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Para refrescar a memória – GP da Espanha de 1996 PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 12 August 2013 00:18

Olá!

 

Já que, esses dias, andei me desligando um pouco das corridas por motivos de "estou desenhando", hoje, para a coluna, quase me vi sem assunto. Eis que me surgiu uma ótima ideia, porém, nas buchas, mas que será bastante eficiente hoje. Fico feliz que a tecnologia hoje (recursos audiovisuais), em conjunto com o maior recurso para se fazer história, ou seja, os registros em texto, permitam a jovens como eu a exploração de épocas mais remotas do automobilismo. A título de exemplo, a corrida de que falarei hoje aconteceu quando eu ainda tinha dois aninhos de idade, próximo de completar a minha terceira primavera.

 

O Grande Prêmio da Espanha de 1996, disputado no circuito da Catalunya, aconteceu sob uma chuva impiedosa.

 

O triunfo de Michael Schumacher foi carimbado por 2 circunstâncias que iam contra ele: A má aerodinâmica da F310, projeto de John Barnard (um grande projetista, que sairia dois anos depois após uma barganha feita por Schummy para a entrada de Rory Byrne) e sua "má" posição de largada (As poderosas Williams estavam à frente da grelha). 

 

 

Nos treinos, ninguém se surpreendeu. Na verdade, não era surpresa para ninguém que a Williams-Renault, até então o melhor carro do ano, tivesse feito dobradinha na classificação. Um dominante Damon Hill fez a pole, batendo o canadense Jacques Villeneuve por quase meio segundo (0s434). Não que tenha sido fácil. Hill sofreu com dois furos de pneus e teve que ajustar seu jogo de pneus com os compostos remanescentes. A pista de Barcelona é daquelas que exigem, principalmente, um carro muito veloz.

 

Sobre isso, Michael, terceiro na tomada de tempos classificatória, disse: "Não pensei em momento algum que eu poderia conseguir a pole-position. Não fui competitivo o suficiente. Acho que esse resultado nos dá uma imagem clara da situação atual - de um ponto de vista técnico. A diferença decorre principalmente de razões aerodinâmicas. Até termos as novas peças que atualmente estamos desenvolvendo, será difícil diminuir a diferença. Não há nada errado com o motor, somos muito competitivos nesse aspecto."

 

Na tentativa de achar mais respostas, Schumacher estava correndo com dois acertos completamente diferentes e descobriu que o carro reserva (à época, permitido por regulamento) havia sido mais veloz que o carro normal.

 

A largada ocorreu em condições de pista terríveis, e com muita chuva para cair, assim, os que estavam no pelotão do povão e atrás do grid tiveram sua visão prejudicada.

 

Mais à frente, Hill largou mal e foi ultrapassado, de cara, por Villeneuve e Alesi. Atrás deles, vinham Berger, Barrichello e Irvine. Atrás deles, vinha Schumacher, que também largara mal. Mas, ao final da primeira volta, o alemão era sexto. David Coulthard, da McLaren, Ricardo Rosset, da Footwork e Pedro Lamy, da Minardi, abandonaram ainda na primeira volta, graças a uma batida. Giancarlo Fisichella, da Minardi e Olivier Panis, da Ligier, envolvidos no acidente, acabaram tendo de abandonar na volta seguinte por danos em seus carros. Ainda na segunda volta, Eddie Irvine rodou e também abandonou.

 

Daí em diante, um show do endiabrado tedesco da Ferrari. Michael ultrapassou todos os que estavam à sua frente com extrema facilidade - inclusive as Williams. Um desempenho fantástico. Chegou à liderança na volta 13, após passar Villeneuve. E não mais a perdeu. Uma vez na frente, Schumacher desandou a fazer voltas mais rápidas. Jacques viu o alemão se distanciar rapidamente: 2.9s na volta 12, para 6.6s na volta 13, para 10.5s na volta 14, 14.9s na volta 15 e assim continuou. Em média 4 segundos mais veloz por volta. Sua volta mais veloz, em 1min45s517, na 14ª, foi 2.2s mais veloz que a de qualquer outro piloto naquela tarde. Para alguns, foi uma performance que lembrava Ayrton Senna em seus melhores dias. Pode até ser. Mas, pela distância absurda de rendimento de seu carro para as Williams e pelo problema que Michael enfrentou nessa prova (do qual falarei posteriormente), acho que foi uma apresentação sem precedentes na história (talvez porque eu não conheça outros exemplos. Vai saber!)

 

Antes disso, Damon Hill teve problemas duas vezes nas voltas iniciais (um na quarta, na qual passou fora da pista e perdeu posições para Berger e Schumacher e outra na oitava, dessa vez incluindo uma rodada, em que perdeu posições para Rubens Barrichello, Heinz-Harald Frentzen e Jos Verstappen), e na 12ª, rodou e bateu na reta dos boxes. "Estou feliz por estar inteiro. Na verdade, sinto-me satisfeito por estar fora da corrida. Foi um mau dia para mim. Estava difícil de ver alguma coisa na pista e tive problemas", disse Hill. Mika Salo, da Tyrrell, estava correndo com um carro reserva sem autorização da FIA e foi desclassificado. Johnny Herbert rodou na volta 20 e abandonou.

 

Gerhard Berger, da Benetton, rodou na volta 45, enquanto tentava passar Pedro Paulo Diniz. "Foi basicamente um erro meu," ele admitiu. "Eu estava tentando ultrapassar na reta quando não havia como eu estar bem atrás dele. Tentei mostrá-lo que eu estava bem à direita dele e que ele deveria frear, mas ele não entendeu". Berger fora, Villeneuve não teve mais adversários na luta pela terceira colocação com a Williams. Parecia que o canadense iria buscar Alesi na segunda colocação, mas acabou sem condições de ameaçar o francês. No giro seguinte, Rubens Barrichello, da Jordan, chegou a liderar durante algum tempo enquanto Schumacher e Alesi faziam suas primeiras paradas. Ele estava em terceiro, quando teve um problema de embreagem e seu motor apagou. Duas passagens depois, foi a vez de Jos Verstappen também perder a linha, rodar e desistir.

 

A partir da volta 31 (a corrida tinha 65 previstas), problemas elétricos fizeram com que o motor de Schumacher só tivesse oito ou nove cilindros a funcionarem, segundo o próprio. "Eu estava aproximadamente 10km/h mais lento nas retas", disse Schummy. Isso impediu o alemão de chegar à sua primeira vitória pela Ferrari com mais de 2 minutos de vantagem para seus adversários. Apesar disso, jamais algum piloto pôde fazer frente ao desempenho do alemão nesta prova. Além disso, Schumacher enfrentou problemas com o intenso frio. Sentiu fortes câimbras, o que o forçou a tirar o pé em várias ocasiões.

 

Chegou a "apenas" mais de 45s de vantagem para Jean Alesi, da Benetton. Jacques Villeneuve - que completou o podium -, Heinz-Harald Frentzen, Mika Hakkinen e Pedro Paulo Diniz chegaram aos postos pontuáveis restantes. Foi a primeira vitória de Michael pela Ferrari.

 

 

A Ferrari não podia acreditar. A equipe de Maranello comemorou bastante aquela vitória e colocou todas as fichas do sucesso em seu piloto. Jean Todt, diretor esportivo do time italiano, porém, manteve os pés no chão. "Essa não é a hora de falar do surgimento de uma nova era. Ganhamos uma corrida. Nosso objetivo é continuar melhorando.", disse o dirigente.

 

É gratificante para mim a possibilidade de falar sobre uma corrida na qual eu era apenas um bebê. É prova de que a F1 é história e, como tal, é acessível a todos, em boa parte de suas épocas.

 

É isso, galera. Uma ótima semana a todos!

 

Antônio de Pádua

 

 

 

 

Last Updated ( Monday, 12 August 2013 00:51 )