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Bernie, o mercador de espetáculos! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 14 October 2012 12:19

 

Muita gente – eu inclusive, como tenho feito nos últimos anos – torce o nariz todas as vezes que a FIA anuncia o calendário do ano seguinte da Fórmula 1.

 

Para 2013, mais uma vez com 20 etapas no calendário, o ‘berço da categoria’, a Europa, que perdeu mais uma etapa este ano com o GP da Europa, em Valência, sendo trocado pelo ainda não confirmado segundo GP dos EUA, que – caso aconteça, e o bom velhinho vai fazer de tudo pra que aconteça – será em Nova Jersey, ao lado da ilha de Manhathan (ainda não foi desta vez que ele conseguiu, mas podem ter certeza de que ele vai continuar tentando fazer com que os carros rasguem a 5ª Avenida, passem na Times Square e ensurdeçam os teatros da Brodway), com uma semana de intervalo do GP do Canadá.

 

Que a Fórmula 1 deixou de ser esporte e virou um negócio faz tempo ninguém contesta. Não adianta querer ser ‘purista’. Nem o Max Mosley, com aquela balela de bom moço(velho), falando em reduzir custos, em limites de gastos e que acabou “dando cria a três estorvos sobre rodas” – Caterham, Marussia e Hispânia – e que seriam quatro, com a equipe americana, pode sair como incompreendido ou injustiçado.

 

Do jeito que a Fórmula 1 é, já há um bom tempo, para gerar dinheiro para o bom velhinho e para todos que se farteiam do bolo, foi “preciso”(?) buscar novos mercados consumidores. Gente que pagasse dinheiro para ter a atração de hospedar, por uma semana, os maiores pilotos do mundo, as melhores equipes do mundo.

 

 

O 'bom velhinho' de bonzinho só tem a cara... e olhe lá! duro na queda e nos negócios, sempre encontra um jeito de ganhar. 

 

Devagar, devagar, lugares estranhos foram aparecendo no calendário da Fórmula 1 e com gente disposta a pagar cada vez mais para ter a categoria correndo em seu país, acabou atiçando o “dinheirococus” do Bernie Ecclestone e aí os valores dos contratos dispararam.

 

Os tradicionais organizadores europeus começaram a ter problemas para bancar as despesas, que aumentavam mais e mais com o aumento das medidas de segurança e as necessidades de reforma nas pistas para atender a demanda por maiores e melhores áreas de escape, barreiras de pneus (quem se lembra das telas nas áreas de escape? O Gilles Villeneuve caiu entre elas no acidente que tirou-lhe a vida).

 

Autódromo foi ficando uma negócio sofisticado, com boxes estilosos, espaçosos, com andares e mais andares com espaços para ‘hospitality centers’, para os convidados VIP, com arquibancadas enormes, confortáveis, numeradas... que saudade dos barrancos onde o pessoal se acomodava e passava o final de semana inteiro no autódromo. Poucos lugares ainda propiciam isso, como Spa Francorchamps.

 

 

Em Spa-Francorchamps emoção não falta nunca. Ano após ano, a corrida é sempre boa. Bernie Ecclestone tinha que pagar pra correr! 

 

Falando em Spa, que teve aquela reta de largada que era complicada, estreita, alargada. Deu até pra fazer uma arquibancada do outro lado dos boxes! Mas nem assim conseguiram “Tilkonizar” o melhor autódromo da Fórmula 1. Quem viu a corrida deste ano? Caraca (pra não dizer outra coisa e o chefe mandar o texto em vermelho de volta), não deu nem pra piscar! Foram 44 voltas de disputas fantásticas, ultrapassagens sensacionais... e ainda queriam fazer revezamento entre GP da Bélgica com o da França. Se em Paul Ricard já ia ser difícil de engolir, imaginem em Magny Cours? Aquela pistinha que é um @#%@#! O Bernie tinha mais era que PAGAR para os belgas pra correr em Spa, e não ser pago.

 

Este ano, numa daquelas coisas que ele arranja para agitar o circo – e desviar a atenção da mídia – o bom velhinho andou dizendo que pagaria... isso mesmo, PAGARIA, para fazer uma corrida pelas ruas de Londres. Talvez fosse só um golpe publicitário, mas o fator público é algo que incomoda o Bernie.

 

O GP da Turquia acabou perdendo espaço por conta disso – também. Fizeram um autódromo no meio do nada, onde o acesso – a ponte – fica pior que a Rio-Niterói em volta de feriadão. No primeiro ano até deu público. Depois foi diminuindo, diminuindo... e hoje eles tem um “elefantilke” pra cuidar.

 

A China, o maior mercado consumidor do mundo também tem passado seus apertos por conta da desequilibrada equação entre custo e retorno. Os chineses andaram até valendo-se de um “truque” para tentar evitar que o descaso com a corrida aparecesse diante do mundo: pintaram as cadeiras com cores alternadas, para “dar um efeito” de que havia público. Agora fazem melhor: não mostram a arquibancada!

 

 

GP da Turquia em 2011. Apenas 20% do público esperado para o final de semana e muita reclamação dos organizadores. Fim! 

 

Neste último final de semana, no GP da Coréia – que deu um trabalho enorme pra ficar acordado durante a transmissão – durante toda a prova só mostraram a arquibancada em frente aos boxes, que estava quase lotada. O “mico” foi que a TV, aqui no Brasil pelo menos, mostrou um flash da volta dos pilotos naquele caminhão, onde eles acenam para o público. Mostraram a arquibancada no final de uma das retas... vazia! Rapidamente, consegui contar NOVE pessoas. 

 

Até onde vale a pena o retorno da categoria em locais em que, talvez se consiga colher algum retorno promocional e comercial para os parceiros comerciais do Tio Bernie? Em Abu Dhabi a Ferrari fez um parque temático que até neve tem... em pleno deserto! Os árabes tem sido os que mais investiram – e onde mais a Fórmula 1 investiu – para “diversificar” o calendário.

 

Para o calendário de 2013 – se o mundo não acabar dia 21 de dezembro – teremos novamente 20 provas. Seis delas na Ásia (Malásia, China, Singapura, Japão, Coreia do Sul e Índia). Duas no Oriente Médio (Bahrein e Abu Dhabi). Três na América do Norte (as duas dos Estados Unidos e a do Canadá) e uma na do Sul (Brasil). A Austrália permanece e assim sobram sete etapas para a Europa.

 

Dentre os “investimentos em novos mercados”, a tara do velhinho é mesmo a América do Norte... e faz tempo! Mas tem certas coisas que, em se partindo de um homem tido como tão inteligente, fico meio surpreso... como é que ele marca a etapa da fórmula 1 no tal do “Circuito das Américas” no mesmo dia da prova final da NASCAR, a categoria mais querida dos Estados Unidos? Teste de popularidade? Teste de potencialidade? Birra? Em pouco mais de um mês teremos a resposta para estas perguntas.

 

 

Hermann Tilke, o "track man" de Bernie Ecclestone vai ter suas pistas como palco de mais de 1/3 da temporada de 2013. 

 

Outra particularidade da próxima temporada é a que dos 20 traçados onde os Fórmula 1 correrão, sete são projetos do Hermann Tilke. Melhor que ser o Rei talvez seja ser “o amigo do Rei”.

 

Minhas preocupações sobre esta escalada da busca de novos mercados são compartilhadas por ninguém menos que Martin Whitmarsh, testa de ferro do Ron Dennis que – claro – continua sendo o manda-chuva na equipe McLaren e que deve pensar exatamente assim também. Partindo deste princípio, acho que não estarei eu lá tão errado...

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva