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A receita de uma pizza! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 27 June 2013 01:30

Caros Amigos, Na semana passada, retardei a publicação da minha coluna em algumas horas apenas para ver o desfecho de mais um patético episódio da justiça desportiva no âmbito do automobilismo.

 

Esperei por alguns dias por parte de colegas da mídia em seus sites e blogs coisas do tipo “Várzea sobre rodas – internacional”, “Mazelas do automobilismo  mundial”, “A CBA é em Paris”, ou coisa lá que o valha. Surpreendentemente, nada!

 

Porque o fizeram ou deixaram de fazer, não me interessa. Eu terminei minha coluna com aquela já famosa frase de tantos cartazes em eventos esportivos e do famoso final do GP do Japão de 1991. Eu Sabia! Eu Sabia!

 

O julgamento no Tribunal Internacional da FIA começou na manhã do dia 20, quando a Equipe Mercedes foi acusada de violar o artigo 22 do regulamento que proíbe o uso de carros atuais ou recentes nos testes como o realizado pela Pirelli entre os dias 15 e 17 de maio, em Barcelona, classificando o teste como tempo de pista que não seja parte de um evento conduzido por um competidor inscrito no campeonato, uma vez que a equipe germânica usou os carros atuais e seus pilotos titulares – Lewis Hamilton e Nico Rosberg – para rodar cerca de 1000 Km e a fornecedora de pneus do campeonato, a Pirelli, por ter conduzido os testes com carros que não poderiam ser utilizados.

 

Mark Howard, representante legal da FIA, contudo, afirmou que a postura da Pirelli com relação ao teste não representa uma quebra no contrato com a F1, mas acrescentou que a fabricante pode, sim, ter infringido o Regulamento Esportivo do Mundial.

 

As Defesas:

 

Após ouvir a FIA, Paul Harris, o advogado da Mercedes, afirmou que, uma vez que o teste foi conduzido pela Pirelli, não há infração do regulamento por parte do time alemão. O defensor reiterou várias vezes que o teste foi coordenado, controlado e pago pela fábrica italiana, e que a Mercedes só fez o que lhe foi pedido. 

 

Em suas palavras textuais, disse que tal evidência era confirmada pela Pirelli, por isso todas as pessoas presentes no dia, de forma unânime davam a mesma evidência sobre que estava acontecendo, quem estava fazendo e quem estava no comando. Por fim, Harris afirmou que Ross Brawn, chefe da Mercedes, e Ron Meadows, gerente do time, tinham permissão de Charlie Whiting, diretor de prova da F1, Sebastien Bernard, advogado da FIA, para usar o carro de 2013.

 

Contudo, algumas perguntas feitas na corte deixaram o advogado encurralado: Se estava tudo bem, tudo certo, porque os pilotos foram “treinar disfarçados”?

 

Paul Harris admitiu coisas podiam ter sido diferentes. Segundo ele, Lewis Hamilton e Nico Rosberg usaram os capacetes sem marcação para evitar problemas de segurança com os fãs, e que isso foi um erro, porque ajudou a criar uma imagem de algo suspeito. Segundo ele, haviam razões, principalmente motivadas pela da falta de segurança, para fazer a troca dos capacetes, mas isso acabou surtindo um efeito indesejável.

 

O ‘boi de piranha’:

 

Este é um termo conhecido dos pecuaristas pantaneiros, Em um rio onde há piranhas, colocam-se bois magros e pouco saudáveis na frente da boiada para ‘distrair os peixes’ enquanto aboiada passa. No caso do julgamento, era preciso um... e esse foi Ross Brawn, que – segundo a ‘rádio paddock’ – está de saída da equipe, assumindo a responsabilidade por colocar os carros deste ano e os pilotos titulares.

 

Ross Brawn, chefe de equipe da Mercedes, admitiu que era ‘inevitável’ a aquisição de dados com o teste realizado com a Pirelli em Barcelona, insistindo que as informações não se tornaram uma vantagem competitiva para o time. Contudo, a telemetria do carro no teste foi mantida ativa, mas por razões de segurança, uma vez que “é essencial que a equipe saiba o que está acontecendo quando o carro vai para a pista, como forma de evitar que haja qualquer defeito ou problema, assegurando o funcionamento normal do carro”. No final, Brawn afirmou que os dados foram posteriormente arquivados em um servidor seguro no banco de dados da equipe, comprometendo-se a não acessá-los e que, como não sabiam nada sobre os pneus, nem qual eram o objetivo e os detalhes da Pirelli, era lógico partir do princípio de que nenhuma informação é melhor do que uma informação errada. Por isso, não haveria como se usar os dados obtidos no teste. Contudo, também salientou que tudo foi feito com autorização de Charlie Whiting.

 

Whiting, o escudo:

 

Charlie Whiting acabou virando escudo de defesa e tábua de salvação da Mercedes. A FIA afirmou que nunca concedeu uma permissão oficial para que Mercedes e Pirelli utilizassem o carro de 2013 no teste de Barcelona e que qualquer indicação de aprovação feita por Charlie Whiting, delegado da FIA, era “irrelevante”! O representante legal da FIA, Mark Howard, deixou claro que só o Conselho Mundial do Esporte a Motor tem poder para alterar as regras.

 

O delegado da FIA enviou um e-mail para o advogado da entidade máxima, Sebastian Bernard, para entender a situação jurídica do caso e foi informado de que tal situação poderia ser possível, mas que estaria sujeita a um convite da Pirelli para todas as equipes. Whiting informou Brawn da posição da FIA, mas reiterou que não era uma posição vinculativa.

 

Como as equipes rivais não foram convidadas a participar dos testes em Barcelona, utilizando os carros atuais após as conversas com Charlie Whiting – embora a Pirelli já tivesse falado com alguns times sobre a possibilidade de realizar este teste – a não participação dos outros times ou o não conhecimento, caracterizou de vez a quebra do regulamento.

 

Bateu o desespero... e no desespero, alguém tem q se ferrar junto:

 

Apesar de alegar inocência, a Mercedes afirma que se for considerada culpada (e estava evidente que isso aconteceria), no entender do seu advogado, a Ferrari também deveria ser colocada em julgamento pelo mesmo motivo por couta do teste realizado no Bahrein com a Pirelli. Apesar da equipe italiana ter usado o carro de 2011, guiado por Pedro de la Rosa, segundo Paul Harris, o regulamento diz que os carros não podem estar “substancialmente em conformidade” com as regras atuais. “Se nós estamos errados na interpretação do que o [Artigo] 22 significa e nós conduzimos o teste, portanto descumprimos o regulamento, acontece que a Ferrari também descumpriu”. a Mercedes revelou que a Ferrari teve outro teste com a Pirelli, ainda em 2012, quando Felipe Massa completou 1000 km antes do GP da Espanha

 

E a Pirelli “cantou os pneus”:

 

A Pirelli, que foi colocada no ‘olho do furacão’ por conta do teste de Barcelona, por estar sendo criticada pela maioria das equipes e até pelo ‘dono da bodega’ – Bernie ecclestone – por conta dos pneus considerados ruins, procurou reafirmar sua transparência e assegurar que não houve intenção de favorecer time algum da F1 e que o uso do carro de 2013 da Mercedes foi de responsabilidade da própria equipe e que a fornecedora de Milão jamais pediu tal expediente, que vai contra o regulamento esportivo da F1. Além disso, a Pirelli também confirmou que os testes realizados em conjunto com a Mercedes em Barcelona tiveram o objetivo de colocar na pista os pneus que a fornecedora pretende implantar na F1 na temporada de 2014.

 

Apesar de, inicialmente ter dito que convidara todas as equipes para o teste, mas que só a Mercedes respondera, a Pirelli afirmou que não haveria como realizar testes com os pneus de 2014 com todas as equipes ao mesmo tempo e que os testes foram realizados em cumprimento do contrato entre a Pirelli e a FIA, que dá ao fornecedor a possibilidade de realização dos testes para o desenvolvimento dos pneus com cada equipe em até 1.000 km, sem especificar o tipo de carro a ser utilizada e nem a sanção à presença simultânea de todas as equipes para a execução dos testes.

 

A Pirelli garante que a Mercedes não tirou proveito dos testes com os pneus, já que estes foram concebidos visando a próxima temporada e não houve nenhuma troca de informação entre fornecedora e equipe. Segundo o Diretor técnico, Paul Hembery, os testes foram realizados com um composto-base e que não esteve em uso neste ano, e com 12 estruturas diferentes, que jamais foram utilizadas em 2013, apenas uma delas com kevlar. Portanto, a equipe Mercedes não obteve qualquer vantagem no que diz respeito ao conhecimento do comportamento dos pneus em uso no atual campeonato.

 

Tendo sido a última a ter direito de voz no julgamento. O advogado da Pirelli – Dominique Dumas – vendo que a bomba estava para estourar nas mãos da Mercedes, pegou duro em sua defesa, dizendo não entender a razão da fábrica italiana estar sendo alvo de acusações disciplinares e questionou o poder legal da entidade máxima do esporte a motor em aplicar qualquer sanção à marca. Dumas argumentou também que a FIA não tem competência para punir a Pirelli por conta do teste, reiterando que a fabricante não violou o regulamento e que nenhuma equipe do grid apresentou queixa contra ela.

 

Não satisfeito, Dumas foi ainda mais longe em seu discurso e lembrou o caso de Flavio Briatore, então chefe da Renault e julgado pela FIA pelo escândalo da batida proposital de Nelsinho Piquet no GP de Cingapura de 2008. O advogado apontou a jurisprudência na França, relativa à punição dada à Briatore, que foi banido da F1, e afirmou que a FIA só pode aplicar sanções a membros licenciados e que aceitem o cumprimento de suas regras. Briatore conseguiu reverter a sentença na justiça francesa em 2010.

 

“A única maneira que a FIA tem de lidar com as eventuais violações em seu contrato é por meio de um tribunal civil. Não pode existir uma sanção sem qualquer base sólida, e a Pirelli não pode aceitar e não vai aceitar que sua imagem, qualidade de produtos ou credibilidade seja manchada por um caso inadmissível e infundado. Espero que a decisão do Tribunal venha apaziguar as tensões e permitir que as partes se reúnam para discutir as regras da F1. É absolutamente urgente e imperativo que isso seja feito”.

 

O revoar dos abutres:

 

Presente na audiência do Tribunal Internacional da FIA, Christian Horner acreditava que a Mercedes deveria ser punida também no âmbito esportivo e não apenas com uma alta multa em dinheiro, por participar do teste secreto com a Pirelli. “Não é nossa responsabilidade comentar que tipo de punição deveria ser aplicada, mas é comum, quando se viola uma regra do esporte, receber uma sanção também esportiva. Acho que é bastante claro que, na F1, você sempre aprende algo com testes, e em particular quando esse teste é feito com o carro atual, por isso é quase irrelevante o tipo de pneus que foi usado”, declarou o ‘touro chefe’ para a mídia que cobria o julgamento. A Red Bull foi a equipe que mais duro protestou contra a Mercedes e a Pirelli quando soube dos testes.

 

A pizza é servida:

 

Depois de 7 horas de julgamento no dia 20, o Tribunal entrou em recesso, anunciando que o veredito sairia no dia seguinte. Novamente reunido, foi proferida a decisão:

 

“Por ter participado do teste utilizando o carro de 2013, o que comprova uma violação do Regulamento Esportivo da F1 e obtido uma ‘vantagem injusta’, fica a equipe Mercedes suspensa do teste com jovens pilotos, que acontecerá neste ano na pista de Silverstone, entre os dias 17 e 19 de julho. Fica ainda a equipe repreendida por este tribunal”. 

O “interessante” deste comunicado é que, durante a parte final de seu discurso no Tribunal, o representante legal da Mercedes, Paul Harris, afirmou que, se a Mercedes fosse realmente considerada culpada, então o melhor caminho seria excluí-la dos testes de jovens pilotos, além de uma reprimenda. 

“O teste de novatos é um treino de três dias é um teste em que as equipes têm total controle do carro e dos pneus. Se estamos neste território, então deixamos o Tribunal Internacional livre para impor exclusões desse tipo de evento da FIA, e o teste de pilotos é exatamente isso”, sugeriu ao advogado. 

E foi exatamente o que aconteceu! Incrível, não? Para finalizar, foi definido que todos os custos do julgamento serão divididos entre FIA, a Mercedes e a Pirelli (que saiu praticamente ilesa do julgamento).

 

A grita geral!

 

Tão logo o teste se tornou público, as rivais Ferrari e Red Bull protestaram, e a entidade máxima do automobilismo mundial levou o caso ao Tribunal.

 

“É perplexo constatar – para dizer no mínimo – que a parte culpada do processo pode escapar virtualmente livre após ter uma ‘vantagem esportiva injusta’. Não venha me dizer que testar por três dias sozinhos no circuito da Catalunha é a mesma coisa que andar com outras nove equipes em Silverstone, com um monte de novatos pilotando, em um lugar em que as condições climáticas podem mudar no meio do verão”, declarou em nota a Ferrari.

 

Pelo lado taurino, Christian Horner foi mais comedido, mas deixou clara sua insatisfação com o resultado do julgamento: “O Tribunal obteve todos os fatos, que foram apresentados de forma justa e tomou uma decisão. Nós protestamos porque queríamos clareza sobre se realmente é permitido testar com um carro atual nesta temporada, pois acreditamos que isso é uma violação dos regulamentos. É sempre preferencial testar com os pilotos titulares, ao invés dos reservas, mas a punição não era algo de nossa responsabilidade. Era uma decisão do Tribunal e foi o que eles fizeram”.

 

O alívio:

 

Ross Brawn, chefe da Mercedes, demonstrou satisfação com o desfecho do julgamento. “A equipe esteve muito confiante na sua postura nestas últimas semanas. Tivemos total apoio da sede, em Stuttgart, e eles entenderam tudo o que passamos. Foi muito importante para a Mercedes que os fatos deste caso tenham sido compreendidos. Um evento como este cria uma série de emoções. Teria sido muito frustrante se saíssemos disso sem ter sido o que foi. Mas isso fortalece sua determinação, ao invés de enfraquecê-la. Tudo está muito claro agora para que possamos nos concentrar para o resto do ano. O carro vem bem, temos algumas coisas interessantes para tentar em Silverstone, algumas melhorias, e dois pilotos no topo de sua forma. Então, acho que podemos agora avançar para o resto da temporada. Certamente, não diminuiu meu entusiasmo pela F1”.

 

Com a palavra, os Pizzaiolos:

 

Ao fim de todo o ‘teatro’, a FIA emitiu a seguinte nota: “A FIA deseja que sejam aprendidas as lições com este caso e com a decisão proferida. Para este fim, a FIA irá se certificar, em associação com todas as equipes de F1, que o controle sobre os testes seja fortalecido”.

 

Exposto tudo isso, que lições tiramos?

 

Era claro que todo este processo não ia dar em nada. O bom velhinho de bobo não tem nada e não ia correr o risco de perder uma potência como a Mercedes na categoria que comanda. Da mesma forma, depois de ver alguns dos principais fornecedores de pneus do mundo ‘darem de ombros’ para a F1, e a Michelin, ter sido a única a acenar com um ‘talvez’, mas acompanhado de uma enorme lista de exigências, não podia ficar também sem a Pirelli. Afinal, carro não corre sem pneus! Simples, não?

 

E ainda falam mal da CBA... 

 

É... depois dessa, ao invés de cafezinho, vou tomar uma boa bagaceira (bebida fermentada produzida com o bagaço das uvas usadas na produção do vinho). O vinho eu usei pra tentar digerir a pizza.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva 

 

 

 

Last Updated ( Friday, 28 June 2013 09:03 )