| Olá leitores!
Como estão? Espero que todos bem. Mais um final de semana bem interessante para os fãs de esporte a motor. Claro que esse domingo a nossa atenção foi dividida, já que, por ser Dia das Mães, passamos algum tempo com essas pessoas que nos colocaram no mundo e fizeram tudo o que estava ao alcance delas para nos criar bem. Felizmente, duas das principais categorias correram no sábado, o que já aliviou um bocado. Vamos começar com as 6 Horas de Spa, onde a Ferrari que sabe vencer e fazer estratégia mostrou que esse começo de temporada do WEC está sendo o melhor possível. Mesmo com o BoP (Balance of Performance) desfavorável (com 1057kg, o 499P só não é mais pesado que os Toyota, e ainda sofreu redução de potência disponível abaixo dos 250 km/h), a Ferrari AF Corse garantiu a dobradinha 1-2 no pódio, com o carro #51 de Calado/Giovinazzi/Pier Guidi cruzando a bandeirada apenas 4 segundos adiante do carro #50, de Fuoco/Molina/Nielsen. Foram acompanhados no pódio pelo Alpine #36 de Gounon/Makowiecki/Schumaquinho (sim, aquele mesmo Mick Schumacher que foi tão criticado na F-1), que fez uma grande corrida saindo de 6º para um pódio tendo pressionado os carros da Ferrari. Na LMGT3, o cinematográfico duelo Ford X Ferrari, com a vitória nas mãos do Ferrari 296GT3 #21 da Vista AF Corse do trio Hériau/Mann/Rovera à frente do Ford Mustang GT3 #88 do trio Gattuso/Levorato/Olsen, que terminou na 2ª posição, e com o outro carro da Vista AF Corse, o #54 de Castellacci/Flohr/Rigon na 3ª posição. O momento bizarro do final de semana foi nos treinos, quando o gentleman driver do carro #46, Al Harthy, achou lá dentro do capacete (como diria Celso Miranda) que um Hypercar consideravelmente mais veloz na pista iria frear para ele poder fazer a Eau Rouge na frente... tomou o toque lateral que ele procurou e deveria ter agradecido que a parte interna da Raidillon tem uma grande área de escape gramada... até a década de 1980 ele teria estampado o guard-rail com foco, força e fé. Os pulos que o carro deu no rali involuntário devem ter sacodido os neurônios e feito ele acordar para a vida. Espero. Também no sábado mais uma etapa da Fórmula Palou, dessa vez no circuito misto de Indianapolis, 4ª vitória em 5 corridas deste campeonato (igualou a marca de Bourdais em 2006), mostrando ser o melhor piloto espanhol da atualidade. Com a competente equipe Ganassi não cometendo erros e com o piloto também sem cometer erros, a vitória foi garantida. Nem mesmo a primeira bandeira do ano na categoria desde o começo dessa temporada (saudade da época que tínhamos uns Paul Tracy pra dar emoção nas corridas...) foi capaz de diminuir a enorme superioridade do espanhol sobre os outros pilotos. Tanto que, mesmo com a bandeira amarela declarada na volta 70 por conta do carro do Malukas parado na grama, ele terminou as 85 voltas da corrida quase 5 segundos em meio à frente do 2º colocado, Pato O’Ward, e enfiou mais de 8 segundos para o 3º colocado, Will Power. Não nego que foi bom ter 3 equipes diferentes nas 3 primeiras posições, só gostaria que as outras equipes conseguissem chegar mais perto do Palou. Graham Rahal ofereceu no começo da prova uma boa oposição ao Palou, mas apesar de liderar 49 voltas da corrida terminou apenas em 6º. Vamos ver nas 500 milhas o que acontece... afinal, frequentemente a pista escolhe seus vencedores (vide a vitória de Dan Wheldon, herdada literalmente nos metros finais). E o Mundial de Motovelocidade foi até o Circuit Bugatti em Le Mans para mais uma etapa, uma etapa histórica, uma etapa com um volume de emoção absolutamente inesperado... e isso é o que faz, hoje em dia, o Mundial de Motovelocidade o maior espetáculo do esporte a motor da atualidade. A Moto3, como de costume, foi um espetáculo por si só, com o vencedor Rueda utilizando a cabeça na última volta para ver o que se desenrolava do feroz duelo entre Muñoz e Kelso. Muñoz, vendo que “na paz” não conseguia passar o líder Kelso, tentou um ataque kamikaze e os dois se tocaram, deixando o caminho aberto para Rueda passar ambos e receber a bandeirada em primeiro. Kelso recebeu o troféu do 2º lugar, já que Muñoz foi – merecidamente – penalizado pelo “banzai” da última curva e teve que se contentar com a 3ª posição. Na Moto2, tivemos um breve momento de alegria ao ver Diogo Moreira assumir a liderança – ainda que por um trecho não muito grande – da prova logo após a largada, mas a fase de Manuel Gonzalez é excelente e ele venceu novamente na temporada, após resistir aos ataques de Barry Baltus e colocar quase 2 segundos de vantagem sobre o belga. 3º colocado foi Aron Canet, que venceu um longo duelo contra Diogo Moreira (4º colocado, grande corrida) e Jake Dixon (5º lugar, com Diogo e Aron em sua alça de mira). E então chegou a hora da MotoGP. Com a adoção da “regra Marc Márquez”, aquele pessoal que foi ao final da volta de aquecimento trocar as motos com pneus slick para os de chuva acabou provocando uma bandeira vermelha e um novo procedimento expresso de largada, com a redução de uma volta do total. De quebra, a corrida foi declarada com pista molhada, o que permitiria a troca de motos em qualquer momento dali por diante, na hora que os pilotos desejassem. Pelo menos metade dos pilotos recebeu punição prevista na nova regra de dupla volta longa, e teve gente que teve que fazer novamente por não ter respeitado os limites do trecho de cumprimento da punição... dureza... enfim, nesse vai e vem quem se deu bem foi Johan Zarco, que desde o começo apostou nos pneus de chuva e com eles permaneceu até nos momentos em que a pista dava a impressão que poderia permitir a corrida com os slicks. A chuva voltou, e ele se tornou o primeiro francês a ganhar o GP da França de Motovelocidade desde o longínquo ano de 1954. Primeira vitória sempre é inesquecível. Primeira vitória em condições difíceis e quebrando um jejum tão longo assim, é para entrar nos livros de História. A emoção do experiente piloto francês era visível, eu sinceramente achei que o pai do Zarco iria enfartar nos boxes após a bandeirada, e o próprio piloto, tomado pela emoção, largou para trás o protocolo de dar a entrevista antes do pódio em inglês, começou falando inglês e depois se dirigiu em francês mesmo para o público que o ovacionava nas arquibancadas e que, durante a cerimônia do pódio, cantou a Marselhesa como a torcida da Ferrari canta o Fratelli d’Italia quando a Ferrari ganha em Monza. Aquele coro de milhares de vozes em uníssono foi realmente impressionante. Na 2ª posição chegou Marc Márquez, que surpreendentemente fez uma corrida cerebral, pensando no campeonato, e não tentou reduzir os cerca de 20 segundos de vantagem que Zarco abriu na frente. Na 3ª posição, um emocionado Fermin Aldeguer conseguiu seu primeiro pódio na categoria principal e nitidamente estava até sem jeito de dividir o pódio com pilotos tão experientes (Zarco tem idade para ser pai do Aldeguer), mas foi um pódio muito merecido, afinal o garoto correu bem em condições muito pouco favoráveis. A festa francesa que começou com a pole de Quartararo (que caiu no meio da prova) se concretizou com Zarco. Quem gostou de conferir a textura do piso foi Bagnaia, que não contente em cair na Sprint no sábado, caiu na corrida principal no domingo também. Claramente não está lidando bem com a pressão... E o TCR South America foi para mais uma etapa, dessa vez no moderno e magnificamente construído circuito de San Juan Villicum, onde tiveram até o cuidado de criar artificialmente alterações de relevo, tal como foi feito em Portimão. A primeira corrida foi um desfile de Rafael Pernía, que largou na pole e conseguiu manter os adversários sob controle atrás de si até a bandeirada. 2º lugar ficou com o brasileiro Raphael Reis e o 3º com Fabian Yannantuoni. Pedro Cardoso, vencedor do duelo com o Cingapuragate que causou o abandono do mesmo, terminou numa ótima 4ª posição. Já na segunda corrida do dia, com os pilotos largando com grid invertido em relação à bandeirada da primeira corrida, a vitória ficou com Fabricio Pezzini, que largando da segunda fila fez um competente trabalho e ganhou as posições necessárias para a vitória. Juan Angel Rosso largou na frente, mas não conseguiu resistir ao ímpeto de Pezzini e teve de se contentar com a 2ª posição. Em 3º o grande nome da prova, Fabian Yannantuoni, que também fez um bocado de ultrapassagens até conseguir seu segundo pódio do dia, ambos na mesma posição, o 3º lugar. Melhor brasileiro foi Raphael Reis, 4º colocado, logo à frente do vencedor da primeira corrida do dia. Até a próxima! Alexandre Bianchini Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.
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