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SOS... Precisamos de Narradores! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 13 June 2013 00:57

Eu comecei a assistir corridas de carro, em outras palavras, Fórmula 1, em 1981, ano do primeiro campeonato do Nelson Piquet. Como quase sempre vi – e ouvi – os narradores da televisão, sem contato com os narradores do rádio nas transmissões das corridas, o que acaba restringindo o assunto da coluna deste mês... mas vai assim mesmo!

 

No início, onde eu era uma criança e não entendia lá muita coisa, ficava ligado nos comentários dos meus tios e do meu pai, além da narração e dos comentários na televisão. Em um cenário que ainda não tinha as TVs por assinatura, não eram tantos os narradores para o futebol, para a F1 e mesmo para os outros esportes. Nesta época, transmissão de esportes na televisão era – se fosse o caso – associada a uma voz: Luciano do Vale.

 

O narrador era “o Galvão da época”. Narrava tudo! Era uma celebridade, mas era mais humilde e acessível que a ‘estrela da poderosa’... e era também um problema, tamanho era o seu carisma. E não era apenas carisma. Luciano foi audacioso ao deixar a emissora em que trabalhava e, associado com uma outra e investindo em um programa dominical de esportes, coisa que jamais conseguiria fazer na emissora onde trabalhava.

 

Junto com o projeto na televisão, Luciano apostou no crescimento dos esportes olímpicos, em especial com o vôlei. Ele viu o potencial da seleção e dos clubes semiprofissionalizados e apostou no sucesso do sexteto. Deu certo! Até uma partida no Maracanã a seleção de vôlei jogou, sempre puxada por uma equipe liderada por sua voz poderosa e uma narração quase perfeita.

 

Aos 68 anos de idade, Luciano do Vale é o mais antigo narrador de automobilismo em atividade no país.

 

Mas nada no mundo é eterno e hoje, aos 68 anos, o tempo cobra a fatura do narrador, onde não apenas a voz, mas a vista e a mente oscilam, expondo um ícone do jornalismo esportivo a passar por situações vexatórias, com troca de nomes de atletas, pilotos – no nosso caso específico das corridas – e até errando as chamadas do canal de TV onde trabalha.

 

Há algum tempo, Luciano chegou a ser afastado das narrações de eventos esportivos sob o pretexto – da emissora – de que o profissional precisava passar por um tratamento médico.

 

Do outro lado, temos o Galvão, que não é nada humilde e que se enaltece dizendo que faz esporte, que narra a F1 e outras coisas do gênero, desde a invenção da roda – ou da bola – na verdade assumiu o posto de “a voz” da emissora depois que Luciano a deixou e há quem relate que havia uma dura disputa por espaço entre eles. A luta ultrapassou a fronteira das telas quando Galvão tentou emplacar um projeto semelhante ao de Luciano em outra emissora... e não deu certo. Acabou conseguindo voltar para sua “casa”, onde reconsolidou-se como “a voz da emissora” em praticamente todos os esportes.

 

Outra grande diferença entre os dois está na quantidade de erros nas narrações. Galvão protagonizou diversas gafes, não apenas no automobilismo, mas em outras tantas que acabou levando o público à criação do “cala a boca Galvão”, espalhando faixas e cartazes contra suas performances, isso sem falar nas vaias. O “estamos ao vivo”, no VT da transmissão da luta do Anderson Silva, onde o próprio Anderson fez os comentários no estúdio foi de matar os seus desafetos de rir.

 

Galvão Bueno, a "voz da Fórmula 1 na TV aberta" está afônico e com sérios problemas para longas jornadas.

 

Cercado de uma série de recursos como o ‘live timing’, sinal de imagem direta – sem o ‘delay’ de transmissão que vai para a casa do telespectador – parece que o Galvão não consegue ver as coisas que nós, espectadores, vemos em casa. Se não fosse o suficiente, ele corta o espaço dos comentaristas, algo que já rendeu gozações do Jô Soares quando ele foi entrevistado no programa do fim de noite.

 

Recentemente, Galvão passou por um vexame – ao vivo – durante a transmissão do GP da Espanha de F1, quando a emissora “barrou” o comentarista Reginaldo Leme e colocou Rubens Barrichello na cabine de transmissão. Após a prova, que teve a vitória de Fernando Alonso e o 3º lugar de Felipe Massa, a imagem voltou dos comerciais com o piloto brasileiro falando ao telefone.

 

Galvão tratou de falar que Felipe Massa devia estar falando com a esposa, porque era dia das mães e – inocentemente, como quase tudo que fez na vida – Rubinho tratou de corrigi-lo, dizendo que aquilo era uma ligação do Presidente da Ferrari, Luca Di Montezemolo, que sempre ligava para parabenizar seus pilotos quando estes iam para o Pódio. Pena que a TV não mostra a cara de bobo do narrador na hora de um fora como estes.

 

Assim como Luciano, Galvão já é um sessentão e ninguém é eterno, por mais que queira. Desde 2010, durante a copa do mundo, que é uma dura maratona de jogos, ficou evidente que a “voz” estava ficando rouca. Galvão teve sérios problemas durante as partidas, com a voz desafinando e falhando (mas sem ele ‘largar o osso’). Ainda hoje, em outras transmissões, vez por outra a voz ‘some’.

 

Mas será que não tem ninguém em condições de assumir o lugar deles?

 

Nas transmissões da Fórmula 1, o Galvão é substituído quando a emissora o escala para um outro evento que ela julga mais importante. Nesta hora, ‘sobra para os regra 3’, Luiz Roberto e Cleber Machado.

 

Cleber Machado é, via de regra, o substituto do Galvão nas transmissões da F1 quando necessário. Espaço para os comentaristas. 

 

Em cada uma das vezes que os mesmos entram nas transmissões, em geral feitas do estúdio, para os ouvidos mais atentos fica claro o desconforto de ambos com a tarefa. Primeiro, porque tem que fazer uma transmissão de um esporte que eles não tem como rotina transmitir. Ainda que a emissora transmitisse outros campeonatos e fizesse um revezamento regular com  eles, para dar mais ‘quilometragem’, mas não. Evento importante, é do Galvão.

 

Eles, ao menos, procuram não errar, procuram não inventar e com isso, dão mais liberdade a comentarista – quase sempre Reginaldo Leme – de manter o telespectador melhor informado e livre da metralhadora giratória que cospe um milhão de palavras por minuto. Mesmo perdendo em ritmo de narração, porque é preciso admitir que o Galvão é bom no que faz, a transmissão ganha em riqueza de informação.

 

Luiz Roberto também já fez algumas provas de F1 e da Stock Car... deixa transparecer que seu negócio é bola.

 

O problema é que os dois parecem ter que seguir uma mesma cartilha, repetindo, com outras palavras, mas de forma similar os ‘mantras’ do “melhor piloto de todos os tempos”, entre outras coisas cujo a realidade é, por vezes, bem distante. Nas transmissões da Stock Car, são de rir – pra não chorar. Parece que tem UM piloto na pista e “uns outros fazendo figuração”, já que não pode ter corrida de um carro só.

 

Na outra emissora de sinal aberto, o “narrador número 2” tem este espaço que os narradores que substituem o Galvão não tem. Teo José narra várias das provas da Fórmula Indy, além das provas da Fórmula Truck... e narra bem. Nas provas da Truck, consegue dosar a emoção e a técnica, dividindo espaço com o comentarista – Eduardo Homem de Melo. O problema é nas narrações da Fórmula Indy.

 

Locutor praticamente oficial da F. Truck, Teo José também narra a Indy, "quando o Luciano deixa". É o grande "Pacheco" da TV.

 

Teo José parece que fica cego e só vê o que ele quer nas transmissões da categoria americana... e o que ele – e na verdade todos nós queremos – ver é o Brasil na frente, mas daí tem que haver a separação entre o profissional e o torcedor. Coisas do tipo “ele vai que vai pra cima”, “quer porque quer” empolgam o torcedor, mas quando ele parte para o ‘Pachequismo’ e cria situações irreais... dá nos nervos. Quantas corridas um piloto brasileiro está lá,nas últimas posições e os carros começam a entrar nos boxes e aquele piloto começa a subir na classificação? “E lá vem o Rubens Barrichello crescendo na prova... já é o oitavo colocado”(sic) O torcedor, o espectador não é burro, ele está vendo o porque do avanço.

 

Voltando para a poderosa máquina de transmissão, nos canais por assinatura, temos o Sergio Mauricio e o Daniel Pereira.

 

Sergio é o cara que está ligadamente no capricho... e como ele capricha nas transmissões da GP2 e da Stock Car. Parece que o mal que aflige o Galvão é contagioso... as coisas acontecem diante da tela (especialmente no caso dele, que vê a mesmíssima imagem que o telespectador vê em casa, uma vez que transmite do estúdio.

 

Ségio Maurício nem sempre 'tá ligado' como devia. Co a corrida diante dos olhos deixa de ver muita coisa que vemos em casa.

 

Acontecem ultrapassagem diante dos seus olhos, as vezes de brasileiros como ocorreram do Felipe Nasr (É NASR E NÃO NASSER!!!) na corrida da Espanha enquanto ele ‘filosofava ao lado do comentarista – que também comeu mosca.

 

Pior é na Stock, onde, assim como os “regra 3” do canal aberto, Sergio Maurício só vê um piloto na pista. Parece que se eles não massificarem o nome do ‘filho do homem’ vão perder o emprego. Todo mundo sabe que o Cacá é bom, que guia muito, que é um cara midiático. Pô, o cara não precisa disso! Tá todo mundo vendo. Nessas horas concordo com cada palavra do Piquet quando ele dizia que a imprensa brasileira era despreparada. Continua sendo, tanto que todo mundo lê minha coluna, que sou um esforçado corretor de imóveis.

 

O novato Daniel Pereira – pra mim, pelo menos – mandou a pérola do ano até agora e está concorrendo ao “Galvão de Ouro” pela que fez no GP de Mônaco.

 

“Estamos aqui em Mônaco (mas ele estava no estúdio, tá?), este lugar maravilhoso, especial, cheio de tradição, na etapa mais tradicional da Fórmula 1, onde a alta sociedade está presente em peso, onde a família real comparece as tribunas... o Rei, a Rainha... ”MEU DEEEEEUUUSS”!!! Ele deve ter tomado uma ‘bicuda na canela’ do Lito Cavalcanti enquanto eu chorava de rir no sofá de casa... até minha mulher veio perguntar o que havia acontecido.

 

O mais jovem de todos, Daniel Pereira pode se firmar como narrador de corridas... mas tem que prestar atenção no que fala.

 

Será que esse moço não sabia que em um PRINCIPADO como é Mônaco não tem Rei, e sim Príncipe? Na narração da corrida, a mesma ladainha – deve ter algum cursinho ministrado nas instalações do Projac, só pode ser – para falar o nome Senna a cada três frases. E olha que, pela foto, talvez ele nem tenha visto o Senna correr.

 

Independente dos comentários nada elogiosos aos locutores citados, o problema é sério: com os ‘jurássicos’ Luciano e Galvão à beira da aposentadoria – apesar de não darem mostras de querer ‘largar o osso’ – os novos narradores não conseguem emplacar, nem a nível de competência, nem a nível de carisma.

 

Precisava surgir um Livio Orichio para a TV assim como tem o narrador que hoje transmite para o Rádio.

 

Agora é me preparar para os processos!

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva