada no ‘Setor B’, de frente para o pódio custava 225 reais, com direito aos treinos no sábado. Ná Fórmula 1, em Interlagos, para ficar no também ‘Setor B’ o torcedor terá que pagar “apenas” 2.630 reais... somente onze vezes e meia a mais do que o que pagaria no Anhembi.

 

Maridão, se prepara pra cuidar das crianças porque no ano que vem, vou acelerar na Indy!

 

Até a semana que vem,

 

Maria da Graça

 

 

O último final de semana foi um prato cheio para os fãs do automobilismo. Tivemos muitas e muitas corridas, para o nosso deleite. A maioria delas foi maravilhosa, como as do WEC, Indy, Moto GP e DTM. No mundial de Endurance, as Seis horas de Spa-Francorchamps, realizada no circuito em meio à Floresta das Ardennes, muita disputa. Mas na LMP1, não teve para ninguém: Uma superioridade inquestionável dos e-tron quattro #1, #2 e #3 da Audi, com o trio campeão de Le Mans no ano passado, Lotterer/Fassler/Treluyer, a vencer a prova no #1, com vantagem bem gordinha para o #2 tripulado por Loic Duval/Allan McNish/Tom Kristensen - destaque, claro, para o dinamarquês, campeão das 24 horas de Le Mans em 8 oportunidades. E no carro #3, tivemos Oliver Jarvis/Marc Gené/Lucas di Grassi a completar o podium monopolizado pela montadora alemã de Ingolstadt.

 

Na verdade, houve alguma oposição durante as primeiras horas de prova, apenas, pois a Toyota havia estreado a versão 2013 do seu protótipo TS030. Mas se mostrou um fiasco tanto em competitividade em relação aos bólidos da Audi, quanto em confiabilidade, já que o #7 de Kazuki Nakajima/Alex Wurz/Nicolas Lapierre, que chegou a liderar a prova, precisou abandonar devido a um problema no sistema híbrido que superaqueceu os freios. O outro Toyota, o #8 de Anthony Davidson/Stéphane Sarrazin/Sebastien Buemi, nunca teve ritmo para fazer frente aos Audi e chegou apenas na quarta colocação.

 

Destaque para a não mais surpreendente gigantesca vantagem da Rebellion Racing com seus Lola-Toyota B12/60 entre os LMP1 privados e à gasolina. A vitória entre eles ficou com o #12 de Neel Jani/Nick Heidfeld/Nicolas Prost. Destaque também para uma panca de respeito dada por Antonio Pizzonia, com um Oreca 03 Nissan, na fantástica - e perigosa - curva Eau Rouge durante a primeira hora de corrida, na categoria LMP2. A corrida nessa divisão foi vencida por outro Oreca 03, da equipe Pecom Racing, tripulado por Pierre Kaffer/Nicolas Minassian/Luis Perez-Companc.

 

Já na LMGTE-Pro, as três equipes que compareceram ao podium tinham algo em comum: Cada uma tinha um ex-piloto de Fórmula 1, no mínimo. Espantoso, não? Não, não é. E o fato é irrelevante, até. A AF Corse não teve problemas para ganhar a corrida, que acabou tendo a estratégia como fator determinante para a vitória, que caiu no colo do #51, pilotado por Gianmaria Bruni e Giancarlo Fisichella. Na segunda posição, ficaram Fred Makowiecki, Rob Bell e Senna-sobrinho, hoje líder isolado no campeonato de pilotos da GTE-Pro. E na terceira colocação, após perder para o #51 exatamente na estratégia, ficou o #71, mais um carro da AF Corse, que por sua vez foi tripulado por Kamui Kobayashi e Toni Vilander. Estes últimos ainda tentaram ultrapassar o #97 no final para garantir um local melhor no podium, mas chegaram a pouco mais de um segundo do Aston Martin. Com a Porsche apenas latindo, sem morder, parece que o campeonato vai ficar mesmo entre Ferrari e Aston Martin, nessa divisão.

 

Na LMGTE-Am, tivemos mais brasileiro no podium, mas a vitória foi de um dominante Ferrari 458 Italia, da equipe 8Star Motorsports, gerenciada pela Ferrari, que também gerencia a AF Corse na categoria cuja corrida foi narrada acima. Enzo Potolicchio/Matteo Malucelli/Rui Aguas dominaram do início ao fim, após Malucelli ultrapassar o #98 de Christoffer Nygaard/Kristian Poulsen/Allan Simonsen. Ainda sobreviveram a uma panca de leve de um LMP2 durante a prova. Vitória incontestável. Em terceiro, atrás dos dois, ficou o #50 Corvette C6R ZR1 da Larbre Competition, sob o comando de Patrick Bornhauser, Julien Canal e o brasileiro Fernando Rees.

 

Agora, let's falar de Indy. Que é que foi essa fantástica corrida na Indycar  no sambódromo do Anhembi, em São Paulo, meus amigos?! Apesar das várias bandeiras amarelas ao longo da prova, tivemos um espetáculo sem precedentes às margens do Tietê. Ultrapassagens durante a prova toda, Will Power abandonando após seu carro pegar fogo - o que foi uma maravilha! Desde a primeira edição da Indy 300 em São Paulo, em 2010, só dava Power nessa prova. Ao final da prova, a disputa foi eletrizante. Sato, o líder, vinha para aquela que seria sua segunda vitória consecutiva. Mas Josef Newgarden, um garoto imberbe de 22 anos, ameaçava-lhe tirar o triunfo, com mais push to pass e um rendimento melhor de seu carro.

 

Quem gostou disso e se aproximou foi James Hinchcliffe. O norte-americano ultrapassou Josef Newgarden e foi à caça do "Samurai voador", que resistiu bravamente às investidas. No final, deu James Hinchcliffe, que passou na última curva para faturar a espetacular prova. Com mais push to pass que o japonês na última volta (1 a 0, na verdade), o canadense aproveitou uma leve escapada de seu adversário para rapidamente fazer a inversão de trajetória (ele estava tentando por fora antes da curva). Newgarden perdeu rendimento no finalzinho e foi ultrapassado, nessa ordem, por Marco Andretti e por Oriol Servià. E todos foram só sorrisos no podium. Sato, que perdeu na última curva, sorriu, aplaudiu o adversário e ajudou-o a erguer a bandeira do Canadá na comemoração. A Indy tem um clima muito mais aberto e menos coxinha que a Fórmula 1. De presente, o nipônico ganhou a liderança do campeonato. E chegará às 500 Milhas de Indianápolis nesse status. Inusitado?

 

Vejam vocês: Penske e Ganassi tomaram um banho de desempenho sem precedentes nessa prova. Dario Franchitti ficou apenas na sétima colocação, Will Power abandonou e tanto Helio Castroneves (já falo desse) quanto Scott Dixon ficaram lá no pelotão da "merda". E na frente, tivemos o terceiro melhor time vencendo, com 3 carros de 3 equipes médias completando o TOP-5 (Takuma Sato, da AJ Foyt, que de piloto só tem ele e uma estrutura fraca, Oriol Servià, da Panther DDR, que segundo informações de outrem, se não arranjar patrocínio, só corre as 500 Milhas de Indianápolis - no final deste mês - e fecha as portas, e Josef Newgarden, que corre na equipe de Sarah Fisher). Sério, gente... Numa corrida de Indy, você nunca sabe até a última volta quem vai ganhar. O imponderável deixa de ser imponderável.

 

E tem gente que acha que a Indy é ruim em termos de competição por ter muitas voltas da bandeira amarela. Bom, paciência... Quando a necessidade de defender a programação do patrão é um calo que aperta no pé do jornalista, vale tudo, até diminuir a relevância de outros certames do automobilismo.

 

Quanto aos brasileiros uma corrida para esquecer. Bia Figueredo, da Dale Coyne, abandonou ainda no início com problemas em seu carro. tivemos Helio Castroneves, da Penske, numa corrida que foi o sinônimo de puro azar. E de falta de resiliência, para sermos justos com o tal do "azar". Tinha uma ótima estratégia no começo, ao adiantar sua parada com a entrada de um safety car, mas não soube aproveitá-la. Mais tarde, numa das relargadas, onde estava em segundo (ou era terceiro, não lembro certamente), errou o ponto de freada do "S do Samba" (um nome tão inapropriado para uma curva quanto o pomposo "Itaipava São Paulo Indy 300 Nestlé" é para um nome de corrida) e passou reto, perdendo algumas posições. Algum tempo depois, se envolveu numa batida com Simon Pagenaud e Scott Dixon, que gerou um engarrafamento federal e, consequentemente, outro safety car. Chegou em décimo terceiro. Um resultado até bom para quem teve tanta falta de sorte durante a corrida.

 

E Tony Kanaan merece um parágrafo só para ele. Afinal, ele foi, de longe, o melhor brasileiro da corrida. Largou entre os 2 primeiros e ultrapassou EJ Viso, Dario Franchitti e, posteriormente, Ryan Hunter-Reay. Aliás, "Rei Hunter" foi um dos alvos favoritos do brasileiro da KV nessa prova: Ainda teve o sabor de fazer outra ultrapassagem sobre o atual campeão, da equipe Andretti. Chegaria num ótimo resultado nesse final de semana. Só algo muito ultrajante poderia tirar Tony dali. Algo como uma pane-seca, por exemplo. Que acabou acontecendo. A equipe havia errado a conta da quantidade de combustível. Uma falha inaceitável para uma equipe que almeja o patamar de equipe grande. Triste, KV. Triste. E Tony foi responsável pela cena mais comovente da prova: Ainda dentro do carro, desolado, levou as mãos ao rosto dentro do capacete e começou a enxugar as lágrimas de um choro incontido. Sabia que não tinha feito nada de errado e que merecia coisa melhor. Para completar, ainda houve os impertinentes narradores da Bandeirantes, notoriamente o comentarista, Felipe Giaffone (piloto de F-Truck), que tentou falar com Kanaan naquele momento. Após a prova, falou ao público por telão de forma diplomática em relação à KV - "um dia eu erro e no outro, eles erram. Acontece". Só digo uma coisa: Saia desta bomba, Tony.

 

No DTM, a abertura de temporada foi em Hockenheim. Foi uma corrida recheada por estratégias diferentes, boas disputas e a estreia do DRS. Com a melhor estratégia e sem se afobar, o brasileiro Augusto Farfus, da RBM conseguiu a vitória, e subiu ao podium junto com os alemães Dirk Werner, da Schnitzer (ambos os carros são BMW M3) e Christian Vietoris, que pilota para a equipe oficial da Mercedes no alemão de turismo, usando um Mercedes C63 Coupé. O atual campeão Bruno Spengler, companheiro de Werner na Schnitzer, terminou em quinto. Se continuar nesse ritmo, estará bem na luta pelo título, o brasileiro Farfus.

 

Já na Moto GP, polêmica: Enquanto Daniel Pedrosa, da Honda, chegou a um triunfo incontestável em Jerez, Marc Marquez e Jorge Lorenzo deram o primeiro passo para uma nova rivalidade na categoria principal da Moto Velocidade. Na última volta, os dois vinham a disputar pelo segundo posto ferozmente, batalha que culminou com um toque do espanhol da Honda na moto Yamaha de seu adversário. Coisa de corrida, na minha opinião. Após a prova, Lorenzo negou um cumprimento de Marquez. Atitude de um cara que não soube perder, ao meu ver. Já Valentino "Il Dotore" Rossi fechou o top-4, terminando na quarta colocação. Temos que ver quando o italiano irá desencantar nessa temporada, após seu retorno à Yamaha.

 

E no próximo final de semana, após 3 semanas de longa espera, teremos a Fórmula 1, com o início da fase europeia, o GP espanhol.

 

Abraços,

 

Antônio de Pádua