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No money, no honey! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 11 May 2013 01:02

Outro dia, assistindo com a patroa um destes filmes no meio da madrugada, a mocinha bonitinha falou para o ator garanhão uma frase daquelas! Qual a frase? Daqui há pouco eu falo.

 

Na manhã seguinte, indo para o trabalho naquele tráfego pesado, costumaz da grande BH, não sei por que motivo, as falas do filme me vieram à mente... acho que por falta de algo mais interessante para pensar ou de música mais inteligente no rádio.

 

Não demorou muito para associar a frase do roteiro da atriz com a coluna escrita no mês passado onde critiquei esta ditadura do capital sobre os talento imposta aos jovens pilotos que anseiam chegar na Fórmula 1 em menor escala, na Fórmula Indy.

 

No caso da categoria mais importante de todas, a Fórmula 1, além do complicador que é a quantidade de dinheiro que um piloto consegue arrecadar, a avaliação de um talento está mais comprometida. Antigamente, quando o Rubinho Barrichello chegou na Fórmula 1, o caminho era mais simples: Fórmula 3 – Fórmula 3000 – Fórmula 1. Todos os chefes de equipe ficavam de olho no que os garotos faziam para ver se descobriam um potencial campeão.

 

André Negrão, Lucas Foresti, Pietro Fantin e Yann Cunha: todos na World Series by Renault... comendo poeira dos gringos. 

 

Nos dias de hoje, além da Fórmula 3 estar pulverizada (e enfraquecida. A Inglesa terá apenas 4 rodadas triplas e um grid de menos de 20 carros), Bernie Ecclestone, o bom velhinho, criou a sua GP3, que acaba competindo com a Fórmula 3 Europeia. Depois tem três categorias com pacotes próximos a nível de potência dos carros: a GP2, a World Series by Renault e a Auto GP (antiga A1 GP). Com isso tem uns 60 pilotos brigando por um par de olhos sobre ele e por um saco de dinheiro para bancá-lo. É claro que não tem para todos!

 

No caso dos brasileiros que estão neste último estágio, enquanto na GP2 Felipe Nasr corre sozinho sob os olhos do paddock da Fórmula 1, na World Series by Renault, quatro brasileiros ocupam lugar no grid... o termo pode ser duro, mas é a realidade. Os meninos são figurantes, andando quase sempre do meio para trás no pelotão.

 

 

Com budgets diferentes, não há como medir a diferença técnica entre os pilotos. Quem é melhor, Cunha ou Fantin?

 

E certamente não são maus pilotos: Lucas Foresti, Yann Cunha, André Negrão e Pietro Fantin fizeram carreira no kart e na Fórmula 3 na Europa antes de chegar a este estágio. Será que os outros pilotos como o Dinamarquês Magnussen ou o português Felix da Costa são tão melhores que eles?

 

Até mesmo entre os brasileiros, podemos questionar a capacidade de cada um. Quem assistiu o duelo de Yann Cunha contra Bruno Andrade na Fórmula 3 sulamericana, independente do exagero dos dois na última etapa em Interlagos e das decisões do STJD e da CBA, o talento de cunha é inegável. Dos outros três brasileiros, o que menos rodou foi Pietro Fantin e é justamente o paranaense que está se saindo melhor.

 

Robin Frinjs foi campeão da World Series by Renault em 2012. Este ano, piloto de testes sem pista e carro na Sauber.

 

Pietro Fantin não possui nenhum título nacional ou internacional no currículo, ao passo que Yann Cunha tem um histórico de vitórias e um trabalho de desenvolvimento nos chassi da Fórmula 3 sulamericana que, em teoria, dariam uma base de conhecimento e quilometragem que os seus concorrentes não tem... mesmo assim, é lá trás que ele anda e  sua assessoria de imprensa precisa ser muito “criativa” para enviar releases para os veículos de imprensa que precisam noticiar o que andam fazendo os pilotos brasileiros.

 

A questão não é quem é o melhor, se Yann Cunha ou Pietro Fantin, mas se a condição financeira que cada um tem para custear o ano na categoria em que correm está pesando mais do que o talento que ambos certamente possuem.

 

Pastor Maldonado, assim como Ernesto Viso, na Indy, tem um futuro incerto após a morte do populista Hugo Chavez.

 

Este problema não é exclusividade dos pilotos brasileiros. Todos viram no final do ano passado o Kamui Kobayashi tendo seus fãs fazendo uma ‘vaquinha’ pela internet para tentar mantê-lo na Fórmula 1. Jules Bianchi ficou como o ‘espólio de guerra’ da Marussia após a fracassada permanência Luiz Razia na equipe.

 

Entre os postulantes estrangeiros, Robin Frinjs, o holandês que destacou-se na World Series by Renault no ano passado e que conseguiu uma vaga como “piloto de testes” da Sauber, está amargando um ano de pedestre: sem dinheiro para conseguir colocar o traseiro no banco do carro nas sextas-feiras, ainda tentou um lugar na GP2, mas foi, inicialmente, bloqueado por Peter Sauber. Ia ficar no pit wall a temporada inteira, mas no final, entrou para a novata Hilmer na GP2 e mostrou na Espanha que é um grande piloto!

 

Nicolas Costa, o único brasileiro a ganhar um título no exterior em 2012, luta pra conseguir um lugar para correr em 2013.

 

Até quem tinha ou tem lugar garantido tremeu ao longo do ano: Pastor Maldonado viu a carruagem virar abóbora quando o comandante bolivariano Hugo Chavez morreu e, por pouco, seu vice, Nicolas Maduro, não foi eleito. Na verdade, mesmo com a eleição e a continuidade do regime chavista, não há ainda uma garantia de que o governo continuará bancando Ernesto Viso na Fórmula Indy e o próprio Pastor na Fórmula 1.

 

E assim se desperdiçam talentos como o Cesar Ramos, que desistiu dos monopostos e está andando na Blancpain, com carros de turismo e do único piloto a ganhar um título fora do país no ano passado, Nicolas Costa, que foi recentemente para os Estados Unidos testar na Fórmula Mazda, um dos caminhos que pode levar à Fórmula Indy... mas sem nenhuma garantia de que, mesmo com desempenho, vá conquistar um lugar no grid.

 

Fazendo minhas as palavras da atriz: "no Money, no Honey!"

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva


 

Last Updated ( Sunday, 12 May 2013 13:54 )