Assim como esta coluna tem abordado nas últimas edições, a deste mês voltará a fazer o rastreamento dos brasileiros ao redor do mundo. E já há representantes tupiniquins mostrando habilidade e potencial para evoluir no automobilismo, mesmo ainda tendo de aprender sobre seus carros, circuitos, línguas e culturas! O ano de 2015 pode preparar uma nova safra vencedora, para renovar e manter as esperanças dos fãs brasileiros por grandes talentos despontando nas principais categorias do esporte motor em breve, não só a F1 como a Indy, WEC, etc.

Começando por um dos destaques neste mês, Matheus Leist venceu na tradicional pista de Donington Park, onde Senna e outros brasileiros marcaram presença no mais alto degrau do pódio também. O feito ocorreu na recém formada Formula 4 MAS, no território Bretão, na sua quinta corrida do campeonato. Nas corridas da segunda etapa, Matheus largou na primeira corrida da longínqua 18ª colocação e fez grande prova para receber a bandeirada em sétimo. Na corrida seguinte, largando em segundo por conta do grid invertido, o brasileiro logo assumiu a ponta e segurou a ponta até a bandeirada. No fechamento da rodada tripla, um erro impediu outra boa pontuação, mesmo assim Matheus Leist é o quinto colocado no campeonato.

Matheus Leist no centro, comemorando vitória em Donington Park. Foto: Jakob Ebrey

Saindo das ilhas europeias rumo ao extremo oriente, desembarcamos em outro arquipélago, ainda mais populoso. E em outra categoria iniciando neste ano, mais uma ‘franquia’ da Formula 4, agora no Japão. Nicolas Costa é nosso piloto em terras nipônicas, guiando pela VSR (time de Vicenzo Sospiri, italiano ex-aspirante a Formula 1) e parte da academia da Lamborghini. Partindo da nona posição do grid na estréia, o campeão da Formula Abarth aproveitou bem as poucas voltas em bandeira verde para alcançar a quarta colocação e beliscar o pódio! Na segunda prova, largou ainda mais de trás, em 15° mas não pode repetir a boa atuação anterior. Desta forma, Nicolas parte de Okayama para Fuji na quinta colocação do campeonato e candidato ao título, pela própria imprensa japonesa.

Nicolas Costa, no grid da Formula 4 Japonesa

Aproveitando o plano de milhagens, o voo retorna para Europa, aportando o avião no autódromo de Aragón para o início da temporada da World Series com Pietro Fantin. O piloto da International Draco, comandada por Guto Negrão, largou em décimo e fez boa prova, apesar das dificuldades imposta pela novidade no regulamento, exigindo dos pilotos acerto de carro com baixo downforce, para completar as 24 voltas em 6°. Na prova seguinte, largou em quinto, mas as confusões na chuva atrapalharam os planos do brasileiro, cruzando a linha de chegada em 11°. Sem sair em nova viagem, vamos a outro piloto nacional na série da Renault. Bruno Bonifácio fez sua estreia na categoria 3.5, na qual é companheiro de equipe de Fantin na Draco. Largando em 17°, Bonifácio escalou o pelotão e quase marcou pontos em sua primeira prova, terminando em 11°. Na prova seguinte e debaixo da chuva, Bruno largou da mesma posição que terminou a anterior, evitou as confusões e aí sim marcou o esperado ponto, completando na décima colocação.

Pietro Fantin em ação na encharcada pista Aragón, na etapa de abertura da World Series by Renault.

Dando um pulo em nossa pátria, vale inserir neste espaço a Fórmula 3 Brasil. Um dos últimos bastiões da categoria no mundo, a nossa F3 está em seu segundo ano de muita luta e tendo maior destaque na programação da organizadora. Neste ano, a Vicar aglomerou os seus campeonatos em um mesmo calendário, tendo a Stock Car como categoria principal. A saber: Mercedes-Benz Challenge, Brasileiro de Marcas, Brasileiro de Turismo e Formula 3 são as de suporte para categoria V8. Em um ano de aprendizado para ajuntar tantos carros, pilotos, equipes, convidados em espaços limitados nos autódromos brasileiros, a F3 nacional ganhou maior visibilidade com transmissão televisiva e online. E com o grid mais regular para a temporada completa, a categoria formadora de talentos nos monopostos apresenta maior equilíbrio de forças entre os postulantes ao título da classe principal, a “A”.

Após 2014 com Pedro Piquet dando baile de norte a sul, 2015 já conta com 3 vencedores diferentes nas 4 corridas realizadas até aqui. O jovem do clã Piquet é quem possui duas vitórias até o momento, porém não é o líder. Este posto cabe a Matheus Iorio, presença constante nos pódios. No Velopark, autódromo no município de Nova Santa Rita e distante 35km da capital gaúcha, a única disputa menos equilibrada apresentada fora por equipes. A equipe de Augusto Cesário esteve sempre com seus pilotos entre os ponteiros e nos pódios. Hegemonia arranhada por Rodrigo Baptista (PropCar Racing), vencedor da prova de sábado e dando o troféu de melhor equipe para o time de Dárcio dos Santos. Baptista, que já corre também no Brasileiro de Marcas, é o vice líder da F3.

Matheus Iorio (Cesário F3), líder da F3 Brasil, em ação no Velopark. Foto: P1 Filmes

E o Pedro Piquet? Bom, assim como na prova de fechamento em Curitiba, na segunda etapa a primeira corrida não foi de sorte para o jovem e rápido piloto. O motor começou a vazar na largada e não aguentou até o fim da prova. Partindo das últimas posições na segunda prova, Pedro mostrou que tem muitas cartas nas mangas e escalou o pelotão, com grande ultrapassagens, para vencer novamente no campeonato, em pódio completado por seu companheiros da Cesário, Matheus Iorio e Carlos Cunha Filho. Agora Pedro Piquet é terceiro na tabela de pontos. Enquanto isso, na Light, Guilherme Samaia segue invicto com seu 77 da Cesário. Na prova 1, teve companhia no pódio de Andreas Visnardi (RR Racing) e Matheus Muniz (PropCar Racing). Já na prova 2, subiram para comemorar o final de prova com Samaia os pilotos Pedro Cardoso (Cesário) e Igor Fraga (PropCar Racing).

Uma observação: Estreando na Copa Petrobrás de Marcas, Luiz Razia retornou para o país assumindo a vaga de Alceu Feldmann na Toyota Bassani e já conquistando pódio em sua estreia, chegando em segundo na prova de sábado no Velopark!

Saudações, agora em São Paulo.

Fabiano Esteves.