| Olá leitores!
Como estão? Espero que todos bem. O esporte a motor teve um belo final de semana (talvez, exceto, para a torcida daquela fábrica de Maranello) e felizmente teremos bastante assunto para tratar. Sei que as “pílulas” não são nessa coluna, e longe de mim sonhar em competir nesse assunto com o Shrek, mestre nesse mister. Porém não posso deixar de passar um “pito” no pessoal do BandSports. Gente, OU vocês elogiam pistas “old school”, OU reclamam de área de escape em brita/grama. As duas coisas AO MESMO TEMPO não tem a menor condição. Decidam-se. Tentei acompanhar as provas de F-2 e F-3 enquanto fazia outras coisas em casa, mas a tortura auditiva foi muito grande e desisti. Meu ouvido não é vaso sanitário. Começando com a Fórmula E, que foi até o Japão para uma rodada dupla em Tokio, e confesso que achei o traçado interessante. Não é nem de longe tão bom quanto os de São Paulo ou de Berlim, mas não comprometeu o espetáculo. No sábado a pista estava molhada, mas felizmente nada como na hora do temporal que impediu a realização do treino classificatório, e como seria de se esperar a prova foi um tanto quanto caótica. A vitória acabou ficando nas mãos de Stoffel Vandoorne (Maserati), que soube gerenciar as condições da pista e ainda contou com uma estratégia acertada por parte da equipe para conseguir a vitória. Foi acompanhado no pódio por Oliver Rowland na 2ª posição, para alegria do pessoal da Nissan, e por Taylor Barnard, da McLaren, em 3º. Se a Nissan teve a alegria de um dos pilotos no pódio, o mesmo não pôde ser dito da outra japonesa, a Lola Yamaha, com Zane Maloney em 16º e Lucas di Grassi em 17º. No domingo, já com pista seca, o dono da corrida foi Oliver Rowland. Além de fazer a pole position, se recuperou monumentalmente das posições perdidas na segunda vez que buscou o Modo Ataque e levou o seu Nissan ao degrau mais alto do pódio, para delírio da torcida japonesa. Foi acompanhado no pódio por Pascal Wehrlein na 2ª posição e por Dan Ticktum em 3º. Dessa vez di Grassi mudou seu mindset e conseguiu levar seu Lola Yamaha até o 5º lugar. Próxima corrida será em Shangai, vamos ver se as provas serão animadas como no Japão. O WRC foi até um dos seus mais tradicionais eventos, o Rally de Portugal, e como previsto mais uma vitória da Toyota, que está dominando como no passado a Citroën já dominou. Lembremos que aquela época não teve consequências muito alvissareiras para o esporte... claro que a cobertura completa vocês lerão na coluna dos nossos especialistas no assunto, mas como gosto muito da modalidade, também dou meus pitacos. Ao passo que Sébastien Ogier conseguiu sua 7ª vitória em terras portuguesas, dessa vez não foi tão fácil assim. O Hyundai de Ott Tänak estava na liderança até o sábado, quando o carro perdeu a assistência hidráulica da direção, e além de ter perdido tempo, ainda precisou de uma ajuda extra do navegador, que além de passar as notas com o trajeto cooperou com o piloto mudando as marchas nos trechos em que não dava para soltar as duas mãos do volante para fazer a curva. Uma imagem pouco usual, mas que mostra bem o motivo pelo qual o rali de velocidade é uma das modalidades mais empolgantes do planeta. Com Ogier no degrau mais alto do pódio e com Tänak no intermediário, coube ao Toyota de Kalle Rovanperä chegar em 3º e ocupar o degrau mais baixo do pódio. O atual campeão, Thierry Neuville, terminou num bom 4º lugar, e o líder da pontuação do campeonato, Elfyn Evans, chegou em 6º após uma sexta-feira complicada. O Mundial de Superbike foi até a Chéquia (prometo que vou TENTAR me acostumar a esse novo nome ao invés de República Checa; não garanto nada, mas vou tentar) para mais uma rodada dupla, desta vez na pista de Most, que nem é tão antiga assim (inaugurada em 1983), mas que tem características de pistas mais antigas misturadas com as de pistas modernas (áreas de escape espaçosas, por exemplo) e que, por conta disso, torna-se um belo palco para a prática do motociclismo. O aproveitamento do espaço disponível na construção foi bem feito, tenho que reconhecer. Mas vamos ao que interessa, corrida. No sábado, com um Sol para cada um na pista, Toprak conquistou a vitória com o arrojo que lhe é conhecido, passando o pole Bulega logo no começo, freando muito tarde e depois abrindo uma vantagem confortável para se garantir, marcando o novo recorde do circuito enquanto isso. Bulega também viu que não tinha ritmo para tanto, e preferiu garantir a pontuação do campeonato a se arriscar caindo. Foram acompanhados no pódio por Danilo Petrucci, cada vez mais adaptado à categoria. Destaque para Bautista, que se enroscou no começo da corrida com outros dois pilotos, conseguiu se manter sobre a moto, caiu lá para o fundo do pelotão, e veio recuperando posições até terminar em 5º. Aí veio o domingo, e... que corrida! Que final! As coisas já começaram “animadas” com Rea e Bautista dividindo a primeira chicane como se fosse a última volta da última corrida do campeonato... claro que tinha tudo certo pra dar errado, e deu: Bautista foi ao chão, e nesse movimento ainda levou junto o Vierge, que não tinha nada a ver com o enrosco, mas acabou sendo atingido pela moto do Bautista. Fim de linha para ambos, com Vierge sendo levado ao centro médico com dores. Rea continuou, recebeu a punição merecida, e ao final da prova ainda disse que achava que foi “incidente de corrida”. Então tá... basicamente, Bulega e Toprak disputaram de forma intensa mas leal a prova toda, ora um na liderança, ora o outro, e ao final parecia que Toprak levaria mais uma vitória, mas... na última curva Bulega deu o bote, e foi uma briga de motor até a bandeirada. Vitória de Bulega pela monumental margem de 27 milésimos de segundo. Espetacular! Sam Lowes foi outro que recebeu ataque, ele já estava quase sentindo o gostinho do pódio, quando Petrucci atacou e tirou o 3º lugar do pódio da mão do Sam. Um grande final de semana para o fã do Mundial de Superbike. A Fórmula Um foi até aquela que deve ser a última corrida em Ímola (o contrato da pista com a categoria se encerra esse ano, e em que pese as declarações dos pilotos afirmando que gostam da pista pelos desafios que apresenta, e do público lotando a pista mesmo com a Ferrari em uma crise técnica que apenas os italianos conseguem entrar sozinhos, aparentemente a vaga deve ser ocupada por mais uma corrida no meio de algum deserto ou nos EEUU. Uma pena, definitivamente. Como seria de se esperar em uma categoria com carros tão grandes como os atuais, a prova não foi das mais empolgantes, e a emoção dependeu do safety-car (seja o virtual, seja o real) para aparecer. Claro, houve momentos empolgantes, mas com aqueles Lincoln Continental Mk V com rodas descobertas, realmente fica meio difícil encontrar espaço para as manobras de ultrapassagem. A melhor delas, talvez por conta disso, aconteceu logo após a primeira largada, com o pole Piastri preocupado em defender sua posição dos ataques do Russell, e enquanto isso Max aproveitou o lado de fora da tomada da primeira curva da Variante Tamburello, freou consideravelmente depois que Russell e Piastri, e assumiu a liderança na segunda perna da chicane, sem dar chance de troco por parte do piloto australiano e assegurando uma das vitórias mais inesperadas da carreira do campeão holandês. Piastri teve sua estratégia alterada para tentar compensar o ocorrido na Variante Tamburello, mas os eventos da corrida, somados ao desempenho inferior ao desejado com os pneus duros, fizeram com que ele tivesse um ritmo pior que Norris no final da prova, sendo ultrapassado e tendo de se contentar com o 3º lugar no pódio. Lando Norris, por sua vez, voltou a ter um domingo em que conseguiu expor todo o seu potencial, o que não acontecia há algum tempo. Fora do pódio, tivemos a Ferrari se recuperando após uma classificação onde aconteceram erros simplesmente inaceitáveis em uma equipe de Fórmula Um e conseguindo algo melhor, dentro das limitações do carro: Hamilton (numa corrida em que se sentiu um pouco mais confortável com o carro) em 4º e Leclerc em 6º, após os safety car (virtual e real) o pegarem no contrapé no tocante ao momento de parada nos boxes. A Williams mais uma vez mostrou grande recuperação, com Alex Albon terminando em 5º (após bela disputa contra Leclerc) e o Sainz Jr. em 8º, logo atrás do George Russell, 7º colocado. Russell, por sinal, lutou a prova toda com a falta de ritmo do carro por conta de superaquecimento do eixo traseiro, atrapalhando também o desempenho dos pneus. Pelas condições, foi o resultado possível. Seu companheiro Kimi Antonelli, excitado em correr perante a torcida (e levando o pessoal da classe dele da escola para conhecer os bastidores de uma equipe de F-1), teve o desapontamento de abandonar devido a falha no acelerador. Encerrando a zona de pontos, tivemos Isack Hadjar levando seu Racing Bull até a 9ª posição (a propósito, mais uma bela corrida dele) e Tsunoda conquistando um solitário ponto na 10ª posição após dar um grande trabalho para os mecânicos reconstruírem seu carro após o acidente da classificação, em que rodou bem, levantou o carro e girou com competência após bater na barreira de pneus, só não levou um 10 pois aterrissou meio torto. Mas ginástica olímpica é assim mesmo, pode fazer o movimento todo à perfeição, se não aterrissar corretamente perde ponto mesmo. Bortoleto continua com seu processo de aprendizado. Li alguns comentários feitos com o intestino criticando o desempenho dele, querendo que no primeiro ano de categoria ele já tenha o “traquejo” de pista do companheiro de equipe, que pode não ter nenhum pódio, mas já andou em mais da metade das equipes do grid. Enfim, como não canso de repetir em relação aos conterrâneos, de onde menos se espera é que não vem nada mesmo. Próximo final de semana, Mônaco, já sabendo que acompanharei a procissão pela F-1 TV, já que o canal oficial da transmissão, além dos inspirados produtores de pílulas pro Shrek, vai trazer como convidado o Galvão Bueno, uma Itaipu de pílulas. Portanto, vou acompanhar com a transmissão em inglês, ou tentar ouvir em italiano. E nesse domingo tivemos o Pole Day para as 500 Milhas de Indianapolis, que devem acontecer próximo domingo, se a chuva permitir, e tivemos duas surpresas: primeiro, a todo poderosa equipe Penske, a maior força dos bastidores da categoria desde os anos 80, teve seus carros #2 e #12 pegos com irregularidades na inspeção técnica antes das tentativas de voltas de classificação no Fast 12, e com a batida do McLaughlin no treino da manhã, os 3 carros ocuparão a 4ª fila da largada próximo domingo. A segunda surpresa foram as voltas mágicas do garoto Robert Shwartzman com a média de 232,79 milhas por hora que lhe garantiram a pole position. O primeiro novato a conseguir esse feito desde o longínquo ano de 1983 (eu nem tinha gastrite aquela época, e tinha uma quantidade de cabelos inimaginável para quem me vê hoje), quando Teo Fabi conseguiu a pole para aquela edição. Também foi a primeira vez que uma equipe estreante (a Prema) consegue colocar um piloto seu na pole desde 1984, quando o então muito experiente Tom Sneva conseguiu esse feito para a Mayer Motor Racing. Ou seja, esse ano o acontecido é ainda mais impressionante, por ser equipe E piloto em seu primeiro ano de categoria. Sabíamos da competência da Prema de diversas categorias europeias da qual ela participou, mas conquistar uma pole em seu primeiro ano com um piloto também estreante... não importa o que aconteça no próximo final de semana, já colocou seu nome na história. Até a próxima! Alexandre Bianchini Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.
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