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Banzai, Kamui. Banzai! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 14 November 2012 10:38

 

 

Olá fãs do automobilismo,

 

Nesta reta final de campeonato mundial de Fórmula 1 e de corrida desenfreada atrás de um lugar num cockpit, coisa que parece ficar mais difícil – e mais cara – a cada ano que passa, o consultório anda com uma agenda apertadíssima.

 

Nas sessões que tivemos nesta quinzena, não tive como não refletir mais profundamente sobre os anseios – e receios – de Kamui. Seu olhar sereno e por vezes distante, como se estivesse em uma dimensão paralela, deixava-me um tanto preocupada. Não sabia se estava tomando o caminho certo.

 

Quando começou no kart, aos nove anos de idade, kamui vivia num mundo muito distante do automobilismo. Tão longe que nem automóvel a família possuía. Aquele estilo que o público que segue apenas a Fórmula 1 e que chamou a atenção de todos em 2009 já era o traço marcante daquela criança. Ele era quase um Kamicase!

 

Foi um terceiro lugar conquistado no primeiro ano e uma sucessão de vitórias que chamou a atenção da Toyota. Só assim para que Kamui pudesse dar seguimento na carreira. Afinal, o kart é caro em qualquer lugar do mundo e o pai dele não tinha como ‘paitrocinar’ o filho com o faturamento do seu restaurante. De 1997 a 2002, ninguém conseguia Pará-lo.

 

Quando era criança, Kamui não sabia nem o que era F1 ou quem era Ayrton Senna. Seu pai, dono de restaurante, nem carro tinha.

 

Se no início da carreira Kamui não sabia que existia Fórmula 1 e que só veio descobrir quem era Ayrton Senna alguns anos depois, o brasileiro passou a ser uma referência para ele.

 

Se quando começou no kart Kamui não pensava muito num futuro como piloto, este futuro tornou-se presente quando, depois de um ano na “Esso Series”, sua primeira experiência com carros, foi para a Europa, correr na Fórmula Renault. Já venceu no primeiro ano e no segundo, conquistou o campeonato italiano, partindo para o europeu.

 

Vencendo logo no ano de estréia, Kamui foi tetra campeão japonês de Kart. Venceu em todas as categorias que disputou.

 

Primeiro na própria Fórmula Renault, depois, na Fórmula 3. Mais uma vez os bons resultados garantiram um crescimento na carreira e a manutenção do apoio da Toyota, que na época apostava alto na Fórmula 1 e via em Kamui um piloto japonês com potencial de campeão para pilotar seus carros.

 

Faltava apenas mais um degrau antes do “Olimpo”: a GP2. E Kamui venceu novamente no ano de estréia. Venceu não apenas uma corrida, mas venceu o preconceito que há décadas existe contra os pilotos japoneses. Satoru Nakajima, Ukyo Katayama e Aguri Suzuki que o digam. Mas Kamui continuava progredindo.

 

Em 2005, na Fórmula Renault, igualou o feito deTakuma Sato, o único japonês a vencer numa categoria de base na Europa.

 

O ano de 2009 foi um ano de tudo ou nada. A crise econômica mundial fez enormes estragos na Fórmula 1, em especial nas equipes japonesas, que anunciaram suas saídas da categoria. A Honda, já em 2008, vendeu tudo para Ross Brawn e a Toyota ficaria por apenas mais um ano.

 

Como uma espécie de prêmio, no GP do Brasil, penúltima etapa daquele ano, a equipe cedeu para Kamui um de seus carros e proporcionou a ele a chance de mostrar-se ao volante de um Fórmula 1 para todo o circo. E como ele mostrou-se...

 

Em 2009, após duas temporadas na GP2 e uma vitória, a grande chance da carreira o GP do Brasil de F1... sem conhecer a pista!

 

Kamui fez uma corrida fabulosa, disputou freadas no final da reta com o campeão do mundo, Jenson Button. Ultrapassou, deu “X”, deu um show! Em Abu Dhabi, a corrida seguinte, outra grande corrida e assim ele conseguiu chamar a atenção dos chefes de equipe. Fechou com Peter Sauber, que sempre apostou em jovens valores, como fez com Kimi Raikkonen, Felipe Massa e ainda no início, Karl Wendlinger e Heinz-Harald Frentzen. Detalhe: Kamui nunca havia andando em Interlagos.

 

Sem o forte apoio da Toyota, que sofreu muito com a crise, mas que não desistiu totalmente de seu protegido, Kamui precisava agora mostrar que tinha talento e valor para deixar a condição de piloto pagante, ou aquele que leva dinheiro para a equipe através de seus patrocinadores para ser piloto pago, uma pequena nata dentro da nata que é a Fórmula 1.

 

Sem essa de respeito. Kamui Kobayashi disputou posicão roda a roda com o campeão do mundo Jenson Button. Guerreiro.

 

Kamui impôs-se ao circo. Mostrou ser rápido, hábil e confiável. Um “japonês diferente”. Contudo, os anos foram passando e a sonhada oportunidade em um time de ponta não vinha. Com a categoria cada vez mais assediada pelos pilotos superpatrocinados, como é o caso do atual companheiro de equipe, Sergio Perez, tem sido cada vez mais difícil ficar na Fórmula 1 só com talento.

 

A temporada de 2012 está chegando ao fim e Kamui não vê, com seus olhinhos puxados e pequenos, que ele brinca dizendo que “ajuda a não ver os adversários e assim vou passando”, também passa a não ver uma grande perspectiva de futuro.

 

Seu talento o levou para a Sauber, onde, nestas últimas temporadas, tem feito grandes corridas, mesmo com um carro limitado.

 

Sem um forte patrocinador, dificilmente Kamui continuará na categoria para 2013. E quando se fala forte, as cifras estão cada vez mais altas. A projeção é de que sejam precisos cerca de 15 milhões de dólares para se fazer uma temporada na Force Índia, a única equipe que, teoricamente, ainda possui um carro com condições de marcar pontos regularmente. Depois disso, só as pequenas, onde o talento dos pilotos não é suficiente para fazer o carro andar. Na Sauber, o mais provável é que o dono, Peter, seja “obrigado” a promover o reserva, Esteban Gutierrez, para manter o patrocínio mexicano de Carlos Slim. Se eu tivesse um dinheirinho sobrando e fosse investir em um piloto, investiria em você, Kamui.

 

Banzai! Antigamente, pronunciava-se esta palavra como banzei. Era um termo utilizado como interjeição ou exclamação, sendo empregado não somente como uma manifestação de triunfo quando se vencia uma batalha, mas também para desejar longa vida ao imperador e à nação, ou para agradecer aos céus por uma chuva tão aguardada.

 

O sorriso depois do pódio no Japão (antes dele, apenas dois japonesês conseguiram isso) esconde a preocupação com o futuro.

 

Modernamente, consta que foi um estudante universitário quem primeiro gritou a palavra banzai com a intenção de dar vivas ou urras. Foi durante uma imponente cerimônia de promulgação da Constituição japonesa de 1889, no Período Meiji.

 

A comunidade japonesa no Brasil também adotou o costume de gritar banzai três vezes durante ocasiões festivas. Seu sentido é totalmente pacifista, similar ao “viva”, em português.

 

Banzai, Kamui, Banzai!

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares

 

 

Last Updated ( Wednesday, 14 November 2012 10:58 )