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Sergio, o guerreiro Asteca. PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 28 April 2013 19:12

Olá fãs do automobilismo,

 

Depois da enorme procura e do congestionamento da agenda aqui do consultório após a primeira “rodada dupla”, eu já esperava algo semelhante para o final desta segunda, depois do GPs da China e do Bahrein. Minha surpresa foi ver o primeiro nome da lista de consultas. Confesso que fiquei surpresa. Nem tanto por uma marcação, mas pelo temperamento da pessoa em si, se bem que, nunca podemos prejulgar ninguém antes de pelo menos uma boa conversa.

 

Não é fácil se chegar a uma categoria como a Fórmula 1 e ainda por cima a uma das maiores e mais tradicionais equipes da categoria. É como poder realizar o sonho de toda uma vida e este sonho faz parte dos desejos de alguns milhares de garotos, sonho este que parece cada vez mais distante, geograficamente falando, mesmo com as ‘distâncias encurtadas’ por este mundo cada vez mais conectados em que vivemos.

 

O exemplo temos daqui do Brasil, onde é cada vez mais difícil vermos pilotos em condições de buscar uma carreira sólida no exterior e isso só é possível hoje quando se encontra um meio – ou uma pessoa – disposta a apostar no seu sonho. Tem sido assim com vários destes jovens pilotos e o caso de Sergio Perez.

 

O México andava distante dos holofotes da Fórmula 1 desde que deixaram de ser disputadas as corridas da categoria no autódromo Hermanos Rodriguez, que tem este nome em homenagem a Ricardo e Pedro, os dois grandes pilotos do país nas principais categorias do mundo.  Depois de alguns pilotos ricos terem conseguido chegar na Fórmula 1, eis que surgiu um jovem cujo o talento assombrou a todos.

 

 

Sergio destacou-se como um piloto rápido e combativo desde menino. Começou no kart, como praticamente todos os garotos que sonham ser pilotos. Do México seguiu para onde era mais próximo – os Estados Unidos – correr na Barber, uma categoria de acesso para a Fórmula Indy, mas se um piloto sonha com a Fórmula 1, a Indy sempre será um prêmio de consolação... e Sergio foi para a Europa.

 

Correu na Fórmula BMW na Alemanha, onde disputou dois anos... sem ser campeão. Depois foi para a Inglaterra, correndo na “divisão nacional” da Fórmula 3, onde conquistou seu único título internacional em 2007. Tendo um carro vencedor, ele não deu chances aos concorrentes e mesmo sem estar na categoria principal, conseguiu seguir para a GP2 onde ficou por três anos.

 

 

Nos anos que correu na GP2, Sergio conseguiu se destacar como uma das potenciais promessas para chegar à Fórmula 1, por méritos, independente do forte suporte financeiro que o acompanhava desde os primeiros anos: a companhia telefônica do México, que é uma empresa privada. Neste mundo onde o dinheiro vale mais que o talento, mostrar que tem talento além do dinheiro faz de você uma pessoa especial.

 

Na Fórmula 1, em dois anos na Sauber, Sergio fez algumas apresentações memoráveis, conquistou improváveis pódios com uma equipe de orçamento limitado... o sucesso foi tanto que seu nome passou a ser comentado nas rodas das grandes equipes. Não era apenas uma questão do quanto ele traria de recursos financeiros, mas também técnicos.

 

 

Foi a união dos fatores – técnico e financeiro – que levou Sergio para a McLaren. Se por um lado, o patrocínio foi muito bem vindo, por outro, a equipe apostava em um talento já provado e que, com um carro vencedor nas mãos, ao lado de um piloto campeão como Jenson Button, ser a grande aposta do futuro da equipe, lugar vago deixado por Lewis Hamilton.

 

Contudo, o carro deste ano da McLaren não é um carro vencedor e os dois pilotos estão tendo que lutar com as limitações de um equipamento que não permite sequer o sonho do pódio. Definitivamente isso não estava nos sonhos do jovem combativo... e junto com os maus resultados vieram as críticas.

 

A parte mais dura das críticas, onde chegaram a dizer que era o pior estreante em 20 anos na equipe e comparando suas primeiras três provas às desastrosas primeiras provas de Michael Andretti, em 1993. Uma verdadeira crueldade com Sergio, uma vez que Jenson Button também teve um desempenho fraco nas mesmas corridas... até que veio o Bahrein.

 

 

Sergio vestiu-se de guerreiro Asteca por baixo do macacão. Correu por quase duas horas como se estivesse correndo pela vida e, pela vida, Sergio não mediu esforços, não mediu centímetros, não mediu cores sobre quem estaria perseguindo-o ou à sua frente, como adversário a ser ultrapassado.

 

Durante boa parte da prova, uma disputa feroz foi travada no seio da equipe pelo jovem novato, ávido por mostrar serviço e calar a boca dos seus críticos e as próprias críticas internas. Contudo, parece que tamanha combatividade não foi bem vinda. Pelo menos não por seu companheiro de time.

 

A pergunta de Sergio – e a minha – é: não é uma competição esta Fórmula 1? Sim, ela é uma competição, mas não uma luta de vida ou morte.

 

 

Sergio precisa buscar o equilíbrio entre o “Quauhtin”, o guerreiro-águia da civilização Asteca, que parece habitar seu ser, e o piloto de uma máquina sensível e sofisticada, que precisa ser aprimorada a cada dia. Por mais força que o novo patrocinador da equipe, trazido por ele, possa dar, o guerreiro não pode simplesmente partir para o ataque, precisa usar de sensibilidade e estratégia para vencer suas batalhas... e é assim que o jovem guerreiro precisa agir também. O guerreiro não luta sozinho e não pode ser abandonado pelo seu exército.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares

 

 

 

 

Last Updated ( Sunday, 28 April 2013 19:57 )