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Paixão pela Velocidade! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 09 May 2013 17:20

Tenho procurado descobrir o que possa ter levado a nossa geração de pilotos dos anos 60/70 a ter sido a mais marcante na história do automobilismo brasileiro.

 

O autódromo de Interlagos foi o berço de todos esses pilotos, e foi ali que a maioria iniciou de uma forma ou de outra  suas carreiras e se tornaram celebridades e até grandes campeões da F 1. Hoje em dia se fecho os olhos me ponho  a relembrar as corridas da década de 60 , onde tudo começou de verdade, só vejo uma imensidão de acontecimentos históricos.

 

Existiram  as famosas corridas de rua  nas cidades do interior tais como, Araraquara, Piracicaba, Petrópolis, Barra da Tijuca, Brasilia e tantas outras trouxeram á tona pilotos hábeis, alguns vinham do kart também em ascensão naquela época.

 

O grande  Emerson Fittipaldi é um exemplo  marcante dessa  geração e dessa formação, além do inigualável Ayrton Senna, ou seja, vieram do kart participaram dessas nossas corridas de rua, fizeram parte dessa geração e desenvolveram seus talentos, até se tornarem grandes Campeões de F-1.

 

Cada um de nós desenvolveu uma característica ou estilo especial. Existiam os que se adaptavam melhor a esses circuitos de rua, tornando-se praticamente imbatíveis  como foi o que ocorreu com os DKW e o grande Mario Cesar de Camargo, o nosso grande e querido Marinho.

 

Outros se revelaram guiando carros mais resistentes  Jayme Silva, Piero Gancia, Emilio Zambello e tantos outros e que nas provas de longa duração faziam bonito com os Simcas, JK, Alfa Romeo, Berlinetas e até alguns protótipos nacionais ou as carreteras como a do saudoso Camillo Christofaro, o Caetano Damiani e dos gaúchos, os Andreata, o Breno Fornari, e tantos outros do sul,berço de grandes pilotos também.

 

 

As primeiras equipes oficiais das fábricas de automóveis da época começaram a existir, seus chefes,  homens incríveis,  deram outro rumo as corridas, e o desejo de pertencer a uma delas era o sonho de qualquer piloto.

 

Foi  durante esse nosso tempo, que o Autódromo de Interlagos e seus dirigentes sob o amor e profissionalismo  do Barão Wilson Fittipaldi começaram  a realizar as provas de longa duração,  como as Mil Milhas, 24 Horas, 12 Horas, 6 Horas, 1.000 Km, 500 Km e outras tantas, o que serviu para naquele momento  do Brasil a ajudar muito o desenvolvimento de produtos nacionais repito, os DKW, Simcas, JK, Gordinis, Berlinetas, Pumas e os protótipos que, foram desenvolvidos graças aos duros testes a que eram submetidos nessas corridas.

 

Foi também a época dos “desenhistas”, projetistas como o querido Anisio Campos, Toni Bianco, Rigoberto Soler, que estrearam como novos construtores independentes, (exemplos como o AC que tive o prazer de ter adquirido o primeiro exemplar  e leva-lo as pistas). Eles provaram  a capacidade dessa classe de construtores incríveis, nossos companheiros da época, profissionais e idealizadores, criaram até as novas categorias onde esses carros se encaixavam e tinham que correr ao lado de outros já consagrados, sempre em disparidade de condições  técnicas, mas que acabavam por andar na frente até dos importados.

 

A pergunta continua, o que levou essa nossa geração a começar tudo e chegar onde chegou?

 

A cada vez que leio ou ouço a história de cada um, vejo que alguns se assemelham muito a minha, que através de um pai também apaixonado pelo automobilismo e muitas vezes “paitrocinador” nos levava a ter a coragem de chegar um belo dia em Interlagos, alinhar um carro de rua um pouco  “preparado”, e disputar enfrentando companheiros que ali já tinham começado. Foi a época e o momento dos “estreantes” que acabaram  se tornando  grandes pilotos.

 

 

Alguns meses atrás, participando do evento Velocult, pudemos todos rever e ouvir entre nós, o nosso  querido Emerson Fittipaldi, que com sua simplicidade costumeira e atenção para com todos, nos fez voltar ao tempo e valorizar ainda mais os momentos vividos juntos cada um de nós e as famosas “brigas” na pista, foi como se tudo tivesse acontecido ontem, mas já se foram 50 anos!!!

 

Me permito colocar aí uma foto que para mim ficará guardada com muito carinho e uma especial junto ao Emerson e que nesse momento relembrava de uma vitória minha em Interlagos , disputando o Campeonato Paulista de 1966 com o Uirapurú, e que disputamos palmo a palmo, ele com a Alfa Zagatto.  

 

A Alfa dele quebrou e eu com um Brasinca totalmente standart, emprestado do amigo Juca Chaves de ultima hora devido a uma quebra no meu de corridas, venci a prova. Essa é uma memorável lembrança para mim e creio que para ele, visto ele ter se lembrado depois de 45 anos como se tivesse sido hoje. Obrigado Emerson!

 

Na verdade, esse começo era a só a coragem que nos movia a competir, e se as condições eram adequadas ou não,  dane-se, isso vinha em segundo plano, o importante era estar ali e procurar mostrar que éramos capaz de fazer, ou que seríamos bons no futuro.

 

 

Durante os 10 anos em que tive o orgulho de participar dessa época de ouro , e desse grupo, só me lembro de ter aprendido muito com os meus companheiros em cada uma das provas que participei e embora nas pistas fossemos  fortes  rivais, sempre existiu cordialidade entre nós os “particulares” sempre procurando ajudar no que fosse preciso.

 

Hoje em dia nos encontramos sempre que podemos e a cada vez que estamos juntos só temos alegrias e histórias incríveis  para relembrar, e um dia desses o Bird me disse uma coisa que me fez pensar novamente pensar o porque de tudo:

 

“Walter, a gente se tornou celebridade” e eu digo que isso foi sem perceber,  pois os valores dados hoje em dia a esse grupo de pilotos é inexplicável  e somos muito gratos, podem ter certeza.

 

Há alguns anos atrás a CBA prestou homenagem a esse mesmo grupo de 32 pilotos , conferindo-nos  o titulo de Pilotos Beneméritos  e guardo isso com carinho pois a “Geração que Começou Tudo” (Reginaldo Leme, jornal O Estado de São Paulo 2003) está aí firme e é um exemplo de garra, persistência, coragem e muito sangue frio naquela  época  do tudo ou nada (tenho o prazer de coloca-los abaixo).

 

Também a Metal Leve por incentivo de seu presidente Claus Hoppen, criou e dedica a cada ano um calendário sempre esperado por nós, pois traz nossas fotos com nossos carros sempre uma surpresa para todos.

 

 

Essa iniciativa, mais os eventos para entrega de livros contando gradativamente a historia de nossos campeões REAGRUPOU todos que desde então se reúne em locais diversos para relembrar os fatos de cada um  e nossas histórias.  Obrigado Claus!

 

As lembranças dos feitos daquela época são inesquecíveis, muitos dos nossos já se foram, mas  tudo  o que fizeram, jamais será repetido por ninguém, cada um tem uma história e um grande feito pessoal naqueles anos. Portanto, deixo aqui registrado que a única razão que encontrei para definir o PORQUE desses pilotos terem feito tudo que fizeram foi, simplesmente, Paixão pela Velocidade!

 

“Não é fácil entrar para a história ...

 

A história tem portas estreitas e por ela só passam grandes nomes”.

 

Valeu  turma!

 

Abraços,

 

Walter Hahn Jr. 

 

Last Updated ( Friday, 10 May 2013 01:10 )