Caros amigos leitores do site dos Nobres do Grid.

Hoje eu escrevo esta coluna para responder a indagação do leitor Arnaldo Vieira Campos, que questionou o porquê da Região Nordeste não ter um forte campeonato Regional?

Caro, Arnaldo!

Fácil seria imputar a culpa à falta de apoio da Confederação Brasileira de Automobilismo, que, deveria atuar junto com as federações estaduais na organização de uma competição regional forte, mas não é só isso.

Hoje, a região Nordeste tem dois autódromos, o Ayrton Senna em Caruaru (PE) e o Virgílio Távora, no Eusébio (CE), e pode ganhar um terceiro (no estado do Maranhão).

Até o ano passado, a única competição regional que movimentava os dois autódromos era o Campeonato Norte/Nordeste de Marcas. Disputada em duas datas em rodada dupla (quatro corridas no total), o certame não conseguiu atrair a atenção de mais pilotos. Com uma corrida em solo pernambucano, e outra em solo cearense, os pilotos dos dois estados, acabam se inscrevendo na competição por ser na mesma corrida da competição estadual, e quando se fala em ir para o estado vizinho o número de pilotos não ultrapassa meia dúzia.

Este ano, exatamente no dia sete de abril, foi dada a largada para o Campeonato Norte/Nordeste de Protótipo, competição que une carros  Spirit e CTM, ambos com motor de 1800 cilindradas. A prova inaugural contou com dois pilotos do Maranhão, um do Pará, um de São Paulo e outros 15 do Ceará, mas faltaram os pernambucanos, os baianos, os sergipanos, os paraibanos, os potiguares, e os alagoanos.

Na prova de inauguração do Autódromo Virgílio Távora, pilotos de todo o país foram ao Ceará. Hoje isso é difícil.

Em 12 de janeiro de 1969, quando da inauguração do Autódromo Virgílio Távora, 15 pilotos alinharam-se no primeiro grid da pista. Pelo Ceará, estavam: Armando Barbosa (DKW); Carlos Fernandes (Simca); Artur Vichmann (DKW); Nenem Pimentel (Karman Ghia); João Quevedo (Simca) César Figueiredo (Protótipo); Gerardo Magela (DKW); e Antonio Cirino, o Cirinão. De Pernambuco, vieram Ramon Cortizo e Samuel Cohem; da Bahia, Lulu Geladeira André Burity, e Leonardo Godoy; e de São Paulo, Luiz Fernando Terra Smith.

Naquele dia o baiano Lulu Geladeira havia marcado o melhor tempo e largava na pole. Sua corrida foi impecável. O piloto liderou a corrida de ponta a ponta levando seu Puma à vitória; Ramon Cortizo, com seu VW, foi o segundo; Antônio Cirino, em terceiro; Armando Barbosa, em quarto; Carlos Fernandes, em quinto; Artur Vichmann, em sexto; Leonardo Godoy, em sétimo; Luiz Fernando Terra Smith, oitavo; e André Burity, em nono. Não completaram a prova Nenem Pimentel, Samuel Cohen, João Quevedo, Gerardo Magela e César Figueiredo.

Planilha da etapa em Pernambuco do campeonato Norte/Nordeste de Marcas em 2012. Poucos pilotos de outros estados.

Depois daquela corrida que inseriu o Ceará e o Nordeste no mapa das competições automobilísticas do país, o intercâmbio de pilotos da região ajudou a confirmar que nas terras dos belos litorais havia espaço para as competições automotivas, mas hoje essas disputas estão mais minguadas.

Ainda buscando responder ao nosso atento leitor, acredito que antes de sonharmos com as provas nacionais em solo nordestino (hoje apenas a Fórmula Truck mantém etapa em Caruaru), excluindo o kart que disputa a Copa Nordeste, os próprios pilotos da região deveriam ter uma união maior em torno de uma competição regional e aí montarem um projeto coeso.

O número de carros no grid pode ser considerado bom (18), mas poderia ser bem maior se houvesse mais integração.

O potencial mercadológico que uma competição nordestina tem deve interessar a indústrias da região. A montadora Ford tem uma unidade na Bahia e outra no Ceará (nesta apenas dedicada aos Troller), tem ainda, por exemplo, a fortíssima indústria de baterias Moura, com unidade instalada em Pernambuco.

Não seria missão impossível planejar a transmissão desse campeonato para emissoras regionais, gerando uma janela para que os pilotos possam exibir a logomarca de seus patrocinadores, ao vivo, ou até mesmo em VT, e também pela internet. No Ceará a transmissão das corridas já é uma realidade e ocupa duas horas na grade dominical da TV Diário com as disputas de três categorias.

Os programas automotivos como Motores em Ação, que é exibido no Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco; e o Velocidade (no Ceará) também abrem espaço para a divulgação do automobilismo.

Disputa nas pista não faltou. Falta um maior apoio para que os pilotos possam fortalecer e consolidar a competição. 

Assim, caro Arnaldo, o que vemos é que falta mesmo a iniciativa de juntar os atores e apoiadores para viabilizar esse “Nordestão de Automobilismo”.

Em tempo... é esperada, para aproxima etapa do Norte/Nordeste de Protótipo, que por enquanto corre apenas no Autódromo Virgílio Távora, a participação de mais dois pilotos do Maranhão (na equipe Memps, que já tem três carros na competição com dois pilotos do Maranhão e um do Pará), e uma dupla pernambucana.  Tomara!

Até a próxima,

Robério Lessa