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Temos nosso próprio tempo, Michael PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 12 October 2012 23:07

 

Olá fãs do automobilismo,

 

Acredito que vocês devam lembrar da coluna da quinzena passada, onde – por conta do atraso de um paciente – tive uma boa oportunidade para conversar com o Felipe, mesmo sem ele estar agendado.

 

O paciente que estava vindo para o consultório, devido a um acidente em que bateu o carro, acabou nem vindo naquele dia... mas conseguiu remarcar a consulta, a qual deixou, para mim, tantas perguntas quanto respostas.

 

O atleta de competição, principalmente em esportes ditos individuais (o que na prática não existe, pois temos junto a este atleta um ou mais treinadores, fisiologistas, preparadores físicos, nutricionistas, etc.) costuma ser mais competitivo do que aqueles que participam de esportes coletivos.

 

No caso dos pilotos de corrida, esta característica parece se acentuar, especialmente quando revemos certas cenas, não só de hoje, mas também do passado, algumas disputas são quase inacreditáveis. Acredito que praticamente todos os fãs de Fórmula 1 já assistiram no you tube a alucinante troca deposições e toques entre Gilles Villeneuve e René Arnoux no GP de Dijon em 1979.

 

Outro dia, vi uma chegada de uma corrida em Monza, 1971, creio eu, em que os 5 primeiros colocados chegaram separados por 1 segundo, com todos fazendo a curva parabólica a poucos centímetros uns dos outros.

 

Contudo, para nós, brasileiros, este “estado puro de competitividade” tem –até hoje – um nome: Ayrton Senna. Acredito que nem o mais ferrenho ‘Piquesista” vai discordar de mim. Ele parece ter alçado a competitividade a um outro platamar. Algo que – aparentemente – só ele conseguia fazer. Levou quase uma década para que aparecesse um piloto tão “competitivo” assim... Michael Schumacher.

 

 

 

Quando este alemão apareceu no circo da Fórmula1, Ayrton Senna já era um piloto consagrado. Em 1991, ano da estréia de Schumacher, Senna conquistava seu terceiro título mundial e, com seus principais adversários deixando a cena (Prost, Mansell e Piquet), o futuro adversário do piloto brasileiro sairia de uma nova geração que buscava conquistar seu espaço. Mas nenhum deles mostrou tanta abnegação quanto Michael.

 

Em 1994, quando finalmente teve um carro em condições de disputar o título de igual para igual com os melhores carros e pilotos (independente de a Benetton ter ou não dispositivos que violavam o regulamento) Michael foi um problema na vida do tricampeão em atividade. Em recente entrevista, declarou ter sentido um imenso orgulho e prazer em ter feito Senna rodar no GP do Brasil daquele ano.

 

 

 

Ao contrário do que muita gente pensou aqui no Brasil quando leu esta declaração, Michael apenas expunha a verdadeira natureza de um piloto de competição: vencer seu adversário e mais, superar o ídolo! Quem dos amigos aqui lembra daquele emocionante momento, na entrevista coletiva para imprensa, após igualar o número de vitórias de Ayrton Senna (41) – e ele viria a vencer outras 50 corridas – o rotulado “duro e frio” alemão chorou como uma criança, acompanhado do adversário – e também chamado de “piloto gelado” – Mika Hakkinen? Ele não reagiu da mesma forma quando igualou as 51 vitórias de Alain Prost... porque?

 

Além de não ter tido um “embate direto” com o francês (Michael e Ayrton tiveram algumas discussões nos boxes ao longo das poço mais de 30 corridas em que largaram juntos), Alain Prost não tinha aquele “perfil de tudo ou nada”. Já na cabeça de Michael, era pra ser sempre tudo... e nunca nada! As decisões dos títulos de 1994 – em que Michael conquistou de forma polêmica, após jogar o carro intencionalmente para cima da Williams de Damon Hill – e no de 1997 – em que perdeu ao tentar a mesma manobra contra Jacques Villeneuve e que foi desclassificado do campeonato – falam por elas mesmas.

 

 

 

Ao longo da primeira metade dos anos 2000, Michael consolidou um império de cores rubras, conquistando 5 títulos consecutivos, subjulgando todos os seus adversários – a começar pelo seu companheiro de equipe, Rubens Barrichello – levando até a Bernie Ecclestone e Max Mosley a mudarem as regras do campeonato na tentativa de Pará-lo.

 

Foi depois de 15 temporadas, 7 títulos e 91 vitórias em pouco mais de 270 corridas, numa impressionante média de uma vitória a cada três GPs que, no final de 2006, Michael decidiu deixar a Fórmula 1. Contudo, sua grande pergunta era: e agora? Onde encontrar motivação para a vida depois de viver tão intensamente tantas emoções, desde os tempos do kartódromo da pequena Keppel?

 

 

 

Michael continuou trabalhando na Ferrari. Estava sempre nos boxes nas corridas... mas estava fora do carro. O organismo não recebia a mesma dosagem de adrenalina “dos velhos tempos”. Como suprir esta “falta”? Como alguém que troca “um vício por outro”, Michael foi buscar emoções mais fortes novamente sobre rodas... sobre duas rodas! Começou a participar de corridas de motociclismo.

 

Como em toda competição de velocidade, acidentes fazem parte da vida de qualquer piloto, seja ele de moto, carro ou mesmo de bicicleta. Não demorou para que Michael também sofresse os seus. No mais grave, chegou a ficar desacordado na caixa de brita. Na falta de uma D. Juze para dar umas “vassouradas”, certamente a Corina – esposa do campeão – deve ter feito algo a respeito.

 

 

 

E assim, três anos após sua despedida, Michael anunciou sua volta às pistas... para correr pela ‘antiga casa’, a Mercedes, que o projetou nos tempos do Mundial de Protótipos e que comprava de Ross Brawn a equipe, mantendo o companheiro dos tempos de Ferrari à frente da equipe. A fórmula – em teoria – tinha tudo pra dar certo... mas não deu.

 

Neste mundo loucamente corrido dos dias que vivemos, para uma categoria como a F1, três anos equivaleriam a quantos se colocássemos os relógios em um F1 e um carro de passeio? 15? 20? Michael voltou, mas longe de ser o mesmo de seus anos de ouro. Continuava competitivo... competitivo até demais. Rubens Barrichello que o diga!

 

 

 

Com os carros não tão eficientes quanto foram em 2009, com o difusor duplo, que fez enorme diferença, especialmente na primeira metade do campeonato, a Mercedes não ofereceu à sua dupla de pilotos um carro vencedor. Tanto que, nas últimas três temporadas, a equipe venceu apenas uma vez, e este ano.

 

Após três anos – certamente frustrantes para alguém tão competitivo, competitivo a ponto de envolver-se em acidentes que dificilmente se envolveria no passado – Michael deixa novamente a categoria. Desta vez, não sob aplausos, mas com aquele “tapinha nas costas” de quem fala: “valeu, cara, mas este lugar não te pertence mais”.

 

 

 

Ainda faltam cinco GPs até o final da temporada. Seria fantástico vê-lo vencer em um deles. Quem sabe neste novo circuito, nos Estados Unidos, ou mesmo no Brasil, no encerramento da temporada. Mas na cabeça de Michael, se esta é a última corrida na F1, o que fazer com as décadas de vida que ele ainda tem pela frente?

 

O mundo é seu, Michael. Tem tanto a se realizar... você nunca venceu em Le Mans, por exemplo. As possibilidades podem ser imensas. Quem não gostaria de ter uma estrela como você em um de seus carros? O importante é saber que, como diz a letra da musica do Renato Russo, da banda Legião Urbana, “temos nosso próprio tempo”!

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares

 

p.s. 1: Felipe fez outras duas grandes corridas depois da nossa conversa. Continue assim, Felipe.

p.s.2: Alguém tem o contato do diretor da NASCAR? Depois do que vi domingo dia 7 em Taladega, acho que uma terapia de grupo cairia muito bem para os pilotos da Sprint Cup! Quem tiver, favor mandar um email para o endereço do site.

 

 

Last Updated ( Sunday, 14 October 2012 12:47 )