| Olá leitores!
Como estão? Espero que todos bem. O Mundial de Motovelocidade foi até Barcelona para mais uma etapa em solo espanhol, e embora eu não morra de amores pela pista (que, justiça seja feita, é melhor para duas rodas que para quatro rodas) o entretenimento fornecido pelos competidores foi decente. Como de costume, a melhor corrida foi 6 da madrugada do domingo, com a Moto3 propiciando aquela disputa em enxame que adoramos ver, com imprevisibilidade até o último instante, os 7 primeiros colocados separados por 7 décimos de segundo, e Piqueras e Rueda batalharam intensamente pela liderança, que estava com Rueda até ele espalhar no começo da última volta, permitindo Piqueras assumir a liderança enquanto Rueda caia para 5º. Piqueras conseguiu se manter na liderança na última volta enquanto Rueda veio recuperando posições e bem no finalzinho tirou a 2ª posição das mãos de Furusato. Final eletrizante, com Piqueras passando apenas 8 centésimos à frente de Rueda e 15 centésimos adiante de Furusato. Valeu a pena. Começou a Moto2 e eu estava preocupado, afinal o ótimo Hamilton Rodrigues estava escalado para narração de final de torneio de tênis e eu sei como é o estilo do substituto que a ESPN arrumou para ele... para azar do Diogo Moreira e para sorte dos espectadores, Diogo além de não fazer uma das mais brilhantes exibições de sua carreira ainda recebeu uma punição de volta longa por conta de exceder limites de pista, então com o brasileiro terminando em 14º não tinha justificativa para gritar no microfone como se ele fosse um pastor daquelas seitas que acreditam que Deus, apesar de Onipotente, Onipresente e Onisciente, é surdo. Isto posto, a vitória ficou com Daniel Holgado, que simplesmente não deu a menor chance para os adversários e liderou todas as voltas, terminando com uma confortável vantagem de 2 segundos e meio sobre Jake Dixon e pouco mais de 3 segundos sobre David Muñoz, que com esse pódio aumentou sua vantagem na liderança do campeonato, haja vista os problemas de Moreira e Canet (este foi conferir a textura do solo). Já na MotoGP, tudo indicava que teríamos a repetição do script: Alex Márquez fazendo a pole, mas perdendo a liderança para o irmão lá pelo meio da corrida... pois é. O roteiro mudou dessa vez. Alex Márquez correu como gente grande, não se abateu por perder a liderança para o irmão logo na primeira curva da corrida, estudou onde era possível efetuar a manobra de ultrapassagem, foi lá e venceu a corrida. Marc terminou em 2º, o que eliminou a possibilidade do campeonato acabar ainda em solo italiano e adiou o inevitável para o Japão. Acompanhando os irmãos no pódio, e cruzando a bandeirada 5 segundos e meio atrás de Alex, chegou Enea Bastianini, mais uma vez levando a KTM Tech 3 a um resultado melhor que a equipe oficial da fábrica (Acosta, com a moto oficial, terminou em 4º e Binder nem terminou a corrida). Por falar em equipes, quase todo mundo definido para 2026, falta apenas a vaga de companheiro do Zarco na LCR Honda. Quem sonhava em subir para equipe oficial de fábrica vai ter que se contentar com equipe satélite ou aguardar 2027... A Fórmula Um foi para Monza para mais uma etapa, que teve dois espetáculos: primeiro, como de hábito, o espetáculo da torcida italiana, que sabe como poucos fazer uma festa mesmo quando a Ferrari não dá motivos para festa, e o espetáculo de pilotagem do Max Verstappen, que na classificação quebrou o recorde da pista e da categoria para volta com maior média horária da história, e na corrida deixou as favoritas McLaren resolvendo seus problemas internos atrás dele após ter de cortar a primeira chicane para não bater em Norris, ter devolvido a posição por orientação da equipe, e o fazer de maneira inteligente, de forma a garantir ação na próxima zona de DRS e recuperar a liderança pouco depois, deixando a posição apenas por conta da parada para troca de pneus, posição recuperada depois que todos os líderes efetuaram a troca. Ainda abriu vantagem para uma vitória confortável, e teve tempo de zoar pelo rádio a McLaren em dia de Ferrari 2003 na Áustria... foi acompanhado no pódio pela dupla da McLaren, por decisão da equipe com Lando Norris, o “filho preferido” do Mr. Brown, em 2º e o melhor piloto da equipe, Oscar Piastri, em 3º. Se existe uma palavra para definir a McLata esse domingo, essa palavra é patético. Piastri parou, troca de pneus sem problemas, voltou. Norris parou, deu engasgo na pistola pneumática, e ele demorou o dobro do tempo, voltando atrás do Piastri. O tipo de incidente que acontece absolutamente de forma não previsível, todo piloto está sujeito a esse tipo de coisa. Mas a equipe, invocando um “as posições deveriam ser mantidas”, ordenou que Oscar deixasse Lando passar. Lando foi vaiado pela torcida, e foi pouco vaiado ainda, a mesma torcida que cantou a musiquinha do “Max, Max, Max, Super Max” quando Verstappen subiu ao pódio. O chefe da equipe, Andrea Stella, ao invés de ficar quieto e não comentar a respeito do assunto, nem que – ao ser perguntado – desse resposta estilo Jarbas Passarinho (“Sem comentários”), ainda veio falar groselha (como escreveria Shrek, o termo não era bem esse) que a ação foi “de acordo com os valores e princípios da equipe”... lamento que Piastri não tenha feito de maneira acintosa como Rubinho fez. Merecia. Os pangarés da periferia de Modena fizeram uma belíssima pintura em comemoração aos 50 anos do primeiro título de Niki Lauda, mas creio que Lauda preferiria que a homenagem fosse com um desempenho decente. Se ele fosse dirigir o carro atual, provavelmente diria que “this is a shitbox, drives like a pig, with all these facilities and you do a crap like this”, mas enfim... terminaram Leclerc em 4º e Hamilton em 6º, com Russell separando os dois carros na classificação final. Mais uma vez a Sauber mostrou que contratou estrategistas do Curso Iñaki Rueda de Estratégia e Bortoleto terminou em 8º após largar em 7º. Não deixa de ser um bom resultado, mas com uma estratégia decente poderia terminar uma ou duas posições adiante. Fiquei na dúvida qual foi o momento mais bizarro, a suspensão do Alonso quebrando depois dele atacar as zebras como se estivesse num Indycar ou se foi o jênio espanhol Sainz Jr. achando que o carro dele tinha um metro a menos que a medida real e batendo no Antonelli na freada da segunda chicane (que a transmissão em português chamou de “gincane”, que provavelmente é uma gincana no gênero neutro). Não tenho como decidir qual momento mereceu o troféu. E o WEC foi até Austin para mais uma prova de 6 Horas, debaixo de chuva (ninguém mandou os estadunidenses não renovarem com o Cacique Cobra Coral...) que chegou a requerer até uma bandeira vermelha por conta da intensidade, e nessas condições excepcionais pela primeira vez a Porsche Penske conseguiu uma vitória na temporada, com os atuais campeões levando o carro #6 ao topo do pódio após meras 120 voltas, uma distância curta para uma prova de 6 horas, mas enfim... foram acompanhados no pódio pela tripulação do Ferrari #50 na 2ª posição e pelo carro #94 liderando a dobradinha Peugeot em 3º e 4º lugares... sim, aconteceu de tudo, até os Peugeot andaram bem. Em termos de campeonato de construtores, ainda temos Ferrari com 203 pontos sobre os 138 da Porsche, e na classificação de pilotos a tripulação do carro #51 (que terminou em 5º em Austin) ainda lidera com 115 pontos sobre os 100 do Ferrari AF Corse #83 e os 79 da tripulação do Porsche #6. Faltam ainda as etapas do Japão e do Bahrein para a temporada acabar, vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos... Até a próxima! Alexandre Bianchini Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.
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