Kiko Porto dá Show em St. Petersburg Print
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Sunday, 25 October 2020 21:38

Alô galera que lê os Nobres do Grid... Salve Jorge!

 

Estamos na reta final dos campeonatos de 2020 e isso vai acabar dando um arrego para o colunista das madrugadas com a temporada europeia. Mas por mim, tinha corrida todo ano, debaixo de neve, na hora que fosse, que não tinha problema.

 

Depois de um anúncio até precoce, nesta semana tivemos a confirmação da volta da Indy Lights em 2021, que devido aos efeitos da pandemia COVID-19 (essa foi a “versão oficial”) não foi disputada este ano. Criada para ser o último degrau para o auge das corridas de monopostos nas Américas, Uma rejuvenescida série Indy Lights se beneficiará de iniciativas adicionais formuladas em conjunto com a INDYCAR, seu órgão de aprovação, para garantir o crescimento contínuo como o nível superior do sistema de desenvolvimento de pilotos para a categoria.

 

As melhorias para a temporada de 2021 incluem um aumento no valor da bolsa-prêmio do campeão para US$ 1.250.000, além da participação em pelo menos três eventos do campeonato da Indycar em 2022, incluindo o Indianápolis 500. Além disso os três primeiros colocados no campeonato receberão um teste na Indycar no final da temporada. Agora é ver se teremos realmente o comprometimento das equipes da Indy com a categoria de acesso para não termos corridas ridículas com 7 ou 8 carros como foram as últimas temporadas.

 

Mas vamos falar de velocidade que esse é o nosso negócio. Neste final de semana tivemos mais uma etapa da Fórmula Renault Eurocup e, nos Estados Unidos, o encerramento das temporadas da USF2000 e da Fórmula Regional Américas.

 

Fórmula Renault Eurocup

A categoria onde corre o brasileiro Caio Collet foi neste final de semana para o fantástico circuito de Spa Francorchamps. Uma pista de 7km fez com que cada volta durasse mais de 2m15s em treino (em corrida certamente seriam mais de 2m20s). Mais um round da disputa entre o brasileiro e o francês Victor Martins. Diferente do que acontece normalmente, as corridas da rodada dupla aconteceram na sexta-feira e no sábado.

 

 

 

Na manhã da sexta-feira, com muito sol e céu azul, mas com muitas nuvens brancas, os pilotos para pista encarar o desafiador traçado da Bélgica para 20 minutos de treino para a corrida do sábado. Como tem ocorrido nas últimas etapas, os tempos começam a fazer diferente nos minutos finais. Caio Collet teve o melhor tempo bor boa parte do treino até ser superado por Victor Martins e Franco Colapinto. Já com o cronômetro zerado, o brasileiro tentou retomar a pole, mas errou no setor 2 e teve que se contentar com a P3.

 

Mas o treino 1 era para a corrida da tarde da sexta-feira. Algumas horas depois veio o treino para a corrida do sábado, o cenário era completamente diferente, com céu encoberto, chuva e pista escorregadia. Diferente do que acontece com pista seca, foram todos para pista aproveitando que tinha parado de chover e naquele momento tinha menos água na pista.

 

 

 

As voltas estavam 20 segundos mais lentas do que as cronometradas no treino com pista seca e ainda apareceu um outro complicador: uma chuva fina em uns pontos, um pouco maior em outro, variava pelo traçado fazendo que houvesse uma variação de 2 a 3 segundos nos tempos de volta. Se a volta fosse dada “no momento certo”, era possível ser mais rápido. Do contrário, não seria competitivo. Foi nessa loteria que Caio Collet levou azar e com um pouco mais de água nas suas voltas, ficou com uma terrível P11.

 

Três horas depois os pilotos voltaram para a pista e a condição de pista. Choveu entre o treino e a corrida e os pilotos da categoria escola francesa continuaram calçando pneus de chuva para uma corrida que seria extremamente complicada para Caio Collet, que não se deu bem no treino classificatório, ficando apenas com a P11, tendo a obrigação de fazer uma corrida de recuperação, o que em Spa seria, teoricamente, mais fácil pelos pontos de ultrapassagem nos 7km de traçado. Pior: Victor Martins era o pole position novamente.

 

 

 

A pista estava mais molhada do que no treino e chovia em todo circuito belga. Mesmo assim, a direção de prova decidiu fazer a largada convencional, com todos parados no grid. Apagadas as luzes vermelhas, Caio Collet fez uma grande largada e uma ótima primeira volta, ganhando 4 posições e subindo para a P7, apesar de ter ido dar uma volta na parte de asfalto na área de escape no trecho final da volta, que estava muito molhado.

 

O ritmo de prova estava cauteloso, com Colapinto na ponta e Martins em 2°, mas um pelotão relativamente compacto do 3° ao 6°, que poderia ser alcançado e superado pelo brasileiro. Em duas voltas Collet se juntou ao pelotão e estava longe do 8° para se concentrar em atacar, mas agora eram 3 carros, o 5°, o 6° e o 7° andando juntos, com o 3° e o 4° mais afastados. O safety car veio para a pista quando Reshad de Gerus bateu na saída da Radillon e isso juntou o pelotão.

 

 

 

O resgate demorou a retirar o carro da pista e no exame do estado do guard rail onde o piloto francês bateu não estava tão firme como deveria. Isso levou a direção de prova a acionar a bandeira vermelha quando faltavam 13 minutos para o final do tempo de corrida. Os carros voltaram para os boxes. As possibilidades de uma relargada e uma recuperação de Caio Collet foram – sem trocadilhos – por água abaixo quando a direção de prova encerrou a corrida. Isso garantiu a vitória de Franco Colapinto.

 

No sábado os pilotos voltaram para a pista naquela típica loteria de Spa Francorchamps: pista úmida, mas não molhada o suficiente para os pneus de chuva, céu nublado e possibilidade de chuva a qualquer momento. Caio Collet largava da 3ª posição e precisando vencer a corrida. A diferença para Victor Martina na pontuação estava ficando grande demais.

 

 

 

Alguns pilotos mais atrás no grid largaram com pneus de chuva e, apagadas as luzes vermelhas, Caio Collet largou bem, superou Colapinto, o P2, mas foi surpreendido por Ugo De Wilde (com pneus de chuva) e contornou a eau rouge em 3°. No final da reta. De Wilde tomou a ponta de Martins no final da reta mais longa e Caio Collet caiu para 4° depois para 5° Estava difícil para segurar o carro com pneus slicks e Collet completou a primeira volta em 9º.

 

Caindo depois para 10°, ele via Martins também perder posições, passando em 7° na 2ª volta. Algmas partes da pista tinha trilha seca e os carros com pneus de chuva já estavam “buscando água” para manter a borracha inteira. Na 3ª passagem Collet era o 11°. Com 10 dos 30 minutos de corrida disputados, a estratégia dos pneus slick estava no prejuízo. Para quem a escolheu. Martins era o 1° entre eles e Collet o 2°, mas o brasileiro estava 8s atrás de seu principal adversário no campeonato com metade da corrida disputada.

 

 

 

No terço final de prova, os pneus slick começaram a dar o retorno a quem os escolheu. Martins subia para 5° e Collet para 9°, mas o líder estava 22s à frente do francês e 31s do brasileiro. Os carros com pneus de chuva eram mais lentos do que os carros de slick e buscavam água para conservar a borracha. Mesmo fazendo as voltas mais rápidas do final da prova, Collet não recuperou o que perdeu pela estratégia errada. Terminou em 6°, viu Martins ser o 4° e saiu da Bélgica 23 pontos atrás do líder (247x224) com 3 rodadas duplas para o fim do campeonato.

 

USF2000

O primeiro degrau das categorias de base do “Road to Indy” foi fazer o encerramento da temporada onde normalmente se faz a abertura da temporada: St. Petersburg (que tem o mesmo nome de uma importante cidade na Russia). Ao invés da rodada tripla, como também teremos as corridas da Pro200, categoria acima, ficamos apenas com uma rodada dupla. A boa notícia, logo de cara, foi a volta de Francisco ‘Kiko’ Porto, recuperado da covid19, que o tirou da última etapa.

 

 

 

Na sexta-feira tivemos os treinos livres pela manhã e a classificação para a corrida do sábado. Nos treinos livres, os brasileiros foram muito bem, com Eduardo Barrichello na P3 e Kiko Porto na P5. No treino classificatórios os brasileiros foram ainda melhor: De volta e com a faca nos dentes, o pernambucano Kiko Porto marcou o 2° melhor tempo, para largar na 1ª fila. Eduardo Barrichello também foi muito bem, repetindo a 3ª posição do treino da parte da manhã.

 

Antes da corrida do sábado, disputada na parte da tarde, os pilotos voltaram para a pista na parte da manhã para fazer o treino de classificação da corrida a ser disputada no domingo, sem aquela coisa de usar a melhor volta de corrida na prova anterior. E os brasileiros continuaram mandando bem, com Kiko porto repetindo a P2 do primeiro treino e Eduardo Barrichello garantindo a P4, fechando a segunda fila.

 

 

 

Na tarde do sábado os pilotos voltaram para a pista e disputar a primeira corrida da rodada dupla. A corrida da USF2000 tem a largada lançada e tínhamos Kiko porto largando com a P2 na primeira fila e Eduardo Barrichello na P3 na segunda fila para 20 voltas programadas. Agitadas a bandeira verde e nos tivemos na primeira curva um daqueles acidentes “bem Indy” que a gente conhece.

 

Vários pilotos ficaram na primeira curva, mas os brasileiros escaparam ilesos. A equipe de trabalho teve muito o que fazer para colocar o traçado em condições e Kiko Porto, manteve a P2 antes do acidente acionar as bandeira amarelas manteve a ponta, enquanto Eduardo Barrichello segurava a terceira posição com apenas 16 horas após o “strike” da primeira curva.

 

 

 

Com as coisas mais calmas, Barrichello começou a atacar Porto, que fazendo um traçado mais defensivo, deixava Cameron Shields ter uma vida mais tranquila na liderança, mas não muito se considerarmos 1s como vantagem. Contudo, Barrichello vinha colado em Kiko Porto, especialmente na parte mais lenta do circuito. Na volta 11 o líder da corrida teve problemas e Kiko Porto assumiu a ponta, com Eduardo Barrichello em 2°.

 

Isso funcionou como um estímulo adicional para Barrichello, que partiu pra cima do compatriota e amigo. A diferença entre eles era de menos de meio segundo, mas com praticamente um único ponto de ultrapassagem, no final da reta dos boxes, Eduardo Barrichello pressionava em cada entrada de curva, mas Porto ia segurando a ponta Com um uma tocada mais defensiva, Porto conseguiu que o 3° colocado chegasse em Barrichello e Reece gold passou a ameaçar a P2 do vice líder do campeonato. Com isso Kiko Porto conseguiu sua primeira vitória na temporada e com uma dobradinha brasileira no pódio.

 

 

 

No domingo tivemos a segunda corrida do final de semana, encerrando a temporada e mais uma vez tínhamos Kiko Porto largando na primeira fila e Eduardo Barrichello largando na segunda fila. Agitada a bandeira verde, Barrichello fez uma grande largada e pulou para segundo, mas Kiko Porto não entregou fácil e recuperou a P2 algumas curvas depois. Melhor para o líder, Chris Brooks, que escapou na ponta.

 

Na sequência das voltas, enquanto Kiko Porto tentava alcançar o líder, Eduardo Barrichello tinha que se defender dos ataques de Michael D’Orlando, o que dava uma folga para o piloto de Pernambuco. Na 10ª volta tivemos bandeira amarela em todo o circuito naquelas coisas “bem Indy” (e as poucas câmeras não ajudaram a identificar), mas era um carro que ficou parado em ponto perigoso da pista, enquanto a cronometragem que colocava os créditos na transmissão estava maluca.

 

 

 

A bandeira verde foi agitada na abertura da volta 14 e os brasileiros mantiveram suas posições, embora Barrichello continuasse sob grande pressão. Kiko Porto aproveitou para colar no líder e tentar tomar a ponta (enquanto os créditos na transmissão tiravam o líder da disputa). Nas voltas finais, Barrichello se livrou da pressão e foi pra cima de Kiko Porto, mas nada mudou entre os líderes. Mais uma vez, os dois brasileiros subiram ao pódio, com destaque para o final de temporada de Kiko Porto, que teve um ano bem difícil.

 

Fórmula Regional Américas

No COTA, o Circuit Of The Americas, palco da F1 nos Estados Unidos, tivemos a rodada tripla de encerramento das categorias FIA na terra do Tio Sam, com a F4 (que não tem brasileiros este ano) e a Fórmula Regional, onde Victor Franzoni é o terceiro colocado do campeonato e ainda tem chances matemáticas de ser o segundo, mas vai ter que contar com alguns azares de David Malukas, nem por isso pode torcer, uma vez que Christian Rasmussen já garantiu o título.

 

Victor Franzoni mostrou que, talvez com outro equipamento, poderia ter conquistado resultados melhores ao longo do campeonato, mas ainda assim, mais uma vez, esteve sempre entre os primeiros nos treinos livres e, no classificatório, ficou com o 3° melhor tempo, com Rasmussen e Malukas na primeira fila como foi usual ao longo de toda a temporada.

 

 

 

Como de costume, a programação dos eventos da categoria estava toda atrasada e, na hora programada para a corrida estava terminando a corrida da F4. Depois, tivemos a uma corrida de carros semelhantes aos nossos Spyders. Só depois os pilotos da Fórmula Regional foram para o grid (quase juntando a transmissão da Road to Indy por outro link da corrida da USF2000).

 

Na tarde ensolarada do Texas, no mais imponente circuito das Américas, o sábado nos presenteou com uma grande corrida. Apagadas as luzes vermelhas, Victor Franzoni fer uma escelente largada e, de forma inteligente, não tentou atacar o líder quando viu estar em vantagem para tomar a segunda posição. Assim, fez um ótimo contorno da primeira curva e conseguiu segurar a posição na primeira volta.

 

 

 

Linus Lundqvist tomou a ponta e conseguiu manter-se a uma distância segura de Victor Franzoni, que junto com o líder iam impondo um ritmo de corrida muito forte, que David Malukas não conseguia acompanhar. Na metade fina da corrida, Lundqvist conseguiu abrir uma vantagem confortável para Franzoni e Malukas estava longe demais para tentar qualquer aproximação. Assim, os três primeiros receberam a bandeira quadriculada.

 

A qualificação para a segunda corrida foi feita com os tempos de corrida da corrida 1. Como Victor Franzoni foi o primeiro dos que virou na casa dos 2m05s, ficou com a segunda posição. Apenas o pole, Lundqvist virou na casa dos 2m04s. Caso o brasileiro repetisse a boa largada que teve na corrida 1, a possibilidade de tomar a ponta na primeira curva seria algo bastante concreto, mas a grande dificuldade seria manter a liderança.

 

 

 

Apagadas as luzes vermelhas, Victor Franzoni não conseguiu fazer a largada que queria e, pelo contrário, teve que se defender do ataque dos carros que vinham atrás nas primeiras curvas. Isso deu chance para Lundqvist escapar na liderança. Franzoni, da metade da primeira volta para frente também conseguiu abrir vantagem para o pelotão que se formou a partir do 3° colocado.

 

Franzoni encontrou um bom ritmo e não só acompanhava o líder como foi reduzindo a diferença enquanto ambos iam deixando para trás os outros carros. A parte mais difícil da corrida estava para o diretor da transmissão ajustar o foco das imagens. Estava impossível fazer prints da tela. No final da 3ª volta o brasileiro colou no líder e partiu para o ataque.

 

 

 

Lundqvist conseguia entrar na reta dos boxes mais lançado que Franzoni e, com isso, ia conseguindo compensar o melhor desempenho do brasileiro nas sequências de carros. A partir da metade da corrida, o sueco começou a abrir distância para Victor Franzoni, mas o 3° colocado, David Malukas estava 8s distante do Brasileiro e também tinha uma boa vantagem para o 4° colocado. As coisas não se alteraram até a bandeirada final e Franzoni conseguiu outra P2 no final de semana.

 

A terceira e última corrida aconteceu no final da tarde e como foi para a corrida anterior, as posições no grid de largada foram definidas com os tempos de volta na corrida 2 e com isso Victor Franzoni teve novamente a chance de largar na primeira fila e, caso consiga, tomar a ponta da corrida, especialmente depois da performance da primeira corrida do domingo.

 

Apagadas as luzes vermelhas, assim como foi na corrida anterior, largando pelo lado menos emborrachado da pista, Franzoni ficou no prejuízo e foi superado por David Malukas, mas nas primeiras voltas os três primeiros andaram bastante próximos. O problema – especialmente para o brasileiro – é que parecia faltar velocidade de reta e ele não conseguia se aproximar de Malukas.

 

 

 

Foram 35 minutos de perseguição e nenhum ataque efetivo. Na segunda metade da corrida, os três primeiros começaram a se espaçar e ao fim de 16 voltas o sueco venceu a 15ª de 17 corridas disputadas na temporada. Malukas foi o segundo e Franzoni completou o pódio, tendo sido essa as posições também na classificação do campeonato que, em 2021, deve ter a “concorrência” da Indy Lights.

 

E assim concluímos assim mais um desafio, acompanhando duas categorias, com brasileiros buscando uma oportunidade de crescer no automobilismo internacional em dois continentes e vamos continuar tentando manter o compromisso da coluna semanal. 

 

Um abraço a todos,

 

Genilson Santos

 

 

  
Last Updated ( Monday, 26 October 2020 00:58 )