| Olá leitores!
Como estão? Espero que todos estejam bem. Final de semana com muita, mas muita atividade nas pistas, e até mesmo fora das pistas temos o famoso “fogo no parquinho”, com notícias boas e más. Dentre as boas, convido-os para ler no site o “diário de bordo” da diretora do site e colunista de tecnologia Maria da Graça, desde quinta-feira vivenciando a correria das 6 Horas de São Paulo com muita precisão e personalidade. Garanto que gostarão. Bom, vamos começar com a pior das notícias: a Fórmula Um retorna em 2026 para aquela emissora que apenas alguns portais de automobilismo com intenções não bem explicadas defendem, ou seja, volta para a Rede Globo. Uma emissora que não demonstrava interesse em transmitir a categoria no final da década de 2010, que perdeu os direitos de transmissão, viu que um concorrente fez um trabalho muito melhor que o que ela vinha fazendo – não que precise muito para ser melhor que a Globo fazia na época, que isso fique MUITO claro – e resolveu agora comprar novamente os direitos de transmissão... duvido publicamente que a qualidade da transmissão seja melhor do que era em 2019, porém, como o mesmo grupo empresarial já fez diversas vezes com diversas categorias no passado, o importante é ter os direitos de transmissão, se vai ser transmitido de verdade, com respeito à categoria e ao espectador, ou se vão apenas ter a categoria no seu catálogo para outra emissora não poder transmitir, é um detalhe. Já fizeram no passado com WTCC e com NASCAR, NO MÍNIMO. Isso sem pesquisar, apenas o que lembro de cabeça. Se for a fundo, encontrar-se-á uma boa quantidade de vezes que isso foi repetido. Já tenho a assinatura do F1TV, vou continuar assistindo em outro idioma por lá, haja vista que a única pessoa notoriamente competente na equipe de transmissão será Everaldo Marques, um dos 5 melhores narradores esportivos vivos. Os outros... ao menos nos livraremos do piloto de caminhão que não consegue traduzir um único rádio sequer, mas em compensação ouviremos no mínimo 120 vezes por transmissão a expressão “macarrãozinho”, adotada pelo comentarista piloto escolhido para se referir aos resíduos do desgaste de pneus. Mas acho que prefiro “macarrãozinho” ao “perdi o rádio, mas...” atual. Na transmissão em inglês tem Jolyon Palmer e David Coulthard comentando as coisas com propriedade. Enfim, boa sorte aos fãs que não conseguirem assinar a F1TV, será absolutamente necessária essa sorte. Outra parte do “fogo no parquinho” foi o afastamento (inicialmente comentou-se sobre demissão, mas no final de semana ficamos sabendo que por enquanto ele continua no conglomerado) de Christian Horner do cargo de direção na Red Bull Racing. Aparentemente um dos lados da briga interna na Red Bull após o falecimento do Dietrich Mateschitz conseguiu vencer, e foi o que apoia o Ciclope, digo, Helmut Marko. Como dizem, não há nada que esteja tão ruim que não possa piorar. Imediatamente a Rádio Peão já começou a ventilar uma saída do Max da RBR, indo para a Mercedes (no lugar do Kimi? Do Russell? Odeio fofocas pela metade) e (de acordo com a corneteira imprensa italiana) com o Horner se mudando para a Ferrari no lugar do Vasseur, que coitado, nem conseguiu ainda montar a equipe de acordo com sua filosofia e já aparecem esses boatos. Aparentemente o Horner não está com pressa, já que continua recebendo salário sem ter um monte de “pepinos” e “abacaxis” para descascar diariamente, e duvido que a equipe queira o dispensar antes do final do ano, com a possibilidade dele entregar para a equipe que for muitos conhecimentos de bastidores a que ele, como chefe da equipe até quarta-feira passada, tinha livre acesso. Então... sim, vai continuar ganhando seu salário numa boa pelo menos até 31 de dezembro. Bom, após esse monte de coisa fora da pista, vamos ao que interessa, que é atividade dentro da pista. Começando com o Mundial de Superbike, que foi até Donington Park e teve 3 corridas (as duas principais e a corrida curta que define a Superpole para a prova de domingo) vencidas pelo Toprak, se despedindo da pista e da torcida que o ovacionou. No sábado o atual campeão conseguiu desviar dos enroscos entre pilotos no começo da corrida e partiu para uma vitória relativamente tranquila, cruzou a linha de chegada com mais de 6 segundos de vantagem para Bulega (2º) e mais de 11s para Petrucci, que ocupou o degrau de baixo do pódio. Eis que chega o domingo, e o piloto da Turquia estava inalcançável: ainda que com vantagem menor que na véspera, venceu e convenceu para conquistar sua 12ª vitória na tradicional pista inglesa, um recorde dentro da categoria. E ainda por cima conseguiu tirar a liderança do campeonato das mãos de Bulega, que mais uma vez teve de se contentar com a 2ª posição, e que ainda teve sorte: Bautista vinha com ritmo para o ultrapassar, mas aí cometeu um erro na última volta e perdeu a chance de tornar a vida do Bulega mais difícil ainda. Agora é esperar o último final de semana do mês pra ver o que nos reserva a pista de Most, na Chéquia. O Mundial de Motovelocidade foi para Sachsenring, a pista com a maior quantidade possível de curvas para a esquerda existente sem apelar para um traçado oval, e mais uma vez a Moto3 e a Moto2 entregaram toda a emoção que faltou na MotoGP. Na Moto3, David Muñoz fez a alegria da sua equipe (baseada na Alemanha), arrancando a vitória do líder do campeonato Jose Rueda na última curva e dando ótimos motivos para o pessoal comemorar a vitória “em casa”. Rueda ainda sofreu nos últimos metros o bem sucedido ataque de Maximo Quiles, que assim conquistou a 2ª posição, deixando Rueda no degrau mais baixo do pódio. Como de costume a disputa por todas as posições do grid foi intensa do começo ao fim, propiciando um belíssimo espetáculo pra quem acompanhou a corrida. Em seguida veio a Moto2, que se por um lado teve o anticlímax da corrida ser encerrada antes do final, teve também excelentes disputas de posição que enceram os olhos do público. A prova terminou antes por conta dos danos causados no colchão de ar da proteção na primeira curva pelo acidente entre Ramirez e Arenas. Como demoraria para acontecer a troca do equipamento de segurança, a direção da prova soltou a bandeira vermelha e deu a corrida por encerrada. Vitória de Deniz Öncü, que disputou acirradamente a liderança, primeiramente com Jake Dixon (que terminou em 3º) e depois com Barry Baltus, 2º colocado que valorizou muito a vitória do Deniz, oferecendo uma disputa acirrada mas leal. Infelizmente não tenho como escrever a respeito dessa prova sem comentar a corrida de Diogo Moreira, que largou da 25ª posição e disputava o 4º lugar, em uma corrida de encher os olhos, quando não teve paciência de esperar uma melhor oportunidade de ultrapassar Dixon e acabou tocando na roda traseira do Jake e perdeu sua trajetória, indo parar na área de escape. Após conseguir evitar o tombo sobre a brita, retornou para a pista no meio de uma curva, sem olhar quem se aproximava, e em baixa velocidade. David Alonso não te como desviar e bateu fortemente na traseira da moto do brasileiro, em um acidente com potencial de causar diversas fraturas. Para felicidade de ambos, conseguiram sair andando, ainda que com assistência do resgate no caso do Alonso. Após a prova foi anunciado que para a próxima corrida o brasileiro deverá largar do pit lane, após os outros pilotos passarem pela saída dos boxes. Punição pesada, mas de acordo com a gravidade do acidente. Ele é um rapaz inteligente, e creio que não terá problemas para entender que não pode retornar para a pista daquele jeito. E então fomos para a MotoGP, cujo grande (temo dizer único) atrativo foram as diversas quedas, que fizeram com que apenas 10 motos recebessem a bandeirada final. Marc Márquez provou que está em uma categoria à parte, andando sozinho na frente sem ser incomodado, num desempenho absolutamente dominante em sua ducentésima largada, que marcou também a sua 69ª vitória no Mundial. Quem também comemorou foi o 2º colocado, Alex Márquez, em sua centésima corrida. A 3ª posição ficou com Bagnaia, um resultado decente após um sábado estilo Felipe Massa (“um dia para esquecer”). Também foi a 9ª vitória de Marc nessa pista, outro grande feito. Entrando para o mundo das 4 rodas, o TCR South America saiu da Argentina e foi até o curto (pouco menos de 3km de extensão) mas bem projetado Polideportivo Ciudad de Mercedes, com pelo menos 4 variações possíveis de traçado (igualzinho na República Sebastianista da Banânia... só que não) e curvas que permitem disputas de posição (ao contrário... deixa pra lá). A primeira corrida do dia teve o desafio da temperatura, afinal se o ar frio (10ºC) ajuda a aumentar a densidade do ar, colocando um pouco mais de oxigênio pra dentro do motor, por outro lado aquecer os pneus de competição (que têm uma faixa de ótima aderência menor e em temperaturas mais altas que os nossos radiais de uso na rua) até o ponto ideal foi mais trabalhoso. Enfim, quem deu as cartas no primeiro final de semana uruguaio foram os argentinos. Na primeira corrida do dia, ficou clara a supremacia dos novos Honda Civic Type R FL5, já que o vencedor Leonel Pernía e o 2º colocado Nelsinho Piquet abriram vantagem dos outros carros mesmo disputando a liderança entre si. Nelsinho tentou diversas vezes conquistar a liderança, mas com carros iguais e mais uma corrida algumas horas mais tarde, teve de pensar no campeonato e se contentar com a 2ª posição. Em 3º chegou mais um argentino, Fabrício Pezzini, que se impôs por pouco em relação ao seu companheiro de equipe Raphael Reis (4º lugar), com seus Seat Cupra Leon. Fechando o Top 5, Juan Ángel Rosso e seu Lynk & Co 03, pouco mais de 4 segundos atrás de Raphael. A segunda corrida do dia, previsivelmente, foi mais movimentada. Os destaques foram o vencedor Juan Ángel Rosso, após largar em 6º por conta do grid invertido, e Raphael Reis, que escalou de 7º para 2º, além de Fabrício Pezzini, novamente ocupando o degrau mais baixo do pódio. Havia a expectativa de um bom resultado para Pedro Cardoso, que largaria em 5º logo à frente do Rosso, mas... seu carro teve problema mecânico logo na volta de alinhamento, o que fez com que ele não largasse junto aos outros e não conseguisse pontuar. Em termos de campeonato ele deu sorte que Nelsinho não fez uma segunda corrida do dia brilhante, e terminou apenas na 10ª posição. Ao final da corrida, Pedro Cardoso estava em 2º no campeonato, com 262 pontos, com Nelsinho se aproximando com 243 na 3ª posição, sendo que Raphael Reis é o outro brasileiro com chances de disputar a liderança da pontuação. Enfim, vamos aguardar. Próxima etapa, final do mês, na pista de El Pinar. A Indycar foi até Iowa para uma rodada dupla na qual não faltou emoção. Dois dias de corridas muito boas para a média daquelas apresentadas no acanhado oval. No sábado, Pato O’Ward comemorou sua 100ª largada na categoria com uma vitória obtida com arrojo, com garra e com determinação. O grande bicho papão dos ovais, Josef Newgarden, tentou com bastante determinação, porém Pato conseguiu se posicionar na pista de uma maneira que Josef fez diversas tentativas, mas em nenhuma (nem com a ajuda dos retardatários) conseguiu ficar em posição de concretizar a manobra. Realmente uma pilotagem daquelas “de manual de instruções”, não cometeu erros, e assim cruzou a bandeirada apenas 23 centésimos de segundo à frente, a segunda menor da história do autódromo. Ótimo para o jovem espanhol, que desde 2021 não conseguia vencer uma disputa contra Newgarden nesse tipo de pista. Logo atrás deles (mas com mais de 1 segundo de desvantagem) chegaram Will Power em 3º e Scott McLaughlin em 4º, lavando um pouco a alma da Chevrolet, fornecedora de motor dos 4 primeiros colocados. Fechando o Top-5, apareceu Alex Palou, em um raro dia em que as coisas não aconteceram exatamente do jeito que ele previa. No domingo, em condições meteorológicas diferentes (ao invés de largar no fim da tarde, a largada foi ao meio dia, hora local), foi a vez de Alex Palou mostrar a razão de ser o líder do campeonato: liderou 194 das 275 voltas, e soube aproveitar as 5 bandeiras amarelas (duas após a metade da corrida) para controlar os adversários. Os adversários tentaram um undercut nas voltas finais, tentativas frustradas pela última bandeira amarela do dia, obra e graça de Colton Herta. Essa última neutralização da corrida permitiu que Palou fizesse seu reabastecimento final em bandeira amarela, enquanto os adversários perderam muito mais tempo parando em bandeira verde. Para ser campeão não basta a competência, tem que ter a “sorte de campeão” também... nas últimas 11 voltas da prova o Scott Dixon tentou, mas não encontrou a brecha necessária para assumira a liderança. Mais uma dobradinha para a equipe de Chip Ganassi. Na 3ª posição terminou Marcus Armstrong, na quarta David Malukas (que fez uma bela corrida, por sinal) e encerrando o Top-5 chegou Pato O’Ward. Agora é aguardar o que nos espera mas ruas de Toronto próxima semana... E vamos para o grande evento internacional do país, as 6 Horas de Interlagos. Após um começo de temporada dominante, a FIA pesou a mão no BoP em cima da Ferrari 499P, a fim de dar às outras marcas uma possibilidade de vitória... e quem aproveitou magnificamente a chance foi a Cadillac, que não apenas obteve sua primeira vitória no Mundial de Endurance como o fez com dobradinha, com o carro #12 do trio Lynn/Nato/Stevens vencendo com quase 1 minuto de vantagem para o outro Cadillac, #38, pilotado pelos “B”s (Bamber, Bourdais e Button), que conseguiu resistir bem às investidas do Penske Porsche #5, do duo Andlauer/Christensen. Na LMGT3, vitória do Lexus #87 da equipe Akkodis, pilotado pelo trio Umbrärescu/Schmid/López, e “Pechito” estava radiante após a corrida, até por ser a etapa mais próxima da sua Argentina natal. Em 2º chegou o Corvette #81 de Andrade/Eastwood/Rompuy, e para alegria da torcida nas arquibancadas e gritos histéricos (e o termo é exatamente esse) na transmissão da Bandeirantes o Aston Martin #10 de cuja tripulação fez parte Dudu Barrichello conseguiu nas últimas voltas o 3º lugar na etapa, em uma ultrapassagem arrojada sobre o Porsche #85 das Iron Dames. Recomendo a leitura na terça-feira das pílulas da coluna do Shrek, a produção de material foi capaz de lotar um daqueles petroleiros que são grandes demais para atravessar o Canal do Panamá. Meus parabéns para Aldo e Lago, que narraram profissionalmente os dois primeiros terços da corrida. Vocês mostraram como se portar perante um microfone. Também gostei da presença de público, que se não ficou muito nas arquibancadas literalmente lotou a FanZone, de onde achei diversas fotos na internet com muitas e muitas pessoas aproveitando as opções de diversão por lá existentes. Prevejo que ano que vem pode ter mais gente ainda, o que sempre é positivo. E é isso, coluna já está grande demais. Até a próxima! Alexandre Bianchini Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.
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