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Nurburg 2020 PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 11 August 2012 08:46

 

 

E não é que os nossos amigos alemães encontraram no Rio de Janeiro a inspiração para resolver o problema do seu autódromo? A cidade de Nurburg, vai lançar sua candidatura à sede dos jogos olímpicos de 2020.

 

Na última semana de agosto, uma comitiva do conselho administrativo da cidade de Nurburg (como na Alemanha o regime de governo é parlamentarista, não existe a figura do prefeito, eleito pelo povo), chefiada pelo presidente da câmara da cidade virá ao Brasil, nomeadamente ao Rio de Janeiro, para reunir-se com o prefeito Eduardo Paes e com o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman a fim de buscar subsídios para seguir o exemplo do conluio que está dando um novo destino à área onde jaz o moribundo autódromo carioca.

 

Nurburg tem um ‘elefante branco’ nas mãos que é o autódromo de Nurburgring. Um problema de décadas, que vive inativo, uma vez que o povo alemão não gosta de automobilismo, segundo as autoridades locais, nomeadamente o Sr. Kurt Beck, governador do estado de Rhineland-Platinate, onde fica a pequena cidade. 

 

 

 

A companhia após a empresa Nurburgring GmbH, que administra o local, deve cerca de R$475 milhões a um banco do estado alemão e aguardava um empréstimo emergencial da União Europeia que não foi aprovado. Sendo assim, para aproveitar as belezas naturais da região, Walther Troeger, presidente do COA (Comitê Olímpico da Alemanha) teve a brilhante ideia de destruir o ‘problema’ existente e instalar no local algo que pudesse ser ulilizado... ao menos por 2 semanas!

 

Há cerca de 20 anos, a área passou por uma imensa reforma, com a tentativa de transformar o autódromo numa área que pudesse gerar recursos para a região, tendo como base, o autódromo em si. Ergueram-se prédios, hotéis, lojas, novíssimas instalações, fizeram um circuito ‘de tamanho administrável’, com pouco mais de cinco quilômetros de extensão, deixando o tradicional Nordschife, o mítico traçado de 22,3 quilômetros para os românticos que pagam uma pequena taxa para arriscar-se nas suas 176 curvas e, eventualmente, receber algumas corridas de longa duração.

 

A falta de visão e planejamento dos empreendedores, que mamaram nas tetas do estado não levaram em consideração que um autódromo para funcionar bem precisa de investimento, divulgação e um calendário bem planejado para que haja trânsito de pessoas não apenas nele, mas no entorno deste. Contudo, como os gestores entraram com um investimento pequeno e 90% ficou nas contas do governo, pra que se preocupar se der errado? Se der certo, a gente ganha, se der errado, o estado paga a conta com os impostos dos contribuintes!

 

 

 

A proposta da candidatura já está bem adiantada. Um grupo de empreiteiras, sob as bênçãos do presidente do Comitê Olímpico Alemão, irá utilizar a área do circuito onde a Fórmula 1 correu até o ano passado para receber o futuro parque olímpico.

 

Nela serão construídos oito ginásios multiuso, com capacidade variando entre 10 e 20 mil pessoas, a fim de atender as exigências do COI (Comitê Olímpico Internacional). Nestes ginásios seriam disputadas as competições de Basquete, Volei, Handebol, Ginástica Rítmica e Artística, Judô, Taekendô e Boxe, Luta Greco-Romana e levantamento de peso, Badminton e Tênis, com quadras de cimento e cobertas, além do tênis de mesa e da Esgrima.

 

O ciclismo ganharia um moderníssimo velódromo, sem colunas no seu interior, feito com madeira importada e com arquibancadas suficientes para não ter que ser demolido após os jogos, bem como o complexo aquático, grande o suficiente para receber as competições de Natação, Pólo Aquático, Nado sincronizado e Saltos Ornamentais.

 

 

 

Por falar em saltos, o complexo também receberá um centro hípico para as competições de adestramento de equinos, contando com excelentes acomodações – climatizadas – para os atletas (no caso, os cavalos), além da pista de obstáculos, feita com madeira natural da região.

 

A raia para remo e canoagem ficará onde está a atual reta do circuito, com arquibancadas de ambos os lados para que o fanático público do Remo e da Canoagem possa torcer pelos atletas. A pista de Canoagem com Obstáculos será feita aproveitando o relevo local, indo da curva 3 até aquele ‘curvão’ pra direita que lembra o ‘bacião’ de Cascavel.

 

A Vila Olímpica contará com um complexo de prédios com apartamentos de 2 e 3 quartos, entremeados de áreas verdes, praças, passeios públicos, além de algumas instalações funcionais para a administração dos jogos (boa parte destas, já construídas para a atual administração do autódromo.

 

 

 

Mas o melhor de tudo são os planos para o que fazer com tudo que será erguido após os jogos: dos oito ginásios, seis irão simplesmente desaparecer, assim como a raia para canoagem slalow. Pelo menos a raia de canoagem ficará como lago para vela de lazer. Afinal, a Alemanha tem na vela um de seus esportes de recreação favoritos.

 

Os apartamentos serão vendidos para a população a preços subsidiados, uma vez que as empreiteiras tirarão seus lucros com o superfaturamento das obras, uma prática extremamente comum e natural na Alemanha. Parte do complexo administrativo vai se transformar em um condomínio empresarial, onde pretende-se desenvolver um novo polo de negócios no país. Afinal, como aquela área é uma região ‘tecnicamente degradada’, vai ser uma forma de alavancar a economia local, a começar pelos políticos e empreiteiros.

 

Esta obra de ficção, mesmo que conte com nomes reais, não é uma mera coincidência. É a forma de mostrar a minha indignação com o que irá acontecer onde, um dia, algum saudoso automobilista vai contar para seus filhos e netos: aqui, onde hoje existe este mar de prédios, um dia existiu um autódromo onde Emerson Fittipaldi arrancou Aplausos e lágrimas de alegria e emoção com um carro de Fórmula 1 brasileiro. Onde Nelson Piquet venceu duas vezes (era pra ter sido três), numa delas, subiu ao pódio junto com Ayrton Senna e – de mãos dadas – tremularam a bandeira do Brasil. Onde André Ribeiro venceu uma corrida no oval, construído depois e onde a história foi sepultada sob toneladas de concreto e ganância de pseudo esportistas e gestores públicos.

 

 

 

Ah, antes que eu esqueça: o governo alemão, através da Chanceler Ângela Merkel, negociou com o governo local e todos prometeram que um novo autódromo será construído. Já destinaram, inclusive, um terreno para este propósito... no meio do Mar Báltico!

 

Abraços,

 

Maurício Paiva

 

 

 

Last Updated ( Saturday, 11 August 2012 17:58 )